Dastan & Tâmina escrita por Katherslyn


Capítulo 7
A gincana da dupla




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Uma das coisas, da qual não se pode duvidar, é da honestidade e integridade de Felicitt Style. Fett podia ser uma diretora brava e exigente, e devo ressaltar que vez ou outra agia de forma ambiciosa. Porém, não se pode negar que ela tinha honra.

Quando Nicolalis sugeriu que ela manipulasse as notas de uma aluna, aluna essa que era extremamente inteligente e que tinha feito chocolates pra ela, algo dentro da diretora foi cutucado. Como alguém deve a capacidade de achar, nem que fosse por um momento, que ela era alguém que fazia esse tipo de coisa? Quem tinha o atrevimento de não só a considerar injusta e sem palavra, mas achar que estava na condição de se meter nos seus assuntos?

A ideia de criar uma gincana veii de seu filho, Alderan.

– Uma atividade pra juntar os alunos em dupla? Uma gincana seria legal.

Assim foi criada a 1° edição do Festival da Gincana Kilométrica. Durante o 1° bimestre, os alunos, em duplas, fariam atividades extra-curriculares que valeriam pontos. Fett sabia que alguns alunos não se interessariam, então deu alguns telefonemas e conseguiu o prêmio. No final da gincana, a dupla que estivesse com mais pontos venceria.

Fett sabia que se quisesse que as crianças do 1° segmento participassem (turmas A, B e C) teria que elaborar um prêmio muito bom. Com alguns telefones, conseguiu algo inacreditável.

O AUTOR

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Tâmina não gostava da nova escola. No ano anterior, tinha estudado em uma escola comunitária. Seu pai precisava de alguém pra ficar com ela, e não tinha dinheiro pra contratar uma babá. Foi na escolinha que aprendeu a ler, mas e quem não sabia? Achou meio injusto essa separação de turmas por notas. Quem não sabia nada, ia direto pra F?

– Essa é uma escola particular, então a maioria das famílias tem dinheiro. Acha mesmo que os pais levariam seus filhos pra estudar num lugar como esse, sem antes contratar professores particulares pra ensinar o básico? - Respondeu seu parceiro ao ser perguntado desse sistema de divisão. - Além do mais, duvido que os alunos do segmento dois estejam tristes.

– Seguimento dois? - perguntou Tâmina, curiosa.

– Olha pela janela.

Tâmina olhou e viu um monte de crianças brincando do outro lado, no jardim. Não entendeu.

– Os alunos do primeiro segmento são das turmas A, B e C. Nossas aulas são teóricas e técnicas. Nos aprofundamos nos assuntos, eles não. As aulas deles são mais práticas, interativas. Ao invés de estudar, eles passam o tempo brincando. Patéticos.

O resto daquela aula pareceu voar. Gustav, seu parceiro, fez a atividade praticamente sozinho, já que ela estava tão distraída olhando pra fora. Detestava se sentir presa, queria estar lá fora. Não sentada, mas em pé e pulando.

No intervalo, procurou por algum aluno desse segmento dois. Foi a primeira vez que parou pra pensar numa coisa : não tinha visto nenhum aluno das turmas D, E e F desde que tinha começado as aulas.

– Os intervalos são separados, assim ficamos o mais longe possível deles. - respondeu uma aluna do 3° ano.

Uma semana se passou e Tâmima continuava pesquisando sobre como era o segundo segmento. Estava decidida, no fim do semestre, iria para a turma D. Quem sabe as coisas fossem diferentes lâ.

Seus professores eram rudes, seus colegas de classe mesquinhos. Só falava com os outros quando era necessário, porque todo mundo parecia gostar do silêncio. Ambiente horrìvel e desconfortável.

Todos os dias, no intervalo, ela se sentava num banquinho sozinha e comia seu lanche. Não tinha dinheiro pra comprar a comida que o colégio vendia, entrão trazia de casa. Chegou a oferecer pra algumas meninas sua comida, em busca de conseguir amigas. Não funcionou.

– Se eu quisesse comer bolo, pediria para o meu pai comprar de um confeiteiro. Quem vai querer comer essa gororoba? - uma garota tinha desdenhado, jogando o potinho de Tâmina no chão.

Tâmina pegou o bolo que caiu e pensou no que iria fazer. Os alunos que estavam por perto riam, e ela só queria chorar. Na escola comunitária, as pessoas aceitavam seu bolinho, knclusive pediam por mais.

Tâmina se sentia uma aberração ali. Os outros olhavam pra ela de cima, como se ela não passassem de uma intrusa. Talvez fosse.

Duas semanas de aula se passaram, e o lugar favorito de Tâmina se tornou um box do banheiro. Podia comer em paz, chorar, se refugiar.

No início da 3° semana, Tâmina chorava naquele box porque tinham tirado sarro da sua maria-chiquinha, a que se pai tinha feito. Parou quando ouviu umas garotas entrando no banheiro, todas animadas falando de uma gincana.

Depois de um tempo, Tâmina saiu dali e foi lâ fora ver o que aconteceu. As inscrições pra participar estavam abertas. Tâmina colocou seu nome, quem sabe fosse divertido.

No final da aula, foi anunciado que, a dupla que tivesse feito mais pontos receberia um prêmio das mãos do próprio presidente.

No dia seguinte, uma tabela com o nome das duplas ficou disponível. A comoção de alumos em cima daquela tabela foi tanta, que Tâmina teve que esperar vinte minutos pra chegar perto.

Enquanto ela procurava o próprio nome, ouvia os alunos cochicharem.

– É o menino Mace, é o menino Mace!

As crianças se afastaram, dando passagem pra Dastan. Quando Tâmina se virou e deu de cara, levou um susto.

– Com licença. - ele pediu, com frieza.

Tâmina saiu da frente dele, corando. Das poucas vezes que o tinha visto pelo colégio, ele agia como se ela não fosse nada.

O garoto olhou a tabela, olhou pra ela e a fuzilou com o olhar. Depois saiu andando, com raiva, como se ela tivesse feito algo de errado.

Tâmina tentou ver sua dupla, só que mais uma vez foi empurrada pra trás. Ao que parecia, todo mundo queria saber quem tinha tido a sorte grande de sair com Dastan.

Tâmina já estava decidida a ir pra aula e ver depois, quando as pessoas saíram da sua frente. Ela foi até a tabela, sentindo vários olhares em cima dela. Leu o que estava escrito várias vezes, não acredtando. Por que ele, de todos os alunos?

[ Tâmina & Dastan ]

Se trancou mais uma vez no seu refúgio. Em poucos segundos, tinha ido de garota invisível pra mais notada. O que faltava era Dastan sair dizendo pra todo mundo que tinha rejeitado a "garota esfarrapada". Tâmina podia ouvir os novos apelidinhos que ganharia.

As coisas iam de mal a pior. Como dizer ao seu pai que "o maravilhoso Colégio Style" era seu inferno? Como dizer ao seu pai que queria ir pra uma escola normal, depois de ele ter chorado ao saber que ela ganhou a bolsa? Eles saíram do interior só pra isso, não queria deixar ele triste ou preocupado.

Na saída da escola, procurou pela sua vizinha, Betty. Se surpreendeu ao ver seu pai a esperando.

– Papai ! - ela correu, animada, para abraça-lo.

Seu pai retribuiu o abraço e olhou para os carros e limosines ao redor.

– Esses aluno é tudo rico, ne? Oia só quanto carro bão. Só em otra vida pr'eu ter um.

Tâmina sorriu e ajudou seu pai a tirar a bicicleta dele do acostamento. Ele estava todo suado, e parecia cansado. Devia ter vindo direto do trabalho.

– Betty tinha razão, só tem grã-fino aqui. Da próxima vez, venho mais perfumado. - ele comentou, passando por algumas pessoas. - Cadê seus amigos, filha? Talvez eu possa conhecer os pais deles.

Tâmina ficou sem saber o que dizer. Se contasse a verdade, o pai ficaria triste. Se dissesse que não, o pai acharia que tinha vergonha dele.

– Não sei, pai. - ela disse, sem jeito. - Podemos ir logo pra casa? To cansada e tenho muito pra te contar.

Durante o caminho da volta, Tâmina contava uma mentira atrás da outra.

– Os alunos são legais, prestativos. E me ajudam tanto, precisa de ver. Os professores são bonzinhos, me deram até pirulito hoje. Vai ter até uma gincana lá.

O pai dela, Stan, estava tão orgulhoso da filha que resolveu presentea-la com uma cama.

– Já juntei tinta, umas madeiras e umas tábua. Tava sobrando umas coisinha no serviço. Agora 'cê vai ter uma cama pra colocá seu colchão.

Os dois martelaram e pintaram juntos. Passaram boas horas ali, trabalhando e brincando. Na hora da janta, a sopa estava uma delícia. Isso porque ela não aquela apenas o corpo, mas o coração.

Muitas pessoas poderiam dizer que essa dupla não tinha muito, mas estavam errados. O sorriso de felicidade e as gargalhadas de pai e filha diziam por si só. Eles tinham bem mais que a maioria.


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