Imperador Negro escrita por Mrs Fox


Capítulo 8
Capítulo VII


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, depois de muitos "cadê a Sakura", estou trazendo mais esse capítulo.

PARA MELHOR ENTENDIMENTO DA LEITURA!
Shoji: são painéis ou portas de correr estruturados em madeira e preenchidos com papel translúcido.
Fusuma: são painéis deslizantes que atuam como portas e paredes.
Ofuro: cômodo usado para os banhos
Zabuton: são travesseiros finos que são usados ​​para sentar-se em pisos de tatami.
musume: minha filha
musuko: meu filho
Shapu: Afiado
Sosofu: bisavô

Boa leitura!



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Mesmo depois de todo cansaço, Sasuke não conseguiu dormir bem. As primeiras horas de sono vieram fáceis, a exaustão a que seu corpo foi submetida tratara de apagar todos seus sentidos, mas depois de parcialmente recuperado do esforço realizado durante a viagem, seu sono se tornou leve e pesadelos começaram a lhe atormentar. No final, estava de pé, parado em frente a janela antes mesmo do sol raiar. Olhava para o grande prédio que ficava de frente para o quarto onde tivera sido instalado, a segurança ainda estava lá mantendo vigia, as figuras negras permaneciam imóveis, o que o levou a se perguntar se realmente ainda estavam acordados, mas só foi se apoiar no parapeito da abertura do shoji, debruçando-se sobre esta, que um par de cabeça se virou em sua direção.

 

Torcendo para que ao menos as dores do corpo diminuíssem, voltou a deitar-se no futon. Observava a simplicidade do local que estava, prendeu sua atenção no belo painel fusuma, o desenho de belas gueixas dançando como o que pareciam serem pétalas de cerejeira flutuado no ar. Aos poucos, sons de movimentação foram ouvidos chegando pelo lado de fora da residência, significando que o pequeno vilarejo começava a despertar. Só quando duas batidas leves na porta o chamara a atenção resolveu se levantar, ficou curioso ao abrir a porta e se deparar com uma mulher de idade semelhante a de sua mãe parada em uma longa reverência, trajava um modesto quimono rosa escuro enquanto seu cabelo cor de areia mantinha-se preso em um firme coque.

 

— Bom dia, Principe-sama. Sou Haruno Mebuki, tsuma de Haruno Kizashi. Meu otto pediu-me para conduzi-lo até nosso ofuro.

 

Concordando com um aceno, Sasuke seguiu a mulher pelo caminho que esta o indicara. Olhando pelo lado de fora, pode perceber que o desenho das pequenas gueixas eram na verdade um pedaço de um grande painel que tomava todo o fusuma do corredor.

 

— Tsunade pediu para avisar-lhe que a Imperatriz-sama passa bem, mas não poderá visitá-la até amanhã por conta do risco de infecção.

— Se tem que ser assim, tudo bem.

 

Um peso saíra de seu peito. Saber que sua mãe não morreria era a melhor notícia de poderia receber. Foi deixado na porta de um cômodo, sendo avisado que o desjejum seria servido em uma sala ali perto em poucos instantes. Ao entrar na saleta de banho, viu um ofuro de madeira já cheio d’água. Passou o dedo, sentindo o líquido morno e o cheio de ervas aromáticas. Despiu-se das vestes sujas de terra, abandonando o que antes era um presente dado por sua mãe para mergulhar seu corpo dentro da banheira. Com uma esponja esfregou o corpo, fazendo as manchas de sujeira saírem da pele branca. Percebeu pequenos arranhões e escoriações, entretanto nada grave que o levasse a se preocupar. Quando vestiu as roupas deixadas cuidadosamente dobradas em cima de uma cadeira, sentiu-se sem identidade. Nada de azul ou roxo nos tecidos, como costume de sua família, era somente bege e verde escuro, não tinha nenhum símbolo indicando a que família pertencia. Pela primeira vez em sua vida vestia uma roupa que não levava o símbolo do seu clã.

 

Sem muita dificuldade, achou a sala em que o café da manhã seria servido, na ponta da mesa estava o líder do Clã Haruno, ladeado por sua mulher que sentava a sua direita, na outra extremidade encontrava-se outro lugar vago e por ter Kakashi ocupando o zabuton à direita deduziu que tivera sido destinado a si. Assim que sua presença foi notada, recebeu três reverências. Sentou-se retribuindo o gesto com o leve manear de cabeça, surpreendendo-se ao notar, na luz do dia, o estranho tom rosado no cabelo do líder do clã. Imediatamente foi informado por Kakashi que Naruto passava bem, e Kushina preferira ficar junto do filho. A refeição seguia em silêncio, Kakashi observava o nervosismo contido no Haruno que se mantinha atento aos movimentos do Príncipe. Não era para menos, já que em poucas horas descobriram coisas importantes sobre aquele Clã, coisas essas que não deveriam serem desconhecidas para o Império, e conhecendo seu aluno sabia que este estava esperando o melhor momento para esclarecer suas dúvidas e julgar a situação como fosse necessário.

 

Foram perguntados sobre como passaram a noite e se estavam confortáveis com os quartos designados para estadia, por um momento achou que era gentileza da parte da esposa de Kizashi, porém compreendeu que aquilo não era nada além de uma tentativa de amenizar a tensão, uma postura bastante política e inteligente para a mulher de um chefe de Clã tomar.

 

— Gostaria de nos desculpar por nossa musume e nosso musuko não terem vindo os cumprimentar antes de sair para suas tarefas matinais, e…

— Como soube da invasão ao palácio? - Sasuke interrompera a mulher, sem realmente se importar em ser educado naquele momento - Ontem a noite ficou bem claro que vocês já tinham ciência do que ocorrera. Como?

 

Como sempre o homem de cabelos grisalhos permanecia na sua postura apática, aparentando muito mais interesse nas frutas cortadas da tigela a sua frente do que na conversa que se estendia pela mesa, ainda que detectasse na voz fria do jovem príncipe uma ordem escondida entre a pergunta.

 

— Um dos meus protegidos estava na vila que cerca o palácio, comprando algumas ervas para uso de nossas curandeiras, quando os homens do Usurpador começaram a atacar os moradores. No meio do tumulto ele ainda conseguiu salvar uma família de camponeses. Como estava com uma carroça, ele conseguiu chegar aqui ontem pelo início da manhã, entramos em estado de alerta desde então.

— Aonde está essa família? - Sasuke perguntou, apoiando o queixo sobre as mão unidas, atitude que executava sempre que procurava por mentiras.

— Estão sobre os cuidados da oneesan de minha tsuma, a mesma curandeira que tratou da Imperatriz ontem.

— Eles estavam terrivelmente abalados quando chegaram aqui. - Mebuki tomou palavra, ainda desolada sobre as condições daquela pobre família - A pobre mulher está com uma gravidez avançada, e a filha mais velha do casal provavelmente não poderá mais andar por um golpe que levou tentando defender a mãe, estão desolados com a notícia.

 

Tentando passar conforto para a esposa, discretamente Kizashi segurou-lhe a mão por baixo da mesa, para que nenhum do visitantes tomasse o ato como desrespeitoso, ela retribui-lhe com um pequeno aceno e o melhor sorriso que poderia ter no momento.

 

— Ainda assim deve agradecerem aos deuses por estarem juntos. - a voz dolorida do jovem trouxe um clima mórbido a mesa. O casal não sabia ao certo o que ocorrera, entretanto podia imaginar a gravidade das circunstâncias que forçara o destemido guerreiro do exército japonês a escapar daquela maneira.

— Se me permite a observação, Kizashi-san, - iniciou Kakashi, pretendendo desviar o rumo da conversa - vejo que parece ter hábitos diferentes em relação a participação de uma mulher na política.

 

Seu aluno concordou com um aceno, apesar não dar muita atenção ao fato. Não era comum uma mulher interagir em qualquer assunto político de grande importância, em circunstâncias normais a esposa de seu anfitrião teria se retirado da mesa assim que fez sua pergunta, mas ao contrário, continuava ali, tendo até mesmo falado sobre o ocorrido, com bochechas coradas e postura envergonhada, mas um olhar firme e decidido.

 

— O Clã Haruno tem uma postura que difere dos demais em relação a presença feminina, Kakashi-sama. - o homem respondeu sorrindo, mas sua voz deixa claro que não toleraria desrespeitos com o seus costumes.

— Kizashi-sama, eu gostaria de falar com o seu protegido.

— Tudo bem, vamos a um lugar mais adequado para isso. - ele se levantou, enquanto Sasuke e Kakashi fizeram o mesmo - Por favor, Mebuki, vá chamar Shino para mim.

 

A mulher assentiu, curvando-se antes de sair para atender o pedido do marido. O trio seguiu por um outro corredor. Andando na frente, Kizashi suava de nervosismo. Sabia que ao esconder coisas tão importantes do Imperador poderia ser acusado de traição. Amaldiçoou-se por ter caído no comodismo medroso de seus antepassados. Olhando para Sasuke, sabia que o jovem não era nenhum carrasco, exalava força, inteligência e justiça, ainda que com marcas de cansaço. Porém também conhecia da índole severa dos Uchihas, e era uma possível intolerância para com suas ações que temia.

 

— Ficaria contente se ouvisse uma explicação sobre esses protegidos.

 

Mais uma vez uma ordem confortavelmente embutida dentro de uma simples frase, o senhor não sabia dizer se aquilo aliviava a tensão ou aumentava o peso na sua consciência. O Príncipe tinha uma postura imperativa sem se esforçar, mesmo que usado tons polidos, era quase que sufocante.

 

— Ainda que pequenos, somos conhecidos em algumas regiões pela habilidade medicinal de nossas curandeiras. Algumas vezes temos seus serviços requisitados em troca de pagamento, são feridos de pequenos conflitos por poder em vilarejos, às vezes epidemias, mas sempre encontramos crianças desabrigadas, algumas órfãos há tanto tempo que não sabem mais o que é ter uma família. Trazemos todas que podemos para cá, algumas fogem nas primeiras noites, outras passam um tempo conosco antes de saírem em busca de algo para si, aquelas que ficam se tornam parte da nossa vila.

 

Sasuke se satisfez com a resposta. Estava tendo suas reservas sobre aquelas pessoas, mas depois de tomar conhecimento de uma atitude tão honrada, conseguiu se acalmar, deixando a perspectiva de uma traição, talvez um pergaminho enviado a Madara contando sua localização, um pouco de lado. Acomodados em uma mesa redonda, Kakashi mantendo-se a sua direita enquanto o líder do Clã sentava-se dois zabutons a sua esquerda, assistiram o rapaz entrar no cômodo. Mesmo com as roupas largas, Kakashi deduziu que não passava de um jovem de quinze. Quieto, ele se postou na frente da Sasuke, curvando até sua cabeça tocar o tatame.

 

— Sasuke-sama, este é Shino, o rapaz que estava na vila no momento do ataque. Shino, o Príncipe gostaria de conversar um pouco. - Kizashi falou em tom paternal para o jovem, que pareceu se acalmar com o gesto

— Não precisa mais ficar curvado. - surpreso com o pedido, o rapaz elevou o tronco encarando acanhado o homem a sua frente - Gostaria que me falasse com o máximo possível de detalhes do que se lembra sobre como tudo aconteceu.

— Hai. Eu estava em uma hospedaria quando acordei com o barulho de correria vindo da rua. Quando desci, vi vários homens correndo com cavalos, eles tocavam fogo em algumas casas, gritando que agora todos deviam obediência ao novo Imperador. Foi quando eu vi a família que trouxe para cá, a menina estava ajudando sua okaa-san a fugir enquanto seu otou-san tentava afastar um dos homens de cavalo. Tentei ajudá-los. Foi quando a menina se feriu que resolvi trazê-los para cá. Peguei a carroça que tinha levado comigo atrás da estalagem e saí o mais rápido que pude.

— Isso é tudo que lembra? - Kakashi questionou. Nervoso, Shino remexia suas mãos pensando na melhor maneira de dar a resposta.

— O traidor que gritava sobre obediência ao novo Imperador, ele segurava a cabeça de Fugaku-sama pendurada pelo cabelo. - engolindo seco, deixou sua cabeça tombar para frente, temendo a reação causada por sua revelação. - O-o traidor era Uchiha Itachi.

 

Por um instante, o rosto de Sasuke abandonou seu permanente estado de inexpressividade. O mais puro ódio brilhava dentro daqueles olhos negros, nunca imaginara que tal desgraça poderia despencar em sua família, muito menos que a desonra seria premiada com sarcasmo e desprezo. Itachi não só desgraçara o nome de sua família, como o sujara de forma mais vil, condenando até mesmo seus antepassados a se envergonharem diante do espírito dos deuses.

 

— Gomenasai, - o jovem se curvou mais uma vez - gostaria ter feito algo, mas não recebi nenhum treinamento para combate e tinha a pequenina…

— Não se lamente, o que está feito, está feito. - mesmo tentando tirar a culpa dos ombros do garoto, a voz de Sasuke saíra tão fria que mais parecia uma ameaça. Tentado apagar a imagem que se formava em sua mente, ele desviou sua atenção para Kizashi, que o encarava de forma afetada. - Vejo que sua guarda pessoal não é formada por seus protegidos como imaginei. Diga-me, Haruno Kizashi, sabe que manter um grupo assim sem informar nada ao palácio pode ser considerado um desrespeito as nossas leis e traição contra o Império?

— Príncipe Sasuke, em nenhum momento esse foi nosso objetivo. A Shapu surgiu há décadas e nunca quisemos ofender ou trair o Império. - desespero banhava cada palavra proferida, sabia que poderia sofrer alguma acusação como aquela. - Foi somente necessidade.

— Então é assim que se denominam, Shapu. - Kakashi assistia a expressão de seu aluno endurecer conforme este cruzava os braços. Sabia que ele podia não enxergar, mas quando adotava aquela postura se tornava incrivelmente ameaçador. - Diga-me, que necessidade tão grande foi essa que levou os Harunos a mentirem?

— Se o Príncipe veio até nós, sabe da fama que cercam nossos curandeiros. Sempre que alguma região caía na desgraça da guerra nosso Clã era vitima de sequestro, e se o conflito envolvia mais lados, o número de vítimas só aumentava. Mesmo em tempos de paz, não estávamos livres do medo. Éramos invadidos e roubados, levavam nossas colheitas e nossas ervas. - em sinal de fraqueza, o homem soltou um longo suspiro antes de continuar - Foi quando meu sōsofu decidiu formar um grupo que pudesse nos defender. Nunca usaríamos isso contra nosso Imperador, mas o segredo foi necessário para que com o tempo ficássemos esquecidos e protegidos.

— Uma explicação plausível, e ainda que feito da maneira errada, tiveram um motivo justo. - um alívio percorreu o corpo do homem ao notar o significado por trás daquela frase, sendo substituído por um desespero ainda mais genuíno ao ouvir a frase seguinte - Mas como reagiria em saber que o líder da sua Elite apontou uma lâmina para o herdeiro de direito do trono? - pavor tomou o rosto de Kizashi, sua boca mexia mesmo sem sair som algum. - Eu quero que ele venha aqui.

 

Pediu fazendo-o perder a cor que ainda restava na face. Com dificuldade, o velho Haruno conseguiu resmungar para Shino que avisasse da vontade do Príncipe Uchiha. Minutos depois um jovem entrou no cômodo, de olhos e cabelos castanhos arrepiados, parecia ser mais alto do que Sasuke se lembrava, mas decidiu que a escuridão da noite o enganara. Foi quando notou a figura escondida atrás do rapaz, uma jovem de incríveis olhos verdes o acompanhava, usava um quimono azul claro com desenho de cerejeiras, no tom de rosa exato que combinava com seu longo cabelo. Sem entender o porque da presença da mulher preferiu esperar calado, mas o que ouviu depois que ambos se curvaram em sua frente o fez ficar chocado.

 

— Príncipe Uchiha, sou chefe da Elite e líder da Shapu, Haruno Sakura.


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Notas finais do capítulo

POR ESSA VOCÊS NÃO ESPERAVAM! KKKKKKKKKKKKKKKKKK
QUERIA SER UMA MOSCA PRA VER A CARA DE VOCÊS! EU TÔ RINDO SÓ DE IMAGINAR!

"Nossa Mariana, você é o tipo de pessoa que se diverte com desespero e ansiedade dos outros, e cai na risada quando elas descobre algo bombástico?"

Sim, eu sou esse tipo de pessoa. Eu ria tanto com os comentários do capítulo anterior, vocês curiosas pra saber quando a Sakura ia aparecer, frustadas porque acha que ela ia aparecer mas não tinha dado as caras, quando na verdade ela já tava pertinho do Sasuke. Batendo nele numa floresta escura, kkkkkkkkkkkkkkkk

E é rindo que me despeço. Bom, até próximo capítulo.