I hunt for you with bloodied feet. escrita por Jiggle Juice


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys! Já faz um tempinho que eu não posto nenhuma fic, e definitivamente faz um longo tempo desde que não posso nada de OUaT. Pra ser sincera, eu nem assisto mais. Mas quando soube que a Ruby vai voltar, digamos que meu lado fangirl trash ressuscitou das cinzas, lol (amo tanto essa mina que coloquei o nome dela na personagem da minha fanfic original). Então eu acabei de reler a Saga Encantadas, dei uma olhadinha no primeiro capítulo de Red's Untold Tale, vi um post Red Beauty perdido na minha dash do Tumblr, e aí você sabe. Uma coisa puxa a outra.
Eu nem ligo que o trem de Red Beauty já passou há uns trezentos anos. Não ligo que Belle se casou, não ligo que Ruby sumiu, não ligo que rumor has it que ela vai ter algo com a Mulan. Red Beauty vai ser sempre meu OTP dessa série e nada vai mudar isso.
Essa fanfic é meio AU, eu acho. E como eu disse anteriormente, reli a Saga Encantadas há pouco tempo (vocês também deveriam, é muito maravilhosa), e me inspirei um pouquinho na Belle dos livros que é um pouquinho... psicótica. Ela não está assim na fic, mas com certeza tá meio OOC.
Enfim, espero que goste do mesmo jeito e boa leitura ♥



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“And all the kids cried out

‘Please stop, you're scaring me’

I can't help this awful energy

Goddamn right, you should be scared of me

Who is in control?”

Halsey; Control

— Você fez de novo, huh? – A voz de Belle era macia como seda, mas com um toque ácido indecifrável – É tudo o que se comenta na cidade. Nas vilas, nos mercados, na corte. Nos corredores do palácio. E mesmo se todos não estivesse falando, eu ouvi. Ouvi o uivo, no meio da noite, quando a lua estava cheia e brilhante, bem no topo. Pude sentir os ventos gelados e o cheiro de terra molhada e morte, da mesma maneira que sinto todas as vezes que acontece. Como se os céus preparassem esse cenário doce e mortal só para você. É lindo, de um jeito horrível – Ela beijou seus lábios, deixando que sua língua dançasse apenas por um momento – Eu quase posso sentir o gosto de sangue na sua boca.

Ruby a fitou, aqueles olhos tão incrivelmente azuis e cristalinos, a pele branca, os cabelos castanhos-avermelhados. As palavras gentis e cruéis, o toque dos dedos quentes, a suave movimentação de seu peito quando respirava, o sorriso apologético, os vestidos com fios de ouro, as joias às vezes enfeitando ao redor do pescoço ou dos pulsos, o balançar elegante de seus quadris cada vez que andava.

Ela era linda.

— Você gosta?

— Eu gosto de você.

— Não te assusta?

— Me assustar? Por que eu me assustaria com uma criatura tão linda e perigosa? Eu me sinto privilegiada, mais do que qualquer privilégio em ser uma princesa pode me trazer. Porque essa criatura linda e perigosa, vivendo em um eterno limbo de corpos, escolheu a mim para amar. Amar, Ruby. Sabe como isto é especial? Ser amada? Amada por alguém como você? Ser amada por você?

— Por quê?

— Porque a toquei o suficiente para isso. Você tem um coração bonito, mas é o que é. Quando a lua sai do seu esconderijo, grande e branca, como é de costume, você se transforme e destrói tudo o que vê pela frente. Mas você não faz isso comigo. Eu já a vi em sua metamorfose. Já toquei o pelo escuro e espesso e olhei dentro dos olhos dourados. Você sabe o que aconteceu. Nada. Eu pude até mesmo abraça-la. Pude sentir o coração batendo tão rápido e forte contra minhas mãos, e também senti quando se acalmou, deitando sobre minhas coxas.

— Minha besta ama você. Assim como eu.

— Eu sei – Ela a beijou novamente, desta vez de maneira mais profunda, deixando com que Ruby agarrasse seus cabelos e sentisse seu sabor – Me conte – Sussurrou Belle, sôfrega e sem ar, com o olhar cheio de sombras e luz.

Ruby tocou seu rosto, sentindo a textura de sua pele sob seus dedos. Ela sempre fazia aquilo, sempre pedia que contasse a história, mesmo que já soubesse como seria o fim. Ruby dizia, todos os detalhes, todos os gritos presos em sua garganta, todos os demônios que a assombravam, todos os pesadelos que se escondiam no fundo de sua mente. Apenas com Belle ela conseguia transformar seu monstro em palavras, e por mais que sentisse certo alívio em colocar para fora, também sentia o peso de seus atos a esmagando com violência, deixando-a com os pulmões necessitados de ar e os olhos queimando de lágrimas.

Mas ela contava do mesmo jeito, porque ela sabia como aquilo fascinava Belle, e Ruby havia descoberto há muito tempo que faria qualquer coisa para fazê-la feliz, mesmo se isso a destruísse lentamente.

— É como... Se o mundo inteiro fosse minha presa. Como se tudo estivesse a minha disposição apenas para que eu quebre. É intenso e libertador, poder correr para lugar nenhum, sentir os galhos despedaçando sob minhas patas, o vento na minha nuca, o vulto das árvores pintando minha visão periférica, a escuridão pronta pra me abraçar. E então eu vejo algo, ou alguém. Com vida e calor e sangue. E então tudo se torna insignificante, tudo se torna uma grande piada. Eu só posso pensar em perfurar a carne com minhas garras e quebrar os ossos com meus dentes. A noite inteira, é tudo no que consigo me focar. Então eu faço, respondo a minha vontade facínora, não é como se eu pudesse lutar contra isso. E então, quando a noite está quase chegando ao fim, eu olho a meu redor e é como um jardim fúnebre. Crânios, pele, músculo, sangue. É terrível, mas é perfeito. E então, com o gosto de poder e morte no céu da minha boca, eu corro novamente. Quando acordo, estou nua, no meio da floresta, com folhas e terra grudada no meu corpo, hematomas e cortes estampando meus braços e minhas pernas. Minha cabeça sempre dói, depois, e meus ombros estão sempre tensos. Eu me banho no rio e tiro de mim o odor do fim de tudo aquilo que eu tomei e todo vestígio de uma vida que já não existe mais. Antes de finalmente sair por aí e roubar roupas da primeira casa que encontro, eu me encolho entre as águas e choro, porque não gostaria de ser assim, mas o sabor grudado na minha língua e a adrenalina nas minhas veias, mesmo depois de ter acabado, ainda é prazeroso, e me odeio por isso. Depois venho pra cá, pra você, porque preciso de algo para me libertar, nem que seja por um segundo.

Quando terminou, Ruby tinha os cantos dos olhos úmidos, como sempre tinha quando contava aquilo para Belle. E ela, sua graciosa e peculiar Belle, tinha aquele costumeiro olhar encantado, como se Ruby fosse a joia mais preciosa já encontrada, a incógnita mais misteriosa já descoberta. E então ela a beijou, forte e apaixonadamente, quase com desespero, tentando estar ainda mais perto, mesmo que não fosse possível.

— Eu amo você – Belle grunhiu contra seus lábios, guiando seus dedos para os nós do corpete que usava – Amo seus cabelos e suas mãos, amo sua boca e seu gosto, amo quando me empurra contra uma parede e me toma ali mesmo, amo quando se perde no meu corpo. Amo quando te escuto no meio da madrugada, tão feroz e selvagem. Amo quando posso ver o outro lado da sua alma, poderosa e magnífica, dentes afiados e a sede de carnificina. Amo quando ouço como as pessoas têm medo, criancinhas dizendo o quanto estão assustadas. Porque elas deveriam, todos deveriam. Você controla esse reino, Ruby, e sabe que também poderia me controlar se quisesse, mas a sua primeira parte, tão galante e bondosa, me deixa com o luxo da escolha. Se te quero ou não, se te desejo ou não, se te amo ou não. Mas, por tudo que é mais sagrado, eu escolho você, e sempre vou escolher. Eu escolho seu lado de luz e de trevas, porque a amo e porque pertenço a você.

Belle fazia aquilo, usava suas palavras fortes e bonitas, mesmerizando Ruby com sua intensidade. Era quase como se não fosse a besta que aterrorizava a todos há apenas algumas horas, porque agora ela estava li, com os joelhos trêmulos e o coração cheio, tímidas lágrimas escorrendo.

Ela sorriu, parecendo com a princesa que era, beijando-a suavemente desta vez, circulando seu pescoço com os braços. Ruby a abraçou de volta, quase como se tivesse medo que ela pudesse ir embora.

— Ser o que sou dói. É desesperador saber do que sou capaz de fazer, saber do sofrimento que já trouxe para tantas pessoas neste lugar. É como um fantasma que me persegue, dia e noite. Porque mesmo se estou assim, apenas como Ruby, sei que em pouco tempo me tornarei o motivo pelo qual todos trancam suas portas, escondem seus filhos e rezam por proteção. E eu morro um pouco mais cada vez que percebo o quanto gosto disso. O quanto me dá prazer. Mas então você me diz essas coisas e eu... É como se eu encontrasse forças. Como se tudo não fosse tão ruim assim, afinal.

— E não é. Eu estou aqui, você está aqui. Nós trazemos coisas boas uma a outra. Eu te dou todo o amor que você quer e precisa e você me dá todo o surrealismo de ter alguém como você.

— Até mesmo meu monstro ama você. Parece impossível, huh? Um animal com esse. Amar alguém.

— Nada é impossível quando se trata de você e eu.

As camadas do vestido de Belle haviam se transformado em uma pilha nos pés de Belle, e Ruby pôde contemplar seu corpo. Em um segundo, ela a beijava novamente, esfregando-se contra seu peito e seu abdômen, empurrando-a para a cama.

E enquanto Ruby explorava tudo o que Belle lhe oferecia, deliciando-se com os gemidos e os sussurros de pura luxúria, concluiu que nada importava – se era apenas uma garota apaixonada pela princesa, se era uma criatura furiosa com a boca cheia de sangue. Ruby não tinha controle nenhum, mas Belle, sim. Controle sobre seu lado humano e seu lado bestial.

Porque Ruby sabia que estava a sua mercê, da princesa que amava sua doçura e sua loucura, sua bondade e sua maldade. Que apreciava o som de sua voz e o uivo entre a neblina de uma noite escura.

Belle tinha o controle, e bastava dizer, que Ruby faria.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por ler, comente se puder, me siga no tumblr harlsquinzel e até a próxima! ♥



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