As aulas depois do ano-novo só começariam dali a uma semana, mas ela já estava estressada. Tinha tido as melhores férias do mundo, rodando todo o país com suas melhores amigas (coisa totalmente inédita para ela, que só viajara com seus pais para a casa de seus avós). No natal, passavam a noite da ceia no melhor restaurante de Chicago; alguns dias depois do Réveillon em New York e mais alguns dias nas praias da Califórnia.

Mas agora voltava a vida monótona em Miami. Não que fosse uma cidade chata, claro que não. Mas ela já estava entediada de visitar sempre os mesmos lugares. Com sua mesada adiantada pelos próximos quatro meses - todo o dinheiro fora usado para bancar a viagem - não daria nem para comprar um apito de graça na loja de seu pai! Em um profundo estado de tédio, Ally Dawson atualizou mais uma vez a página de seu Facebook, à espera de qualquer novidade, ou até mesmo alguém online para conversar.

Porém, suas costas já estavam doendo por causa da posição em que estava sentada. Então, levantou-se, alongou as costas e se dirigiu até a cozinha para procurar alguma bebida quente. Estava descendo as escada quando sentiu o cheiro delicioso de café e desceu as escadas apressadamente; seus pés descalços faziam um baque surdo.

-Pai! -Sorriu, abraçando-o pelas costas.

-Oi filha. -Virou-se, beijando a testa dela carinhosamente.

-Voltou mais cedo? A loja parecia bem vazia esses dias.

-Estou apenas fazendo uma pausa. Várias escolas e instituições estão fazendo acordos para pegarem novos instrumentos. - Seus olhos brilharam.

Ally esperou seu pai terminar o café silenciosamente. Pegou uma xícara, serviu-se e bebericou com cuidado. Antes de subir novamente, despediu-se do homem com beijos e abraços e voltou ao quarto, fechando a porta.

Sentou em sua cadeira, voltando a situação anterior. Tomou um gole do café, apertando o botão de atualizar mais uma. Quando o site reiniciou, finalmente uma nova notícia que a interessava. Melhorando sua posição, começou a ler as palavras na tela.

Tiffany, a repórter do jornal da escola, publicara um pequeno artigo com novidades que teriam naquele ano escolar. Ally terminou de ler o texto poucos minutos depois de começar a lê-lo. Logo ficou animada para as aulas da semana seguinte. No primeiro dia de aula, haveria um programa social totalmente novo; para os alunos novos se entrosarem com facilidade com outros alunos, haveria, durante as primeiras aulas, uma reunião no auditório, com todos os alunos do colegial. Não havia tantos detalhes sobre as novidades, mas Ally já estava animada e tinha uma imaginação alta...

Ansiosa, deitou-se em sua cama, e sem perceber, adormeceu e acordou somente no dia seguinte.

[...]

Dentro do cómodo já arrumado e pronto para recebê-lo, jogou suas malas pesadas no chão, soltando um suspiro alto de alívio. Com um sorriso cansado entrou em seu novo - e felizmente - definitivo quarto. Cara, como aquela mudança foi cansativa! Foi muito mais rápido ir de Miami para Washington que a viagem de volta. Mais fácil, menos cansativo, mais rápido, mais triste... Mas a viagem de volta foi totalmente reversa!

Claro, sentiria falta de muita coisa em Washington, como seus novos amigos, os lugares que adorava visitar com seu melhor amigo Mike... Mas era ótimo estar de volta a sua cidade natal. Miami era, de fato, a cidade que gostaria de morar. E além disso, já atingira a maioridade perante a lei. Poderia ter sua própria casa, caso seus pais quisessem voltar.

Pensando em sua viagem de volta, Austin Moon jogou-se sobre sua cama ainda descoberta. Sorriu ao lembrar que já estava em sua casa definitiva. Na manha seguinte, não iria mais levantar no quarto em um prédio na capital, mas sim em uma casa em uma cidade como qualquer outra dos Estados Unidos. Na semana seguinte, quando fosse para escola, não precisaria mais acordar às cinco da matina; agora poderia acordar até mesmo 10 minutos antes do primeiro horário!

Austin sentiu um sentimento desconhecido e angustiante invadir seu corpo. Era uma sensação maravilhosa, quase indescritível... Não sabia se era fome, sono ou os dois. Já era noite, então julgou não ter problema adormecer ali mesmo daquele jeito.

Com um sorriso bobo a brincar-lhe aos lábios, Austin entrou no mais profundo sono.