Um Passo para o Amor escrita por LeticiaHeinzmann, Emilisluize


Capítulo 13
Tudo Ficará Bem




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É a minha vez de respirar fundo. De todas as possibilidades que cogitei, nada se comparava a isso: um pedido de namoro. Em um momento, todas as coisas que aconteceram entre mim e ele se misturam, passando como um flashback rápido demais para ser entendido. Tanta ansiedade, raiva, tristeza, desconforto em contrapartida com a alegria, calafrios de felicidade e, ouso dizer, amor, ou pelo menos um pouco de paixão. Sei que gosto dele, mas sei também que não estou pronta para assumir algo assim, ainda mais com John tendo se separado de mim há tão pouco tempo.

—Desculpe, Ethan. Não posso namorar com você. — Digo, liberando um olhar desapontado, mas compreensivo.

—Eu já esperava essa resposta. Não tem problema, eu também achei meio cedo demais, mas sei que gosto de você e lamento que não sinta o mesmo, mas talvez se eu arriscasse você me desse uma chance.

—Eu também gosto de você. Muito. Mas realmente é muito cedo, mal me recuperei de John, tenho medo de me precipitar e acabar estragando tudo. Com o tempo talvez eu esteja pronta pra assumir algo contigo, mas por enquanto estou muito fraca pra isso. Você entende?

—Claro que sim, Aurora. Não tem problema. Mas não pense que vou desistir assim tão fácil, okay? — Termina, sorrindo fraco, provavelmente apenas tentando parecer forte diante da situação. Lhe dou um selinho e sorrio, extremamente constrangida.

—Tenho que ir. — Despeço-me e saio caminhando devagar.

—Nos vemos amanhã? — Chama-me quando já estou de costas, então viro apenas a cabeça e faço um sinal de concordância, logo seguindo novamente meu rumo, com um singelo sorriso no rosto.

No caminho para casa, a felicidade angustiante ainda distorce meu semblante enquanto repasso aquela frase mentalmente: “Quer namorar comigo?”, como um sussurro envergonhado. Tão lindo… Será que ele realmente gosta de mim? Será que realmente me ama? Eu o amo. Acho que o amo. Me sinto novamente com doze anos, nervosa para beijar um garoto pela primeira vez, com as pernas trêmulas e o suor frio escorrendo nas mãos, o estômago revirando, os batimentos muito mais acelerados que o normal, levando-me a pensar que talvez eu tivesse um enfarto ali mesmo, de tanta ansiedade. Isso seria bem possível, na verdade. Se chama Cardiomiopatia de Takotsubo, morrer de amor. Nesse momento, sinto que estou prestes a ter isso mesmo, mas é uma sensação incrível.

***

Ethan: E aí, vamos sair hoje?

Aurora: Claro, pra onde?

Ethan: Tem um restaurante legal perto da faculdade, o que acha?

Aurora: Claro. Que horas?

Ethan: Tava pensando em ir lá almoçar.

Aurora: Tá, a gente se encontra lá, beijos.

***

Na hora do almoço encontro Ethan escorado no batente da porta esperando-me, Logo que me aproximo ele passa o braço ao redor da minha cintura, sorrindo para mim como se nada demais tivesse acontecido no dia anterior.

Meu rosto avermelha um pouco por causa de todas as pessoas que nos observam desconfiadas por eu supostamente já estar com outro, mas afinal, se John pode sair beijando qualquer uma, o que me impede de partir para outro também? Estou cansada de dar atenção pra essa sociedade preconceituosa que só sabe julgar tudo e todos. A partir de agora só vou me permitir e que quebre a cara mesmo, que decepcione-me, mas pelo menos terei meus momentos de plena felicidade.

Mal saímos da escola e já consigo ver o restaurante no final da rua, um local discreto, mas bastante convidativo. Aproximamo-nos mais e consigo observar o local com maior clareza: suas vidraças em toda a parede frontal; o tom leve de verde claro cortado ao meio por uma tira creme que recobre todas as paredes interiores; as mesas bem organizadas e cobertas por um tipo de lona mais bonita que não consigo descobrir o que é exatamente.

Obviamente, pela proximidade da escola e de algumas fábricas da região, além de pelo horário de pico, o lugar estava muito movimentado, cheio de gente animada e sorridente ou apressadas e descuidadas vagando de um lado para o outro com os pratos cobertos por uma montanha de alimento extremamente industrializado, gorduroso e delicioso. Em um momento flagro John do outro lado do restaurante e durante uma fração de segundo meu coração se aperta de aflição e saudade.

Seguro firmemente a mão de Ethan, temendo perder-me naquele mar de pessoas e de repente não conseguir mais achá-lo. É um medo bobo, eu sei: o lugar nem era assim tão grande e nada de ruim poderia acontecer comigo mesmo que nos separássemos.

Ou será que podia?


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