P.O.V Allana

—Não.... – Meu coração batia rápido, e eu não consegui controlar as lágrimas quando elas vieram aos meus olhos. – Não...não, não é culpa dele,po-por favor.....

Lúcifer se vira de costas, impossibilitando a mim ver sua expressão.

—É claro que é sua culpa, doce, Allana.

Então, ele se vira de frente , e chega perto de mim, lentamente.

Vacilo, e o deixo se aproximar de mim. Meu corpo inteiro é sacudido por violentos soluços. Ele para a minha frente, tão perto que posso sentir sua respiração. Abaixo a cabeça e limpo minhas lágrimas, ao menos, tento. Meu nariz fica fungando, e sinto meus olhos queimarem.

—Olhe para mim – Ordena ele. 

Continuo olhando para baixo. Não sei exatamente oque quero com isso. Se quero provar rebeldia ou é apenas o receio do que que ele quer que eu veja.  Então, sinto um toque suave no meu queixo, onde o dedo indicador dele ancorava meu rosto para cima.

Percebi uma agitação no quarto, atrás dele, porém, eu so conseguia focar em seus olhos azuis, que estavam brilhando, e em seu sorriso de lado. Me afundei na imensidão dos olhos dele, e quando ele começou a falar, quase não pude entender o sentido das palavras.

Depois de um tempo, quando ele terminou de falar, foram que as palavras ditas ecoaram na minha cabeça.

‘’Aprecie a vista, doce.’’

Intrigada, e relutando ao desviar meus olhos dos dele, olho para trás dele, ainda com ele segurando meu queixo.

Jaqen está preso á uma estaca grande de madeira, esta apenas com uma calça jeans caída, e seu peitoral esta todo coberto de hematomas, e cortes profundos que jorram sangue.

Meu ‘’encantamento’’ cessa no mesmo instante, e eu me desvencilho  da mão de Lúcifer em meu rosto, e me jogo para frente, ou ao menos tento, com todas as minhas forças, porém, como se eu não pesasse nada, Lúcifer envolve minha cintura com apenas um de seus fortes braços.

Jaqen abre seus olhos lentamente, e o brilho verde que me encantou de primeira vista não reside mais lá. Resta apenas um verde opaco, e cheio de dor e miséria. Sua boca abre e fecha várias vezes antes dele conseguir pronunciar:

—A....Allana?

Meu coração se contraí dentro de mim, e agora são lágrimas de ódio que descem por meus olhos.

—Então.    Gostou da vista, doce?— A voz de Lúcifer chega a meus ouvidos, e sinto a diversão que emana  dela.

Sinto uma vontade incontida que feri-lo, machuca-lo, e quero que isso tome conta de mim, quero usar o máximo de meus poderes só para feri-lo.

Não, Allana – Sussurra meu inconsciente – Tente chegar até Jaqen. Jaqen . Lúcifer não vale seu esforço

Me sacudo violentamente nos braços de Lúcifer, e ele se assusta, com repentina movimentação, e agora precisa dos dois braços bem firmes em minha cintura. Jogo as pernas para cima,e ele roda comigo no ar. Jogo a perna para baixo e dou um chute forte em sua coxa ou canela, não consegui distinguir. Ele solta um gemido de dor.

—ME SOLTA! SOOOOLTA! – Começo a berrar sem mais saber oque fazer. Cravo minhas unhas em seus braços, até soltar fiapos de sangue do braço dele, porém, ele continua me segurando.

—Allana.....Lla...Llana.... –Chama Jaqen. Eu sei oque ele vai falar. Ele vai mandar eu desistir. Não lhe dou ouvidos e continuo minha luta.

Por fim, Lúcifer anda na direção de Jaqen, ainda me segurando pela cintura, minhas costas estão batendo no tronco dele.

Mas, ao invés de ir para Jaqen, e vai para oque esta ao lado dele. Minha cama.

Contorço-me mais ainda, porém, sem resultado algum. Ele me joga na cama, e meu rosto bate com força no travesseiro  ,imediatamente, ignorando a pontada de dor que sinto no nariz, me viro de costas na cama, e fico de barriga para cima, com meus curtos cabelos espalhados no travesseiro.

Lúcifer, ao perceber que iria sair, se joga na cama, e prende meus pulsos acima de minha cabeça, e, com seus joelhos, prende minhas pernas, uma do lado da outra.

—Você.. –Lúcifer solta uma risada seca – Você realmente parece uma gatinha estressada. Esta na TPM ou oque?

Rebato-me contra ele, porém, seus dedos seguram com força meus pulsos. Viro a cabeça para o lado, e posso ver a parte do lado de Jaqen, que também está com hematomas feios e cortes.

—Oh, quer uma visão melhor? – Zomba Lúcifer, e em seguida, ele junta meus pulsos e os segura apenas com a mão direita, ainda acima de minha cabeça, e com a mão esquerda, ele faz um leve aceno, e a estaca em que Jaqen esta preso se vira para onde estou olhando.

Quando ele vê oque Lúcifer está fazendo comigo, se rebate furiosamente contra as cordas, e em seguida solta um grito de dor, quando elas afundam mais e mais em sua carne.

—Ja... – Dou um soluço alto –Jaqen?

Ele olha para mim.

—Me desculpe, Jaqen....e-eu sinto muito – Paro de fazer força contra Lúcifer e solto meu corpo, relaxando na cama. – É tudo culpa minha....eu...me desculpe, me perdoe ,po-por favor...

Jaqen consegue dar um sorriso.

—Não...não é sua culpa, milady , acr....acredite....foram as melhores h-horas da minha existência..... – Depois disso, a cabeça dele tomba para baixo, porém, com muita dificuldade ele a levanta. Lúcifer sorri e aponta um dedo para ele.

—Nã....não olhe , milady.

Olho para Lúcifer, acima de mim, e vejo que ele está prestes a matar Jaqen.

Não.

Com uma força que eu não conhecia, consigo livrar minhas mãos da dele, e levanto o tronco, ficando, por segundos, a centímetros do rosto dele, antes de dar uma forte cabeçada nele , que ,por conta da adrenalina, quase não senti. Lúcifer cambaleia para trás, e isso me da possibilidade de levantar,. Ele ainda esta de joelhos na cama, passando a mão na testa. Fico em pé em minha cama, e dou um chute em seu peito, fazendo-o cair para trás. Porém, ele pega meu pé,e me leva junto.

—Merda –Sibilo quando vejo o chão chegando a meu rosto – de novo –

Isso vai doer

Fecho os olhos, e chingo Lúcifer mentalmente  por fazer uma cama tão alta.

Quando estou prestes a quebrar meu nariz, sinto uma mão em minha cintura me puxando para o lado. Quando abro os olhos, vejo que estou, literalmente, em cima de Lúcifer.

Meus olhos ficam arregalados. E, involuntariamente, fico completamente vermelha, e, novamente, paraliso nos olhos dele. Parece um efeito sobre mim. Faz-me esquecer de tudo e todos. Parece que foi feito para somente uma pessoa contempla-los....

ALLANA! ACORDA! JAQEN! — Grita meu inconsciente furiosamente. Perco o encanto e quando realmente olho para Lúcifer, minha impressão é que ele também esta vidrado em meus olhos.

Ok. Mas isso é impossível.

Movo minhas mãos, que sem eu sabe o porque, estavam no peitoral dele, e envolvo sua garganta. Sua expressão muda de perdida para confusa, até chegar aquele sorriso zombeteiro novamente, que some assim que eu aperto mais e mais a garganta dele.

Não reaja, não reaja...— Meu inconsciente implora a ele, pois se ele reagir, eu já estou morta.  

Porém, geralmente quando se esgana uma pessoa, ela reage. E foi isso que aconteceu. Ele já estava ficando vermelho. Bem vermelho.

Para minha surpresa, ele não me machucou nem nada. Apenas Deus impulso para cima, segurou minha cintura e me jogou na cama. Bati com as costas na cama e com a cabeça na parede atrás dela. Minha visão ficou turva, porém, eu não ia desmaiar agora. Agora não.

Meus braços estavam tremendo por conta do impacto, e da força que estava fazendo para levantar. Lúcifer estava massageando o pescoço, e quando percebeu que eu estava levantando, deu um aceno com a mão, e eu não consegui mais me mover.

—Nunca subestime uma garota com raiva, não é mesmo? – Perguntou ele com seu sorriso idiota. – Agora, vamos logo com isso que eu já estou entediado.

Lúcifer olhou para Jaqen. Meu coração disparou.

—Por favor! – Exclamei para Lúcifer – Por favor....me mate, mas não o mate! Não é culpa dele, eu o convidei, eu escapei! Eu imploro, não o mate! Por favor! – As lágrimas voltaram a escorrer por meu rosto. – Não....por favor.....

Lúcifer recuou. Olhou estranhamente para mim. Eu pude ver um brilho diferente em seus olhos gélidos, então, sua expressão mudou. Como se estivesse....lembrado de algo.

—Apenas entenda, Docura – Lúcifer virou-se de costas para mim quando disse isso – Eu não me importo com oque você quer ou não. Isso tudo que estou fazendo....

Antes de terminar a frase, Lúcifer apontou para Jaqen, e ele começou a sufocar. Gritou sem sair som, então, depois de alguns segundos, explodiu em minúsculos pedaços no ar.

Algo explodiu dentro de mim, me fazendo gritar o mais alto que já gritei alguma vez em minha vida. Boa parte por Jaqen, mas também, pois foi minha culpa. Ele estaria vivo e bem, se não fosse por mim. Isso destruiu algo em mim. Finalmente consegui-me mexer. Lúcifer estava olhando para mim. Tentei levantar da cama, mas, quando coloquei o pé no chão, meu corpo não aguentou seu próprio peso, e caí, ficando ajoelhada, e com a cabeça no chão, ainda gritando um pouco, para dentro, meus soluços estavam sacudindo todo meu corpo, até eu ficar com falta de ar.

Senti braços envolvendo meu corpo e me elevando no ar. Não liguei.

Lúcifer me colocou sentada na cama, e seu rosto estava indecifrável, mas seus olhos continham algo que eu nunca tinha visto antes.....culpa? Não, eu estou imaginando.

Ele passou uma de suas mãos por meu rosto, limpando algumas lágrimas, porém, apenas para dar espeço a outras. Tirou meu cabelo do rosto e pôs atrás da orelha. Olhei para ele com os olhos vermelhos e embaçados.

—Isso tudo que estou fazendo...é so diversão – Sussurrou em meu ouvido, em seguida saindo e deixando a porta aberta. Na verdade não sei se ele saiu do quarto. Apenas sei que não ligo. Não ligo agora.