Rachel apressou ainda mais o passo, até chegar ao lado de Gerard.
R: Olá, Way.
G: Ah, olá Spencer.
R: Como vai?
G: Bem, e você?
R: Também. *longo silêncio* Tá legal, o que houve?
G: Hã? Como assim?
R: Way, eu sei que não somos os mais próximos do sexteto, mas eu acho que te conheço o suficiente pra saber que quando você fala que está bem, você não está. Anda, conta o que houve. O que está te incomodando?
G: Bom saber que você me conhece tão bem assim, Spencer. Vamos pra pracinha?
R: Sim, desde que você me conte o que houve.
G: Vou te contar, mas só quando chegarmos lá.

Foram andando silenciosamente, cada um mergulhado em seus pensamentos. Rachel estava preocupada com Gerard, porque sabia que ele não estava tão bem assim, afinal, algo aconteceu e o fez chorar. Gerard estava pensando se devia contar ou não à Rachel sobre sua mãe, e decidiu contar, já que Donna era como uma mãe para ela.
Chegaram na pracinha e sentaram-se num banquinho. Ainda estavam mergulhados em pensamentos, nem notaram que estavam encarando-se, cada um perdido nas cores dos olhos do outro. Mas não demorou muito para que voltassem à realidade. Notaram o quão próximos estavam, e trataram de se afastar. Continuaram olhando um nos olhos do outro, tentando achar algo, qualquer coisa, para que pudessem realmente ter uma conversa.

G: Minha mãe.
R: Hã?
G: Você não queria saber o que houve? Então. Minha mãe.
R: O que houve com ela? - Rachel preocupou-se ainda mais.
G: Ela.... está com câncer. - Rachel colocou as mãos na boca, num sinal de espanto e tristeza. - Seu corpo não está respondendo aos tratamentos, e o médico deu no mínimo três meses de vida pra ela. Donna vai fazer uma viagem de 3 semanas daqui à alguns dias, rumo à Grécia, Itália e França. Não quero que ela morra, não agora. E ela já começou a aceitar sua condição de vida, como se fosse mesmo a única saída.
R: Mas há outra saída, não é?
G: Existem outros tratamentos, mas ela se recusa a fazê-los. Eu estou perdendo minha mãe aos poucos, e como se não bastasse, ela quer viajar, ficando longe de nós. Não sei mais o que faço.

Gerard abaixou-se, colocando a cabeça entre as mãos, e começou a chorar. Rachel aproximou-se dele, o abraçando e fazendo carícias em seus cabelos.

R: Foi uma escolha dela. Deixe que ela mesma escolha seu caminho. Se Donna quer viajar, é porque quer aproveitar seus últimos momentos viva. Ela tem 3 meses de vida, no mínimo, e isso já é animador, Gerard! Faça com que os últimos meses de vida dela sejam maravilhosos, aproveite cada instante perto dela, faça-a feliz! Não deixe que uma tristeza dessas leve embora toda a sua felicidade, porque você tem que demonstrar que a apóia, que ficará feliz com sua escolha, e que se ela quer mesmo que seja assim, que seja! Ela já tem mais de 18 anos, e sabe as conseqüências de suas escolhas. Ela sabe que vocês ficarão bem, porque ela os ensinou o certo e o errado, mesmo que vocês não coloquem em prática esses ensinamentos!
G: Rachel...obrigado.
R: Gerard...eu...

Ficaram olhando-se nos olhos. Nesse momento se perderam em pensamentos, e nem notaram que estavam próximos demais. Aproximaram-se mais ainda, lentamente e em silêncio, Gerard perdido nos olhos azuis de Rachel e ela perdida nos olhos verdes de Gerard. Pareciam estar hipnotizados, porque nem piscavam. Realmente só voltaram à realidade, quando sentiram o leve roçar de lábios. Afastaram-se assustados, tentando lembrar como chegaram tão perto um do outro. Gerard sentiu sua respiração ofegante, seu coração acelerou, e esboçou um leve sorriso, sem nem mesmo saber o porquê.

R: Gerard, me desculpe! Meu Deus do céu, ele aqui, chorando por causa da mãe que está doente, e eu aqui, beijando ele! Sou uma idiota mesmo! Desculpa, Gerard, mas eu tenho que ir! Eu não acredito que fiz isso! - levantando-se rapidamente e saindo andando.

Rachel sentiu-se horrível por ter se aproveitado de Gerard num momento tão fraco. Estava tremendo de nervoso, sua respiração começou a falhar, seu coração acelerou, e sentiu-se tonta. Resolveu correr para tentar superar a tontura, mas não conseguiu. Parou alguns metros à frente, encostando-se numa árvore e sentando-se no chão, com dificuldade em respirar. Começou a chorar, sem nem ao menos saber o verdadeiro motivo daquilo.
Gerard a seguiu e viu como ela estava. Por um momento sentiu-se culpado por beijar Rachel enquanto sua mãe morria aos poucos, mas como a própria Rachel disse, essa foi a escolha de Donna, e ela já sabia as conseqüências de tal ato. Chegou perto de Rachel, que estava com a cabeça entre as mãos, chorando.

G: Rachel, vem cá. - abraçando-a. - O que houve?
R: Eu não podia ter feito isso com você, Gerard! Eu não podia ter feito isso comigo!
G: E o quê você fez? Me beijou?
R: Isso mesmo! Me perdoa, por favor! Eu tô me sentindo horrível em saber que me aproveitei do momento pra te beijar enquanto sua mãe está doente, e está morrendo aos poucos! - Rachel chorou mais ainda.
G: Rachel, olha pra mim. Pára de chorar. Como você mesma disse, essa foi a escolha dela, e ela sabe as conseqüências disso. Olha pra mim, por favor. Pára de chorar. - secando suas lágrimas e a abraçando novamente. - Não fica bem para uma mulher tão bonita chorar. Você fica vermelha como um pimentão.
R: Vou considerar isso um elogio.
G: Pode considerar. E se você quiser, eu vou te elogiar por um bom tempo.
R: Hã? O quê você quis dizer?
G: Eu quis dizer isso.
Gerard chegou perto de seus lábios, e a beijou.