Ser filha de uma vilã é dose. escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 2
Um Príncipe apaixonado.




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P.O.V. Rainha Bella.

O meu filho com certeza está caindo de amores por Audrey, posso ver no rosto dele. No olhar dele.

–Mãe, eu to totalmente apaixonado.

–Eu sei meu filho, a Audrey é mesmo uma menina encantadora.

–Não estou falando da Audrey. Vou terminar com ela.

–Espere, se não está apaixonado por Audrey então por quem?

–Mal.

–Mal? A filha da Malévola?!

–Sim. Ela é mesmo encantadora.

–Ela é filha da pior das vilãs!

–Filho, o que aconteceu com o seu cabelo?

–Acho que fico mais bonito assim. Do outro jeito fica esquisito.

–Eu sempre penteei seu cabelo e você nunca reclamou!

–Querida, deixa o menino. Ele quer criar um estilo próprio.

–Valeu pai.

–Amanhã podíamos dar uma festa. Ensinar essas crianças a se divertir.

–Boa ideia querido.

–É. Mas, como vamos organizar uma festa?

Um grito horrível de dor ecoa pelos corredores do castelo. E outro e outro.

–Meu Deus! O que é isso?

–É a Mal!

Ele saiu que nem um tiro e nós fomos atrás. Chegando no quarto a menina estava se contorcendo de dor no chão e os outros tentavam acalmá-la.

–O que há com ela?

–Alguém está passando.

–O que?

–Calma, amiga vai dar tudo certo.

Então, ela simplesmente se levantou com a ajuda dos demais.

–Tudo bem?

–Que pergunta Jay! Eu estou no inferno vinte e quatro horas por dia todos os dias por dois mil anos.

–Veja pelo lado bom, você não está mais dentro da caixa.

–É.

–Senta ai. Vou pegar um copo d'água.

–Alguém pode me explicar o que aconteceu aqui?

–Eu sou a âncora para o outro lado senhora. Todo ser sobrenatural que morre tem que passar através de mim e eu tenho que sentir a morte dele, a dor que ele passou antes de morrer.

–Qual a pior morte que já sentiu?

–Ser queimada viva com certeza. Morrer na fogueira é de longe a mais dolorosa e morrer afogada é a mais agonizante. O ar não chega, a água entrando nos seus pulmões, queimando suas narinas, o desespero e o medo.

–Mas, você não sente só a dor?

–Sim. Mas, é como se eu morresse com eles, como se eu fosse eles.

–Entendo. Você não é nada do que eu esperava.

–Ouço isso bastante. Acho que, o tiro saiu pela culatra.

–Como assim?

–A minha mãe é a responsável pelo meu sofrimento, ela achou que se me fizesse sentir dor encheria minha alma de raiva e me faria ser má. Mas, teve o efeito contrário. Saber como é a dor dos outros faz você pensar muito antes de ferir alguém.

Ela se levantou colocou os fones no celular e os fones nos ouvidos. Ela simplesmente começou a dançar e a cantar como se nada tivesse acontecido.

A voz dela era poderosa. Como a de uma moça de cor, mas ela era mais branca que a Branca de Neve, era branca como um morto e tinha olhos azuis.

–Ela acaba de sentir tanta dor a ponto de se contorcer e simplesmente se levanta e começa a cantar e dançar?

–Ela já se conformou dona. Ela vai ser a âncora pra sempre, não tem o que fazer.

–Tem que haver uma brecha, todo feitiço tem um antídoto.

–O da Mal tem, mas ela não quer. Diz que a dor física passa, mas a emocional prevalece.

–Qual é o antídoto?

–Ela tem que se apaixonar por alguém, de verdade e esse alguém por ela. Mas, ela não quer.

–Porque?

–O cara vai envelhecer e morrer e ela não. Ela sempre vai ter dezessete anos, para sempre.

–Não há uma cura?

–Não. Malévola amaldiçoou a próprio filha.

O rapaz não disse mais nada. Dava pra ver que aquilo entristecia todos eles, o fato da menina estar sofrendo.

–Mal! Mal!

–Ela tá com os fones, não vai te ouvir Evie.

–Ah, verdade.

A garota de cabelos azuis a cutucou e ela olhou.

–Achei a receita do elixir!

–Jura? Verdade mesmo?

–Sim!

–E existe uma cura? Um antídoto?

–Não.

O sorriso de Mal morreu.

–E porque tinha que me dar esperança?!

–Porque você pode fazer o elixir pro cara. Ai você e ele vão passar a eternidade juntos.

–Evie, você é um maldito gênio!

A filha de Malévola abraçou a outra e a apertou.

–Mal?

–Que é?

–Eu não consigo respirar.

–Desculpe.

–Obrigado, por terem me deixado sair. Eu não tinha com o que me alimentar na ilha por isso fiquei petrificada durante séculos dentro de uma caixa envolta em palha.

–Como assim?

–Eu fui dormir, e quando acordei dois mil anos haviam se passado, as meninas usavam calças! E não havia mais nenhum aqueduto ou templo apenas carros, jeans e celulares.

–Você tem dois mil anos?

–É. A ideia é essa.

–Ei Jay, aquela não é a filha da diretora?

–É.

–Ela tá caidinha por você.

–Que nada. Ela é muito gata pra mim e a mãe dela nunca que ia deixar ela me namorar.

–É. Os pais dos mocinhos são tão... preconceituosos.

–Gente.

–Eles falam que são bonzinhos e que tem que ser bons com todo mundo e perdoar, mas eles julgam a gente antes de nos conhecer.

–Gente!

–Que é?

–Eles tão escutando.

–Ah! Foi mal. Não é nada pessoal.

–Não. Vocês tem razão.

–Bom, vou tomar um banho enquanto vocês discutem o assunto.

P.O.V. Mal.

O meu cabelo é enorme de comprido. Leva muito tempo pra secar sem aquela máquina de vento da Evie. Acho que chamava secador.

Acabei esquecendo que os moleques estavam no quarto e saí de toalha sem querer.

–Ai! Esqueci que vocês estavam ai!

Entrei correndo de volta e saí vestindo o meu roupão.

–O seu cabelo é comprido.

–Não tínhamos cabeleireiro na minha época e eu gosto dele assim. É tudo o que restou do meu mundo.

–Sinto muito.

–Vocês conhecem a Mal a muito tempo?

–A meses, mas ela só nos conhece á alguns dias. Nós entramos no quarto proibido e alimentamos ela que lentamente foi voltando á vida.

–O que você come menina?

–Como posso dizer isso pra vocês? Acho melhor eu ser direta.

–Então seja.

–Sangue. O sangue me mantém viva.

–E se não se alimentar?

–Eu viro uma estátua viva. Me transformo em pedra.

–Em pedra? Pedra mesmo?

–É. Todos os meus órgãos internos tudo. É um processo lento, agonizante e doloroso. Mas, quando acaba a dor passa.

–Sei. Você está...

–Morta? Tudo bem, é apenas uma palavra senhora.

–Está?

–Digamos que eu não estou viva e nem morta. Estou no meio do caminho.

–Literalmente né.

–Rá rá. Hilário.

–Como assim?

–Ela tem um pé de cada lado Dona. A Mal existe em dois lugares ao mesmo tempo, aqui e do outro lado.

–Evie, como eu faço isso funcionar?

–Primeiro tem que colocar na tomada esperteza.

–Na to o que?

Ela me explicou como usar o secador.

–Entendeu?

–Sim, obrigado.

–Você não se parece com a sua mãe. Ela é uma bruxa malvada.

–Na verdade, minha mãe é uma fada. Uma fada que teve suas asas cortadas por um humano que queria ser Rei de Auradon.

–Está me acusando?

–Não. Eu só estou contando o que aconteceu.

–Mas, você não tem asas.

–Tem certeza? Porque você não olha de novo.

As asas são negras e enormes. Infelizmente ao abrir as asas acabei rasgando a blusa.

–Querida?

–Sim senhora?

–Os seus seios estão á mostra.

–Oh!

Rapidamente me virei e vesti outra roupa.

–A Mal é a única de nós que já viajou ao redor do mundo.

–Onde já esteve?

–Eu não sei. Eu não podia ver, mas eu podia ouvir e de alguma forma que eu não sei explicar aprendi a falar todas as línguas que eu ouvia.

–Diz alguma coisa.

Eu falei.

–Isso é Aramaico.

–Aramaico?

–Era falado na Pérsia.

–Onde fica a Pérsia?

–É onde hoje é a Turquia.

–Fala mais.

–Búlgaro, Mandarim, Latim, Grego antigo, Copta.

–E onde se falavam essas línguas?

–Na Bulgária, na China, em Roma, na Grécia e no Egito.

–Você tem muita sorte de ter a sua mãe Ben. Ela é tão inteligente, gentil e bonita. Minha mãe é bonita e inteligente, mas ela é podre até a alma.

–Não se deve dizer isso da sua própria mãe!

–É o que ela orgulhosamente diz dela mesma pra quem quiser ouvir. Eu estar falando isso dela pra vocês vai fazê-la feliz. Então...

–Você faz.

–Por isso e porque eu não quero passar pelo processo de dissecação e voltar para aquela caixa escura nunca mais. Se eu decepcionar minha mãe ela me coloca na caixa outra vez e agora ela tem uma adaga que ela mesma confeccionou pra me fazer dissecar mais depressa.

P.O.V. Rainha Bella.

Aquela menina começou a chorar de um jeito que dava pra tocar o desespero, o medo e a tristeza que emanavam dela.

–Mal! Sei o que está pensando, não faz. Não desliga.

–Mas, tá doendo muito. Eu to cansada de estar desesperadamente triste o tempo todo. Eu só quero que essa dor acabe.

–Desligue?

–Ela consegue desligar as emoções. É como um interruptor, basta desligar o botãozinho.

–Então ela pode desligar e ligar quando quiser?

–Ai é que está. Desligar é a parte fácil, religar é que são elas. Temos que forçá-la a religar, á base de tortura. Não tem outro jeito.

–É. Nós detestamos ter que fazer isso, tentamos encontrar outros métodos, mas ela só religa se torturarmos ela.

–E o seu cabelo? Você o tinge Mal?

–Não. Eu tentei, mas o meu corpo entende a tinta como uma infecção e a expele.

–Você nunca tentou usar magia.

–A magia não funcionava na ilha.

–Podemos tentar se quiser. Assim você fica bonita para a festa semana que vem.

–Jura? A senhora realmente vai me ajudar?

–Claro meu bem.

Num piscar de olhos ela estava me abraçando. E eu a abracei de volta.


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