O Livro Preciso escrita por L G Bida


Capítulo 8
Nada escrito?




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Durante o resto do dia Mike só pensou em uma coisa, em seu pai. Ele se lembrava pouco dele, apenas algumas lembranças nítidas, como os dois brincando, lendo histórias, cantando pra Cai dormir e uma lembrança estranha, nela seu pai se despedia dos dois filhos com um beijo na testa, falava com a sua mãe, pegava uma mala velha que usava quando ia viajar e saía porta à fora, mas sua mãe fala que é apenas um sonho, pois o homem teria levantado no meio da noite, pegado a mala com algumas peças de roupas e saído sem falar com ninguém, quando ela acordou e sentiu a falta do marido até tentou segui-lo mas ele tinha trancado a porta, olhou pela janela o viu saindo pelo portão pra nunca mais voltar. Depois achou um bilhete dizendo:

Não posso mais viver essa vida, não te amo, estou indo embora com outra mulher

Adeus, Arthur”

Mas Mike jamais quis acreditar que aquilo era verdade, doía muito em pensar que seu pai, que até então era o melhor de todos, tinha saído assim, ido embora com outra mulher, ele amava sua mãe e ainda sem falar nada pra ninguém, sem se despedir e nem sequer citou os nomes dele e Cai no bilhete. Tinha certeza que não era apenas um sonho não podia ser, só não sabia por que nunca mais voltou ou como sua mãe não lembrava da despedida.

Levantou e a primeira coisa que fez foi pegar o livro do lobo prateado, como ele chamava, ficou em dúvida se levava ou não pra escola, queria muito mostrar aos amigos, mas tinha medo que os outros garotos mexessem em sua mochila e estragassem, riscassem ou até roubassem o livro, isso acontecia com frequência principalmente no recreio quando não tinha ninguém na sala. Hoje não, talvez amanhã. Guardou dentro do guarda-roupa sem abrir o livro aquele dia.

—Mike cadê o olho roxo—falou Murano olhando bem de pertinho. Saindo para o recreio depois, de uma aula, incrivelmente chata de história,

—Sarou, desde pequeno, minha mãe fala que eu saro rápido.

—Qualé, daquela vez que você chutou o asfalto, fico quase uma semana sem ir pra escola.

—Eu achei que tinha quebrado, tá — falou ele meio impaciente, como iria explicar que o olho sarou como por um passe de mágica, nem ele conseguia entender.

— vocês sabem o ser Rufino? — falou ele querendo mudar de assunto rápido.

—sim!— disse Murano.

—não é aquele velho dono daquele bar? — perguntou Tomi, abrindo o caderno —minha mãe fala que ele é biruta

—Que tem ele ? — falou Murano, parecia muito interessado no assunto.

—Ele me deu um livro outro dia.

—Verdade, que livro? —perguntou rápido Murano

—Não tem nome, somente um lobo prateado desenhado na capa vermelha de couro .

—posso ver? você trouxe? .

—Não, deixei em casa— Mike estranhando o interesse de Murano, ele não gostava muito de livros, preferia esportes e carros.—lembra do ano passado quando jogaram os materiais de todo mundo no chão?

—Claro nunca mais achei minha lapiseira depois daquilo — falou Murano, ele tinha verdadeiro xodó pela tal lapiseira dourada.

— Melhor não arriscar — falou Mike

—Verdade, posso ir na tua casa depois da aula? Pra ver! — perguntou o garoto passando a mão no cabelo arrepiado.

—Claro! E você Tomi, vai também? — perguntou Mike, mas Tomi tava desenhando novamente, e nem ligou pra pergunta.

—Tomi?

—Que foi?—falou Tomi prestando atenção.

—Quer ir lá em casa depois da aula?—falou Mike tentando espiar o desenho de Tomi, ele tava sempre rabiscando e geralmente saia algo interessante.

—Você não vai no sinal hoje? — Fechou o caderno sem deixar ele ver do que se tratava o desenho.

—Não, minha mãe achou melhor parar, ela falou que atrapalha os estudos, e que vamos achar outro jeito de ganhar dinheiro.

—Pode ser! Só tenho que ir pra casa almoçar depois posso ir lá — falou Tomi guardando o caderno de desenho na mochila. Ele não conseguiria ver o que era.

—Combinado então depois do almoço, vamos na casa do Mike — Falou Murano.

Depois do almoço, ficou olhando um tempão pro livro fechado em cima da cama, como se esperasse o lobo piscar a qualquer minuto, era uma figura imponente toda de prata ,o couro da capa vermelha parecia ser muito velho. Folhou a procura da figura da lapide pra ter certeza que estava escrito mago. Mas pra surpresa não achou nada. Cadê?,Tava aqui! Ele tinha certeza. Olhou três vezes o livro inteiro mas não tinha nada, as folhas amareladas não tinham nem sinal de tinta. Jogou o livro na cama em cima de algumas roupas que tinha esquecido de guardar. Escutou o som de uma moeda caindo e rolando no chão. Olhou em baixo da cama, lá estava ela, a moeda que tinha ganho do homem da cicatriz.

—Tinha esquecido completamente.—segurou a moeda na mão fechada.

Em cima da cômoda tinha um cordão, resto de um presente de amigo secreto, do final de ano, o pingente havia se quebrado dois dias depois do natal. Belo presente. Mike passou o cordão por volta da moeda, e a colocou no pescoço, ele lembrava muito de seu pai quando olhava pra ela.

—MIKE—MIKE—escutou as vozes de Tomi e Murano chamando no portão da casa. Tinha esquecido que eles viriam na casa dele.

Sua mãe os mandou entrar. Mike os encontrou na porta.

—Mike! — Falou Murano, e ai beleza?

Mike concordou com a cabeça, pensando que o livro tava todo em branco, não tinha nada pra eles verem. Bom pelo menos tinha o livro

— Não vai nos convidar a entrar — falou Murano já entrando — e o tal livro cadê?

Murano tava estranho, desde o momento que ele falou do livro ele não parou de perguntar Mike escutou a voz de sua mãe gritando —Não façam bagunça, meninos.

—Pódecha mãe — gritou ele já levando os dois até seu quarto para verem o livro sem nada escrito.

—Tá bom— Tomi falou baixinho com se elas estivesse ali pertinho.

Murano sentou num banquinho de madeira que Mike mesmo construiu, era manco e estava meio torto mas dava pra sentar, Tomi ficou de pé perto da porta.

—Sente Tomi.

—Tá bom aqui de pé —parecia meio desconfortável, como todas as outras vezes que estivera ali. Mike já tinha se acostumado com o jeito dele.

—Venha mais perto pra ver o livro—pegando a mochila Mike tirou o livro—Aqui está—colocou em cima da cama, Murano foi em cima mais rápido que um gato pula num rato,

—Nossa é bem grande, e velho também.

—Gostei do desenho— disse Tomi.

Murano abriu o livro —mas não tem nada escrito aqui.

—É eu sei ,estranho é que... — gaguejou um pouco, estava em dúvida se falava sobre as figuras que desapareceram, mesmo sendo os seus melhores amigos, Murano sabia ser cruel quando queria, uma vez quase fez uma garota da sala chorar por que ela escreveu um texto sobre seus amigos imaginários. pra ele essas coisas eram normais, talvez por que seus irmãos mais velhos faziam coisas piores com ele. Ja em Tomi podia confiar mais, os dois sempre conversavam sobre todo tipo de coisas, apesar de Tomi ser bem calado ,Mike nem sabia direito como era sua vida em casa, só que era filho único, e morava com seu pai e sua mãe, mas quando perguntava sobre ele, Tomi mudava de assunto ou só falava que não gostava daquele assunto.

—O que? — Falou Murano folhando o livro.

—É que, um livro antigo como esse, não te nada escrito, é estranho.—decidiu não falar por enquanto, seria loucura, ele ainda nem acreditava naquilo,num dia tinha cinco desenho enormes no livro e no outra nada. Ninguém iria acreditar.

—Bom que dá pra você desenhar nele—falou Tomi, se tinha uma coisa que ele gostava era desenhar.

—Acho que não vou escrever nada nele talvez ele seja assim por algum motivo.

—É—falou Murano, que ficou tempo olhando o livro, Mike já estava estranhando seu interesse—preciso ir agora minha mãe falou pra não demora.

—Mas já vocês acabaram de chegar—ela precisa de mim em casa. Falou saindo com pressa

—Então tá, tchau.

—Até amanhã na escola—gritou já la no portão.

—Estranho que será que deu nele? — falou Mike para Tomi que tinha ficado perdido, igual ele.

—Sei la — respondeu o menino, baixinho.

Mike queria contar sobre as figuras que tinha visto antes para Tomi, mas tinha muitas dúvidas, se Tomi não acreditasse nele? Ou pior ,se ele estivesse ficando louco? Não tinha passado ainda pela sua cabeça esse pensamento, se nada daquilo tivesse existido? E se nunca tiveram desenhos no livro? . Não, não pode ser, na briga todo mundo viu a hora que Nícolas foi parar na lata de lixo. E o olho roxo que tinha sumido. Pensando bem agora, estava acontecendo muita coisa com ele, coisas que ele não podia explicar. Resolveu tentar se distrair um pouco pra parar de pensar naquilo.

—Tomi?—falou Mike— quer me mostrar um de seus desenhos?

—Não trouxe nenhum.

—Que pena, intão ..., vamo joga bola ali na rua?

—Bora—Tomi saiu pra fora.

—MÃE, vo joga bola com o Tomi—Mike gritou

—Tá mas não vai longe—Gritou ela, pela voz devia estar lá trás regando a horta. Ela tinha uma pequena horta que cuidava todo dia, plantava alface, cebolinha e umas outras coisas, que ele não sabia o nome.

—Tá — gritou bem auto pra ela escutar.


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