A escolha escrita por slytherina


Capítulo 10
O alvo




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Dean estava mirando nas latas a 100 m de distância com sua Colt M1911. Uma a uma, as latas foram atingidas e acabaram voando em rumo incerto. Como todo bom americano, ele cresceu cercado de pessoas que usavam armas de fogo para caçar, ou para defesa pessoal; como o posse de armas era permitido por lei, nada mais natural do que treinar a mira, sempre que tivesse chance. Alguém bateu palmas para sua exibição. Ele adivinhou quem era pelo perfume a seu redor sem precisar se virar.

"Acha que pode fazer melhor, Jo?" Dean dispôs uma nova carreira de latas como alvo.

"Acho que sim." Jo aproximou-se e empunhou uma pistola Samurai Edge. Ser filha de um caçador de animais selvagens tinha suas vantagens.

"Seu pai sabe que você anda usando as armas dele?" Dean zombou dela.

Jo não respondeu apenas atirou nas latas, sem perder um alvo.

"Fiu! Você é boa, garota."

"Então ... vai parar de me tratar como uma criança?"

"Não, mas tenho que reconhecer que você é uma criança talentosa."

"Não sou boa o suficiente pra você, não é assim?"

"Apenas não é velha o suficiente. Nada que alguns anos não consertem." Dean caminhou até o alvo e dispôs nova carreira de objetos descartados.

"Talvez quando esse tempo chegar, eu não esteja mais disponível."

"Faz assim não, Jo. Fazer beicinho é até bonitinho, mas é infantil." Dean sorriu zombeteiro.

"Não estou fazendo beicinho, mané, estou apenas te avisando que a fila anda. Vou ver se o churrasco está pronto. Fique aí brincando com a sua pistola." Jo se afastou rebolando um pouco o traseiro com o jeans skinny agarrado.

Dean sentiu seu próprio jeans ficar apertado no meio das pernas e teve que ajustar sua calça para não ficar desconfortável. "Essa molecada de hoje é precoce." Dean suspirou.

Jo voltou para perto da família e amigos que estavam compartilhando um picnic. Os pais de Dean, os Winchesters, seus pais, os Harvelles, e uma família recém-chegada na cidade, os Milligan. Interessante como todos eram pais de filhos únicos. Ela se dirigiu à mesa improvisada e se serviu de churrasco e refrigerante.

Adam Milligan, o garoto novato, se aproximou vagarosamente da mesa. Franjinha loira e medrosos olhos verdes. Engraçado como ele parecia com Dean quando criança. A não ser pela timidez. Mesmo quando criança, Dean sempre fora auto-confiante e cheio de si. Isso contribuiu para Jo apaixonar-se perdidamente por ele, mesmo tão novinha.

"OI! Meu nome é Adam. Você é Jo, não é?" O menino bonito disse meigamente.

"É." Que pena! Ele deveria ser mais incisivo e tentar cantar de galo, esnobando Jo e agindo como se o mundo não fosse bom o suficiente para ele. Tal qual Dean faria nessa idade. Isso tornaria esse garoto bem mais interessante.

"Minha mãe me matriculou na escola do bairro. Vou começar segunda feira." Adam falou baixo, como se tivesse medo de ser repreendido se falasse mais alto. Como um menininho bem educado.

"Que bom!" Jo falou num sorriso forçado, cada vez mais sentindo falta da arrogância e segurança de Dean. "Já provou do churrasco? Coma! Faz bem pro crescimento. Deixa você musculoso e forte." Dito isso, Jo se afastou do rapazinho.

Adam não teve outra escolha a não ser fazer o que lhe mandaram.

Muito longe dali, Benny Lafitte estava cumprindo sua sentença numa clínica para viciados. Ele ajudava os funcionários em suas tarefas diárias e por vezes se via conversando com os internos. Sua aversão e medo iniciais deram lugar à compaixão e sincera solidariedade para com suas vidas e sofrimentos. Muitos deles estavam desesperados e chegariam a fazer as maiores loucuras para voltarem ao vício. Nem todos tinham o apoio da família, e alguns chegavam mesmo a ser solitários, curtindo a enésima internação por overdose. Benny tinha pena deles, e ficou tentado a continuar ajudando na clínica, mesmo depois de sua sentença ter expirado, e ele ficar livre do castigo. Se ele pudesse adivinhar o futuro, teria escolhido se afastar correndo daquela clínica, mas ...

Na clínica ele veio a conhecer uma interna chamada Andrea, e devido a sua beleza e sensualidade, Benny acabou se envolvendo cada vez mais com ela, a despeito dos conselhos que recebera para não se aproximar em demasia dos pacientes. Era comum que qualquer dos funcionários procurasse Benny na clínica inteira, sem encontrá-lo, e bastava procurarem Andrea, para encontrarem Benny a seu lado, todo sorrisos e gentilezas, como um rapazinho enfeitiçado pelo primeiro amor de sua vida. Os funcionários se limitavam a balançar a cabeça e a dizerem uns aos outros "Isso ainda vai acabar mal".

Benny prosseguia trabalhando e cuidando, alheio a tudo e a todos, e reservando suas horas de folga e descanso para passar o tempo ao lado de Andrea, que se agarrava a ele como a uma tábua de salvação, e ele retribuía seu apego com carinho, dedicação e bondade. Uma vozinha em sua mente, ou a razão, o alertava que aquilo não estava certo, mas quem poderia dizer que existe razão ou não nas coisas feitas pelo coração?


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