Sam March entrou na sala de aula. Seu local favorito era no meião, próximo às janelas que davam para a pista olímpica. Era possível observar os atletas se exercitando ou um ou outro corredor solitário. A classe começou a encher. Os populares foram chegando. Primeiro Cassie Robinson, a afro-americana de corpo escultural e QI de 180. Nenhum garoto era bom o suficiente para ela, assim comentavam à boca pequena. Cassie nunca lhe dirigiu a palavra, mas também nunca o hostilizou publicamente, como alguns costumavam fazer.

O próximo a chegar foi Jimmy Novak. Um sujeito calmo e quieto, quase como Sam, com uma sutil diferença: Jimmy tinha muitos amigos. Ele logo foi saudado por metade da classe. Talvez o fato de ser filho do pastor local contribuísse para sua aceitação. Sam simpatizava com Jimmy, mas não eram amigos.

Lisa Braeden chegou a seguir. A esfuziante patricinha de ascendência latina atraia todos os olhares. Também pudera, ela era linda, com aquela pele morena e os lábios carnudos carmins atiçava todos os hormônios masculinos. É claro, Sam era invisível para ela.

Benny Lafitte chegou empurrando tudo e sentando na mesa do professor. Ele gostava de posar de Bad boy, mas todos sabiam que ele era um coração de manteiga, sempre fazendo favores e ajudando todo mundo. Talvez fosse seu sangue europeu, ou vai ver ele apenas tinha boa índole.

Jo Harvelle entrou na sala e os assobios e uivos começaram. Ela distribuiu gestos obscenos a rôdo. Os rapazes faziam isso de propósito, pois adoravam vê-la perder a cabeça. Ela era bonitinha, mas não apelava aos instintos de Sam. Talvez o fato de ser magrinha e baixinha o fizesse apreciá-la mais como uma irmãzinha, nada além disso.

Dean Winchester chegou e a classe ficou em silêncio. Ele veio andando cadenciado, com um pedaço de ramo na boca, no melhor estilo cowboy. Até meio cambota ele era. Sentou-se na carteira escolar e cruzou os pés sob ela. Sam quase podia ouvir o som das esporas de cowboy, e um solo de gaita. Então todos voltaram a conversar entre si. Dean sempre tinha esse impacto sobre a turma, como se ele fosse o astro de um show, e todos ficassem calados para reverenciá-lo.

A aula se prolongou infinitamente, e embora Sam não cochilasse vergonhosamente, estava bastante irritado. Talvez fosse o famoso turbilhão hormonal da adolescência de que tanto falavam. Ele resolveu prestar atenção na movimentação da pista de corrida, do outro lado da janela. Um ou outro aluno de malha agora corria por ali. O sol já estava alto no céu e as nuvens praticamente haviam desaparecido, deixando tudo muito iluminado. Sam gostaria de estar lá fora, correndo também.