Fuga à Coldtown escrita por MissSadistic


Capítulo 3
(In)Segurança


Notas iniciais do capítulo

Demorei à postar pois quando comecei a escrever esse capítulo quase tornei a história num romance, e não é meu objetivo haha ~ Façam bom proveito ~



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Rose acordou deitada no chão de uma sala empoeirada, sem janelas ou móveis, uma única luz pendurada no teto, tão frágil que parecia que o fio se partiria ao meio a qualquer momento.

* * *

– Comida. - Rose balbuciou, ainda sem forças, permaneceu imóvel após isso, o olhar fixo a frente. Alex aproximou-se dela com um pacote de maçã desidratada que achou no armário da cozinha, por sorte o pacote estava lacrado e sua validade iria até mais cinco dias, abriu o pacote e lhe levantou a cabeça, levou sua mão gelada até o queixo meio caído e movimentou-o abrindo mais sua boca, pôs uma das fatias que mais pareciam chips e ela mastigou, mas ainda estava completamente sem forças, ele sabia disso pois sentia seu fluxo sanguíneo, então continuou dando-lhe na boca.
– Por que está me ajudando? Você poderia já ter me matado. - balbuciou novamente, mas o silêncio no local era intenso e os sentidos de Alex aguçados.
– Quero provar de seu sangue, mas precisa estar nutrida e com força o suficiente para sentir medo e tentar fugir. - Ele sorriu e pela primeira vez Rose notou que ele possuía uma covinha na bochecha esquerda.

O corpo de Rose já havia digerido o alimento e agora ela retornava a ganhar forças, começou a raciocinar uma série de coisas, Alex descansava de olhos fechados sentado com as pernas cruzadas na horizontal, a cabeça dela estava em seu colo, Rose começou a movimentar os olhos rapidamente tentando captar o que havia no local, mas apenas em seu campo de visão sem mexer a cabeça. Alex ergueu seu sorriso novamente.
– Já lhe contei que posso sentir seu fluxo sanguíneo? - Abriu os olhos, mas não olhou-a, manteu a cabeça virada para a frente ainda sorrindo, uma cena que remetia a época em que se juntava com alguns amigos e fumava maconha.
– Não tema, seu sangue ainda não está nutrido o bastante. Ainda são três da tarde, quando o Sol abaixar eu vou levar-lhe para se alimentar melhor. Não que eu vá beber-te, apenas fiquei um pouco preocupado. - Seu sorriso permanecia intacto.

Rose não confiava nele, mas a situação deixou-a sentindo-se segura ao seu lado, como se ela pudesse perguntar qualquer coisa que ele lhe diria a verdade.

Após aquele momento Alex começou a acariciar o cabelo de Rose, bagunçando-o e ao mesmo tempo deixando-a sonolenta, se encolheu sobre o chão frio e sujo no qual estavam, parecia um bebê, e dormiu. Algumas horas depois Alex retirou a cabeça dela de seu colo, pondo-a com cuidado no chão, foi até as escadas abrindo a porta que ficava no final, havia um longo corredor com duas portas, ambas abertas, nenhuma delas emitia luz, mais cedo quando ele havia trazido a garota desmaiada para o lugar que achou ser o mais seguro, havia visto alguns raios de Sol que iluminavam o corredor, saíam da porta que estava no final do corredor, os raios não alcançavam muito longe então ele não havia se queimado, orientou-se sobre o horário através dessa porta, agora sabia que estava de noite, desceu novamente e pegou Rose no colo, deixando seus pertences por cima da mesma, seguiu até o lado de fora da casa onde encontrou o carro que ela havia roubado, colocou-a no banco de trás e seguiu estrada dirigindo.

Rose acordou ainda era meia-noite, ficou atordoada pelo movimento do carro e a mudança da sensação de onde estava, demorou para entender que estava dentro de um automóvel, sentou-se e notou que era o "seu" carro, e quem dirigia era Alex. Rose entrou em pânico, começou a pensar se ele não teria saído da rota, onde poderia estar, e seu material de proteção e de vídeo, será que deixaram na casa abandonada?
– Suas coisas devem ter caído, olhe embaixo do banco. - Alex falou sem retirar os olhos da estrada. Rose ligou a lâmpada interna traseira do carro e de primeira viu seus pertences, ainda sentindo-se segura com a presença de Alex pediu para que ele parasse o carro. A estrada era vazia e escura, mas ninguém a atacaria na presença de um vampiro que está ao seu lado. Desceu do carro e foi até o banco do passageiro, pegou o celular , a área que estavam aparentemente tinha um bom sinal já que haviam 4 pontinhos, deveria estar próxima de alguma cidade então abriu o GPS. Estava totalmente no oposto de seu destino, não estava também no caminho de sua casa e já haviam andado quilômetros.
– Hey, estamos indo para o lugar errado, meu ponto de parada é totalmente o inverso! - Encarou-o, mesmo que ele não soubesse para onde ela queria ir.
– Estamos não, você está. Eu tenho algo a resolver por aqui, achei que iria gostar de vir comigo.
– Pensei que vampiros não gostassem da companhia de humanos.
– Não faz tanto tempo que eu morri. E eu gosto de você, tem um corpo bonito, e está quase sempre liberando adrenalina, não sabe o quanto a correria do seu sangue pode ser atraente.

* * *

Estacionaram em frente à um hotel/lanchonete no meio da estrada, Rose que já estava tão nervosa com a situação que esqueceu de postar qualquer mensagem ou vídeo. Alex saiu do carro e entrou direto no local sem falar nada, Rose saiu do carro logo após seguindo-o, ainda estava com fome. A lanchonete estava vazia, do lado de fora havia um neon meio apagado que dizia "open" e as luzes do interior estavam todas ligadas, mas não tinha sinal de vida, Alex estava sentado em uma cadeira que lembrava uma poltrona ao redor da mesa, passou o dedão no canto da boca e levou-o até o lábio, parecia beijar o dedo.
– Onde estão todos? Ou ao menos o caixa? - Rose dizia sentando-se do outro lado da mesa, de frente para ele.
– Não sei, estava vazio quando entrei, também não escuto nenhum coração a não ser o seu, deve ter saído.- Sob a luz dava para notar melhor sua pele quase translúcida e seus olhos vermelhos, qualquer um teria saído correndo ao vê-lo. Ele tinha novamente aquele sorriso de canto. -Então, é self-service, o que está esperando?
Rose sorriu e levou a mão até a testa "Você tem razão, estou muito distraída." levantou-se levando a mão como um pente, onde pôs os fios de cabelo para trás e começou a servir-se: Macarrão ao alho e óleo, duas linguiças fritas, salada de maionese e rodelas de tomate, pesou e anotou sua própria comanda. Comeu em silêncio sentindo frio na espinha por causa dos olhos de Alex fixos nela, haviam momentos que pensava em si mesma como uma mosca presa na teia de uma aranha e se perguntava se ela estava gostando do rumo da história ou apenas tinha aceitado o destino que levaria quando encontrou-se com ele.
Alex estava dando a ré para voltar à estrada quando Rose, que tinha o olhar fixo na janela, falou:
– Você matou quem estava lá dentro, né?
– Yeah.
– Qual foi a sensação?
– De que devia ter dado um tapa no rosto dele e mandado ele se alimentar melhor antes de oferecer o pescoço daquela forma.
– Oferecer?
– Sim, estava totalmente à mostra, que nem o seu.- Alex sorriu novamente, Rose levou as mãos até o pescoço, não tinha mais aquela animação que demonstrava mais cedo, o ar condicionado do carro estava ligado e as janelas fechadas, apenas a estrada e os faróis eram realmente visíveis.
– Posso ao menos saber para onde estamos indo?- Rose encostou a cabeça no vidro.
– Tratar de negócios.
Rose permaneceu calada, entendeu que ele não daria a resposta concreta mas ficou se imaginando que tipo de negócios um ex-surfista, atual não tão recém-transformado vampiro, teria para resolver.
– Que horas são? -Alex lançou os olhos para a direção de Rose, que ergueu o celular desbloqueando a tela.
– Três e vinte e dois.
Alex estacionou o carro na beira da estrada, retirou o celular da mão dela e abriu o GPS, calculou algo em seus dedos e marcou um lugar no meio do nada.
– Okay, agora você vai nos guiar até aqui, quantas roupas você tem nesse carro?

* * *

Após aceitar a ameaça do que aconteceria com ela se não seguisse esse destino, dirigia com Alex no banco de trás, haviam roupas presas na janela do carro impedido a entrada dos raios solares que logo iriam nascer, Alex colocou um óculos impedindo que seu olhar para a estrada queimasse seus olhos, o rádio estava desligado, mas Alex cantava desafinado algumas músicas que curtia ouvir quando estava pedalando em sua bicicleta enquanto carregava sua prancha para praia sob os primeiros raios de Sol do dia, momentos que ficarão pelo resto de sua vida apenas em sua memória.

Alex havia adormecido, observando o mapa Rose notou que se virasse em uma única rua que estava próxima a ela e seguisse reto, retornava para seu destino, pensou bem nas consequência e tomou sua estaca para perto de si, a adrenalina fez seus batimentos acelerarem mas como era manhã e Alex dormia e havia acabado de se alimentar, não notou a diferença e continuou desacordado.

Seis horas da noite, faltavam apenas dez quilômetros para chegar em seu destino. Os olhos de Alex se abrem enquanto ele balbucia um bom dia, Rose fica nervosa com a voz dele e respira fundo tentando se acalmar para que ele não percebesse, sem êxito, estranhando, fixa o olhar nela e espera o Sol se por totalmente para fazê-la trocar de lugar com ele. Rose demora para entrar no carro, pensando na possibilidade de fugir quando ele visse a localização deles, quando uma brisa com origem diferente de onde o vento estava soprando passa levando alguns de seus fios de cabelo para trás.
Um abraço gelado envolve-a como uma cobra, presa de frente para o carro novamente na situação onde os caninos de Alex se aproximam de sua jugular, o tórax dele estava colado ao dela e as pernas dela entrelaçadas com a dele, totalmente encostada no carro, não tinha como atacá-lo dessa vez.


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