O Prisma escrita por Yellow


Capítulo 3
A Bela e as Feras


Notas iniciais do capítulo

- Então, pessoal! Tudo bom com vocês?
— Finalmente o segundo cap, e aqui está onde as diferenças começam!
— Espero que gostem!
— Cidade Zero-Hora: https://fanfiction.com.br/historia/650807/CidadeZero-Hora/



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— E o que faz você ter tanta certeza? — Enzo perguntou, firme. Em sua mente, buscava por um encanto que fizesse algo contra aquele revolver enorme, pronto para disparar contra seu peito. Talvez, o maior problema dos magos, era ser completamente diferente de bruxos e feiticeiros, que não precisavam falar o nome dos feitiços que executavam, a não ser os bruxos, que haviam exceções. Magos precisavam entoar a magia, para que ela funcionasse e fosse mais do que simples fagulhas saindo das pontas dos dedos.

Ela se aproximou, saindo de trás do balcão. Entre a cozinha e a sala de estar, havia um pequeno interruptor, que ela acendeu, sem pudor. As luzes inundaram a vista de Enzo, tirando dela a total concentração que se encontrava. E ela se revelou, sendo uma mulher linda.

Corpo bem definido, com curvas acentuadas na cintura e no torso, principalmente mais belas naquelas vestes escuras e apertadas. O rosto era uma peça única de beleza. A pele era morena, como a dele, no mesmo tom, cor bege, de um chocolate bem leve. Os olhos eram castanhos, lindos, astutos, e reluzentes. Os cabelos cacheados eram curtos, caindo até o queixo, em cachos grandes e volumosos, no mesmo tom dos olhos. Algumas mechas se destacavam na escuridão do cabelo, loiras e cor de caramelo, pareciam ter brilho próprio. Mas não podia se enganar por aquela menina — quase mulher, parecia estar entrando na vida adulta agora, não dava mais de dezenove para ela — na sua frente, era perigosa. No cinto havia uma faca presa numa capa de couro, e outras nas botas, de uma maneira que, de primeira vista, Enzo não conseguiu ver. O coldre do revólver ficava na coxa, mas estava vazio, agora que a arma estava na mão dela, apontada para ele.

— Porque eu tenho dinheiro — falou, jogando as palavras contra ele como se fossem o decreto de trégua. Mas Enzo não abaixou as mãos, o que a fez hesitar e pensar em falas novas: — Não tem problema, pago o quanto for preciso. — Ela guardou o revólver no coldre, em sinal de paz.

Enzo abaixou as mãos.

Ela caminhou até o sofá, onde ele estava. Se sentou, se afundando contra as almofadas. Sorriu para ele, com aqueles lábios que eram peças únicas.

— Que confortável. — disse. Tomou uma quantidade generosa de seja lá o que for que estivesse na caneca que apreciava. — Uma pena não ser seu.

Enzo foi pego pela notícia de calças curtas. Gelou por um instante, mas pensou por um segundo, e viu que não devia satisfações a ela. Permaneceu em pé, e se afastou um pouco do sofá, se apoiando na parede.

— O que quer? — tornou a perguntar, rígido.

Ela suspirou.

— Qual é? De novo? Já disse, quero achar meu pai.

Enzo permaneceu impassível.

— E onde eu entro nisso?

— Magia. — ela anunciou, com grandeza na palavra. — Você sabe usá-la, eu, por um infortúnio, não. Sou apenas uma ordinária. Vim atrás de seus serviços, mago.

Enzo se afastou da parede, já estava exausto, e cada palavra daquela garota parecia desgastá-lo ainda mais.

— Você invade minha casa, bebe alguma coisa da minha cozinha, e ainda quer que eu a ajude? — inquiriu, impaciente.

— Acontece. — Ela deu um meio sorriso. — Além do mais, eu tenho dinheiro. Não seja tão dramático.

Ela jogou as mãos para baixo, em desdém. Faíscam polvilharam no ar.

— Se puder voltar amanhã. Eu estou exausto hoje. — Ele apontou para porta. — Então, acho que já acabamos.

Ela olhou para ele, um olhar triste e incerto. E, naquele instante, Enzo pôde se ver dentro daqueles olhos acastanhados, o olhar dela era idêntico ao dele no espelho, o mesmo brilho, a mesma fraqueza, a mesma perda. Ambos tinham fardos enormes, mas ele duvidava que o dela chagaria perto do seu. Brenda piscou por debaixo dos cílios cumpridos.

— Por favor. — ela implorou, com uma hipérbole na voz que, nem o mais durão dos homens poderia resistir. — Eu lhe peço, você é minha última esperança.

Enzo suspirou, cansado. Sabia que não deveria deixar seduzir de primeira, mas era impossível resistir aquele olhar, ela carregava um peso nos olhos. E se sentiu bem quando ela disse que ele era sua última esperança, talvez, ajudando os outros, sendo a esperança de outras pessoas, podia recuperar sua própria esperança. E foi aí que soube a diferença entre ela e ele, o olhar deles podiam ser muito parecidos, mas se diferenciavam em um único aspecto. Ela ainda tinha o brilho da esperança.

Apesar de não aprovar sua ação, ele soltou todo o ar que tinha nos pulmões.

— Tudo bem. — Fez uma pausa para recuperar o fôlego. — Acho que posso te ajudar.

Brenda — o nome que ela revelou após saírem da casa de Enzo. — era uma menina extrovertida, apesar de ser bem durona, pelo que dizia. Era uma caçadora de recompensas de renome na cidade, e atuava junto ao pai, que, há dias fora sequestrado e desaparecera sem deixar vestígios. Ela não fazia a mínima ideia por onde começar a procurá-lo, por isso precisava o empurrão de Enzo. O serviço que ela o contratou para executar era simples, apenas um feitiço de rastreamento, para localizar o pai.

Ela explicava mais de sua situação atual enquanto estavam no carro.

E, antes de entrar no veículo, Enzo chegou a uma rápida conclusão.

O carro era uma lata velha.

Era um sedã antigo, com a lataria já enferrujada. Um dia já fora bonito e lustroso, mas esses dias de glória não eram os atuais. Do escapamento vazava uma fumaça preta que deveria acabar com todas as camadas do planeta. Por dentro era bem simples, com os bancos ainda confortáveis e bem aconchegantes. Haviam armas nos bancos de trás, machadinhas, adagas, pistolas, escopetas, e qualquer outro tipo de armamento que Enzo não fazia a mínima ideia de como se chamavam.

Ela pisava fundo no acelerador, e manobrava muito bem com o volante.

— Como você me achou? — ele perguntou, interrompendo o assovio dela. — Claro, foi no show, mas como soube que eu sou o que sou?

Brenda olhou de soslaio pra ele, e sorriu levemente.

— Eu tenho bons contatos na cidade. — respondia. Tamborilava os dedos no volante. — Sabe, depois de executar serviços para cada um dos grupos de infernais, eles te ajudam quando querem. O meu padrinho. É um feiticeiro bem influente pela região, e ele me disse que você estava na cidade.

— Se seu padrinho é um feiticeiro, por que ele não te ajudou? — perguntou, curioso. Não havia um fundamento para ela ter o procurado. — Ele poderia muito bem ter feito o feitiço, ou usado a influência dele.

Ela respirou antes de responder, capitando bastante o oxigênio frio daquela madrugada. Enzo não soube como ainda estava acordado e não havia desmaiado devido a fadiga de energia. Talvez fosse a caneca de café que tomou antes de sair de casa, mas tinha certeza que café não seria o suficiente para o deixá-lo de pé. A noite na cidade era tão calma e amena que Enzo as vezes pensava estar em sua cidade natal. As pessoas pareciam ter morrido, ou desaparecido, diminuindo para números muito pequenos, enquanto as ruas eram tomadas por infernais de todas as espécies. Via no topo dos prédios vampiros observando a cidade, apenas vultos contra a luz das estrelas acima. Lobisomens eram audíveis em becos.

— Ele e meu pai não estavam se dando muito bem ultimamente. Até chagaram a brigar. — Brenda olhou pela janela, procurando uma resposta para todos seus problemas. — E é por isso que não procuro ele, ele é um suspeito também. Apesar de ser um homem de boa índole, ele nunca hesitou em sujar as mãos, entende?

— Você desconfia dele?

— Mas é claro. Já matei pessoas que ele gostava, e ele até hoje não sabe disso. Além do mais, ele saiu da cidade por um tempo, esse também é um dos motivos o qual eu não chamo ele.

Um bipe soou pelo carro. Brenda colocou uma mão no bolso para pegar o celular que estava vibrando, e, com apenas uma mão, começou a mexer no aparelho. Murmurava alguma coisa, mas suas palavras se perdiam no eco da noite silenciosa. E arregalou os olhos quando olhou uma mensagem de texto, Enzo, curioso, espiou.

Preciso falar com vc.”

De um número salvo como “Ariel S2”.

Enzo não soube ao certo poque Brenda parou o carro de súbito e olhou para a janela, com o cenho franzido, impaciente, mordia o lábio inferior. Enzo viu lá fora duas luzes piscando na noite quase apagada, azul e vermelho, em cima de uma viatura encostada. De dentro do carro saiu um policial alto e de olhos pequenos e cansados. Seu parceiro permaneceu lá, encarando Enzo e Brenda, com os olhos cerrados, desconfiados sobre os dois.

O policial apareceu ao lado do carro deles, ela desceu o vidro.

— Documentação, por favor. — exigiu, ríspido. Enzo olhou mais a fundo a expressão fadigada do sujeito, a farda suja com manchas amarronzadas de gordura e algo a mais. A boina um pouco torta, e os cabelos despenteados.

Brenda entregou a ele a habilitação. Vista de longe e de primeira vez, era compreensível que o policial poderia achar que ela era menor de idade. Ele pegou, apressado e quase puxando o pulso dela junto. Ela chiou baixo, e revirou os olhos. Ele analisou a fundo o documento dela, e logo ergueu a vista.

— Eu te reconheço, a garota que botou fogo naquela boate. — acusou, com os olhos pequenos arregalados.

— Fala como se não tivesse se aproveitado daquilo. — ela retrucou, sorrindo.

Ele retrocedeu um passo.

— Do que está falando?

Ela riu, sem graça.

— Pode me devolver minha carteira?

— Você só vai pegar isso na delegacia. — decretou, sem mais. Ela suspirou fundo, bateu com uma das mãos no volante e voltou-se para ele.

— Se prefere assim. — ela soltou o ar dos pulmões.

E atirou contra o peito dele.

A pólvora explodiu no cano da arma, e fez uma linha fina de fumaça subir. Um buraco no peito do policial se abriu, manchando o resto da roupa de sangue escuro. Ele foi para trás, apalpando o vão em seu tronco. Enzo viu o revólver na mão de Brenda girar o tambor, com um som metálico. Contemplou os entralhes da arma prateada, caveiras e flores.

Ela abriu a porta com um solavanco, e saiu, com a arma em mãos, pronta para um próximo tiro. O outro policial saiu do carro, com sua pistola em riste, apontando para ela, que não se abalava. A porta traseira do carro se abriu com um baque, e um cachorro enorme saltou para fora, com os dentes expostos e baba caindo da boca raivosa.

— Queridos espectros. — falou, gesticulando com o revólver. — Eu não nasci ontem.

E com isso tentou atirar contra o outro policial, mas, com uma agilidade sobre-humana, ele se esquivou para o lado, levantando apenas uma nuvem de poeira. A lataria da viatura chiou com o tiro, e a bala fez um grande buraco no vidro.

O policial já ia se recompondo, quando seu parceiro se levantava, ignorando o rombo no peito, mostrando os dentes podres e completamente amarelos. Os olhos agora eram escuros, sem parte branca alguma, sem brilho nenhum.

Ele gritou hostilmente para ela, e ela deu outro tiro. A cabeça do homem explodiu, com sangue e pedaços voando para todos os lados. E, no meio de toda essa confusão, o outro guarda já usava sua arma para dar um tiro certeiro contra Brenda, que não prestava atenção nele.

Enzo gritou para ela ter cuidado, mas ela ainda admirava o trabalho feito, no meio da chuva de sangue.

Es-ahnetnoc. — murmurou, e jogou ambas as mãos para baixo. Foi um feitiço como qualquer outro, digno de uma chuva de faíscas roxas e a fumaça de mesma cor envolvendo seus dedos por poucos segundos.

Como o esperado, a mão do policial baixou-se, sozinha, por um impulso mítico. Brenda acenou com a cabeça para ele, e caiu no chão em seguida, devido o assalto do cachorro. A queda fora barulhenta. O demônio se debatia em cima dela. De sua boca saia um tentáculo rançoso de ponta dura, que tentava perfurar a face de Brenda.

Tentava lembrar de alguma coisa que pudesse os tirar daquela situação, mas seus conhecimentos sobre demônios eram tão pobres que mal sabia como descrevê-los. Sabia, no máximo, um ou dois encantos para os manter longe, e um ofensivo, mas, com toda a convicção, não lembrava de nenhum. Foi puxado para o lado pelas mãos desarmadas do policial que enfeitiçou a segundos antes. Jogado contra o capô do carro, bateu a cabeça e deixou de respirar por um segundo. Perdeu o norte do mundo, mas foi recebido pelo olhar negro do homem sujo de icor.

Ele segurou Enzo pelo colarinho e o afundou na lataria do próprio carro. Enzo sentiu-se tonto, certamente, na próxima batida desmaiaria. Talvez não fosse tão ruim assim, pelo menos descansaria pela aquela noite.

— Eles me enviaram. — o demônio murmurou. — Sabem onde você está, não adianta fugir.

Eles.

Enzo sentiu a espinha gelar, e por um minuto queria não saber quem eles eram, mas sabia muito bem. Apertou os dedos nos braços do espectro, e ele gemeu alto. Pensou em vários feitiços de tortura, estava pronto para dizê-los e extrair todas as informações que precisava.

Todavia, suas expectativas foram cortadas, assim como o peito do espectro que o segurava. Uma lâmina se projetou a frente do peito, quase furando Enzo também por acidente.

Assustado, o demônio olhou para trás, e foi recebido com um grito de Brenda.

— Abaixa! — ela berrou para Enzo.

Enzo a obedeceu.

E o último tiro que ainda havia na arma estourou os miolos do demônio. Outra chuva de sangue demoníaco, e miolos mal cheirosos. Sangue podre grudou nas roupas de ambos, que não receberam muito bem.

Enzo olhou pra Brenda, que sorria sob a luz do luar.

Ela soprou a fina linha de fumaça que saia do revólver.

Enzo berrou.

— Você está louca?! E se eu não me abaixasse?!

Ela olhou para ele, o olhar sério abaixo dos cílios grandes.

— Você morreria. — falou, sem pudor algum. Tão suave como alguém diria “bom dia”.

Ele se levantou e cerrou os punhos, insatisfeito. Fagulhas voaram para todos os lados, e ele fechou o rosto. Quem era ela para brincar assim com a vida dele?

— Eu sei que pode parecer meio louco. — Esse era seu pedido de desculpas? Enzo pensou, ela ainda teria que melhorar muito. — Mas eu confiei em você. Você soube o que fazer com aquele demônio espectral, então soube que você não congelaria.

Estava errada. Enzo havia congelado, seu corpo não mexia, e não soube qual foi o impulso que o colocou para baixo, mas tinha certeza que não saíra de seu corpo. Ele andou até o carro, onde ela fez um sibilo para ele parar.

— Antes de entrarmos no meu carro, que tal você nos limpar? — indagou, despojada, com um sorriso no rosto e mãos levantadas. O tambor mecânico do revólver girava, reluzindo com as luzes dos postes. Um clique e ele parou, exigindo mais balas para saciá-lo.

Com um feitiço básico de limpeza, ou cleena, como Enzo lembrara, ele conseguiu tirar todo o sangue demoníaco do corpo de ambos, apesar de o cheiro ter impregnado e não ter saído. Brenda perguntou se ele não tinha um feitiço que deixasse as coisas cheirando a lavanda, ele entrou no carro.

E seguiram, com ela explicando melhor as coisas para o entendimento dele. Os dois policiais e seu cachorro eram, na verdade não muito reveladora e inédita, dois demônios espectros, que estava, sedentos por almas humanas. Ela explicou também que espectros eram fáceis de se matar, pois eram fracos, e só toravam suas aparições complicadas quando apareciam em bando.

Ela virou abruptamente o volante, e Enzo caiu em seu colo. A Roza — o nome que ela falava tantas vezes, que Enzo assimilou ser o revólver, não uma pessoa — repousava no painel, com seu tambor carregado com mais tiros. De acordo com ela, havia uma onde de pessoas desaparecidas na cidade, e, seu pai era mais um nos outros vinte casos que a polícia não conseguia resolver.

Enzo perguntou se os espectros eram os raptores, mas ela os dispensou.

— São muito burros para pensarem em algo tão grande, sabe? — Dirigia apenas com uma mão, tranquila. — Querem apenas o alimento de hoje e dane-se o amanhã.

Enzo mexeu em uma das três essências demoníacas que haviam conseguido naquele embate. As essências eram as almas que os demônios não possuíam, mas era os que os deixavam vivos. Eram cristais que caiam dos corpos, de consistência firme e rígida, lisos e polidos. Variavam de demônio para demônios, alguns maiores, outros bem menores, mas de valor imensurável. Enzo, de certa forma, pesava que não passavam de sangue de demônio cristalizado dentro do corpo podre dos mesmos.

Haviam repartido de uma maneira não muito justa. Uma para ele, e as outras duas para ela.

— Qual é a das faíscas? — ela perguntou, de súbito. — Quando você faz mágica, eu digo. Você fala umas coisas estranhas e depois elas pulam em seus dedos. Eu tenho uma amiga, ela é uma bruxa, e nem sempre isso acontece com ela. Saem pirilampos azuis dos dedos dela, não roxos.

Enzo tentou não rir.

— As faíscas, são a mágica em si, a manifestação da magia. E sua amiga apenas manifesta a magia de uma forma diferente, por isso da cor dela ser diferente. Dizem que as cores estão ligadas com a personalidade das pessoas, mas é só um boato. Como branco ser uma pessoa calma, azul uma pessoa inteligente, verde uma pessoa com grande potencial…

— E o roxo?

Enzo teve vontade de corrigi-la e dizer que sua cor, tecnicamente, era púrpura, mas entendeu a dúvida dela.

— Nada. — falou com peso na voz. — Eu procurei em vários livros, e não há magia que se manifeste nessa cor, não nesse tom. Não tem significado.

O celular de Brenda vibrou novamente, tremendo o painel inteiro. Ela tateou a tela, apressada.

— Seu namorado? — perguntou, curioso.

Ela o olhou de soslaio, com um ligeiro sorriso.

— Digamos que sim. — E voltou a prestar atenção na pista a sua frente.

O carro parou de repente. O ronco cessou e o único barulho daquela madrugada barulhenta se calou. Enzo desceu do carro logo atrás dela, mesmo ela não dizendo que haviam chego ao lugar certo. As casas enfileiradas eram parecidas, e nada atrativas, apagadas nas sombras da noite. Ela empurrou o portão entreaberto e juntos adentraram.

Passaram pelo jardim mal cuidado da casa dela. As plantas, que Enzo não soube diferençar pela pouca iluminação, e também por estarem todas murchas, pareciam tristes com os maus-tratos. Era um caminho de ladrilhos de pedra rútica, que levavam a casa ao fundo.

Ela não precisou bater na casa da própria casa.

— Cheguei. — anunciou, para quem quer que estivesse ali.

Antes de Enzo analisar o cômodo em que entrou, foi surpreendido com uma garota — provavelmente com a mesma idade de Brenda. — dos corredores, atropelando os próprios passos. Tinha cabelos louros-brancos, com traços finos e marcantes pelo rosto refinado. Os olhos brilharam quando a viu. Ela voou contra a caçadora de recompensas, a envolvendo em um abraço caloroso e um beijo apaixonado.

Enquanto os dedos de Brenda se envolviam na nuca dela, Elas se enchiam de mais ar para continuarem.

Enzo virou-se um pouco de lado, e viu o quão precipitado foi quando pensou que Ariel eram um nome de um homem. Teve tempo de analisar o cômodo por completo. Era um pouco escuro com suas paredes marrons e bege, cor de madeira. Os móveis eram antiquados e de um mogno pesado e muito escuro. A iluminação era amarelado, o que realçava a cor das madeixas da amante de Brenda.

Elas se afastaram lentamente, com olhares brilhantes e sinceros de amor.

— O que é isso? — A menina loira perguntou, passando a ponta dos dedos alvos nas roupas de Brenda.

— Sangue de espectros. — explicou. — Achamos alguns pelos caminhos…

— Acha que… — A outra garota começou, com a voz incerta.

— Não. — Brenda a vetou. — Eles certamente não saberia onde ele está, eram bostinhas.

Foi então que ela olhou além de Brenda, e viu Enzo. Sorriu para ele, um pouco sem graça.

— Ele é?

— Ah, ele. — Brenda disse, sinalizando para Enzo andar mais para perto. — Ele se chama Enzo, e é o mago que todos estão falando.

Ariel voltou-se para Brenda.

— Você realmente o chamou? Por que não Cornélia?

— Por que eu não estou a fim de aturar Cornélia, sem falar do preço que ela cobra, é exorbitante! — exclamou. — Ele é mais gente boa, e não é tão caro.

— Na verdade, você não sabe meu preço — brincou, e se arrependeu no mesmo instante que o olhar de Brenda caiu sobre ele, ríspido. — Então, por onde eu começo?


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Notas finais do capítulo

- Se houveram erros de digitação, peço que desconsiderem heheheh



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