Annabele Vermont escrita por Annabele


Capítulo 2
2. Saudades do calor de Arizona.




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Um sol tímido me acorda, quase sem força de transparecer o vidro da janela ele ilumina sutilmente o quarto. Hoje é dia de conhecer a filial da Vermont aqui, que fica perto da marina. Resolvo tomar meu café em um restaurante por onde passei ontem.

–Um café expresso duplo e um prato de waffles com creme, por favor- Peço ao senhor atrás do balcão que me olha com olhar curioso.

–É pra já- sorri.

–Como é seu nome, por favor?- pergunto

–Big J

–Humm, prazer em conhecê-lo, Big J, gostaria que soubesse que gosto muito de creme- dou uma picada sorrindo.

Ele sorri e encaminha meu pedido pra cozinha.

–Café expresso duplo e uma waffle com creme caprichada pra visitante.

Ser gentil com as pessoas faz parte da minha adaptação aos lugares. E elas sempre ficam mais generosas quando as tratamos pelo nome. Enquanto eu comia, Big J e eu tivemos uma agradável conversa, e como eu falo bastante ele já sabe bastante coisa sobre mim. Ao termina, me despeço do meu novo amigo de aproximadamente 50 anos, com barba por fazer e uma barriga enorme, que tem 2 cachorros, é casado com Lucy a cozinheira que teve 3 filhos; e vou para o dia de trabalho.

Ocorre tudo bem no escritório. Conheço meus novos colegas de trabalho e as novas instalações que dirigirei. São todos muito amigáveis e receptivos, talvez seja por que eu sou a filha do dono, mas talvez não, quem sabe? Trabalho com a parte burocrática de encaminhar projetos, planejar manejos, encaminhar pedidos a fornecedores e administrar tudo em geral. Mas já estou acostumada a esse universo, apesar de todos os sacrifícios que tenho que fazer e, além disso, não posso decepcionar meu pai. Próximo ao horário de almoço Quil me liga para almoçarmos juntos em um restaurante.

–O nome do restaurante é High Tide Seafood... -ele diz ao telefone.

O interrompo – Ah é o restaurante do Big J?

– Mas como...!?– risos- Havia me esquecido de como você é. Te espero lá.

Sigo até o restaurante, já são 12:37 e estou com bastante fome. Quil está sozinho, sem a Clarie. Na verdade ele é que é meu grande amigo, sempre me identifiquei bastante com ele. A Clarie veio de brinde, na verdade ela cometeu alguns erros com o Quil na faculdade, mas impressionantemente ele nunca a deixou de amar, e eu era a mediadora disso tudo, colocando a cabeça dela no lugar e ouvindo o choro contido dele.

– Anna- ele fala acenando com a mão.

Sigo até ele, o comprimento e sento à mesa. O restaurante está parcialmente cheio, e as pessoas me olham com aquele olhar de “quem será essa?”

–Por que sentou em uma mesa com 6 lugares?

–É que eu sempre almoço aqui com alguns amigos de infância, mas se você se importar podemos sentar em outro lugar...

–Tudo bem, só perguntei por curiosidade.- sorri.

–E aí como foi o primeiro dia?

–Igual a todos os outros... você sabe, todo mundo quer saber porque não sou bronzeada já que morava no Arizona, ou por que não falo puxando já que morei no Texas, ou por que não estou gravida já que morei na Califórnia..

Rimos alto, mas os risos foram substituídos por um semblante de pena no rosto do Quil.

–E voce já não está cansada disso?

Respirei fundo e olhei para a janela do outro lado do restaurante.

–Tem lados bons e lados ruins... Eu estou aqui agora, conversando com meu velho amigo em uma cidadezinha totalmente aconchegante na beira da praia e esse é um lado bom... –sorri timidamente.

Ele me olhou nos olhos, mas o semblante de pena não deixou seu rosto. Quil sempre quis que eu tivesse uma vida mais calma, que pudesse arrumar um namorado, amar alguém, casar... Antes isso nunca me fez falta, mas agora a solidão está começando ame incomodar. Chegar em casa sozinha todos os dias e não ter ninguém me esperando é bem cruel as vezes. Meus pais não se importam muito com isso, na verdade. Eles entendem que sou independente de mais pra cuidarem de mim, e assim não o fazem, portanto eu não peço seus cuidados de pais e continuo assim.

–E agora que está mais madura parou com aquele jogo de sentimentos com todos os caras que te conhecem?- ele me encarou serrando os olhos.

–Eu não faço isso Quil..

–É claro que você faz. Todos os nossos amigos eram praticamente apaixonados por você. E você nunca demonstrou se quer uma migalha de paixão por nenhum deles. Mas você é sempre tão simpática que eles achavam que estavam sendo correspondidos e ai você ia embora e nunca mais voltava.

Voltei o olhar para a janela.

–você sabe que é complicado. É assim que sou...

–sabe o que eu espero de verdade?.. Espero que um dia você se apaixone tanto por alguém que não vai conseguir nem respirar se estiver longe dele, e então não vai mais poder ir embora...

– Talvez isso aconteça- Sorri- e talvez não.

–Eu te conheço Annabele Vermont! Eu sei que na verdade você só gosta de se aproveitar dos rapazes e depois deixar seus corações partidos...- Disse ele com um sorriso malicioso.

Sorri de volta. Na verdade essa nunca é minha intenção inicial, mas no final sempre acaba acontecendo mesmo. Olhei para a porta de entrada e três rapazes subiam as escadas, os três eram semelhantes ao Quil, pele morena, cabelos escuros, musculatura definida... atraentes ao olhar. Eles caminharam em nossa direção e percebi que eram os amigos que Quil esperava.

–E ai gente? Essa é minha amiga, que comentei com vocês que esta se mudando para cá. Anna, esses são Seth, Jacob e Embry; e gente essa é a Annabele Vermont.

–Da Vermont Company?- perguntou Seth me estendendo a mão.

–Sim- sorri.

Cumprimentei os outros dois e eles se sentaram á mesa.

–Imaginava outra pessoa, quando Quil falou que você chegaria do Arizona. Pelo menos alguém uma pouco mais bronzeada... – Disse Embry sorrindo.

Quil deu risada e eu sorri também.

– Eu fiquei apenas 3 meses no Arizona, e não tive muito tempo de pegar sol...

Na verdade eu não sou tão branca assim, é que aqui todo mundo é bronzeado...

–Também não imaginava que o Quil tivesse amigas tão bonitas assim..

Enquanto dizia isso, Embry me encarou com seu olhos negros e um sorriso no canto da boca. Provavelmente devo ter corado, enquanto sorria em resposta.

–Na verdade eu nem imaginava que o Quil tivesse amigas... –Disse Seth tirando o clima tenso da mesa e fazendo todos sorrir.

–Qual é Seth? Pelo menos eu tenho uma namorada!!

–Sempre que você se muda costuma ficar apenas três meses? - Perguntou Jacob interrompendo a brincadeira.

Demorei um pouco a responder. Ele me encarava fixamente.

–Na verdade eu nunca sei quanto tempo vou ficar. Já fiquei um ano inteiro em uma cidade e 15 dias em outra, tudo depende do decorrer dos negócios.

Seus olhos ainda continuavam dentro dos meus, como um imã não me deixava desviar o olhar. Então Big J chegou com os cardápios.

–Pros rapazes o de sempre, mas a nova habitante de Lá Push ainda não conhece nossas maravilhas. Gostaria de uma sugestão Anna- Disse ele sorrindo e me entregando o cardápio.

–Você já conhece o Big J?- perguntou Seth em seguida

–Seth cara, você ainda vai se surpreender com essa menina. Num dia ela chegou na cidade e no outro já está almoçando na casa do prefeito...- Quil argumentou.

Sorri enquanto pedia para que Lucy preparasse sua especialidade na cozinha com muito capricho. Big J anotou o pedido e se retirou.

Eles continuaram a perguntar coisas sobre minha vida enquanto a comida ficava pronta. Foi uma conversa agradável fora as insinuações de Embry e os olhos hipnotizantes de Jacob. Big J nos serviu, meu prato era um mix de legumes com camarões e purê, parecia muito bom.

–Qual é Big, a gente nem sabia que você fazia isso aqui!- Quil

–É claro, vocês sempre pedem a mesma coisa desde crianças. Que tal olharem o cardápio da próxima?

Almoçamos tranquilamente, logo que terminamos meu celular toca.

–Alo?

–Anna?

–Oi Henry, tudo bem?

–Eu estou bem... Com saudades.

Me mantive em silencio.

–você acha que vai ficar muito tempo aí?

–Provavelmente sim.

–E não tem possibilidade de voltar?

–Já conversamos sobre isso Henry... eu avisei a você.

Ele ficou em silencio por um tempo.

–Tudo bem então, é só que eu estou meio perdido.

–Eu sinto muito.

Ele desligou o telefone. Percebi que a mesa inteira estava em silencio. Quil me olhava serrando os olhos, balançou a cabeça negativamente.

–Bom, rapazes, eu tenho que voltar ao trabalho. Nos vemos em breve.

–Tchau Anna.

–Até mais.

–Vê se toma juízo. –Quil me advertiu.

Apenas sorri amarelo e fui até o caixa pagar minha conta. Enquanto saía do restaurante pude ouvir Embry falando: “ Qual é Jake, se você entrar eu não tenho chance..” . Não deu pra entender o significado sem o contexto. Caminhei até meu carro sentindo bastante frio, em seguida fui até a Companhia onde fiquei até às 16 horas. Precisava ir a algum mercado comprar coisas para abastecer minha casa. Encontrei um perto da rua principal.

Comprei comida e alguns utensílios que não vi nos armários de casa, me dirigi até o caixa. Uma moça estava atendendo.

–É sempre tão fio aqui?- perguntei cruzando os braços para me aquecer.

–Na verdade esse é um dia anormal, o inverno ainda não está muito perto. É que esta manha choveu muito, por isso estamos abaixo dos 10 graus.

Sorrimos uma para a outra. Enquanto pegava a compra ela me desejou boas vindas à cidade. Então segui até minha casa. Arrumei a compra nos armários da cozinha e subi para tomar um banho. Jantei um sanduiche de assisti televisão até tarde da noite enrolada em um cobertor. Antes de dormir olhei prela janela, uma escuridão profunda preenchia a mata que cercava os fundos da minha casa. Nesses momentos não é muito legal morar sozinha. Fui dormir e sonhei com a mata.


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