Savin' Me escrita por Sagittarius
Notas iniciais do capítulo
Olá, hunters. Estou de volta, não pensem que desisti. O real motivo de não ter atualizado a história, são os trabalhos escolares. Vejo que as postagens serão mais rápidas a partir do fim das aulas e também dos reviews de vocês. Como disse é muito importante para um escritor saber o que seus leitores estão achando, bem, comentem hunters. É rápido e fácil.
Ah, os Winchester ainda não aparecerão. Bem, lhes digo que talvez só falte mais um capítulo para aparição dos dois. Vale a pena esperar.
1X03 — My Child
Dirigia devagar, não via a necessidade de apressar as coisas. O local que havia marcado com David se aproximava cada vez mais e mesmo que parecesse confiante, ela temia pelo o que iria ouvir.
Logo à frente a fachada do bar fez-se presente. Ravenah avistou uma caminhonete e a reconheceu como a de David, seguiu com o Mustang estacionando-o atrás. Correu seus dedos para o colar em seu pescoço e suspirou. Em sua mente só havia uma pergunta: Por que tinha que ser daquele jeito? Sentia tanta falta de seu pai, de sua mãe e de como seu tio costumava ser antes da morte de Joseph.
Ela lembra-se de seu silêncio, de seus choros e pesadelos que lhe atormentavam em noites seguidas. Durante esse período da perda, Ravenah adquiriu o jeito de falar sozinha.
''Papai, um dia iremos nos reencontrar... E mamãe eu não vou deixar as flores morrerem, ok? Eu vou pedir ajuda ao tio Dave, ele irá me ajudar com as minhocas. Eu não gosto delas.''
Era pequena e em sua mente infantil havia esperança.
Ravenah fechou os olhos, suspirando. Era torturante as lembranças de sua infância e a caçadora percebia o quanto aquilo lhe deixava vulnerável.
Decidida saiu do carro, rumando ao encontro com David.
Adentrou o lugar que estava incrivelmente vazio; umas cinco pessoas, no máximo. Em passos lentos, avistou o caçador de costas em um mesa ao fim do bar. Aproximou-se e lhe tocou o ombro.
—Tio Dave — disse com os olhos já ardendo pelas lágrimas. Fazia quase um ano que não o via. Apesar de não ser mais uma criança, nunca conseguiu perder o jeito de chama-lo de Tio Dave. E para o próprio David isso era extremamente reconfortante, lhe fazendo ver que nem tudo havia mudado, nem tudo havia acabado.
Olhos perfeitamente azuis lhe fitaram com carinho. O homem tinha uma expressão cansada e alguns cortes não cicatrizados no rosto. Ele levantou-se e abraçou fortemente uma de suas meninas. Estava realmente triste com a decisão dela, mas não negava sentir sua falta.
Afastaram-se devagar e se olharam por alguns segundos. Ambos não podiam perder um ao outro. David fora o seu segundo pai, sempre. Antes mesmo de perder Joseph.
Sentaram-se e mesmo o caçador não querendo conversar sobre aquilo, era preciso.
—É ótimo vê-la e perceber que está bem...E viva—parou a fala, procurando as palavras certas— Escute, Ravenah, as coisas não são tão fáceis como parece. Não é só ter uma arma e sair pela estrada. Tem que ter em mente que isso é um caminho sem volta. Entrar e não sair, entende? Não somos caçadores por escolha, pelo menos, não nossa. Somos presenteados infelizmente com essa realidade. Sei que possui uma personalidade formada e um gênio característico de Joseph, mas gostaria que desistisse dessa loucura.
Ravenah assentiu.
—Tio, eu não estou fazendo isso por diversão. Não estou querendo entrar em um caminho que não é meu, mas sim, aceitando que eu nasci nisso... E bem, provavelmente irei morrer nisso também. Acontece, para tudo existem consequências — deu de ombros, movendo o seu olhar para a janela do local.
—Ravenah, eu não pedi...
—Você mandou! Tio Dave, entenda. Papai e mamãe morreram nessa porcaria...
—Justamente! Quer seguir pelo mesmo caminho? Minha sobrinha, saia dessa enquanto há tempo.
—Nem se eu quisesse eu poderia fugir. Em 1983 eu nasci e foi aí que o caminho começou. Papai saía de casa e voltava dias depois, havia livros estranhos e símbolos nunca vistos por mim. Eu definitivamente, não posso fugir.
David passou as mãos pelos cabelos.
—Por que disso? Me diga!
—Anne Foster e Joseph Harper foram caçadores, eles venceram barreiras e ordem alguma os pararam. Nada mais justo que a filha deles siga pelo mesmo caminho.
—Seus pais não tiveram escolha, Ravenah, foi algo preciso! Acha que eles não lutaram para lhe tirar desse caminho? Você não sabe o quanto eles quiseram sair dessa porcaria de vida, mas não conseguiram e sabe por quê? —sua voz era um tanto alterada e seus olhos mostravam dor, solidão e...Saudade. — Porque essa droga não tem fim! É uma estrada de perdas, Ravenah!
—Eu não vou deixar o que ele fez em limpo, não posso! Me desculpe —sua voz era fria e seus olhos não o fitavam.
O caçador pegou as mãos da sobrinha.
—Eu estou atrás dele, Ravenah. Ele não vai escapar, em algum momento o fim irá chegar para ele...
—E eu vou estar lá, tio. A última pessoa que ele verá será a mim — retirou suas mãos do carinho de David. Ela suspirou, abaixando a cabeça, vendo os cabelos lhe cobrirem a visão— Eu preciso acabar com ele. Eu preciso seguir por esse caminho, porque...Ele me mantém perto dos meus pais. Sabe, tio... Eu nunca me encaixei na faculdade e quando criança eu odiava os meus coleguinhas de classe. Desde o inicio eu sempre soube que era diferente. Em minhas veias corria o sangue de fortes caçadores. Eu sabia que devia seguir uma estrada, eu devia escrever minha história... E nela haveria vingança.
David calou-se e olhou-a. Não era mais uma menina, era uma mulher. Tinha suas próprias decisões, opiniões e escolhas. Ele não podia força-la a fazer o que não queria. Era difícil aceitar que ela havia crescido; era difícil acreditar, que ela estava indo pelo caminho perigoso, o caminho que ele nunca quis para ela... E era difícil ter de apoia-la por isso. David só queria proteger Ravenah e Alexie, e quando ele dizia ‘’Fique no quarto’’ em alguma caçada, era porque tinha medo delas se acostumarem com o perigo, medo delas aceitarem que aquilo não havia escolha.
—Quando você nasceu Joseph lhe trouxe nos braços para eu vê-la. Você era clarinha e um tanto preguiçosa, pois não abria os olhinhos de maneira alguma — Ele riu, sendo acompanhado por um riso triste de Ravenah. — Bem, seu pai todo orgulhoso me disse: ’’Ela não é linda, Dave? Anne e eu conversamos, e ela se chamará Ravenah. É um nome forte, marcante. ‘’ Eu então lhe disse: ‘’Combina perfeitamente com ela, Joph. Ela será guerreira igual aos pais, pois em suas veias corre o sangue de guerreiros. ’’ — David sorriu, os olhos molhados devido a lembrança— Joseph respondeu: ‘’ Ravenah Harper, todos saberão sua história, minha filha.’’ Eu jamais me esqueci disso, garota. E apesar de saber o quão errado acho sua decisão, eu não posso impedi-la.
Suspirou, levantando-se. Ravenah fez o mesmo.
—Eu não posso força-la a fazer o que não quer, por mais que queira você e Alexie longe disso. Enfim, eu só quero lhe fazer um pedido, minha garota. —colocou sua mão sobre o ombro da moça— Peço que se cuide. Por favor, tome cuidado! Não se atire nos braços do perigo sem se importar com as consequências. A estrada pode ser traiçoeira, minha garota.
—Eu vou me cuidar, tio.
—Uhum! Confio em você, Ravenah. —a abraçou.
—Se cuide também, tio Dave — apertou ele em seu corpo. — Eu te amo—sussurrou.
—Eu também, minha pequena. Eu também — Afagou os cabelos dela, sentindo falta de quando ela não passava de uma pequena garotinha.
Os dois se afastaram e seguiram até estarem fora do bar. Parados próximos à caminhonete de David, ele lhe dizia:
—Faça boas caçadas. Você é ótima, sinto que lhe treinei direitinho— sorriu— Sempre tenha uma boa arma e sal por perto. Não se deixe ser pega... Por favor, eu não posso perdê-las. Vocês são tudo que eu tenho—
Ele suspirou e se virou indo em direção ao carro. Procurou algo no porta-luvas e ao achar trouxe atrás das costas, parando novamente em frente à Ravenah.
—Eu sei...—um pequeno riso sem humor escapou de seus lábios—que você irá ir com a cara e a coragem e não irá se importar com o perigo. Você se parece tanto com seu pai...Mas, te peço que quando ver que algo é grande demais para resolver, não se arrisque —ela assentiu.— Bom, eu quero que fique com isso — tirou o que escondia atrás das costas e entregou a ela.
Ravenah olhou objeto sobre as mãos de seu tio. Era um revolver prateado, havia alguns desenhos talhados por ele e uma inscrição de ''J.H’’. Ela pegou-o, passando os dedos sobre a textura.
—Era do seu pai. Acho que ele gostaria que ficasse com você...Enfim, faça bom uso — sorriu bagunçando os cachos escuro dela, como fazia quando ela era mais nova.
A caçadora sorriu fazendo as lágrimas rolarem por seu rosto.
—Pode deixar. Papai terá orgulho de mim — disse guardando o revolver na calça, tendo em mente que com o consentimento de David, as coisa pareciam mais leves.
—Pode ter certeza que sim... Bom, acho que é hora de eu ir né? —lhe aconchegou em um abraço amoroso — Sentirei sua falta.
—Eu também.
David seguiu até o carro e prestes a abrir a porta, virou-se para a sobrinha.
—Tenha juízo, minha criança — e um leve sorriso formou-se em seu rosto.
Ravenah sorriu balançando a cabeça positivamente. O homem entrou no veículo e deu partida, acenando ao passar ao lado da moça.
David sempre seria o mesmo.
O tio amoroso, protetor, carinhoso e compreensivo.
✪
—Por favor... Não — olhos pidões lhe imploravam. Se fosse para ter piedade de cada olhar assustado que lhe fosse direcionado o mundo não teria salvação.
Em um movimento rápido a cabeça do rapaz fora decapitada. O corpo caiu no chão sobre o sangue despejado. Mais um trabalho havia sido resolvido.
Sorriu satisfeita enquanto limpava o facão.
Um mês havia se passado e nesse período três a quatro casos, haviam sido resolvidos por ela. Nenhuma pista importante sobre o paradeiro daquele que ela procurava apenas alarmes falsos. Nunca mais havia falado com David e desde que saiu para as caçadas, não falava com Alexie. Talvez, ela ainda estivesse contra a sua decisão ou ainda fosse aquela discussão estúpida.
Saiu do lugar e guardou o que usara no porta-malas. Entrou no carro e deu partida até o motel que estava hospedada.
Entrou no quarto e se dirigiu ao banheiro. Precisava de um banho urgentemente. Suas roupas estavam respingadas de sangue; o que fora coberto pela jaqueta evitando qualquer suspeita.
Embaixo da água morna relaxava ao senti-la em contato com sua pele. Sentia arder em alguns arranhões que tinha no rosto, mas nada importante.
✪
Sentada na cama, mantinha os braços apoiados sobre as pernas; os redondos olhos castanho-escuro, perdidos no vazio daquele quarto. Era sempre assim; vazio, sombrio e silencioso. O sol começava a se pôr no horizonte, fazendo assim o céu tomar uma coloração alaranjada. Sentia falta de ter alguém para conversar.
Largou esses pensamentos levantando-se da cama e indo arrumar sua coisas. Pegou as roupas sujas no banheiro e as colocou na mochila.
Seu celular começou a tocar ao longe. Deu alguns passos pegando-o sobre o criado-mudo. Atendeu sem olhar.
—Alô — disse olhando pela janela.
—Ah...Oi. Sou eu, Ravenah —a voz nervosa e talvez constrangida se fez presente ao outro lado da linha.
—Alex? — não conseguiu esconder a surpresa. — É... quero dizer, oi.
—É...sou eu. Tudo bem?
—Sim, sim...E você ?
—Estou bem — um silencio momentâneo — Muitos casos?
—Alguns. Uns quatro no máximo — sentou-se na cama, jogando a mochila que estava na outra mão no chão.
—Vejo que está sabendo se virar. Digo... não que você não saiba. Você entendeu.
Ravenah riu.
—Eu sei. Mas e aí, como vai ?
—Ah, tudo bem...— ela gostaria de dizer que aquele bando de universitários estavam lhe enchendo o saco, porém ouviria a amiga dizer: Viu, eu te avisei. —Sabe... eu te liguei porque você sumiu, David não atende o telefone, você não ligava... Pensei que tinha morrido.
—Dramática — riu, soltando o corpo sobre a cama — Olha, não liguei, pois estive ocupada e Dave está bem. Você sabe, ele não é de ficar atendendo o telefone.
—É, eu sei. Mas ocupada? É só pegar o telefone, discar e dizer: Eu ‘tô bem, não se preocupe.
—Ok. Não precisa chorar, eu estou viva.
—Para de se achar...
—Relaxa, eu não vou morrer tão cedo. Tenho muito que fazer aqui — seu olhar mantinha-se perdido no teto.
—Sei...Mas olha não banca a mulher-maravilha, tem muita gente trabalhando em manter o mundo longe dessas coisas, não é só você. Então por favor, não se sacrifica pelos outros, ok?
Um silêncio se fez presente.
—Ok, Ravenah ? — insistiu.
—Uhum — rolou os olhos.
—Porra! Somos só nós três...
—Eu não vou morrer! —interrompeu a outra— Para com essa ideia paranoica. Não é minha primeira caçada e nem será a ultima, então relaxa aí.
—Eu não estou falando isso. Só estou dizendo para pensar um pouco em si. Eu te conheço, entende? Sei que se arrisca demais e tem que parar de ser assim.
—Ligou para me dar sermão? — questionou pronta para desligar na cara da amiga.
Alexie suspirou do outro lado da linha, tentando mantar a calma.
—Só quero que se cuide... Olha, eu vou desligar. Tchau e caso ligue para David e ele atenda, diz que seria legal se ele mandasse notícias para mim.
—Tudo bem... Tchau, se cuida também — desligou.
Havia sido uma conversa melhor que a última, tinha que admitir.
Levantou-se novamente e voltou a arrumar suas coisas.
''Tio Dave, eu quero caçar'' R.H, aos nove anos de idade.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí o que acharam? Desde de quando iniciei a escrita de Savin' Me eu tinha em mente que David seria um homem bom, um ser humano de caráter inquestionável. Espero que gostem dele, como também das meninas. Garanto a vocês que Savin' Me não é um projeto qualquer.
Gostaria de agradecer a Miss Black Ferris e MB pelas palavras carinhosas. Muito obrigada! Continuem acompanhado a história ♥
Estão prontos para verem as garotas em ação?
Até mais; comentem, favoritem, recomendem, acompanhem.