Savin' Me escrita por Sagittarius


Capítulo 3
1x03 — My Child


Notas iniciais do capítulo

Olá, hunters. Estou de volta, não pensem que desisti. O real motivo de não ter atualizado a história, são os trabalhos escolares. Vejo que as postagens serão mais rápidas a partir do fim das aulas e também dos reviews de vocês. Como disse é muito importante para um escritor saber o que seus leitores estão achando, bem, comentem hunters. É rápido e fácil.

Ah, os Winchester ainda não aparecerão. Bem, lhes digo que talvez só falte mais um capítulo para aparição dos dois. Vale a pena esperar.



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1X03 — My Child

Dirigia devagar, não via a necessidade de apressar as coisas. O local que havia marcado com David se aproximava cada vez mais e mesmo que parecesse confiante, ela temia pelo o que iria ouvir.

Logo à frente a fachada do bar fez-se presente. Ravenah avistou uma caminhonete e a reconheceu como a de David, seguiu com o Mustang estacionando-o atrás. Correu seus dedos para o colar em seu pescoço e suspirou. Em sua mente só havia uma pergunta: Por que tinha que ser daquele jeito? Sentia tanta falta de seu pai, de sua mãe e de como seu tio costumava ser antes da morte de Joseph.

Ela lembra-se de seu silêncio, de seus choros e pesadelos que lhe atormentavam em noites seguidas. Durante esse período da perda, Ravenah adquiriu o jeito de falar sozinha.

''Papai, um dia iremos nos reencontrar... E mamãe eu não vou deixar as flores morrerem, ok? Eu vou pedir ajuda ao tio Dave, ele irá me ajudar com as minhocas. Eu não gosto delas.''

Era pequena e em sua mente infantil havia esperança.

Ravenah fechou os olhos, suspirando. Era torturante as lembranças de sua infância e a caçadora percebia o quanto aquilo lhe deixava vulnerável.

Decidida saiu do carro, rumando ao encontro com David.

Adentrou o lugar que estava incrivelmente vazio; umas cinco pessoas, no máximo. Em passos lentos, avistou o caçador de costas em um mesa ao fim do bar. Aproximou-se e lhe tocou o ombro.

Tio Dave — disse com os olhos já ardendo pelas lágrimas. Fazia quase um ano que não o via. Apesar de não ser mais uma criança, nunca conseguiu perder o jeito de chama-lo de Tio Dave. E para o próprio David isso era extremamente reconfortante, lhe fazendo ver que nem tudo havia mudado, nem tudo havia acabado.

Olhos perfeitamente azuis lhe fitaram com carinho. O homem tinha uma expressão cansada e alguns cortes não cicatrizados no rosto. Ele levantou-se e abraçou fortemente uma de suas meninas. Estava realmente triste com a decisão dela, mas não negava sentir sua falta.

Afastaram-se devagar e se olharam por alguns segundos. Ambos não podiam perder um ao outro. David fora o seu segundo pai, sempre. Antes mesmo de perder Joseph.

Sentaram-se e mesmo o caçador não querendo conversar sobre aquilo, era preciso.

—É ótimo vê-la e perceber que está bem...E viva—parou a fala, procurando as palavras certas— Escute, Ravenah, as coisas não são tão fáceis como parece. Não é só ter uma arma e sair pela estrada. Tem que ter em mente que isso é um caminho sem volta. Entrar e não sair, entende? Não somos caçadores por escolha, pelo menos, não nossa. Somos presenteados infelizmente com essa realidade. Sei que possui uma personalidade formada e um gênio característico de Joseph, mas gostaria que desistisse dessa loucura.

Ravenah assentiu.

—Tio, eu não estou fazendo isso por diversão. Não estou querendo entrar em um caminho que não é meu, mas sim, aceitando que eu nasci nisso... E bem, provavelmente irei morrer nisso também. Acontece, para tudo existem consequências — deu de ombros, movendo o seu olhar para a janela do local.

—Ravenah, eu não pedi...

—Você mandou! Tio Dave, entenda. Papai e mamãe morreram nessa porcaria...

—Justamente! Quer seguir pelo mesmo caminho? Minha sobrinha, saia dessa enquanto há tempo.

—Nem se eu quisesse eu poderia fugir. Em 1983 eu nasci e foi aí que o caminho começou. Papai saía de casa e voltava dias depois, havia livros estranhos e símbolos nunca vistos por mim. Eu definitivamente, não posso fugir.

David passou as mãos pelos cabelos.

—Por que disso? Me diga!

—Anne Foster e Joseph Harper foram caçadores, eles venceram barreiras e ordem alguma os pararam. Nada mais justo que a filha deles siga pelo mesmo caminho.

—Seus pais não tiveram escolha, Ravenah, foi algo preciso! Acha que eles não lutaram para lhe tirar desse caminho? Você não sabe o quanto eles quiseram sair dessa porcaria de vida, mas não conseguiram e sabe por quê? —sua voz era um tanto alterada e seus olhos mostravam dor, solidão e...Saudade. — Porque essa droga não tem fim! É uma estrada de perdas, Ravenah!

—Eu não vou deixar o que ele fez em limpo, não posso! Me desculpe —sua voz era fria e seus olhos não o fitavam.

O caçador pegou as mãos da sobrinha.

—Eu estou atrás dele, Ravenah. Ele não vai escapar, em algum momento o fim irá chegar para ele...

—E eu vou estar lá, tio. A última pessoa que ele verá será a mim — retirou suas mãos do carinho de David. Ela suspirou, abaixando a cabeça, vendo os cabelos lhe cobrirem a visão— Eu preciso acabar com ele. Eu preciso seguir por esse caminho, porque...Ele me mantém perto dos meus pais. Sabe, tio... Eu nunca me encaixei na faculdade e quando criança eu odiava os meus coleguinhas de classe. Desde o inicio eu sempre soube que era diferente. Em minhas veias corria o sangue de fortes caçadores. Eu sabia que devia seguir uma estrada, eu devia escrever minha história... E nela haveria vingança.

David calou-se e olhou-a. Não era mais uma menina, era uma mulher. Tinha suas próprias decisões, opiniões e escolhas. Ele não podia força-la a fazer o que não queria. Era difícil aceitar que ela havia crescido; era difícil acreditar, que ela estava indo pelo caminho perigoso, o caminho que ele nunca quis para ela... E era difícil ter de apoia-la por isso. David só queria proteger Ravenah e Alexie, e quando ele dizia ‘’Fique no quarto’’ em alguma caçada, era porque tinha medo delas se acostumarem com o perigo, medo delas aceitarem que aquilo não havia escolha.

—Quando você nasceu Joseph lhe trouxe nos braços para eu vê-la. Você era clarinha e um tanto preguiçosa, pois não abria os olhinhos de maneira alguma — Ele riu, sendo acompanhado por um riso triste de Ravenah. — Bem, seu pai todo orgulhoso me disse: ’’Ela não é linda, Dave? Anne e eu conversamos, e ela se chamará Ravenah. É um nome forte, marcante. ‘’ Eu então lhe disse: ‘’Combina perfeitamente com ela, Joph. Ela será guerreira igual aos pais, pois em suas veias corre o sangue de guerreiros. ’’ — David sorriu, os olhos molhados devido a lembrança— Joseph respondeu: ‘’ Ravenah Harper, todos saberão sua história, minha filha.’’ Eu jamais me esqueci disso, garota. E apesar de saber o quão errado acho sua decisão, eu não posso impedi-la.

Suspirou, levantando-se. Ravenah fez o mesmo.

—Eu não posso força-la a fazer o que não quer, por mais que queira você e Alexie longe disso. Enfim, eu só quero lhe fazer um pedido, minha garota. —colocou sua mão sobre o ombro da moça— Peço que se cuide. Por favor, tome cuidado! Não se atire nos braços do perigo sem se importar com as consequências. A estrada pode ser traiçoeira, minha garota.

—Eu vou me cuidar, tio.

—Uhum! Confio em você, Ravenah. —a abraçou.

—Se cuide também, tio Dave — apertou ele em seu corpo. Eu te amo—sussurrou.

—Eu também, minha pequena. Eu também — Afagou os cabelos dela, sentindo falta de quando ela não passava de uma pequena garotinha.

Os dois se afastaram e seguiram até estarem fora do bar. Parados próximos à caminhonete de David, ele lhe dizia:

—Faça boas caçadas. Você é ótima, sinto que lhe treinei direitinho— sorriu— Sempre tenha uma boa arma e sal por perto. Não se deixe ser pega... Por favor, eu não posso perdê-las. Vocês são tudo que eu tenho—

Ele suspirou e se virou indo em direção ao carro. Procurou algo no porta-luvas e ao achar trouxe atrás das costas, parando novamente em frente à Ravenah.

—Eu sei...—um pequeno riso sem humor escapou de seus lábios—que você irá ir com a cara e a coragem e não irá se importar com o perigo. Você se parece tanto com seu pai...Mas, te peço que quando ver que algo é grande demais para resolver, não se arrisque —ela assentiu.— Bom, eu quero que fique com isso — tirou o que escondia atrás das costas e entregou a ela.

Ravenah olhou objeto sobre as mãos de seu tio. Era um revolver prateado, havia alguns desenhos talhados por ele e uma inscrição de ''J.H’’. Ela pegou-o, passando os dedos sobre a textura.

—Era do seu pai. Acho que ele gostaria que ficasse com você...Enfim, faça bom uso — sorriu bagunçando os cachos escuro dela, como fazia quando ela era mais nova.

A caçadora sorriu fazendo as lágrimas rolarem por seu rosto.

—Pode deixar. Papai terá orgulho de mim — disse guardando o revolver na calça, tendo em mente que com o consentimento de David, as coisa pareciam mais leves.

—Pode ter certeza que sim... Bom, acho que é hora de eu ir né? —lhe aconchegou em um abraço amoroso — Sentirei sua falta.

—Eu também.

David seguiu até o carro e prestes a abrir a porta, virou-se para a sobrinha.

—Tenha juízo, minha criança — e um leve sorriso formou-se em seu rosto.

Ravenah sorriu balançando a cabeça positivamente. O homem entrou no veículo e deu partida, acenando ao passar ao lado da moça.

David sempre seria o mesmo.

O tio amoroso, protetor, carinhoso e compreensivo.

—Por favor... Não — olhos pidões lhe imploravam. Se fosse para ter piedade de cada olhar assustado que lhe fosse direcionado o mundo não teria salvação.

Em um movimento rápido a cabeça do rapaz fora decapitada. O corpo caiu no chão sobre o sangue despejado. Mais um trabalho havia sido resolvido.

Sorriu satisfeita enquanto limpava o facão.

Um mês havia se passado e nesse período três a quatro casos, haviam sido resolvidos por ela. Nenhuma pista importante sobre o paradeiro daquele que ela procurava apenas alarmes falsos. Nunca mais havia falado com David e desde que saiu para as caçadas, não falava com Alexie. Talvez, ela ainda estivesse contra a sua decisão ou ainda fosse aquela discussão estúpida.

Saiu do lugar e guardou o que usara no porta-malas. Entrou no carro e deu partida até o motel que estava hospedada.

Entrou no quarto e se dirigiu ao banheiro. Precisava de um banho urgentemente. Suas roupas estavam respingadas de sangue; o que fora coberto pela jaqueta evitando qualquer suspeita.

Embaixo da água morna relaxava ao senti-la em contato com sua pele. Sentia arder em alguns arranhões que tinha no rosto, mas nada importante.

Sentada na cama, mantinha os braços apoiados sobre as pernas; os redondos olhos castanho-escuro, perdidos no vazio daquele quarto. Era sempre assim; vazio, sombrio e silencioso. O sol começava a se pôr no horizonte, fazendo assim o céu tomar uma coloração alaranjada. Sentia falta de ter alguém para conversar.

Largou esses pensamentos levantando-se da cama e indo arrumar sua coisas. Pegou as roupas sujas no banheiro e as colocou na mochila.

Seu celular começou a tocar ao longe. Deu alguns passos pegando-o sobre o criado-mudo. Atendeu sem olhar.

—Alô — disse olhando pela janela.

Ah...Oi. Sou eu, Ravenah —a voz nervosa e talvez constrangida se fez presente ao outro lado da linha.

—Alex? — não conseguiu esconder a surpresa. — É... quero dizer, oi.

—É...sou eu. Tudo bem?

—Sim, sim...E você ?

—Estou bem — um silencio momentâneo — Muitos casos?

—Alguns. Uns quatro no máximo — sentou-se na cama, jogando a mochila que estava na outra mão no chão.

—Vejo que está sabendo se virar. Digo... não que você não saiba. Você entendeu.

Ravenah riu.

—Eu sei. Mas e aí, como vai ?

—Ah, tudo bem...— ela gostaria de dizer que aquele bando de universitários estavam lhe enchendo o saco, porém ouviria a amiga dizer: Viu, eu te avisei. —Sabe... eu te liguei porque você sumiu, David não atende o telefone, você não ligava... Pensei que tinha morrido.

—Dramática — riu, soltando o corpo sobre a cama — Olha, não liguei, pois estive ocupada e Dave está bem. Você sabe, ele não é de ficar atendendo o telefone.

—É, eu sei. Mas ocupada? É só pegar o telefone, discar e dizer: Eu ‘tô bem, não se preocupe.

—Ok. Não precisa chorar, eu estou viva.

—Para de se achar...

—Relaxa, eu não vou morrer tão cedo. Tenho muito que fazer aqui — seu olhar mantinha-se perdido no teto.

Sei...Mas olha não banca a mulher-maravilha, tem muita gente trabalhando em manter o mundo longe dessas coisas, não é só você. Então por favor, não se sacrifica pelos outros, ok?

Um silêncio se fez presente.

—Ok, Ravenah ? — insistiu.

—Uhum — rolou os olhos.

—Porra! Somos só nós três...

—Eu não vou morrer! —interrompeu a outra— Para com essa ideia paranoica. Não é minha primeira caçada e nem será a ultima, então relaxa aí.

—Eu não estou falando isso. Só estou dizendo para pensar um pouco em si. Eu te conheço, entende? Sei que se arrisca demais e tem que parar de ser assim.

—Ligou para me dar sermão? — questionou pronta para desligar na cara da amiga.

Alexie suspirou do outro lado da linha, tentando mantar a calma.

—Só quero que se cuide... Olha, eu vou desligar. Tchau e caso ligue para David e ele atenda, diz que seria legal se ele mandasse notícias para mim.

—Tudo bem... Tchau, se cuida também — desligou.

Havia sido uma conversa melhor que a última, tinha que admitir.

Levantou-se novamente e voltou a arrumar suas coisas.

''Tio Dave, eu quero caçar'' R.H, aos nove anos de idade.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Desde de quando iniciei a escrita de Savin' Me eu tinha em mente que David seria um homem bom, um ser humano de caráter inquestionável. Espero que gostem dele, como também das meninas. Garanto a vocês que Savin' Me não é um projeto qualquer.

Gostaria de agradecer a Miss Black Ferris e MB pelas palavras carinhosas. Muito obrigada! Continuem acompanhado a história ♥

Estão prontos para verem as garotas em ação?

Até mais; comentem, favoritem, recomendem, acompanhem.



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