Estava me sentindo entediado. Minha mãe e Jenny haviam saído juntas para fazer compras e ainda não voltaram. Queria estar com Hannah, mas ela estava ocupada.

Me levantei do sofá e desliguei a TV. Tomei uma decisão. Iria para a casa de Davis, mesmo que ele não estivesse pelo menos o tio Alex estaria.

Avisei a Eva que iria sair e fui até a garagem pegar meu carro. Levei cinco minutos até parar em frente à casa. Assim que entrei pelo portão, eu vi que Brenda estava fora da casa falando ao telefone. Tio Alex estava atrás dela. Eles estavam indo em direção ao carro. Acho que eles sairiam. Mas fiquei curioso pelo jeito que ela falava. Ela parecia nervosa.

Eles nem perceberam quando eu me aproximei.

— Mas você esta bem Hannah? – ela ouviu atentamente. Também fiquei atento, pois ela estava perguntando se a Hannah estava bem. O que havia acontecido? – Você chegou agora ao hospital? Ok, já estou indo. – ela desligou.

Agora eu fiquei preocupado. O que aconteceu com a Hannah?

— Alex, eu preciso ir! – disse Brenda.

— Tudo bem, mas mande noticias!

— O que aconteceu? – me aproximei.

Eles me olharam meio surpresos.

— Billy! – disse tio Alex.

— O que aconteceu com a Hannah?

Eles se olharam.

— A Hannah ligou, pois ela e os amigos acharam uma colega da escola ferida na rua. Eles a levaram para o hospital.

— Ela? – disse.

— Você conhece essa tal de Mona?

Fiquei surpreso.

— Sim.

— Pois é, ela não parece bem! Estou indo para lá agora! – disse Brenda.

— Eu vou seguindo você! – disse indo em direção a saída para pegar meu carro.

— Nos vemos lá!

Alguns minutos depois, eu e Brenda chegamos ao hospital da cidade. Assim que entramos, pedimos informação sobre a Mona. Assim que a recepcionista nos respondeu, fomos para o andar certo. Chegando lá, avistamos Hannah e os amigos na sala de espera. Eles pareciam exaustos e também estavam molhados. A chuva havia parado há quase uma hora. Então imaginei que eles estavam aqui a um bom tempo. Assim que nos aproximamos Hannah nos viu.

— Mamãe! – ela veio rapidamente em direção a Brenda. Assim que elas se abraçaram Hannah estava chorando.

— Querida, acalme-se! – disse Brenda.

— Foi horrível...me lembrei de...de nós... – Hannah segurava a mãe com força.

Brenda me olhou com pesar. Ela entendia o que Hannah estava sentindo por Mona.

— Filha, esta tudo bem! Vamos fazer o máximo pra ajudar a sua colega.

— Eu sei! – disse ela se afastando e limpando as lagrimas. Ela me viu e sorriu.

— Billy! – ela veio em minha direção e eu a abracei. - Que bom que esta aqui!

— Cheguei na sua casa e a sua mãe estava saindo. Soube o que aconteceu e queria saber como a Mona estava.

— Ela estava bem mal. Ela delirava no caminho para cá. Billy, a mãe dela! Você sabe onde ela mora?

Fiquei surpreso, já vi a mãe da Mona, mas poucas vezes. Era uma mulher bem chamativa pra dizer a verdade. Os comentários pela cidade eram variados sobre ela.

— Olha Hannah, eu sei que ela mora em um lugar que tem só trailers. É um lugar bem barra pesada!

Hannah ficou tensa.

— Billy, a mãe dela pode estar ferida também! Temos que saber o que aconteceu!

Fiquei pensando um pouco.

— É melhor chamarmos a policia!

— Sim, mas é bom irmos antes pra ver como ela esta! Por favor Billy!

Hannah tremia um pouco. Esfreguei as mãos pelos seus braços pra que ela se aquecesse. 

— Hannah, você precisa ir pra casa tomar um banho e mudar de roupa. Você pode ficar doente!

— Não temos tempo! – disse ela suplicando – Billy por favor!

Olhei para Brenda que falava com uma enfermeira. Os outros amigos de Hannah estavam sentados. Sasha e J estavam segurando a mão um do outro.

— Hannah, eu...

Parei de falar quando Nico entrou na sala segurando vários copos de café. Ele chegou em J e Sasha e os serviu. Ele olhou para os lados e viu que Hannah e eu estavam do outro lado da sala. Ele veio em nossa direção. Ótimo!

— Olá Billy? Seu café Hannah! – ele deu o copo a Hannah.

— Obrigada Nico! – ela pegou e aqueceu as mãos e tomou um gole.

— Olá! – eu disse.

Ele sorriu e logo se virou e saiu. Pode até parecer loucura, mas gostei dele ter se ligado que eu queria ficar a sós com Hannah.

— Billy! – ela me olhou com expectativa.

— Ok, vamos lá! Mas com uma condição.

— Qual?

— Não podemos ir sozinhos. E se for pior do que eu imagino?

Hannah ficou tensa.

— Mamãe não pode saber. Ela não deixaria eu ir!

— Pode ser o J? – dei uma ideia.

— Não! O J não! – Hannah pensou – Davis também não!

— Posso chamar o Liam! – disse.

— Não temos muito tempo Billy! – disse Hannah dando pulinhos pra se aquecer – Eu já sei!

— Quem?

— Nico!

Olhei alguns segundos para Hannah e depois guiei meus olhos para Nico que andava de um lado para o outro.

— O Nico?

— Sim! Ele parece o mais seguro a ir conosco.

— Mas Hannah...

— Billy, confie em mim, por favor!

Suspirei e acabei concordando. Hannah sorriu agradecida. Ela fez um sinal para Nico que veio logo. Assim que ele se aproximou, Hannah contou o plano. Nico nem hesitou em aceitar nos acompanhar. Vi nele um olhar quase perigoso, era como se ele quisesse matar alguém.

Hannah foi até a sua mãe e falou com ela. Sei que ela não queria mentir, mas era algo que Hannah sentia que queria fazer. E eu faria tudo por ela.

Assim que Brenda pareceu concordar, Hannah foi até J e Sasha e também conversou com eles. Eles concordaram também e assim que ela voltou, nos três saímos.

Eu sei bem onde é o lado do trailers. É um lugar que a grande maioria das pessoas nunca iria. Drogas e coisas proibidas é o que mais tem por lá.

Fomos em silencio. Hannah sentada comigo na frente estava pensativa. Olhei pelo espelho e vi que Nico também parecia pensativo.

A viagem durou uns dez minutos, assim que nos aproximamos já avistamos os trailers. Hannah ficou de boca aberta ao ver o lugar.

— Eu nunca imaginaria um lugar desses! – disse ela.

— Esse lugar não pertence nem a Mountain Village ou a outra cidade. Ela fica entre as duas.

— É um lugar esquecido então. – disse Nico.

— Eles se acham independentes. Já tentaram tirar eles daqui, mas é sempre uma briga feia. – disse isso me lembrando do que o meu avô falava na época.

Hannah suspirou.

— Já faz uma hora que achamos a Mona. Você sabe onde ela mora? – perguntou Hannah me olhando.

— Sim.

Nos descemos do carro. Decidi estacionar um pouco longe só por precaução. Fomos caminhando até entrar na área dos trailers. Segurei a mão de Hannah. Nico estava atrás.

O lugar era bem sujo. Havia brinquedos velhos pelo chão. Alguns até passavam por nos, mas não reagiam. Já outros nos olhavam de um jeito suspeito.

— É ali! – disse vendo o trailer azul perto de alguns balanços. Desde criança Mona mora ali.

— Vamos! – disse Hannah.

Assim que chegamos, Hannah bateu na porta e ela se abriu. Ela olhou para mim e Nico um pouco apreensiva.

— Esta aberta! – ela disse.

— Não deve ter ninguém em casa!

— A Mona chamava a mãe dela. Ela só pode estar aqui.

— Entrem então! – disse Nico.

— Eu vou!

— Hannah! – disse segurando seu braço.

— Venha comigo então!

— Não se preocupem, eu fico aqui vigiando. – disse Nico.

Peguei Hannah pela mão e entramos. O trailer por dentro era uma bagunça. O cheiro forte de coisa estragado misturada com cheiro de cerveja era enjoativo.

— Tem alguém em casa! – disse Hannah.

Nada se ouviu.

— Vou dar uma olhada no outro lado.

— Ok. Eu olho pra lá.

Nos separamos. Comecei a andar para o outro lado quando Hannah me chamou. Corri até onde ela estava. Era um quarto todo bagunçado. E na cama a mãe de mona.

— Billy! – Hannah se aproximou do corpo da mulher e segurou seu pulso. Ela estava de bruços. – Billy, ela ainda tem pulso! Mas esta fraca.

Me aproximei e a olhei de perto. Ela estava com o rosto todo machucado e o corpo também.

— Não podemos mexer muito nela Hannah. Pode piorar!

— Eu sei, eu sei!

— Vou ligar pra ambulância e a policia...

De repente Hannah grita. Me assusto e me viro. Um homem praticamente se joga por cima de mim nos fazendo cair no chão. Ele esta com uma garrafa na mão e quer quebrar em mim. Ele rugi como um animal e parece drogado.

— BILLY! – Hannah parece em choque.

O cara esta em cima de mim quase possuído. Estou lutando pra ele não conseguir se soltar por que eu tenho certeza que ele vai querer me matar.

Então o corpo dela fica mole e cai por cima de mim. estou respirando com dificuldades. Olho para cima e vejo Nico com um taco de beisebol na mão. Ele acertou o cara na cabeça.

Me levanto cambaleando e Nico me ajuda.

— Você esta bem? – ele pergunta.

— Sim...valeu!

Olho pra Hannah e ela esta no canto encolhida no chão. Me assusto e corro em sua direção.

— Hannah! – ela tremia muito.

— O que ela tem? – perguntou Nico se aproximando. – Ele a machucou?

— Não...Nico, por favor, espere lá fora quando a ambulância chegar?

— Claro! Me chame se precisar. – disse ele saindo com o taco na mão.

Assim que ele saiu dei atenção a Hannah.

— Hannah...meu bem! Olhe pra mim!

Ela parecia um animal ferido.

— Hannah! – a chamei novamente. Ela levantou a cabeça e me olhou. Seu olhar era de dor.

— B-Billy! – ela se jogou nos meus braços – A-Achei que ele iria te matar...me lembrou ele....e

— Calma, esta tudo bem! – a abracei até acalmá-la.

A ambulância demorou uns quinze minutos. Eles levaram a mãe de Mona que não parecia nem um pouco bem. O cara, soubemos pelos vizinho que era o namorado dela. Ele era alcoólatra e violento e tinha sérios problemas com coisas ilegais.

Assim que conversamos com a policia, voltamos para o hospital. Chegando lá soubemos que Mona teve que passar por uma serie de exames. Mas não havia sido nada grave. Ela teria que ficar no hospital em observação pelas varias lesões.

Acabamos contando para todos ali o que havia acontecido, e é claro todos ficaram chocados.

Ficamos mais uma hora para ter mais informações. Então foi quando soubemos o pior. A mãe de Mona não resistiu e acabou falecendo.

Hannah ao saber, se levantou e foi em direção a janela. Sabia que ela estava chorando. Sabia que ela tentou salvar a mãe de Mona. Ela sentia na pele por Mona o que ela mesmo havia passado.