Tão Perto. Tão Distante. escrita por Mia Golden


Capítulo 20
Hannah




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656076/chapter/20

Passei os próximos dias me lembrando da minha vida e via que ela refletia em Mona. Ela apareceu naquele dia na escola, no outro ela faltou. Fiquei nervosa e fiquei na expectativa. No outro dia ela apareceu. Percebi uma boa camada de maquiagem em seu rosto. Ela ainda usava roupas fora da sua realidade.

Na sexta, eu estava sentada sozinha no pátio da escola. Todos esperavam para entrar. Olhei ao redor para ver se ela iria aparecer. Mas nada. Olhei no meu relógio e faltavam cinco minutos para entrar. Vi que Nico estava passando pelo pátio, assim que ele me viu, começou a andar em minha direção.

— E aí garota! – ele se abaixou e me deu um beijo no rosto. Se sentou ao meu lado. Já estava me acostumando com ele. Ele era um galinha sim, mas me tratava diferente, acho que era por causa de Billy. Eu também não abri nenhuma brecha pra que ele pensasse que estava lhe dando liberdade. – Onde esta o resto do pessoal?

— Estão por aí.

— E o seu quase namorado? – disse ele com aquele sorriso de canto.

— Não chegou ainda.

— Humm.

— O que?

— Só estava pensando que...se um dia nada entre vocês dois der certo, você sabe...você e eu...

— Nico! – chamei sua atenção lhe dando um empurrão no ombro. O safado nem ao menos se desculpou, só riu da minha cara.

— Estou brincado gracinha!

Balancei a cabeça, mas também sorria. Ele iria se tornar um bom amigo se parasse de me paquerar.

Então eu vi Mona. Ela atravessava apressado o pátio. Outra vez de óculos. Nico seguiu meu olhar.

— Qual é o problema dela? – disse Nico a olhando também.

— É mais delicado do que pensa.

— Como assim?

— Preciso falar com ela antes que entre. – me levantei e fui rapidamente em sua direção. Senti que Nico estava atrás de mim.

Assim que consegui me aproximar eu a chamei.

— Mona!

Ela parou e olhou para trás. Não disse nada e começou a andar novamente.

— Mona, por favor!

Ela parou de repente fazendo Nico bater em minhas costas.

— O que é? – disse ela irritada.

Ela estava se autodefendendo.

— Gostaria de falar com você!

— Não posso...preciso entrar! – ela se virou e começou a andar.

— Eu sei o que você esta passando! – disse pra que ela ouvisse.

Ela parou novamente. Mas continuou de costas. Ela estava tensa.

— Eu sei o que esta passando! – repeti e me aproximei devagar. Nico ainda me seguia em silencio só ouvindo e observando. – Você não precisa passar por isso sozinha Mona, precisa contar a alguém...

Ela se virou e me olhou. De trás dos óculos escuros percebi que ela chorava. Dava pra ver pela marca no seu rosto maquiado pesadamente.

— Você não pode me ajudar.

— Posso!

— Você não sabe nada disso!

— Eu sei! E por mais que não acredite, já passei por isso.

Vi que ela me olhou surpresa. Ela engoliu e suspirou.

 - Você não pode...não dá! – ela se virou e entrou no colégio correndo.

Fiquei parada no lugar. Não era deste jeito que imaginei falando com ela.

— Hannah!

Pulei com o susto que Nico me deu. Por um momento eu até esqueci que ele estava atrás de mim.

— Você me assustou! – disse com a mão no peito.

— O que aconteceu com a Mona que aconteceu com você?

Ele era bem atento.

Respirei fundo.

— Algumas coisas complicadas... você não sabe...

— A Mona esta sofrendo abuso não é? Tipo, o abuso de violência.

Eu o olhei curiosa.

— O quê?

— Não sou tão ignorante assim! – disse ele dando de ombros – E você também sofreu isso?

Agora fiquei tensa. Essa história ainda não daria pra contar a todos. Mesmo Nico. Mas eu sabia que ele havia captado isso no ar.

— Mais ou menos isso Nico. Esse assunto é um pouco delicado pra que eu possa contar a você...mas acredite, no momento em que eu me sentir preparado pra contar a você, eu conto.

Ele me olhou por alguns estantes. Estava ficando nervosa, mas de repente ele me abraçou. Fiquei sem reação.

— Desculpe Hannah! – ele se afastou – Não que eu tenha o direito de saber, mas é que eu gosto de você. E se precisar de mim, vou estar aqui.

Sorri agradecida.

— Obrigada Nico.

— De nada.

Pensei em algo.

— Se quer me ajudar, fique atento a Mona também? Ela não esta bem.

— Claro.

Assim que aquele dia de aula acabou. Todos começamos a irmos embora. Billy me acompanhava até o estacionamento.

— O que vai fazer hoje? – perguntou ele.

— Vou ir para a casa da Sá. Temos que estar com alguns artigos prontos para segunda.

Ele fez uma careta engraçada.

— Hoje? Tem que ser hoje?

— Sim! Assim temos o fim de semana pra aproveitar. – disse e sorri. Ele entendeu. Sorriu também.

— Ok.

O abracei. Ele beijou o topo da minha cabeça.

— Owwnn que bonitinhos! 

Olhamos para trás e vimos que foi Sasha quem disse, ela estava com J e Nico. Billy mirou Nico é claro.

— Isso é tão fofo! – ela completou.

Billy me olhou e sorriu.

— Vamos? – disse J.

— Sim.

— Vocês irão agora? – perguntou Billy.

— Sim. Queremos começar cedo.

— E nos livrarmos! – disse Sasha ficando ao meu lado.

Billy olhou para Nico que sorriu pra ele.

— Podem ir entrando no carro pessoal! – disse aos meus amigos que entraram no meu Jipe. Iríamos no meu carro. Sasha e J não tinham carro e Nico veio de carona com o pai. Assim que eles entraram, Billy me abraçou novamente.

— Então...até mais tarde. Eu ligo.

Senti que ele estava desconfortável por Nico estar junto. Mas ele tinha que perceber que eu e Nico éramos amigos.

Dei um beijo em seu rosto pra mostrar que era ele. Ele me olhou com carinho.

— Até mais tarde! – disse indo em direção ao meu carro e entrando.

Assim que saímos do estacionamento da escola, fomos em direção à casa de Sasha.

Ficamos mais de duas horas trabalhando nas matérias do jornal. Esses artigos já iram para o exemplar do próximo mês. Assim que terminamos, estávamos aliviados.

— Até que enfim! – disse Sasha.

— Sim! – disse esfregando os olhos cansados.

— Estou faminto! – disse Nico.

— Faminto de que? – perguntou Sasha o olhando diretamente, fazendo J bufar.

— De comida, criatura! – disse J impaciente.

— Vamos sair pra comer algo então. – disse Sasha animada.

Pensamos na possibilidade e concordamos. Assim que começamos a ir para a rua, vimos que estava prestes a começar a chover.

Entramos em meu carro e fomos para o centro.

Comemos só besteiras. Hambúrguer com batatas fritas e refrigerantes. Depois de matarmos a fome, fomos para o meu carro. Deixaria o pessoal em suas casas. A chuva começou a descer forte.

Estávamos conversando pelo caminho e rindo. Sasha estava ao meu lado na frente enquanto os meninos estavam atrás. Passamos em uma parte em que havia só estrada e dos dois lados arvores. Mas naquele momento algo estranho nos chamou a atenção. Alguém andava de baixo da chuva forte na beira da estrada.

— O que é aquilo? – perguntou Sasha.

Aproveitei que não havia nenhum carro atrás e comecei a andar mais devagar. Quando nos aproximávamos, percebemos que era uma garota. Suas roupas ensopadas estavam rasgadas e manchadas. Acelerei um pouco para tentar ficar ao seu lado. Foi então que reconheci. Era Mona.

— Oh meu Deus! É a Mona! – disse chocada.

— Pare o carro Hannah! – disse Nico.

Assim que parei, ele pulou logo para fora do carro. Seguido de J. Eu e Sasha saímos logo atrás. Quando nos aproximamos dela, ela parecia em choque. Tremia.

— Mona! – a chamei assim que cheguei mais perto.

A chuva forte estava entrando pelas minhas roupas, mas não me importei.

Quando ela levantou a cabeça eu senti meu sangue gelar. Seu belo rosto estava todo machucado e inchado. Ela tinha sangue correndo pelo seu rosto e parecia exausta.

— Mona! – disse e me aproximei mais – Deixe eu ajudá-la! – implorei.

Ela me olhou um pouco mais e pareceu me reconhecer.

— Ha-Hannah! – disse ela. Assim que ela me reconheceu melhor seus olhos reviraram e ela caiu em minha direção. Tentei segurá-la com minhas forças, mas não estava conseguindo. Os meninos chegaram logo e ajudaram a levantá-la.

— Levem ela para o carro. Vamos levá-la para o hospital!

A colocamos no carro. J dirigiu para mim enquanto eu e Nico estávamos atrás com Mona. Sasha estava ligando para minha mãe a meu pedido. Estávamos tentando a manter aquecida, pois estava congelando. Nico tinha a cabeça dela em seu colo. Ele me olhou assustado.

— O pulso dela esta fraco. – disse ele com os cabelos pingando.

Fiquei nervosa.

— Vai mais rápido J!

— Estou tentando dentro das condições Hannah! Essa chuva está atrapalhando.

Fechei os olhos e tentei pensar positivo.

— A m-minha.... m-mãe... – Mona balbuciava algumas coisas.

— O que foi? – Sasha perguntou.

— Ela esta chamando a mãe! – disse Nico.

Sasha me olhou.

— Afinal, o que aconteceu com ela?

Senti meus olhos arderem. Mona estava aqui sozinha e machucada. E quanto a sua mãe?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tão Perto. Tão Distante." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.