Tão Perto. Tão Distante. escrita por Mia Golden


Capítulo 12
Hannah




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Eu sabia que Billy não teve um bom encontro com o pai. Pelo estado que ele saiu, provavelmente não foi nada agradável. Sei como é ser humilhada por aquele que deveria ser um exemplo, por isso deixei ele no seu próprio silencio.

Como ele havia me confiado seu carro, eu dirigi com cuidado de volta para a casa. Hoje haveria a festa de aniversario de casamento dos pais da Sarah e eu prometi que iria. Mas não sei se ele iria.

Mais de uma hora depois chegamos até a minha casa. Estacionei em frente ao portão. Desliguei o carro.

— Tudo bem? – perguntei pela primeira vez.

Ele me olhou e sorriu de um jeito triste.

— Vou ficar bem.

— Ok. Então... eu vou indo. – me virei pra abrir a porta do carro.

— Hannah! – disse Billy segurando meu braço. Me virei.

— Sim.

Ele me olhou por alguns segundos.

— Muito obrigado!

Sorri.

— Sem problemas! – me inclinei e beijei seu rosto. Ouvi que ele suspirou.

Sai do carro e fui em direção ao portão. Me virei e vi que Billy tomava seu lugar no volante do seu carro.

— Billy! – eu chamei. Ele me olhou.

— Sim!

— Você ira hoje à noite na festa dos pais da Sarah?

Ele pensou um pouco.

— Acho que não. Não estou no clima...se é que você me entende.

— Eu entendo. E a Sarah também vai... – pensei bem no que iria dizer naquele momento – Se algum dia você quiser falar sobre o que aconteceu na prisão hoje...saiba que eu sou uma boa ouvinte. – disse sorrindo sem graça.

Vi que ele sorriu.

— Vou me lembrar disso. Até mais Hannah! – ele ligou o carro e se foi.

Fiquei olhando até seu carro sumir de vista. Logo depois eu entrei. Quando entrei em casa eu vi que minha mãe estava escolhendo algumas roupas. Provavelmente para a noite de festa.

— Oi mãe! – disse entrando no quarto.

— Olá meu bem! Como foi? – ela se virou para mim.

— Foi...sei lá...triste. – disse me lembrando de como Billy saiu daquele lugar.

Minha mãe fez uma careta.

— Foi muito ruim?

— Acho que foi, o Billy saiu tão triste de lá!

Ela se sentou na beirada da cama.

— Pobre Billy! Não merece esse descaso do pai. Aquele homem é um monstro!

— Ele não quis comentar nada quando estávamos voltando. Também não perguntei, acho que ele não queria conversar.

— Fez bem querida, fez bem. Ele precisa de tempo.

— É.

— Então, já escolheu sua roupa para hoje à noite?

— Não.

— Você não vai?

— Vou sim! – me levantei. – Vou para o meu quarto escolher uma.

Dei um beijo na minha mãe e sai. Fui para o quarto para pensar na roupa de hoje à noite.

Estava perto da hora da festa e eu já havia escolhido a roupa. Escolhi um vestido azul curto. Como estávamos no verão, era a roupa ideal. Minha mãe estava linda em um vestido de verão longo e estampado. Carly também estava uma fofa em um vestidinho rosa com alguns babados. Me lembrei que a minha mãe me vestia assim também. Como Alex estava em uma viagem de assuntos da prefeitura, só eu, minha mãe e Carly iríamos. Davis passou o dia todo fora com Sarah. Iríamos nos encontrar na festa.

Minha mãe foi dirigindo e em dez minutos estávamos em frente à casa dos Taylors. Assim que descemos, conseguimos ver como o lugar estava cheio. A casa da Sarah é uma casa mediana, mas tem um pátio bem grande. Começamos a entrar e passar por algumas pessoas que estavam bebendo algo. Algumas eu conhecia, outras não. Fomos entrando para dentro da casa. Minha mãe levava Carly em seu carrinho. Ela adorava sair, por isso minha mãe quase não a deixava em casa.

Vi todos os amigos de Sarah, que também se tornaram meus amigos. Sarah e Davis estavam junto com eles. Minha mãe parou para conversar com uma senhora e eu aproveitei para me aproximar do grupo. Fiz um sinal para ela que concedeu.

Fui em direção a eles, no caminho eu vi os pais de Sarah. Fui até eles e os cumprimentei. Eles eram adoráveis. Assim que me aproximei, Davis veio em minha direção.

— Até que enfim! – disse ele se aproximando e me abraçando.

— Chagamos na hora! – disse.

— Que bom que veio Hannah! – Sarah se aproximou e me abraçou.

Sorri. Os outros também me cumprimentaram.

— E a Brenda e a Carly? – Davis perguntou.

— A mamãe esta conversando com uma senhora.

— Vou até lá. – Davis deu um beijo em Sarah e saiu.

— Hannah... – Sarah se aproximou – O Davis me disse que você iria acompanhar o Billy hoje lá na prisão pra ele ver seu pai.

— Sim! – disse suspirando.

— E como foi?

— Só sei que foi... pelo jeito muito ruim. Ele saiu péssimo.

Sarah balançou a cabeça inconformada.

— É bem difícil pra ele. Por isso temos que lhe dar todo o apoio.

— Sim!

Sarah sorriu pra mim e pegou minha mão.

— Ele gosta muito de você Hannah! Alem dos amigos, ele tem que ter o apoio da menina que ele ama.

Acho que eu fiquei corada, pois Sarah riu um pouco.

— E-Eu sei!

— Ele disse se viria hoje? – perguntou Sarah.

— Ele disse que não viria. Não estava no clima pra festas.

— Entendo.

Algumas pessoas chamaram Sarah que pediu desculpas e se separou de mim. Percebi que fiquei sozinha. Todos os outros estavam acompanhados. Mesmo que eu me de bem com os amigos de Davis, mesmo assim não consigo ser tão próxima.

— Aí esta você!

Uma voz conhecida me chamou. Me virei e vi que era Sasha e J. Fiquei aliviada em ver meus amigos. Os dois se aproximaram. Estavam bem vestidos.

— Vocês estão muito bem! – disse os admirando.

Sasha fez carão me fazendo rir. J a olhou de um jeito engraçado.

— Bem, não é todo dia que somos convidados a festas legais assim.

Ri.

— A Sarah nos ligou e nos convidou.

A Sarah era demais. Ela sempre gostou de Sasha e J.

— Legal! – disse.

— Humm...só tem gente mais velha aqui! – disse Sasha baixinho. Lhe dei uma cotovelada. – Ai!

— Psssiu! É a festa de aniversario de casamento dos pais da Sarah!

— Oh! Foi mal! Acho que eu não havia entendido direito quando a Sarah me disse ao telefone. Cabeça de vento a minha! – disse ela dando um sorriso forçado.

Balancei a cabeça rindo. Essa garota é uma figura.

Alguns minutos depois o casal da festa deu um discurso agradecendo a todos pela presença. Um vídeo feito por Sarah para os pais emocionou a todos. Havia fotos de quando os dois eram jovens, quando começaram a namorar, o casamento e logo a vinda de Sarah. Algumas fotos aleatórias foram colocadas também. Uma trilha dos anos 80 foi o que embalou o vídeo.

Depois que o vídeo terminou, todos aplaudiram. Passado a emoção do vídeo, todos foram para seus lugares às mesas que foram colocadas no jardim dos fundos. Procurei minha mãe para ficar com ela. Eu a achei junto com a mesma senhora que estava conversando antes.

— Oi mãe! – me aproximei.

— Querida, venha! Guardei um lugar pra você, a não ser que queira ficar com seus amigos!

— Fico por aqui mesmo! – disse olhando para trás para chamar Sasha e J. Eu os avistei e fiz sinal para se sentarem comigo.

Me sentei e percebi que a senhora estava conosco na mesa.

— Filha!

— Sim.

Eu olhei para minha mãe e para a senhora ao seu lado. Na verdade eu a olhei bem agora. Não era uma senhora idosa, era uma mulher na beira dos 40 anos ou um pouco mais. Ela era bonita e pelas suas roupas, parecia elegante. Tinha cabelos castanhos e olhos cinzas. Ela sorriu para mim e eu retribuí. Era simpática.

— Essa é Aurora Albertini. Ela e a família se mudaram para cá essa semana.

— Legal! Seja bem vinda você e a sua família! – disse.

— Obrigada! Sua filha é encantadora Brenda! – disse ela de um jeito estranho. Com sotaque.

Minha mãe sorriu pra ela e depois me olhou. Não me sinto bem com muitos elogios, fico logo corada. Pra disfarçar olhei para o lado e vi que Sasha e J se aproximavam.

— Fiquem com a gente. – disse a eles assim que se aproximaram.

Eles concordaram e se sentaram conosco. Minha mãe apresentou meus amigos a senhora Albertini. Ela como sempre, foi muito educada.

— Com licença. – alguém disse se aproximando.

Um homem alto de cabelos escuros e olhos azuis se aproximou da mesa. Ele sorriu e nos cumprimentou. Se sentou ao lado da senhora educada.

— Esse é meu marido, James Albertini.

— Muito prazer! – disse o homem sorrindo.

Começamos a conversar com eles e descobrimos muitas coisas. Eles vieram da Itália. Isso explica o sotaque! Tanto Aurora como seu marido James eram italianos. James tem um pé na Inglaterra, já que sua mãe era britânica e seu pai italiano. Já Aurora é 100% italiana. Mas aprendeu inglês quando era jovem por causa das viagens de intercambio que fazia. Eles decidiram se mudar de Seattle para a nossa cidade. Eles eram bem viajados...e ricos pelo que eu pude perceber. Aurora era empresaria, abriria sua loja de roupas na cidade. James seria o gerente de uma empresa multinacional na cidade próxima a nossa.  Eles tinham um único filho, o Nico.

— Humm, e quantos anos o Nico tem? – perguntou Sasha curiosa.

Aurora sorriu.

— Ele tem 18 anos!

— Então pelo jeito ele vai estudar com a gente! – disse Sasha animadinha. J a encarou serio.

— Com certeza sim! – disse Aurora. – Ele é um ótimo aluno e vai trabalhar no jornal da escola.

Eu e Sasha nos olhamos.

— No jornal? – perguntamos juntas.

— Minha filha e os amigos trabalham no jornal da escola! – disse minha mãe.

— Que ótimo! Fico feliz que meu filho possa fazer amigos.

— Tenho certeza que Hannah e os amigos tratarão bem seu filho. – disse minha mãe.

— Tenho certeza.

— O Nico é um garoto inteligente, mas às vezes precisa de freios. Mas o gosto dele pelo jornalismo faz com que ele fique bem – disse James.

Eu e Sasha nos olhávamos curiosas.

— O nome dele é Nico mesmo? – perguntei.

— Não! – Aurora riu – Desculpe, esse é o apelido. Já nos acostumamos assim. O nome dele é Nicholas.

Eu e Sasha nos olhamos novamente. Era o bendito Nicholas que ficaria com o assunto dos esportes no jornal.

— Nosso líder falou dele mesmo. Ele pensou que não apareceria na escola. – disse Sasha.

— Chegamos essa semana, mas já mandei uma mensagem à escola explicando o motivo da falta dele na primeira semana de aula. – disse James.

Ate que enfim iríamos conhecer Nico, ou Nicholas. Nosso líder iria respirar aliviado.

A festa durou mais umas quatro horas. Minha mãe decidiu que já era hora de irmos embora. Carly já havia se entregado ao cansaço. Nos despedimos dos Albertinis. Falamos com Davis e ele disse que dormiria na casa da namorada. Assim logo fomos embora.

Mamãe iria levar Sasha e J em casa. No caminho, Sasha só falava do tal Nico. Percebi que J só respirava fundo.

— Já chega Sasha! Na segunda você vai ver esse cara! – disse ele chateado.

Eu e minha mãe nos olhamos e sorrimos.

— Calma Jeizinho! Eu só estou empolgada com a novidade! Não é todo o dia que tem gente nova no jornal.

J bufou.

— Ele deve ser esses mauricinhos engomados. – disse J.

— Tá com ciuminho! – disse Sasha apertando as bochechas de J como se faz com crianças pequenas e bochechudas.

— Eu não!

Deixamos Sasha e J em suas casas. Depois fomos para a nossa. Ao chegar, mamãe levou Carly para seu quarto e eu fui para o meu. Tomei um banho e logo me arrumei para deitar. Tinha deixado meu telefone em casa e fui ver se tinha alguma ligação ou mensagem. Havia uma mensagem. Era de Billy. Sorri e fui ler.

 

“Boa noite Hannah. Bons sonhos! Bjos”

 

Fiquei lendo e relendo. Sorria feito uma boba. Me deitei e fiquei vendo minhas mensagens no Facebook. De repente uma me chamou atenção. Não era mensagem, mas sim uma solicitação de amizade. Abri o perfil e vi quem era, ou seja, o nome era bem familiar. Não conhecia pessoalmente, mas sei que logo o conheceria, por isso não aceitei de cara.

Com certeza J estava errado. Nico Albertini era totalmente o contrario de mauricinho.


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