Revenge Angel escrita por V Giacobbo


Capítulo 1
When all began


Notas iniciais do capítulo

Capitulo definitivo.
Capitulo escrito ao som das músicas da banda Evanescence. Quem quiser ouvir, poderá ajudar na construção o clima.



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A chuva batia violenta contra a janela de meu quarto. Sentada sobre minha cama, eu me ocultava na escuridão, abraçando minhas pernas e apoiando a cabeça nos joelhos. Ocasionalmente, raios e relâmpagos clareavam o céu e o assoalho de madeira. Quando isto acontecia, eu me via refletida no espelho pregado na parede oposta a cama.

Aquela, contudo, não era eu. Eu me negava a aceitar que aquela imagem pálida, com o rosto marcado por lágrimas e uma cicatriz, e os cabelos caindo bagunçados e mal cortados nos ombros, fosse eu.

Tudo havia mudado tão rápido. Eu já não era o que eu fora há uma semana. A garota que cursava o quinto ano de Hogwarts não era a mesma sentada na cama. Eu estava diferente, não só física como mental e emocionalmente.

E era tudo culpa dele.

Severo Snape.

Minha mente não conseguia formular pensamentos sobre o meu terrível presente ou o imprevisível futuro. Eu só via o meu caótico passado.

Meu passado, outrora feliz e bonito, se desvanecera quando os comensais invadiram Hogwarts. Eu estava lá. Lutei contra eles, como meus amigos e os professores e outros bruxos, que eu sabia pertencerem à Ordem da Fênix. Como eu sabia? Essa habilidade não pertence ao meu eu presente, somente ao passado.

Eu conseguia ler mentes. Não todas, mas algumas. Nunca consegui ler as mentes dos meus melhores amigos. Entretanto, a mente de Harry Potter era facilmente acessível. Eu sabia tudo o que ele sabia, e um pouco mais, pois minha mente era mais bem estruturada e eu conseguia analisar e compreender tudo o que captava dele. Portanto, eu conhecia cada membro da Ordem da Fênix ali presente.

Eu, ao lado daqueles que eu via como heróis, lutei contra os comensais no corredor de acesso à Torre de Astronomia. Meus amigos estavam ali ao meu lado, duelando bravamente. Eu os protegia tanto quanto possível. Minha mente, mais poderosa que a deles, permitia-me fazer coisas que mais ninguém fazia. Os feitiços, que eles não conseguiriam defender ou desviar, mudavam de trajetória conforme minha vontade. Era fácil duelar contra comensais quando era possível manipular os feitiços e lançá-los para qualquer direção que se quisesse. Entretanto, eu tinha um segredo a zelar e não podia fazer isto sempre, somente quando extremamente necessário.

Foi quando ele chegou, Snape. Todos ficaram felizes quando ele apareceu correndo pelo corredor. Porém, ele passou por nós sem nos ajudar ou dirigir um olhar sequer, apenas adentrou pela porta que dava acesso a Torre.

- Alguma coisa está acontecendo lá em cima. – ouvi Gaby, minha melhor amiga e prima, dizer para mim.

Concordei. A curiosidade que vinha da voz dela passou a tomar a minha mente. Eu conseguia sentir todos a minha volta, suas mentes, suas energias. Concentrando-me ainda mais eu poderia saber o que se passava no alto da Torre. Então eu me concentrei.

Oito pessoas estavam lá. Duas delas possuíam mentes fortes demais para que eu as usasse no intuito de descobrir o que acontecia, outras quatro eram perversas e eu não atrevi a me aproximar delas, uma estava apavorada e isto não me permitiria ter uma visão clara do que se passava ali. Por fim, achei a mente que me fez sorrir intimamente. Entretanto, meu sorriso transformou-se subitamente em choque.

O que Harry Potter fazia na Torre de Astronomia?

Concentrei-me um pouco mais e entrei na mente dele sem nenhuma relutância por parte dela. Eu vi através dos olhos dele. Quatro comensais. Dumbledore à janela, fraco e desarmado. E Draco com a varinha apontada para o diretor. Outro choque estampou-se em meu interior. O que estava acontecendo?

- Severo... – para meu pavor, ouvi Dumbledore suplicar – Severo... por favor...

Senti um choque duplo, o meu e o de Harry. Vi, pelos olhos do garoto, Snape erguer a varinha.

- Avada Kedavra!

“NÃO!” – gritei em choque na minha mente quando o lampejo verde tomou minha visão.

A mente de Harry ficou atordoada demais para mim e eu me retirei dela. Entretanto, o choque ainda estava em mim. Novamente eu vi através dos meus próprios olhos, contudo, eu não via nada, via através de tudo e de todos, mirando o chão. As vozes sobressaltadas à minha volta eram apenas zumbidos distantes na minha mente em choque.

Dumbledore morrera.

- Acorde! – ouvi uma voz conhecida ordenar para mim.

Despertei instantaneamente ao reconhecer a voz. Era ele. Snape. Ele passou pela minha frente, puxando Draco. O meu monstro de ódio despertou descontrolado, eu não pude nem quis controlá-lo. Minha visão ficou vermelha, como meus olhos. Virei na direção do mais novo assassino, para tornar a mim mesma uma assassina.

- Avada Kedavra! – o grito do comensal que estava duelando contra mim chegou aos meus ouvidos, assim como o grito de pavor dos meus amigos.

Eu vi o brilho verde iluminar tudo a minha volta assim que o feitiço bateu em mim. Então eu cai, sem nenhum controle sobre meu corpo ou minha mente. Minha visão deixou de ser vermelha. A última coisa que eu vi foram os olhos negros de Snape, olhando-me por cima de seu ombro, com um sentimento que não pude distinguir, pois a escuridão me tomou e me sufocou.

Eu fiquei inconsciente, não morta. De alguma maneira eu estava viva. Acordei dias depois, na enfermaria, na madrugada que antecipou o enterro de Dumbledore. Meus amigos estavam dormindo em cadeiras à minha volta. Uma dor de cabeça me incomodava. Quando me sentei na cama, o ranger da estrutura acordou uma de minhas amigas.

- Vitória! – exclamou Glenda.

Os outros acordaram sobressaltados. Em seguida, exclamações de surpresa e felicidade partiram de todos. Seus braços voaram em torno de mim e me apertaram.

- Você deu um susto na gente. – suspirou Tiago, meu amigo de infância e o garoto que eu gostava.

- O que aconteceu? – minha voz saiu rouca e forçada.

Eles me explicaram tudo o que havia acontecido desde o momento que eu passei a me concentrar. Contaram que Draco havia fugido com os comensais. Snape também. Somente à menção deste nome fez meu sangue ferver e a dor de minha cabeça piorar.

- O que você estava fazendo? – perguntou Rafael, meu amigo e confidente.

Mordi meu lábio e olhei minhas mãos. Pensei no que acontecera, no que vira através dos olhos de Harry Potter. Tudo fazia um diabólico sentido, até minha mente retornar ao meu corpo e Snape ordenar que eu acordasse. Por que ele havia feito isto? Mandando-me acordar para a batalha que se seguia? Ele era um assassino, por que se importaria com a minha vida? E aquele olhar? Os olhos negros olhando para mim com aquele sentimento que eu não conseguia classificar ou compreender.

- Vitória? – chamou-me Layla.

- Eu... – olhei para todos – Eu estava vendo o que acontecia na Torre.

Assisti as reações de espanto deles com indiferença. O olhar de Snape ainda tomava meus pensamentos.

- O velório será hoje. – informou-me Gaby.

Eu suspirei. Todos eles sabiam o quanto eu gostava de Dumbledore. Apesar do ano conturbado que o ex-diretor tivera, ele conseguiu me ajudar. Defendeu-me de meu pai ou de quem eu, na época, chamava de pai. Afinal, eu não conseguia ler mentes e manipular a trajetória de feitiços simplesmente por conseguir. Eu aprendera a fazer isto com aquele homem. Durante todas as férias de verão ele me ensinava, me treinava. Dumbledore me protegeu quando o homem quis me treinar enquanto estudava. Dumbledore atendeu ao meu pedido. Eu não queria treinar em Hogwarts.

- Como está o Potter? – perguntei no intuito de afastar as lembranças que me deixariam tristes a ponto de chorar.

- Aparentemente, bem. – respondeu-me Gaby.

Ela era a única que poderia saber esta resposta. Nós duas éramos da Grifinória, assim como o garoto.

- Aparentemente... – repeti, olhando minhas mãos novamente.

- Quando você sair daqui, descobre a verdade. – disse Tiago e, pelo tom de sua voz, soube que estava sorrindo.

- É. – confirmei.

Entretanto, quando sai da enfermaria e dirigi-me à Sala Comunal da Grifinória, não consegui descobrir nada. Vi Harry Potter sentado em um canto e, embora olhasse para ele e me concentrasse, não consegui nada além de aumentar minha dor de cabeça.

Mais tarde, naquele mesmo dia, eu e meus amigos nos dirigimos aos jardins e nos sentamos nas cadeiras brancas para acompanhar o velório. Quando Hagrid trouxe o corpo de Dumbledore, minhas amigas começaram a chorar. Tiago, sentado ao meu lado, pegou na minha mão e a segurou com força, me confortando. Contudo, eu não precisava de conforto. As lágrimas não vieram aos meus olhos naquele momento e em nenhum depois daquele.

Quando o velório terminou e as pessoas começaram a se erguer e ir embora, eu vi Harry Potter levantando-se e afastando-se de seus amigos, indo caminhar perto do Lago Negro. Olhei para meus próprios amigos. As garotas ainda choravam. Tiago olhava para mim e Rafael abraçava Glenda.

Soltei minha mão e me ergui. Não falei nada e não olhei para ninguém. Afastei-me e dirigi-me ao Lago Negro na direção oposta à do menino-que-sobreviveu. Enfiei as mãos nos bolsos do sobretudo e caminhei em silêncio, olhando o horizonte. A minha dor de cabeça permanecia presente, irritando-me.

Parei de andar e peguei uma pedra no chão. Virei para o lago e joguei-a de maneira que quicasse. Contudo, ela afundou na primeira batida. Ergui uma sobrancelha. Afinal, eu sempre conseguia fazer as pedras quicarem. Peguei outra pedra e arremessei-a, concentrando-me para que ela quicasse. Uma pontada na cabeça me fez fechar os olhos e o som da pedra afundando chegou até mim.

Permaneci de olhos fechados. Havia algo de errado comigo. Muito errado. De fato, eu não conseguia apenas modificar a trajetória dos feitiços, mas sim de qualquer objeto. Usando a minha mente eu conseguia fazer estas coisas.

Abri os olhos e fitei a areia, concentrando-me para que alguns grãos flutuassem. Eles sequer tremeram.

- Vitória?! – a voz calma de Rafael retirou-me da minha concentração.

- Que? – perguntei, virando-me para ele.

- Tudo bem? – ele retrucou outra pergunta, colocando-se ao meu lado.

- Sim. – menti, ocultando minha surpresa por não conseguir utilizar de minhas habilidades.

- Ouvi a diretora McGonagall dizendo que Hogwarts corre o risco de fechar. Horrível, não é? – ele parecia realmente preocupado.

Rafael morava em Londres, em um orfanato. Todos os planos que ele tinha para o futuro se sustentavam no seu diploma de Hogwarts. Ele não saberia o que fazer de sua vida se não terminasse os estudos.

- Vai ficar tudo bem. – garanti a ele com um sorriso.

Ele me olhou com aquele olhar típico dele, o qual me dizia que ele não acreditava no que eu dissera, embora rezasse para que fosse verdade.

- Você estará aqui, em setembro, não é? – ele captou o meu jeito diferente, as minhas tentativas de ocultar o que me preocupava e o que eu tentava decidir.

- Para onde, afinal, eu haveria de ir? – respondi com outra pergunta, o sorriso sumindo de meus lábios e meus braços abraçando-me.

- Olha. – pediu Rafa.

Eu o fitei. Os olhos verdes dele se fixavam no local do velório. Segui-o e avistei meus outros amigos, já de pé, acenando e nos chamando.

- Vamos? – Rafa sorriu levemente para mim.

Eu fitei meus amigos distantes por alguns segundos e suspirei ao dirigir meu olhar para o túmulo branco que brilhava ao sol. Rafa percebeu minha decisão.

- A gente se vê mais tarde. – ele me puxou para um abraço, o qual retribui com força.

Eu adorava aquele sonserino. Ele me entendia mais do que os outros. Ele confiava a mim seu maior segredo e eu confiava a ele meus sentimentos e pensamentos. Um beijo na minha cabeça foi o ato de despedida dele. Vi-o afastar-se, nós dois em silêncio. Voltei meu olhar para o lago. Pensei no que estava acontecendo comigo. No que eu devia, mas que não conseguia, fazer.

Não sei quanto tempo fiquei ali. Apenas notei que estava completamente sozinha quando avistei o local do enterro e não havia mais ninguém, nem mesmo as cadeiras brancas. Suspirei e comecei a andar na direção do túmulo branco. De fato, eu admirava Dumbledore como a nenhum outro bruxo. Parei ao lado de seu túmulo e fitei a superfície branca.

A traição era o pior dos atos dos homens. Snape traíra não somente à Dumbledore, mas a toda Hogwarts. Minha dor de cabeça piorou ao pensar no assassino. Algo além das minhas forças me impelia a pensar que Snape escaparia do Ministério. Eu aceitei o pensamento como verdade. O Ministério deixava qualquer comensal idiota escapar, imagine o que eles não fariam com Snape? Um exímio duelista e mestre em poções? Nenhum auror era páreo para ele.

Trinquei os dentes por instinto. Senti tanta raiva que esperei por uma risada do meu monstro de ódio começar a troçar de mim em minha mente. A risada não veio e eu me senti livre para ficar com toda a raiva que eu quisesse. Snape tinha que pagar.

Fechei os olhos e as lembranças de Dumbledore me tomaram. Sua bondade e confiança e tudo o que me fazia admirá-lo. Além da raiva, senti a tristeza me inundar como uma onda sem controle. Depois, uma chama negra se ascendeu em meu peito. Algo que eu nunca sentira antes. Todo o oceano de tristeza foi evaporado e a raiva serviu de combustível para a chama que se tornou um incêndio.

Sim. Snape tinha que pagar. Se o Ministério não o fizesse, eu o faria. Eu era mais forte que os bruxos, tanto os normais quanto os levemente poderosos. Snape cairia de joelhos com um único pensamento meu.

Abri os olhos e saquei a varinha. Com um aceno, cortei a palma de minha mão esquerda. O sangue escorreu e pingou no chão. Eu fitei o reluzente túmulo branco.

- Snape pagará... – disse firme e determinada – Eu prometo!

Uma dor estridente tomou minha mão ferida. Olhei-a e sorri. Estava feito. Uma Promessa de Sangue. Algo que apenas a minha raça podia fazer. O corte que eu havia feito estava cicatrizado e cruzava minha palma com um fio pálido. Admirei o túmulo branco e me inclinei, despedindo-me, talvez para sempre, daquele lugar.

A viagem de retorno à Londres foi sinistramente silenciosa. Enquanto todos os meus amigos estavam presos em seus próprios pensamentos, eu me tranquei no interior de minha mente. Cada minuto que se passava, eu adentrava ainda mais fundo, procurando alguém que havia sido preso lá dentro.

Eu sofria de dupla personalidade. Entretanto, não era uma dupla personalidade como a dos trouxas. Quando eu nasci, eu era apenas eu. Não possuía essa segunda mente tentando tomar o controle de meu corpo. Ela surgiu depois, em uma experiência demoníaca do homem que me gerou. Para ele, essa outra mente era verdadeira sua filha. Eu, Vitória, era apenas alguém que cuidava do corpo da outra até que ela pudesse comandá-lo.

Allison era o nome dela. Ela se chamava assim. Ela era mais forte que eu, muito mais, porém, uma vez presa, era difícil que tomasse o poder. Ela já estava apta a tomá-lo há alguns meses.

Eu estava no ponto mais profundo de minha mente. Era ali que eu a aprisionara.

“Allison?” – chamei-a.

Não houve resposta.

“Allison?!” – chamei novamente, sobressaltada, a voz elevada.

O silêncio me fez tremer. Eu estava certa. Algo de muito errado havia acontecido comigo.

- Vitória?!

Abri os olhos assustada. Todos olhavam para mim e me chamavam enquanto Layla me chacoalhava violentamente.

- Para! – ordenei, empurrando seus braços para longe de mim.

- O que aconteceu com você? – questionou Gaby, intrigada.

- Nós já chegamos! – informou Glenda, o olhar preocupado.

- Já? – perguntei chocada.

Eu fechara os olhos por poucos minutos logo no inicio da viagem.

Eles me olharam. Preocupação inundava suas expressões e olhares.

- Vamos logo. – pedi, levantando-me para pegar meu malão.

Na estação 9 ¾, minha mãe me esperava, de braços abertos. Corri até ela e me joguei em seus braços, um abraço apertado me envolvendo.

- Tudo bem, querida? – perguntou ela com sua voz doce, beijando minha cabeça.

- Agora sim. – respondi, ocultando a mentira.

- Tia! – ouvi a exclamação de Gaby alguns passos atrás de mim.

- Gabriela! – minha mãe sorriu quando eu a soltei.

Vi o rosto de Gaby se contorcer. Ela odiava ser chamada pelo nome inteiro.

- Desculpe-me. – riu minha mãe – Gaby.

Elas se abraçaram.

Olhei em volta. Muitas famílias estavam ali. Porém, nenhuma fazia como a minha. Os alunos desciam, os pais os pegavam pelas mãos e os conduziam à saída com rapidez. Pude sentir o medo emanando daquelas pessoas. Eu não precisava da minha mente para isto. Estava em suas expressões mal ocultadas e nos olhares opacos.

- Vamos? – minha mãe retirou-me de minha análise.

- Sim. – respondi.

- Até setembro. – desejaram-me meus amigos.

Eu os abracei, um por um. Depois de ter abraçado a todos, olhei no fundo dos olhos das garotas. Elas sorriram para mim e eu retribui. Um abraço múltiplo finalizou a despedida e eu me senti completa entre seus braços.

Enquanto me afastava, pude ouvi um suspiro mal ocultado.

- Algo a perturba.

Não consegui distinguir a voz que pronunciara. Somente respirei fundo e me preparei para o que me encontraria em casa.

Eu morava em Oxford, em um bairro de classe média. Vivia entre os trouxas, mas não convivia com eles. Assim que eu adentrava pela porta, o mundo lá fora era completamente esquecido. Desta vez não foi diferente. Quando entrei na sala todas as minhas preocupações se direcionaram para o que viria a seguir. Eu teria que enfrentar o homem que me gerara. O homem que idolatrava Allison, a minha segunda personalidade que não mais existia.

Subi as escadas até o meu quarto, realizando atos de rotina. Deixei o malão ao pé da cama e dirigi-me ao banheiro. Um banho rápido tirou todo e qualquer sinal de viagem de meu corpo. No meu quarto, vesti as roupas que utilizava nos treinos. Totalmente negras, shorts curto, regata, tênis e sobretudo.

Dirigi-me ao espelho, oposto à cama, e trancei meu cabelo castanho, que caia na cintura, com o máximo de perfeição que podia. Enquanto movia meus dedos e mãos como um todo, fitei meus próprios olhos. Castanhos e azuis, este no exterior e aquele no interior de minhas íris. Conforme o dia e meu humor, o castanho ou o azul chamava mais atenção, esse foi o motivo para que eu classificasse meus olhos como caóticos.

Quando o cabelo estava pronto, caminhei até a escrivaninha e retirei o colar prateado que usava. Guardei-o na gaveta, admirando a beleza do pingente em formato de lua crescente. Sobre a madeira havia um coldre de couro negro, peguei-o e o prendi na coxa direita. Ali permanecia o meu sabre azul, a arma que a minha raça utilizava para lutar. Como os bruxos usavam varinhas, nós usávamos o sabre.

Desci as escadas, o sobretudo farfalhando nas minhas costas. Passei pela minha mãe, na cozinha, ela preparava um lanche para mim.

- Estou sem fome. – sorri educada.

- É para seu irmão. – ela sorriu de volta – Ele deve chegar em breve.

Forcei um sorriso feliz e sai da cozinha pela porta dos fundos. Luigi, meu irmão mais velho. Não era bruxo como eu e minha mãe. Ele era dominado pela raça do homem que me gerou, pela raça que cobria apenas metade de meu DNA. Ele me odiava e o sentimento era recíproco. Eu via claramente a inveja em seus olhos. Ele saíra em viagem poucos dias depois do inicio das minhas aulas, no ano anterior. Agora, com seu retorno, meu futuro seria ainda mais imprevisível.

Na parede lateral da casa estava a entrada para o subsolo, onde eu e meu irmão treinávamos. Lá embaixo havia um corredor revestido de pedras. Caminhei silenciosa por ele. Eu não precisava da minha mente para não fazer barulho algum, eu aprendera isto por instinto.

Alguns metros de caminhada me levaram a uma sessão de portas. Ignorei-as e me dirigi à porta do final do corredor, que estava aberta.

Assim que entrei eu o vi, de costas para mim, mexendo com algo na escrivaninha. Por ser perfeitamente silenciosa, ele não me ouviu entrar e, para minha surpresa, não me sentiu. Normalmente, ele sempre sabia quando eu estava em casa. Ele me aguardava, ereto e imponente, olhando através da porta. Contudo, hoje não.

Ajoelhei-me, como de costume, sobre o joelho esquerdo e inclinei a cabeça.

- Mestre. – disse tranquila, apesar do coração disparado.

Ouvi a inspiração forte dele, indicando o susto. Apesar da cabeça abaixada, eu podia ver seus pés. Ele se virou para mim e paralisou. Estipulei que ele pensava o porquê de não poder mais me sentir. Depois, deu dois passos na minha direção e uma parada brusca interrompeu sua caminhada. Um de seus pés retrocedeu.

- O que você fez? – ouvi a voz grave tomar um tom ultrajado.

- Eu não... – iniciei ainda tranquila.

- O que você fez?! – gritou ele, os pés de repente próximos demais.

Eu ergui a cabeça pra olhá-lo. Eu não tinha mais meus reflexos super-aguçados então, eu apenas senti o impacto ao invés de prevê-lo. No segundo depois, eu estava no chão. A lateral direita de minha cabeça latejava, meu rosto ardia e um zumbido no ouvido me atordoava. Ele havia me batido, pela primeira vez em toda a minha vida, ele o fizera fora do treinamento, apenas por raiva.

Senti meus cabelos serem puxados com violência. Gemi de dor, deixando-o erguer-me. Fixei meus olhos nos azuis claros, escurecidos pelo ódio, dele.

- O que você fez? – ralhou ele entre dentes, o rosto aproximando-se do meu – Onde está Allison?  - perguntou com outro puxão de meu cabelo.

Mordi o lábio, reprimindo o gemido dolorido. Engoli em seco e o encarei determinada.

- Ela foi atingida pela Maldição da Morte. – respondi – Ela tomou o controle no meio de um duelo que eu travava e foi atingida.

- Morta?! – perguntou ele a si mesmo, ignorando que me segurava pelos cabelos.

- Eu não pude fazer nada. – apressei a dizer, antes que ele fosse violento novamente – Ela me expulsou do controle mais rápido do que o normal e eu não tive tempo de sequer pensar em retomá-lo.

- Cale-se. – ordenou ele, desferindo outro tapa em meu rosto.

Preferi ficar no chão, ambos os lados da cabeça latejando. Acompanhei os pés dele caminharem de um lado para o outro. Ergui o olhar para estudar sua face. Era a primeira fez que o via perdido, parecia não saber mais como viver. Quando ele parou, novamente não consegui prever seus movimentos.

Meus olhos arregalaram-se, minha boca se escancarou e um gemido subiu pela minha garganta. Meu estomago revirou e minhas entranhas contraíram-se doloridas. Fui jogada, pela força de seu chute, contra a parede de pedra. Minha nuca bateu com força e, mais uma vez, fiquei atordoada.

O próximo ataque não foi físico. Embora eu preferiria que o tivesse sido. Senti minha mente contrair-se com o golpe. Eu já havia sofrido muito durante os meus dezesseis anos de idade e aprendera a não gritar com a dor. Então, eu não gritei nem gemi. Enquanto ele me atacava mentalmente eu apenas me debatia. Era como ser atingida pela Maldição Cruciatus, só que pior.

Não sei quanto tempo se passou. Pareceu ser uma eternidade, porém, eu suspeitava que fosse pouco mais de alguns segundos. Quando ele parou, minha respiração estava descompassada e impotente. Meus pulmões doíam.

Agora eu não queria ficar ali. Queria fugir dele, ir para perto de minha mãe, onde sabia que estaria segura. Tentei me levantar, mas minha garganta contraiu-se contra a minha vontade e comecei a sufocar. Era ele. Eu podia sentir seus dedos pressionando meu pescoço embora ele estivesse do outro lado da sala.

- Você merece morrer. – ouvi sua voz em tom bruto, quase insana de raiva.

- Na... – eu tentei negar, tentei pedir para que parasse, mas a pressão em minha garganta aumentou.

- É uma pena que minha esposa não consiga viver sem você. – desdenhou ele e minha garganta estava liberta.

Respirei uma golfada de ar, sentindo meus pulmões doer ainda mais. Um pensamento me abateu com força e eu não tive escolha além de ouvi-lo e estudá-lo. Ele sempre fora assim? Maligno? Perverso? Cheguei à conclusão positiva. Sim, ele sempre fora maligno e perverso. Eu apenas não notara antes, pois isto estava oculto na brutalidade de meu treinamento. Pensando bem, eu nunca fora treinada, apenas torturada. Torturada pelo homem que me deu vida.

- Contudo... – a voz brutal dele me despertou de meus pensamentos – Você não ficará impune.

Eu virei o rosto para ele. Vi-o distanciando-se e parando no mesmo local que estivera antes que eu me anunciasse, novamente de costas para mim. Quando ele se virou, um brilho atraiu meu olhar. Um arrepio tomou todo o meu corpo e senti minha expressão em choque.

Ele carregava uma arma. Um belíssimo e detalhado punhal. Sua lâmina era de prata e brilhava forte sob a luz, e seu punho era rubro como sangue solidificado. Tal comparação me fez tremer. Pude ver o brilho prazeroso nos olhos azuis dele.

- Compreendeu, não é? – ele riu, divertindo-se com meu medo – Contudo, não compreendeste tudo.

Eu tentei me levantar novamente, forçando o máximo que conseguia os meus braços, mas eles estavam fracos pela tortura mental recente.

- Este punhal foi algo que tive o orgulho de criar. Ele age como o sabre, a minha arma, porém, o ferimento cicatriza instantaneamente. Deve agradecer à minha esposa por isto. – ouvi seus passos na minha direção e o desespero me tomou.

Ele segurou meus cabelos e me ergueu com brutalidade. Jogou-me contra a parede e me manteve ali, utilizando as habilidades mentais que eu já não tinha. O punhal aproximou-se de meu rosto. Pude sentir o calor emanando de sua lâmina bela. Acompanhei a trajetória da arma enquanto ela ia na direção de minha bochecha.

- Não vai pedir para que eu não faça isto? – perguntou ele, encontrei seus olhos estudando minha face.

- Não importa o quanto eu suplique e me humilhe, você ainda o fará. – disse convicta.

- Ainda mantém sua honra e dignidade. – ele riu desdenhoso – É a única coisa que te resta além da sua vida patética.

Eu não tive tempo pra retrucar o que ele dissera. A lâmina prata tocou meu rosto, ao lado da minha orelha esquerda e a dor me fez fechar os olhos. Senti como se um ferro em brasa me tocasse. Um grito de dor nasceu em minha garganta. Entretanto, eu trinquei os dentes e não permiti que ele saísse. Cada milímetro que a lâmina me tocava, ela me queimava. Ela permaneceu por vários segundos ali, parada, queimando meu rosto.

Quando o contato finalizou, as lágrimas vieram. Senti meus olhos, mesmo fechados, ficarem molhados. Pressionei-os com força, forçando as lágrimas de volta. Eu não daria àquele homem o prazer de me ver chorando, assim como gritando.

- Não vai gritar? Nem chorar? – ele pareceu surpreso.

Eu abri os olhos e sorri desdenhosa. Mesmo que eu o tratasse com respeito, ele ainda me torturaria. Então, decidi por fazer valer. Eu o enfrentaria e o faria ter tanta raiva que nada além de minha morte o deixaria satisfeito. Assim, ele pararia. Eu não morreria pelas mãos dele, pelo menos não hoje.

- Você não é muito bom com torturas, sabia? – ri na cara dele, completamente alheia às consequências.

Ele grunhiu e afastou o punhal de meu rosto. A primeira queimadura ainda ardia, embora ele tivesse dito que cicatrizaria imediatamente. Não houve mais palavras de desdém ou ironia. Ele se manteve concentrado em me ferir. A lâmina cruzou todas as partes de meu corpo. Colo, barriga, coxas, pernas, braços e costas. Queimadura após queimadura, as dores de cada uma me atingiam com força total. Quando ele terminou o último golpe com o punhal, o primeiro ainda ardia como se acabara de ser feito.

Minha mandíbula tremia pelo esforço de manter meus dentes fechados para que nenhum grito ou gemido escapasse por eles. Eu não possuía mais o controle de meu corpo, ele simplesmente estava solto por mim e preso por aquele homem. Quando a lâmina abandonou meu corpo em definitivo e ele se afastou, eu fui ao chão. O contato com a pedra gelada foi bem-vinda, mas não o impacto da queda. As queimaduras arderam mais e eu tive a sensação de que elas estavam sendo feitas novamente.

Ele segurou meus cabelos pela trança e ergueu. Senti os fios soltos voltarem na altura de meu pescoço. Senti ele mexendo na minha coxa direita. Logo depois, vi, com os olhos semi-cerrados, ele se afastando com a minha trança em uma das mãos e o coldre negro e meu sabre na outra. Aquele era o ato formal. Agora, oficialmente, eu não era mais uma aprendiza, não era mais uma filha daquela raça vinda de longe, uma jedi. Agora eu não era nada além de uma humana qualquer.

- Saia daqui e não se atreva a voltar. – ouvi a voz dele ordenando.

Ele não se importava se eu sofria ou não, se eu conseguia andar ou não. Forcei meus braços a me obedecerem. A dor tomando meus sentidos como um todo. Consegui ficar de joelhos com muito custo. Apoiei uma das mãos na parede e a outra mantive no chão, como impulso. Fiquei de pé, minhas pernas tremendo doloridas e fracas. A porta estava há dois passos. Apoiei todo o meu corpo na pedra, tomando muito cuidado para que as queimaduras tocassem a pedra com suavidade, assim eu não sentiria mais dor.

- Não ouse dizer nada à minha esposa. – ameaçou ele – Ela não verá como você está agora.

Eu segui meu caminho em silêncio e sem olhar para trás, para o homem que me gerara; o homem que, um dia, eu chamara de pai; o homem que eu jurava nunca mais dizer seu nome, que também era o meu. A partir daquele momento eu abandonei parte de mim para trás, a parte que também morrera com Allison. Abandonei meu nome. Agora eu era somente Vitória Atwood. Nunca mais seria Skywalker.

Minha mãe me encontrou, horas depois, no meu quarto. Eu já havia tomado banho e tentava dormir, apesar de ser inicio de noite e da dor que ainda me tomava. Não comi nada durante a tarde e a dor parecia anestesiar esta falta básica em meu corpo.

- Filha? – pela distância da voz, soube que ela ainda estava na porta.

Eu estava deitada de costas para a porta. Não respondi nem me mexi. Se eu fingisse estar dormindo, talvez, ela fosse embora.

- Eu sei que você não está dormindo. – ela parecia sorrir, embora seu tom ainda fosse preocupado – Você está bem? – percebi sua aproximação.

- Sim. – sussurrei a resposta mentirosa.

Senti a cama oscilar. Ela se sentara ao meu lado.

- O que aconteceu com seu cabelo? – perguntou ela exasperada ao notar que meus cabelos estavam mal cortados e desgrenhados.

- Eu... – comecei a pensar em um jeito de lhe contar o que havia acontecido sem dizer que eu fora torturada – Ele me expulsou.

- Por quê? – ela não compreendera de imediato – Ele não pode te expulsar. Luke não pode fazer isto! Você é uma aprendiz... – Luke era o nome dele, do homem que eu renegara, que me torturara e me dera a vida.

- Não. – cortei-a rapidamente – Não sou mais.

Contei a ela o que acontecera em Hogwarts. Sobre Allison e todo o mais. Contei que eu não era mais a mesma. Ela ficou feliz por eu estar livre da minha segunda personalidade, mas lamentou pela Força ter me abandonado.

- Você quer comer algo? – perguntou ela docemente.

- Não. Estou sem fome. – fui sincera.

- Qualquer coisa me chame. – ela beijou minha cabeça e saiu.

O lençol me cobria até os ombros, ela poderia ter visto uma das queimaduras nas minhas costas, perto do pescoço. Contudo, ela não vira. Fora como ele dissera.

A noite foi ficando cada vez mais escura. Pelo relógio da cabeceira ainda não eram nem oito horas quando minha mãe voltou novamente. Ela me informou que eles iriam viajar. Ela, Luke e meu irmão. Eu não poderia ir por causa dos estudos. Ela parecia indecisa, não queria me deixar sozinha. Eu a incentivei a ir. Disse que ficaria bem e que, em qualquer eventualidade, buscaria ajuda com Tiago, que morava na rua seguinte. Com um largo sorriso ela me disse que sentiria saudades. Eu a abracei, sentindo que seria o último. Ela partiria naquele instante, pois Luke tinha pressa. Eu fiquei no meu quarto enquanto ouvia o barulho do transporte.

Pouco depois a tempestade começou a cair.

Balancei a cabeça. Todas aquelas lembranças na minha cabeça me deixaram atordoada. Fitei minha imagem no espelho novamente. Aquela era eu, não havia mais como negar. Agora eu não era a mesma garota de antes. Eu renegara metade de mim, o Skywalker que cobria metade do meu ser independente do que eu era ou não capaz de fazer.

A Força me abandonara. Agora eu era uma humana. Uma bruxa mestiça. Porém, mestiça do que? Se a Força me abandonara eu não pertencia mais à raça de meu irmão e daquele homem, eu não era mais uma jedi. O que eu era então? Quem eu era?

Agora eu não sabia mais. Conhecia apenas metade de mim. Vitória Atwood, bruxa. Apenas isto. A outra metade era um mistério que, eu sentia, não seria desvendado. Senti-me incompleta. Como se metade de mim tivesse sido arrancada sem consentimento, o que não deixava de ser verdade.

Eu só sabia de uma coisa.

Olhei para a palma da minha mão esquerda, onde a Marca de minha promessa permanecia forte. A única coisa que eu tinha certeza era aquilo.

Minha missão.

Minha vingança.

Contudo, a percepção de que eu me tornaria - e eu faria tudo para que eu me tornasse – o que Allison queria ser, ou seja, uma assassina, fez-me pensar em outra coisa.

Eu amava minha mãe. Ela era a única pessoa no universo que me amava incondicionalmente, independente do que eu fosse. Porém, se eu me tornasse uma assassina, ela ainda me amaria? Afinal, eu estaria manchando a honra de seu nome. Não apenas a honra seria posta de lado, mas também todas as virtudes e ensinamentos que ela me dera. Eu me tornaria alguém que, definitivamente ela não gostaria. Eu estaria me tornando alguém muito parecida, se não igual, à Allison. De fato, Allison era a única pessoa que minha mãe odiava em todo o universo.

Eu havia feito uma Promessa de Sangue e isto não poderia ser desfeito. Era como o Voto Perpétuo dos bruxos, que apenas te matava se não fosse cumprido. A Promessa de Sangue era diferente. Ela não te matava, mas te torturava. Cada dia que se passasse, desde realizada, a Marca da promessa começaria a dar sinais. Primeiro uma ardência e, com o passar do tempo, uma dor cada vez mais acentuada. Aquela Marca era a única que eu aceitava, dentre todas as cicatrizes, pois eu tivera a escolha de fazê-la, não me importando com a dor que ela poderia me ocasionar.

Eu estaria sendo orgulhosa demais escolhendo minha vingança ao amor de minha mãe? Ou seria ao contrario? Eu não saberia responder. A única coisa que eu tinha certeza é que, mais cedo ou mais tarde, eu teria que abandonar todo o resto do meu mundo para seguir naquela missão. Certamente chegaria um dia em que a dor da cicatriz me deixaria fora de mim, uma louca capaz de fazer qualquer coisa para que a dor parasse. Seria horrível, não só para mim, mas como para minha mãe também, que isto acontecesse.

Eu bufei quando me lembrei de que minha mãe acabara de partir em uma viagem que poderia demorar mais de um ano. Fiquei surpresa ao pensar, inconsciente, se eu conseguiria matar Snape em menos de um ano. Parei para analisar a alternativa que parecia insana.

Será que eu conseguiria achá-lo? Um comensal frio e calculista que, provavelmente, escaparia de todos os aurores? Agora eu já não tinha minhas habilidades para me ajudar. Eu teria que achá-lo na sorte, pior que uma trouxa procurando uma agulha no palheiro. Entretanto, somente de pensar em não tentar, em não sair à procura, à caça, eu me senti mal. Senti que minha honra e dignidade estavam sujas pela minha falta de coragem.

Diabos! Eu era uma grifinória! Eu devia enfrentar o perigo, os riscos e tudo o mais.

Um raio caiu em algum lugar próximo e seu som fez a janela tremer. A natureza confirmara e consentira com a minha decisão, a minha escolha.

Eu lutaria, buscaria, caçaria. Faria tudo o que pudesse e o que não pudesse também. Que se danassem as consequências. Como Luke dissera, eu não possuía nada além da minha vida, da minha honra e da minha dignidade. As consequências que pudessem vir depois que eu me tornasse uma assassina não me tirariam nada disto. É claro que, durante o processo de caça, luta e assassinato, eu poderia morrer e, com absoluta certeza, perderia minha honra. Mas seria a minha vida e a minha honra.

Entretanto, minha honra estava ligada ao nome de minha mãe, à honra dela. Bufei com este fato. Não havia outra saída além da rejeição.

Eu rejeitara primeiro Luke Skywalker. Agora, eu rejeitava também minha mãe, Alice Atwood. Ela não merecia ter uma filha assassina mesmo. Se eu não me considerasse mais filha dela, ela não teria que me amar e estaria livre para me odiar, quando retornasse.

Esse era o começo da minha nova vida. Da minha vida baseada na vingança e no ódio.

Nunca mais Skywalker.

Nunca mais Atwood.

Apenas Vitória.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.
Fic baseada em meus devaneios mais insanos.
Aguardo reviews com opiniões sinceras.
Se estiver ruim, critique.
Se estiver bom, elogie.
Seja verdadeiro.
Fics não se constroem apenas com o trabalho do autor. Os leitores devem ajudar.
Então, ajude!
Mande seu review!



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