E Eu sou o Amor da Sua Vida? escrita por Lady Lupin Valdez


Capítulo 22
Quase tão alto quanto as nuvens


Notas iniciais do capítulo

:o Por Dieu...
Na realidade, eu não sei como tive coragem de postar esse capítulo, ele ficou grande, reeditei mais de uma vez e não consegui que ficasse menor, então; eu espero que gostem desse capítulo, e novamente; preciso diminuir o número de palavras, mas, não consigo evitar em colocar muitos detalhes. Mal de autor ;)


~Enjoy!!♥♪♫



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Mika

Eu sou louca.

Pelos céus; como eu amo essa parte louca em mim!

Eu não pensei no Cainan, eu não me senti como se estivesse com Armin. Era apenas eu, Victor rodeados de livros na biblioteca.

Eu queria gritar agora, mas, não. Eu dei um selinho do garoto que eu estava a fim, mesmo namorando com um cara na qual aparentemente eu estou brigada. Brigada ou de cara virada, ou agindo estranhamente; independente... Porque eu fiz aquilo? Além de um selinho, eu queria dar um beijo. Foi quase perfeito. Eu o peguei de surpresa e foi o além do romântico para mim, foi sobrenaturalmente novo. Eu nunca abracei Cainan na biblioteca, nem peguei em sua mão, muito menos dei um selinho ou fiz qualquer coisa que indicasse meu carinho por ele ali. Pelo simples fato de que ele nunca vinha a biblioteca comigo, nem por mim, nem quando eu estava aqui; eu estava determinada de algum modo a ficar com ele. E isso poderia me engrandecer ou me arruinar;

Mas, como eu me arrependo também. Eu estou nervosa.
Eu não sei por que eu fiz aquilo...
Eu simplesmente agi por impulso.
Não impulso; impulso é uma ação de uma força. Talvez; a minha força naquele segundo foi querer beija-lo; mas no segundo eu não podia aprofundar aquilo; e se desse errado? Mal nos conhecemos, mas, eu acho que sim. E sinto que ele gostou. Não reclamou, resmungou, negou, murmurou. Nem nada. Apenas, ficou ali comigo. Ok; de surpresa e daí?

Ficamos olhando um para o outro, sem graça, virei-me para a entrada, esperando que Dion meu supervisor fosse para outra sala, menos a que eu estava. Não há nada de errado em ele me ver em qualquer outra sala daquela enorme e magnifica biblioteca; aliás, eu estava em horário de almoço e estava em descaso, em pausa; o problema não era esse. O problema era o que eu não estava estudando. O problema é que meu trabalho nem é esse. Não é aquele “Posso lhe ajudar?” O meu trabalho no momento não era apenas de escrever e adicionar no sistema os novos livros que chegaram e encomendar os que faltavam. Também era de dar conta dos que não foram devolvidos no prazo e avisar ao sistema que havia livros faltando e estava na posse de outras pessoas. Então; ajudar pessoas não incluíam no que eu devia fazer naquele meu expediente. Se Dion me visse fazendo algo semelhante ele não iria gostar. Porque, está errado, porque não é certo, só estou fazendo o trabalho do Armin enquanto ele está de recuperação. E naquela manhã, ele havia dito que me amava. Talvez da boca pra fora, ou do coração pra fora.

Mas, eu e Victor estávamos sem dizer nada, apenas se encarar e virar o rosto para os lados. Estávamos com vergonha? Ele é um amor de pessoa, é exatamente a minha pessoa favorita, do dia para a noite, de repente, de um olhar para outro. Se naquele dia eu não tivesse me tornado uma monitora, eu não estaria na recepção; se eu não estivesse na recepção, não teria olhado naqueles olhos que parecem um céu; podem ser castanhos, mas não tem nada melhor do que um par de olhos castanhos. E então eu teria meu namoro completamente estranho com o Cainan e talvez, aquela briga no dormitório não tivesse sido tão avassaladora. Porque, eu estaria feliz em ser disputada por Armin, o que deixaria Cainan com raiva e nossa; eu estaria realizada. Não estaria preocupada com uma outra pessoa, estaria entre duas, não teria uma terceira para impressionar. Se... Observando e imaginando bem...

 Talvez eu estaria aqui sozinha mesmo. Porém, é tão bom sentir o coração bater irregularmente e forte. Sentir as mãos suarem, e o estomago agir estranho; se sentir ansiosa... Isso é simples, mas, é ótimo. Eu sorri e ele ficou vermelho abaixando a cabeça. Quando eu pensei que ia dizer alguma coisa, fui chamada.

 -Ora, ora, Mademoiselle Moniteur... – Me virei rapidamente para o lado soltando as mãos de Victor e me afastando um pouco. – Mademoiselle Mikaele.

Oh céus! Aquele sotaque.

—Aah... – Eu fiquei sem palavras. De repente tudo pareceu sem noção. Só consegui pronunciar uma só letra. – Aaa...

—Isso que é surpresa; - Ele tirou os olhos de mim. – Victor Azevedo?

—Luco Seward? – Primeiro o Dégel; agora o Luco. O que eu posso dizer sobre Luco Seward? Ele é um garoto; peculiar entre muitos aspectos. Ele tem heterocromia com um olho de cada cor; então é mais diferente e especial; peculiar é a mancha escura que ele tem no pescoço, a forma que ele tem de se vestir; de cabelos castanhos, de sorriso tão largo quanto ao do coringa e do gato risonho. Ele é e sempre foi estranho; parece uma múmia, um morto vivo. Primeiro o Dégel, depois o Luco... Não me diga que todo mundo que foi para a Rússia está voltando para a França.

—Sim; Luco Seward. – Ele sorriu mostrando seus dentes. – Poxa; justamente quem eu queria ver, com alguém que eu precisava ver porque eu preciso conversar.

—O que? – Sem contar do jeito que eu o considero peculiar para conversar. – O que você quer dizer? No meu entendimento; eu não entendi nada. – Eu respirei fundo e me levantei. Victor continuou sentado segurando um livro; que eu nem percebi que ele tinha pego. Os cabelos de Luco não eram longos, mas, também não eram curtos, ele tinha um grande topete, era lindo. Mas, ele era estranho. Esse é o fato. Sempre será um fato, ele, Armin e Dégel são os estranhos do Depardieu. Eram, sobrou apenas Armin.

—Eu queria ver o Victor. – Ele começou. – Ele está com você, eu queria ver ele para me encontrar contigo, porque eu queria te ver e conversar. Faz um bom tempo que nós não conversamos. – Eu fiquei imóvel.

—Muito tempo. – Eu estava muito nervosa. – Espera; queria ver o Victor... Azevedo? – Apontei para o Victor. – Aquele ali? Você conhece ele? De verdade? Conhece?

—De verdade? – Ele começou á rir. – E existe conhecer alguém de mentira?

—Hipoteticamente sim. Digamos que você diz; ‘eu conheço Gaston Jacquet’. Mas, sabemos que não é verdade porque ele morreu. Então, é mentira. Você não o conhece. – O encarei.

—Sim. – Ele riu novamente. – Conheço de verdade. Conheci hoje quando você esbarrou, rasgou e sujou o uniforme dele. Nos conhecemos não é? – Eu olhei para Victor.

—Eu danifiquei seu uniforme?

—Só um pouquinho... – Victor ficou vermelho. Nada de preocupante. – Sim, nós nos conhecemos. – Fiquei sem graça.

—Bom; já que te revi; o que houve com o Rowell? – Arregalei os olhos e ele mordeu os lábios. Peculiarmente, Luco era sádico. – Como ele se machucou?

—Outra hora Seward, eu tenho que voltar para o meu trabalho. Você achou os livros ou quer ajuda ainda Azevedo?

—Seward? Azevedo? Ah, por favor... Você não falava assim antes. Nem devia falar. Você é brasileira. – O encarei. – Luco. – Ele apontou para si mesmo. – Victor. – Apontou para Victor. – Luco e Victor. Mikaele... Eu nem te chamo pelo sobrenome.

—Mas; devia...

—Não monitora. – Ele disse sarcástico. – Sobrenome vem depois do nome. E eu não trabalho com sobrenomes. – Ele olhou para Victor. – Quer ajuda?

—Não. Obrigado. – Ele aparentemente engoliu em seco. – Eu já sei o que procurar; não se preocupe. – Ele sorriu para mim.

—Erh... Luco; - revirei os olhos. – Você gostaria de se retirar para a saída?

—O que? Não. Eu vou ficar com o novato aqui. Talvez ele nem saiba o que fazer nem o que procurar de verdade. – Victor olhou estranho para ele e aquela olhada me deu medo. Mordi os lábios e fui em direção ao corredor saindo da sala de leitura.

—Eih; Élisabeth! – Chamei uma jovem que passava pelo corredor, de um belo sorriso, cabelos presos e castanhos, com sardas que parou na minha frente.

—Oui? – Élisabeth trabalha na biblioteca realmente no: “Posso Ajudar?”, ela é tão amável quanto Niedja, mesmo não sendo ela e na minha opinião a metade francesa, metade espanhola é fabulosa.  – No que posso ser útil?

—Victor vem aqui... – Ele se aproximou de mim. – Élisa; esse jovem é um calouro do meu andar. Ele está procurando livros sobre “Jazz” e outros sobre “Maria Antonieta” eu só consegui traze-lo até aqui; mas, tenho que voltar ao trabalho. Você me entende? – Ela me deu um sorriso carinhoso e juntou as mãos uma na outra.

—Entendo. Venha comigo... – Victor a seguiu me dando um belo sorriso, juro que teve uma piscadinha e um aceno de mão. Assim fiquei sozinha com Luco; ele me encarou.

—Você é boazinha demais.

—É o que pensa.

—Essa bondade vai te matar. Não vai me contar nada mesmo do Depardieu? Nosso Macmilliam Depardieu LeRouge? – Ele respirou fundo.

—Não há nada que lhe seja interessante.

—Duvido; e como está Cainan? Antonie? – Ele estava me provocando. – Como anda Éponine?

—Foi um prazer te ver Seward. Até a próxima. – E sai sem olhar para trás.

—Claro que foi um prazer me ver Sales. – Não; não foi um prazer. E eu fui trabalhar.

Eu já tinha feito o meu trabalho de escrever e adicionar os novos livros que chegaram á biblioteca e de encomendar os que faltavam.
 Então eu parti para o trabalho do Armin; o de arrumar as estantes e de dar conta dos que não foram devolvidos no prazo e avisar ao sistema que havia livros faltando. Simples; difícil.
Difícil é fazer um trabalho tão simples com a figura de “Luco Seward” na mente. A imagem de ele conhecer o Victor; de eu ter feito o que fiz com Victor, já estava me incomodando, estava me perturbando. Na verdade nem tanto; não me arrependo de ter dado um selinho nele. Mas, ter deixado ele aos livros sozinho, me deixa arrependida.  Luco Seward e Dégel Rosseau são dois seres que me deixam fora de mim mesma. Ou não me descem, ou não batem comigo.  Mas, há um motivo para tudo isso. Eu sei que tem um motivo. Eu talvez nem queira lembrar, nem precise me lembrar do porque não goste deles. Mordi os lábios e agilizei o trabalho do Armin, eu tinha que voltar para o dormitório.

Lógico que primeiro eu tenho que certificar-me de se Victor foi para o dormitório, caso ele ainda estivesse na biblioteca, podíamos ir embora juntos. E claro; comprar os remédios de ansiedade Armin. Porque eu tinha que fazer isso? Armin disse que me ama.  Mesmo assim, eu dei um selinho em Victor. E de repente Luco me aparece conhecendo Victor.  Meu coração batia apertado, quem estava ansiosa era eu. Nervosa, sem saber o que era. Sem saber o motivo. Eu estava aflita, porém, Victor não estava mais na biblioteca; Quero pensar que ele encontrou algum amigo e foi seguro para o dormitório; não quero pensar que ele encontrou com Luco.

***

Eu não queria que Armin morresse. Querendo ou não, eu me preocupo com ele, só tenho medo de estar apaixonada por ele. O que por um instante; mais, acho que não.

 O dia chegou. Números, números, números, cinco anos não é um absurdo. Um absurdo seria uma veterana e um calouro; porque dá uma ligeira e mega impressão de que sou anos mais velha. Tipo uns 15; quinze seria muito tempo.
Mas, observando bem; Kathy e Matheus tem 7 anos de diferença. Mas, Niedja e Guilherme tem quase 10 anos de diferença. E eu e Cainan; apenas um ano e uns cinco meses... Ah; eu peguei o Silva mais novo; porque Niedja pegou o mais velho? É algo inexplicável. Ela precisava de carinho que não recebia de Dégel. Isso é tão engraçado quanto eu e Victor temos só; APENAS, cinco anos de diferença. Porém, não é nada comparado à Niedja e Guilherme.

Eu olhava meu reflexo refletido na janela. Era típico eu fazer isso de manhã, todas as manhãs desde quando eu tinha chegado na França; quando Victor chegou, bagunçou um pouco da minha vida e dos meus horários, mas, no dia de hoje, eu precisava fitar no que eu era antes. Ainda era inverno, ainda estava frio, eu não estava deitada na cama, eu estava de pijama, eu olhava para o prédio da frente e para o céu que poderia abrir, o dia seria magnifico sim. Pois é. A pergunta do dia era: “Qual seu maior obstáculo no momento? ” Eu sabia qual era, por isso eu ri. Duas batidas na porta e um pedaço de papel voou por baixo da minha porta naquela manhã, coisa boba; simples e amável.

A felicidade fica linda em você. Assim; se algum dia
Você se encontrar perdida na escuridão e não puder ver
Eu serei a luz a te guiar.
Bonne Saint- Valentin. ”

A luz á me guiar... Quem diria? Por um selinho, o lado bom de se acordar cedo é que dá tempo de receber um bilhete e escrever outro para colocar embaixo da porta dele. Eu queria dizer o quanto eu gostava dele, mas, mesmo querendo muito, eu não podia.

Independentemente dos seus problemas, seja uma canção verdadeira para as pessoas que estão do seu lado. Prometo-lhe ser uma canção verdadeira.
E promessas são feitas para serem cumpridas.
Feliz dia dos Namorados.”

Havia motivos de sobra para que eu me levantasse mais cedo naquele dia. Tomar meu remédio, escrever o bilhete de Victor, me arrumar, fazer meu dever, fazer meu monitoramento e deitar. Esperar. Estar ansiosa, estar nervosa, estar pensativa me deixava incomodada.... Como explicar? Não era o fato do Victor ter me mandado um bilhete fofo. Era o que Armin poderia fazer em seguida. Porque eu acho que conheço aquele peixe e bater na porta era algo esperado. Abri a porta ás sete da manhã e aquele sorriso de remorso, de que eu imagino ser de medo, com aqueles olhos azuis escuros que pareciam mais claros do que eu já vi, segurando um buquê de rosas cor de rosa que continham um cartão nelas, uma caixinha metálica que continham corações de chocolate feitos de chocolate, leite, praline e avelã. Eu olhei tudo aquilo na minha frente, e Armin sorria para mim. E eu queria chorar.

—Bonjour mon cher. Bonne Saint- Valentin! – Travei. – Me desculpe.

—Bom dia. – Eu estava surpresa, estava certa. Como Armin me aparece primeiro do que Cainan? Ao menos, Cainan não apareceu agora. – Feliz dia dos namorados. – Quase soltando um “não somos namorados”. Mas, não dava para soltar, não consegui sorrir.

—Eu espero que dessa vez você não se assuste. Por favor. Por favor... Sil vous plaît. Eu odeio me lembrar do que eu fiz com você; aquilo foi errado, ridículo, - ele respirou fundo me entregando as rosas e o chocolate. E eu odeio me lembrar que ele se lembra. – Eu sinto muito. Você sabe o quanto eu queria ter você em meus braços? O quanto eu queria te beijar? Deve saber, não é? Porque eu te falei á uns dias atrás... – Ele coçou a cabeça e arfou. Eu não podia dar um sorriso, não podia ter concordo, mas, eu disse que conversaríamos depois, só que depois nós não conversamos.

O depois, era agora.

 -Você falou. Eu entendi. – Cheirei as rosas e dando um sorriso forçado e olhei para ele. – Merci beuacoup. – Ele sorriu também.

—Nós podemos voltar a nos falar?

—Sabe que eu não posso convidar você a entrar... – Olhei para o corredor. – Não quero que Cainan te veja aqui e termine de te matar. – Ele sorriu.

—Eu sei. Está tudo bem se você está falando comigo. Eu estou arrependido... Você sabe não sabe?

—Eu sei Armin. Se eu tomasse muito remédio eu me controlaria para não falar demais.

—Eu falei algo a mais?

—Eu acho que não. Não que eu me lembre. – Peguei o bilhete que estava em cima das rosas e fiquei olhando.

—Abre. – Ele pediu e eu olhei para ele. – Por favor. – Tomei na mão e com receio e abri.

Se eu estou contigo não ligo se o sol não aparecer é que não faz sentido caminhar sem dar a mão pra você. Lhe admiro pelo simples fato de ser você. Porque se fosse outra, eu não iria admirar tanto. E eu não vou te deixar por nada, ainda vou te fazer muito cafuné, te abraçar infinitas vezes, lhe dar inúmeros beijos e cuidar de você como se fosse um anjo que eu pedi à minha estrela cadente favorita. ”

—Oh Armin... – Eu não consegui ficar mais relaxada, eu estava muito tensa.

—Dá pra você relaxar um pouco? – Ele falou.

—Relaxar?

—Eu te amo. Eu quero namorar com você.  Adoraria que você deixasse Cainan e ficasse comigo...

—Mas, Armin eu...

—Mika; eu amo você, como nunca amei ninguém...

—Me ouve.

—Não; me ouve você.

—Ao contrário. – Disse rápido.

—Você sabe o que é gostar de uma pessoa que namora com outro?

—Sei...

—Sabe? Então você entende como eu me sinto? – Ele não ia deixar eu falar, então tampei a boca dele e olhei em seus olhos.

—Há momentos em que eu quero deixar o Cainan... Mas, se isso acontecesse eu... – Eu travei. Não; fica quieta Mikaele. Sua estúpida.

—Você o que? Eu te machuquei? Em algum lugar?

—A garota que você queria dar essas flores, sou eu mesmo? – Ele tentou dar um beijo em minha bochecha, eu me afastei, então, ele passou a mão na minha bochecha me fazendo tremer e ele sorriu.

—Lógico, você é o meu sonho. Eu posso te abraçar?

—Não. – Ele parou surpreso. – Não quer dar isso à outra pessoa?

—Você sente nojo de mim?

—Eu não sei Armin; está tudo muito confuso. Receber flores, chocolate e carta... Estou pasma. – Ele sorriu.

—É de uma pessoa que te ama.

...

“De uma pessoa que me ama”. Chegou á ser fofo. Chega á ser melhor do que Cainan fez naquele dia. Um buquê de rosas vermelhas, um bolo de framboesas de uma confeitaria; a Fauchon, com uma cesta de café da manhã, uma saia e um cachecol azul cheio de brilhos, como se eu fosse usar uma saia daquele tamanho. Eu evitei de deitar-me na cama, algo inapropriado poderia rolar qualquer coisa. Ele respirou fundo.

—Feliz dia dos namorados minha querida. – Ele me abraçou. – Então, como faremos hoje? Onde vamos? O que faremos?

—Gentileza sua trazer um bolo. E rosas. – Ele parou e sorriu sarcástico.

—Que nada; eu não fui o primeiro... – Ele apontou para as rosas que Armin tinha trazido que estavam na mobília de estudo. – Eu devia ter sido mais rápido. Me perdoe. – Revirei os olhos.  Aquilo estava insuportável.

—O que quer fazer hoje?

—Cinema, Rio Sena e jantar? – Fizemos a mesma coisa ano passado e sempre...

—Pode ser.

—Está bem animada.

—É... Ocorre... Ás vezes. Cansaço. – Eu dei um sorriso, um abraço, um beijo, uma tentativa de fazê-lo esquecer aquele momento constrangedor. Eu sabia que o dia seria longo, e a dependo do Cainan, a noite seria entediante.

Só o Cainan que não me deu uma carta, todo ano ele me dá uma; mas, eu sei lá em que momento do nosso namoro eu estou passando. Eu fiquei com o bolo que Cainan me deu e dei a caixinha de chocolate para a Simone; ela nunca recebe nada, então porque não? Estudei normalmente, fui trabalhar normalmente, fiquei com dor no pescoço de ficar na frente do computador confirmando os pedidos de livros como sempre e fui para o dormitório. Assim que cheguei no hall de entrada, fui recebida por uma Kathy afobada.

—Onde você estava? – Seus braços estavam no meu pescoço. – Porque demorou?

—Eu estava trabalhando?! –Respirei fundo. – Porque eu estava trabalhando. – Ela sorriu sem graça. – Se esqueceu?

—Não. É que... Poxa; só faltava você. – Ela revirou os olhos. – Claro, falta o Theus, a Niedja e o companheiro da demônia da Éponine... – Sorri. – Eu não aceito levar um bolo no dia dos namorados. Aliás, viu Niedja? Guilherme está me irritando.

—Não. A biblioteca estava um cals. Embalagens, atendimento. Ela já deve estar chegando. Quer que eu liguei para ela?

—Olha ela ali. – Falou Kathy cutucando Guilherme do outro lado do salão. Que velocidade, que animação, Kathy é um amor.

*

Naquela noite do dia de Saint Valentine’s Day (dia dos namorados), que é associado ao símbolo do cupido. A noite que na Cidade Luz é sempre um luxo; rimando com romantismo de cortar a respiração; pela primeira vez, Armin não pode sair, então como ele não pode sair, Simone o acompanhou, ela nunca vai, assim poderia ajudá-lo. Éramos um belo grupo de 36 casais, e 13 solteiros que saiam para tentar a sorte, 85 pessoas. E Victor estava ali, com Éponine, ela estava sorrindo, mas, estava falando mais com o meu par, com o par de Kathy, com o par de Niedja, com o par de todo mundo do que com o par dela. A ideia inicial era cada casal fazer seu próprio passeio, mas, Guilherme decidiu fazermos um programa em grupo; ir ao cinema, depois poderíamos seguir nosso roteiro, ainda era 20h30 e poderíamos ir até onde nossos programas aguentassem. Ah sim; sai cedo. A melhor coisa possível é ter ficado perto de Victor.

Havia uma bom planejamento; que eu e Cainan não iríamos cumprir. Grande parte dos casais vão visitar o Pont des Arts, o Mur des Je t’aime, um cruzeiro e um jantar... O acompanhante de Déia, se chama Eddie; ele é um loiro alto de olhos azuis, americano, simpático, estudante teatral, ex aluno do Depardieu, um aluno brilhante. Ele queria dar um tour completo por Paris; e dependendo dele, a noite de Saint Valentim acabaria na Páscoa de tantos lugares que ele queria visitar. Mas, e daí que Déia estivesse com o lindo e brilhante Eddie? Ela queria o professor Guilherme, Éponine queria Cainan, eu queria Victor e Kathy e Matheus se pegavam enlouquecidamente.   E como tinha apenas Victor, Éponine e Kathy menores de 16 anos, eles não atrapalhariam nenhum outro casal em seus planos.  Porém, eu ligo; atrapalha meus planos, eu não estava no clima, eu estava de olho no Victor. E não podia dizer isso para ninguém...

Não daria certo. Poxa; ele é tão lindo e não me canso de olhar para ele. Não me preocupo com a idade dele, se aparenta ser mais criativo que eu; sinto que para escrever poemas ele é brilhante. Sei que tem um belo sorriso, olhos que me prendem sem me obrigar. É estupido eu dizer que eu já o amo sem o conhece-lo, isso é errado; você precisa conhecer uma pessoa antes de amá-la; mas, o pouco de tempo que passamos juntos me faz sentir que nós já nos conhecíamos á um bom tempo. Errado? Amar é tão errado de tantas maneiras. Tem o jeito de Cainan me amar, há o jeito de Armin me amar. Ambos são errados, porque é um amor que fere. Talvez Victor também possa me ferir, mas, eu preciso sonhar que não. Sonhar calada. Como eu quero gritar para todo mundo que eu o amo.  Eu estava nervosa, estranha, no mesmo lugar que Éponine, Cainan e Victor?
Nós tomamos um sorvete e fomos para o cinema. Como sempre é uma noite bonita, anoiteceu ás 18hrs hoje, então as luzes de Paris estão brilhantes, o tempo está amável e eu tenho planos loucos rolando em minha mente.

—Como foi o seu dia? – Finalmente Cainan perguntou pós um longo tempo. Ele conhece a todos do dormitório, então eu ali era apenas mais uma; ele nem notaria se eu sumisse todos tinham assuntos mais interessantes que o meu.

—Aan?

—Seu dia; como foi o seu dia?

—Normal. Acho que tranquilo.

— “Acho que tranquilo”? Como assim? Que tipo de resposta é essa?

—Cainan; eu tenho visto pessoas... – Não diga indesejáveis. – Que eu não devia ver...

—Como assim?

—Dégel e Luco. – Ele riu de mim. – Pare de besteiras, eles estão bem longe; Rússia. Lembra? – Arfei.

—Lembro.

—Não precisamos falar deles por dois motivos; não importa, não interessa.

Estava nervosa á ponto de querer sair correndo dali. Enquanto Kathy e Matheus aproveitavam, um apertando a bunda do outro, ambos se beijando e caminhando ao mesmo tempo. Pura técnica.

—Nossa Matheus; que pegada hein, moço. – Disse Éponine se aproximando de Kathy e Matheus. Indiscretamente. – Ah, eu queria pegar nesse bumbum hein ursão.

—Como é? – Kathy parou e encarou Éponine. – Repete.

—Eu queria pegar nesse bumbum. – Como ela é atirada; coitado do Victor.

—Não. Porque o bumbum dele é meu! – Kathy ia se atirar em Éponine quando Matheus impediu.

—Calma. Se acalma ursinha.

—Me acalmar? Você está ouvindo o que essa puta está falando? – Cainan se virou para observar.

—Qual é o problema? – Ah não.

—Oh; meu herói veio me salvar. Igual naquela noite... – Ela sorriu para Cainan que ficou vermelho.

Para tudo.

—Que noite? – Perguntei.

—Não faço ideia.

—Ah, Nanzinho...

—Se eu fosse você eu não deixava. – Falou Kathy querendo peitar Éponine.

—Nanzinho? – Eu o encarei e ele sorriu mais vermelho ainda. – Você deixa ela te chamar de Nanzinho?

—Você deixa ela te chamar e ursão?

Quer saber? Éponine estava se divertindo e Victor estava sem graça. Que raiva, que vergonha.

—Ela não me chama e ursão. – Defendeu-se Matheus. –Ela ouve você falar.

—Isso não tem nada a ver. Ela quer apanhar de graça?

—Não! – Falou Matheus a impedindo.

—Você tá defendendo ela?

—Vocês estão com problemas? – Chamou Guilherme.

Ambos ficamos em silêncio.

—O único problema é terem beijado a sua namorada, sair chifrudo e ainda sair com ela. – Murmurou a demônia.

—Não me segura! – Gritou Kathy indo pra cima de Éponine, eu tentei impedi-la, enquanto Éponine ria e acabou levando um tapa de Kathy. 

—Eih; vocês duas; - Chamou Guilherme. – Parem imediatamente!

—Eu não estou fazendo nada. – Falou Éponine.

—Imagine se estivesse. – Murmurei.

—Eu pego ela na hora da saída. – Ameaçou Kathy para mim em forma de cochicho.

Que morrer.

Alguns casais se dispersaram, os solteiros foram festejar, já nós, comemos um lanche, e fomos á um festival que tem em um cinema longe da nossa escola, quase próximo de Notre Dame. Com o clima pesado de Éponine existir, estar ali. No cinema é o local onde eu mais, me sinto em casa. Vou estudar para isso, e entrar numa sala de cinema para assistir um filme faz cada pelo do meu corpo se arrepiar. É uma coisa que eu sempre amei. No começo do meu namoro, eu ia no cinema toda semana de festival ou estreia com o Cainan. No meio do ano passado, ficou difícil, trabalhar, estudar ir no cinema... E ele passou á ir sem mim, então eu fui sem ele. Até hoje. Bem hoje.

O problema é que eu nem estava presentando atenção no filme, nem queria agarrar e beijar Cainan como metade do cinema fazia em um filme de romance.  Victor estava á três lugares de distância de mim; então qualquer que fosse minhas esperanças, havia o pânico de ver Éponine beijando Victor. Estar no escuro, não me trazia boas lembranças, me dava tontura, formigamento pelo corpo, angustia, tontura. Não adianta fechar os olhos, ficaria mais escuro. Kathy estava no banco de trás, Niedja estava no último banco e eu estava sem ajuda; presa em um quarto do 7º andar. E quando Cainan apertou minha coxa, fui obrigada á sair do cinema de mansinho e sair andando sem rumo, enjoada, frustrada e triste. Refletindo; Eu namoro alguém que não tenho mais sentimentos fortes, um cara que me ama não devia me amar e quem eu estou “gostando” está com a maior porre de toda França. E que aquela noite com Armin estava mais viva do que eu havia imaginado.

—Psiu. Monitora! Você está bem? – Victor? Parei de andar eu estava longe do cinema.

—Aan; o que está fazendo aqui?

—Você está bem? – Ele me encarou.

—Estou sim. Estou bem.

—Está? – Ele ergueu a sobrancelha.

—Estou.

—Não parece; que eu saiba todo bom aluno de artes cênicas é apaixonado pela arte do cinema. Não é pra isso que estamos estudando? Você não é apaixonada?  – Sor.

—Eu sou. Você não é?

—Você saiu correndo; erh... Foi estranho. – Ele percebeu, ele me seguiu. – O que foi?

—Nada. Estou bem. – Ele mordeu os lábios e cruzou os braços. Cocei a nuca e me afastei dele, estava me sentindo estranha, mas, ele aparentava estar preocupado e abaixou a cabeça. – Mas, seu bilhete... Ele foi ótimo. – Eu sorri. Ele ficou em silêncio.

—Sabe naquele dia na biblioteca? Você me deixou sem palavras... – Ele disse e quem ficou sem palavras fui eu, fiquei completamente envergonhada. Não faz nenhuma semana.

—Me desculpa. Foi impulso.

—Acho que foi o melhor impulso da minha vida. – Olhei ao redor sem saber o que fazer ou falar, mas concordo com ele. 

—Não exagere. Volte para assistir ao filme. Eu vou ficar bem; vou esperar vocês aqui. – Ele ficou sem graça.

—Está em francês e legendado. E eu não falo um francês fluente. Nem é por isso mesmo, é que eu não gostaria de ficar me agarra... – Ele pausou. – Sendo agarrado por Éponine durante o filme; eu só queria assistir. Mas, fica difícil de assistir.

—Não gosta de ser agarrado? – Ergui uma sobrancelha.

—Ela não conversa; Só quer beijar e... – Ele me olhou vermelho. – Não que você se importe. – Ele estava triste?

—Me importo, você é do meu andar; sou responsável por você. Eu sei exatamente como Éponine é. E esse tipo de gente é chato mesmo.

—Sim. Mas, você não está bem. – Eu fiquei em silêncio, Não queria dizer nada, não queria pensar em nada. Mas, ele ainda estava ali.

—A sua rotina te incomoda? –Eu sorri sem graça.

—E você não tem uma rotina?

—Eu perguntei primeiro. – Ele deu um sorriso.

—Não. –Apontei para ele dizendo que era a vez dele.

—Quase. É tudo muito certinho aqui, achei que seria um pouco melhor, mais independente; no hemisfério norte as aulas duram mais. É muito extenso.

—Sim.

—Então, o que você faz, além de estudar e trabalhar na biblioteca? – Ele perguntou simpático. Então parei um instante.

—Eu... Só trabalho e estudo. E você?

—Eu estudo, faço curso, leio, durmo, ás vezes passeio, ou passeava. – Ele fez um bico e olhou para cima pensando. – Penso em trabalhar...

—Ah. Continua nessa sua vida mansa, aliás, é tudo muito difícil. Sincronizar trabalho e estudo.

—Mas, você faz isso...

—Mas, eu preciso de dinheiro. Eu pretendo morar aqui. – Ele fez uma carinha de surpresa tão linda que meu coração quase parou de tão rápido que bateu.

—Você pretende morar em Paris? Para sempre?

—Sim.

—E sua família? E e...

—E?

—Porquê que quer morar aqui?

—É um país que me acolheu.  

—Mas...

—Tem noção de como a França é linda; maravilhosa? Um show de luzes e aventuras. Se você conhecer primeiro Paris, vai estar preparado para conhecer a França inteira. E mesmo que eu não fique na França; eu tenho um mundo inteiro para conhecer.

—Como pode se apaixonar por um país que não é o seu?

—Se eu quiser nacionalidade francesa; qual é o problema? – Ele riu.

—Nenhum. Seu francês é perfeito, você se veste bem, trabalha com carinho e amor, você é dedicada.

—Você está me deixando sem graça.  – Deixo escapar um sorriso e ele me acompanha.

—Porque não quer voltar para o Brasil?

—Ser atriz não é uma profissão importante. É desprezada.

—Erh; monitora; para onde estamos indo? – Eu pareço tão confusa quanto ele. Pois, eu nem percebi que estávamos andando sem um rumo. Eu tentei parecer calma, porque, eu não queria ter me afastado tanto do cinema. Observo ao meu redor. – Você se perdeu?

—Não. – Respirei fundo. – Eu... – Ele tocou no meu ombro. Ele estava inquieto, eu estava nervosa, não era uma boa combinação muito boa. O observei, ele estava ou com medo, ou apavorado, ou assustado ou muito preocupado. Juntei as mãos e as coloquei embaixo do queixo. Coitado. –Eu... Porque você; veio atrás de mim? – Ele me olhou surpreso. – Porque eu achei que...

—Você pareceu muito assustada. E o filme nem era de terror. – Olhei para frente. E depois para ele.

— O que foi?

—Nada.

—Porque está me olhando assim se não foi nada?

—Você é bonito. Gosto de admirar pessoas bonitas. – Ele sorriu. – Está áfim de um passeio?

—Um passeio? E o filme?

—Eu vou dar um passeio para espairecer; se você quiser pode volta ao cinema; eu volto com você. E te deixo lá.

—Não... – Ele me pareceu animado. – Eu vou com você.

—Aonde?

—Aonde você quiser. – E ele fez um bico torto, fofo, revirou os olhos e sorriu. –Desde que você fique melhor e nada saia de errado.

—Talvez dure uma hora.

—Pode durar duas. Éponine não vai morrer.

—Se preocupa com ela? – Meu coração apertou.

—Estaria aqui se me preocupasse? – Sorri e comecei á andar.

—Então ande... – E ele me acompanhou.

—Para onde?

—Pelo rio Sena...

—Vamos nos sentar na margem do rio? Passear por ele em um barco?

—Nenhum, nem outro. Vamos apenas andar.

Começamos andar por dentro do Parc de Bercy, e precisávamos passar pelo AccorHotels Arena; que é um estádio de futebol. E aos arredores do parque, perto do estádio só se via casais entre apaixonados pelos cantos. E como eu estava com Victor?

De boa.

Ele estava preocupado comigo, e eu estava tão extasiada de estar ali com ele que parece que meus ouvidos tamparam e tudo o que eu falava ou ouvia eu esquecia. Atravessamos a ponte e iniciamos o passeio pela margem do rio Sena. Eu ainda estava com Armin em mente, eu nem tentei impedi-lo de fazer aquilo.

—Vamos andar por muito tempo?

—Pode voltar para o cinema... – Eu parei. – Ok; está bem longe, mas, eu o acompanho. Vai gastar horas do seu tempo. Pode fazer perguntas desconexas enquanto caminhamos. – Rimos.

—Você é casada?

—Não. Mas, um dia eu pretendo casar. E você?

—Claro, porque não? – Houve uma pausa. – Você usa drogas? – Eu ri.

—Aan? Você usa?

—Não. Você usa? – dei ombros. Você tem alguma doença mental perigosa?

—Quase isso. Você tem?

—Você usa drogas? – Ele repetiu a pergunta. Revirei os olhos.

—Gosta de vir aqui?

—Eu mal venho aqui. Paris é limitada para mim.

—E se você pudesse; o que faria? – Eu não precisei pensar duas vezes.

—Eu faria esse passeio que estou fazendo com você.

—Então não poderia fazer esse passeio?

—Não. É bem errado, é totalmente fora das regras. – Respiramos fundo.

—Então você gosta de quebrar as regras. – Ele sussurrou de cabeça baixa.

—Não sempre. Ás vezes, nós dois quebramos regras juntos.

Andamos por um longo tempo ás vezes em silêncio, ás vezes admirando o rio e comentando sobre isso e trocando algumas frases. Aquilo me anestesiou, e eu não queria que acabasse. Eu nem sabia o que fazer; então caminhávamos como se no conhecêssemos a mais do que umas semanas. Nós andamos cerca de 50 minutos, estávamos cansados, mas, eu sei que iria valer a pena. Eu já posso ver meu sorriso no rosto.

—Porque está sorrindo?

—Não posso sorrir?

—Pode; eu gosto do seu sorriso. – Engole a felicidade Mikaele! – É que não disse para onde estamos indo. E...

—Está cansado?

—Mas, me conte do que porque está sorrindo.

—Estou feliz por você estar me fazendo companhia.

—Estou feliz por você estar feliz.

O que eu poderia dizer? Ele estava feliz por eu estar feliz e aquilo me deixou mais feliz ainda. Eu queria rir e abraça-lo, mas, estava nervosa, ansiosa, eu não estava com Cainan, nem com Armin; por uma vez desde que eu conheci Victor, nós estávamos sozinhos com sem ninguém por perto, nem a ameaça de ninguém estar por perto e nos pegar juntos. Por isso eu queria ao máximo aproveitar esse tempo com ele. E ele me encanta, se ele soubesse como a companhia dele me encanta tanto que era capaz de eu flutuar, é como se eu pudesse tocar as nuvens. Ele era um sonho doce.

—Chegamos! – Disse apontando para a figura iluminada e bela da magnifica Catedral de Notre-Dame, e então eu vi seus olhos brilharem.

—Você me trouxe aqui... – Ele hesitou. – Embora foi um longo caminho.

—Sim. Mas, se acalme; vem espairecer. – Ele me dá um sorriso.

Então eu o levo para um lugar especial; existe algo tão especial quanto Notre Dame, quanto a Torre Eiffel, quanto Arco do Triunfo, quanto cada ponto turístico famoso desse país; eu seguro em sua mão e dou um largo sorriso. Independentemente de quem me trouxe aqui, a lição é sempre levar outra pessoa para desfrutar desse lugar. Á pouco mais de 30 metros da entrada de Notre Dame, ando devagar olhando para o chão.

—O que houve? – Ele pergunta, sem querer soltar minha mão.

Eu seguro em sua mão e o guio até o ponto zero das estradas da França.

—O que foi?

—Agora; olha pros seus pés. – Eu o soltei e ele olha intrigado para o pequeno círculo de pedra, um octógono bronze e acobreado com uma estrela. Tem palavras gravadas na pedra em torno dele: “Point Zero des Routes de France.

— Victor Azevedo; esse é o ponto zero das ruas da França. Em outras palavras, é o ponto em que todas as outras distâncias na França são calculadas, é o marco geográfico que determina o quilometro zero de todas as estradas que saem da cidade, servindo de referência para o cálculo das distâncias entre Paris e as demais cidades francesas. – Respirei fundo. – Sempre que se coloca os pés aqui, significa que você sempre irá retornar a Paris. Então mesmo que você queira ir embora, você vai voltar. – Ele pareceu surpreso. – Me mandaram fazer um desejo quando vim aqui. Faça um pedido. – Ele fechou os olhos. Eu queria arrancar outro beijo dos lábios dele, mas, já fui ousada o suficiente.

—Pronto. Faz um também.

—O que?

—Faz outro. Não quero fazer o pedido sozinho. – Pisei no Point Zero.

—Meu pedido é: “Eu quero te mostrar mais uma coisa e quero que você venha comigo. ”. – Peguei na mão dele novamente, Notre Dame só fecharia ás 23 horas naquele dia; e como eu imaginava, eu estava tão alto quanto as nuvens e subir aquelas escadas e ouvir aquela risada dele me desiquilibrava completamente.

—Você é muito corajosa. – Dizia ele ofegante. São 400 degraus. E é pago. Ok. E daí? Á noite; Paris iluminada é ainda mais bonita.

—Por?

—Estamos infringindo regras do dormitório.

—Sim; nunca faça isso. – Eu disse olhando em seus olhos castanhos. Aqueles olhos lindos em que eu fico hipnotizada sempre eu o vejo. – Ao menos, não enquanto eu for Monitora.

—Mas, você é a minha monitora.

—Eu sei... – Disse sorrindo e então, já estávamos vendo Paris iluminada; meu melhor sorriso eu dei ao lado de Victor.

—É como estar nas nuvens.- Ele tomou muito ar para respirar antes de dizer mais alguma coisa. Estávamos cansados, mas, eu ao menos estava feliz, sorriso de orelha á orelha.

—Ora Victor, você já está nas nuvens. 

Eu sou a monitora dele. E isso soou na minha mente como um elogio. Uma frase de amor. Eu sorri novamente para ele. E por um segundo, um misero segundo senti a sua respiração perto de mim e seus olhos nos meus. Era tudo que eu queria.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem esse capítulo, tenho que dizer que pode ter ficado muito, MUITO GRANDE; eu tentei diminuir, mas, eu vi que não estava dando certo... Me desculpem, no caderno você não tem muita noção de palavras... Novamente digo que eu quero que os capítulos fiquem menores, mesmo se não ficarem; não deixem de ler.
Agradeço pelo seu tempo :3

Obrigada pela leitura. J'adore vous tous

~♥~Um Beijo da Autora. ~♥~



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