E Eu sou o Amor da Sua Vida? escrita por Lady Lupin Valdez


Capítulo 16
Sangue para a lua e versos para a meia-noite


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz esse capitulo com muito carinho; e gostaria de ver comentários, se não tiver, tudo bem, mas se tiver que seja com muito amor dessas amoras e amores parisienses...

~Enjoy



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Mika

—Espero que isso nunca mais vá ocorrer. Poxa; pelo menos você tem um futuro e agora; tem mais uma parte no histórico. – Diz Françoise diz se retirando.

—Como está se sentindo? – Perguntou Simone á Armin.

Armin fez um murmuro e tentou rir, ele só não pronunciou muita coisa, eu sei que ele queria rir, mas nem isso conseguia. Tudo aquilo era piada para ele, isso porque ele estava fazendo daquilo uma forma de esquecer o que ocorreu. E tentando segurar o choro, nunca o vi chorando, nem de felicidade ou emoção. Lógico que ele não daria gosto pro cão. Tirei o olhar dele.

—Cainan? – O chamei, ele estava olhando para o outro lado, me ignorando completamente, como se a culpa fosse minha; o total da culpa fosse minha; era só metade da culpa. Na verdade, eu não sei porque me sentiria culpada.

—O que? –Ele respondeu grosseiramente e eu tive que respirar fundo impacientemente para dialogar com ele.

—Como é que você está? – Perguntei segurando em uma mão, a outra estava toda mole e para não doer não quis tocar.

—Como você quer que eu esteja? – Ele respondeu gritando.

—Espero que no mínimo esteja bem.

—Está esperando errado. – Ele respondeu.

Um beijo; um selar de lábios altamente mortal, que vinha com um letreiro escrito: “Perigoso: Oportunidade de levar uma surra” e Armin deu um sorriso para esse aviso, jogou ao letreiro no chão com sua música, ultrapassou e me beijou. Ele encostou a língua nos meus lábios, como dizem “pediu passagem com a língua” e eu meio que cedi; não porque eu estava querendo, é que foi tão rápido, pra mim foi o Cainan; poderia ter sido Antonie, até mesmo Victor. Menos Armin. Menos Armin. Foi rápido, ultrapassou a velocidade da luz. E ele estava ali, bem ali do outro lado do refeitório. Armin ultrapassou a ponte pro outro lado, saiu do lado seguro e foi para o lado perigoso. Mas eu realmente queria aquilo? Isso nunca aconteceu, nunca me senti tão cheia de adrenalina.

O que aconteceu após ignorar o tal letreiro? Cainan puxou Armin pelo cabelo, deu um soco no rosto dele que revidou o soco com outro. O negócio se estendeu por alguns minutos já que ambos lutam muito bem e não foi como ver Cainan batendo em Antonie; até porque Armin sabe lutar e quando eu menos espero, quando menos todos esperavam, um barulho de coisa se partindo estourou pelo local e Cainan caiu no chão junto com Armin, ele havia deslocado e quebrado o braço esquerdo; mas antes conseguiu deslocar o maxilar do outro. Mas mesmo assim continuaram se batendo, se esmurrando. O show ficou muito bom.

Estávamos na enfermaria, eu, Cainan, Armin e Simone, porque fomos as primeiras á socorrer aqueles dois. Na enfermaria há apenas quatro camas, e apenas duas camas separavam um do outro por motivos óbvios. Foi um show e tanto e a briga foi o ápice, o final, gran finale. Não vou negar que vi gente gritando e assobiando quando ambos se atracaram e o pânico me consumiu. Eu não sabia o que fazer o que falar; era por minha causa que tudo aquilo estava ocorrendo, aparentemente era por mim que estavam brigando, mas eu não quero pensar nisso então a coisa mais prudente que eu pude fazer era tirar o violão de Armin. E nesse momento eu ouvia o berro do meu admirador, que tinha sido atingido no rosto, eu nem sei quem separou aqueles dois, eu só via Éponine chorando, Déia aterrorizada, Kathy animada e Pierre em uma cara patética, sim patética. Porque em uma briga não se fala “Parem de brigar”. Achei até um milagre ele não ser atingido. E quando tudo se silenciou, todo mundo foi liberado do local, eu ergui a mão para ajudar um Cainan que estava totalmente devastado por machucados ele reclamou do braço e vi Armin encolhido no chão. Simone e eu os ajudamos. E lá estávamos nós, sem uma enfermeira e completamente desesperadas, se ambos se atacassem novamente não poderíamos fazer nada. Não ia agüentar segurar Armin ou impedir Cainan. De repente Niedja finalmente aparece, ela pediu para ver uma coisa, que ia pegar uma coisa e demorara uma eternidade.

—Eu espero que seja importante; importante de verdade por que... – Niedja estava acompanhada de Gui que estava na porta, ele encarou bem os dois, depois nos olhou e suspirou fundo. – De novo Cainan? – Ele arfou e eu me afastei. – Você está bem? – Ele se aproximou.

—Eu lá pareço bem? – Ele estava irritado e quando ele está assim eu nem prefiro nem conversar, nem tocar, muito menos olhar, só não posso sair de perto dele.

—Quem vai explicar? – Ele colocou a mão nos bolsos do agasalho e esperou, se encostou á Nih e fitou um por um, sem imaginar o que ocorreu, como ninguém falou ele olhou Niedja que aparentemente foi buscá-lo sei lá onde e deu um sorriso carinhoso para ela, literalmente um sorriso meigo pedindo uma resposta com os lábios naquele sorriso. Ela não pode se vencer por um sorriso. – Você quer me explicar o que ocorreu? – Ele perguntou suavemente.

—Eu não quero explicar. – Ela começou a articular algumas silabas e mover os braços de um lado para o outro sem conseguir dizer nada. – Por favor, não me obrigue á falar. – Ninguém iria falar, muito menos Cainan, brigar é uma atitude grosseira e vandalismo, é proibido no programa de intercambio. A diretora não estava na hora, mais os supervisores viram e falaram que aquilo era errado; mais o negócio é que ninguém sabia o motivo; ninguém iria falar que foi porque um aluno exemplo, veterano e habilidoso beijou uma monitora do 4º andar que “namora” com o monitor do 5º andar, por simples vontade e falta de respeito. E outra; Armin estava segurando seu queixo, porque se soltasse, ele ficaria com a boca aberta. O soco foi forte e eu tenho certeza que ele estava com muita dor.

—Não quer explicar? – Ele a fitou de uma forma encantadora, ela ficou um tempo hipnotizada com aquele olhar. Não se entregue Nih. – Justo você?

—Não me olhe assim... – Ela virou o rosto. – Não faça essa carinha... Você sabe que eu não resisto ao seu olhar.

—Quer que eu adivinhe é?

—Não... – Ela ficou vermelha. Ela vai estragar tudo; até porque todo mundo ficou apreensivo com ela. – Não é isso.

—E porque me trouxe aqui? – Simone tomou a frente, para Nih não ficar sozinha.

—Eles não podem ser tratados aqui, nem enfermeira tem e eles precisam ir para o hospital. E você é o responsável pelo Cainan, então não precisaríamos ligar para os seus pais e causar medos, sustos ou coisas assim. – Gui passou a mão no rosto e se aproximou do irmão que estava mais próximo da porta.

—Isso tem á ver com o que se ouviu hoje á tarde sobre a palavra “irresistível”? – Ele ficou em silêncio, então foi se aproximando de Armin, quando ele foi chegando perto, Simone não deixou ele o encarar.

—O maxilar; a mandíbula dele está deslocada, é capaz de ele tentar fazer alguma graçinha se você perguntar algo. – Ele suspirou.

—Você é maior de idade né Armin? – Ele acenou positivamente com dificuldade não podia soltar o queixo. – Tudo bem, vamos se tratar eu levo vocês... – Coitado, parecia frustrado, ninguém queria lhe dizer nada, afinal de contas, era algo embaraçoso, era algo que ninguém queria se meter. Os dois desceram da cama e foram ao encontro de Gui, só precisavam pegar o cartão de estudante e não precisavam de mais nada.

—Oh Cainan! Você ainda está aqui... – Era uma voz enjoada.

Ninguém que tinha juízo queria se meter, estragar a vida escolar de três alunos, Armin, Cainan e eu. Porém, Éponine não estava nesse grupo.

—Éponine... O que... – Cainan falou assustado, Armin desviou o rosto quando a viu. Os olhos dela brilham quando ela vê que Cainan e deve ter ficado muito feliz que ele não  havia saído da enfermaria , que ainda está no dormitório; a enjoada correu em sua direção e o abraçou, o momento foi desconfortante.

—Sei que não me deixaram te ajudar, me mandaram para o meu quarto, mas, poxa; você não sabe como me preocupou aquela cena, você e Armin brigando... – Gui se fez de invisível porque com certeza ele percebeu que finalmente alguém ia falar alguma coisa do que ocorreu. – Pense de quem é a culpa. E você ainda a aceitou como companhia? – Ela apontou para mim e me encarou. – Podia ter me chamado; Armin é mais velho, tá de brincadeira comigo? Na minha observância, ela estava preocupada tentando socorrer Armin. Afastando ele de você. Você ainda consegue olhar nos olhos dela? Ela o beijou. Ele a beijou. Eles se beijaram. E você fica numa boa? Foi traição. Como você acha que eu me sinto? Que eu, como sua amiga me senti? – Amiga?— Você claramente fez muito bem impedir o beijo. E você Armin? O que passa pela sua cabeça? Você se acha intocável né? Um amour. Não; eu não gosto de você, muito menos de suas atitudes, sua perfeição me estressa. Eu juro que se você fosse expulso seria ótimo! – Ela falou tão rápido que se engasgou em algumas palavras, atropelou as frases.

—Éponine... – Cainan a chama em um resmungo, ela ainda está com os braços sobre seus ombros, ou seja, ele estava com dor, mas ficou quieto, ela estava o machucando. – Me solta. Eu tô com dor. – Ele a empurrou para longe do seu corpo.

—Ah, desculpa. – Ela disse se afastando e sorrindo para ele. – Ele não estava feliz com aquela confissão.

—Um beijo? – Guilherme sai das sombras de sua invisibilidade enquanto Armin voltava á se sentar na cama, ele sabia o que estava por vir. Segurava a mandíbula com as mãos, ele não estava conseguindo chorar, resmungar, apenas respirar fundo de dor. – Vocês se atracaram por um beijo? A regra sempre foi clara, se ele deu a cantada e ela não ligou, se resolva com ele, se ele deu a cantada e ela deu ousadia, se resolva com ela; sem agredir. – Um beijo Cainan?  Um beijo Armin? Mikaele, você consentiu com isso? – Onde eu enfio a cara? Não o culpo, também estaria frustrada se minha irmã  brigasse com outra menina por causa de homem.

—Obrigada Éponine... – Falou Niedja a encarando com fúria; nunca a vejo com raiva, então aquele não foi um olhar positivo.  – Ela encarou Nih. – Comprometeu três alunos.

—Não comprometi ninguém. – Disse  ela tentando se aproximar de Cainan enquanto ele se esquivava.

—Rowell; eu, não esperava isso de você. – Armin concordou e de repente parou, e caiu para trás gemendo. Gui nunca viu Armin daquele jeito e precisava fazer algo. – Eu preciso levar vocês até o hospital. Principalmente você. – Ele estendeu a mão e pediu o seu cartão de identificação. – Espero não precisar de cirurgia. – E eu também, muito mais que ele não tenha nenhuma seqüela permanente. Mas e o Cainan Mikaele? Cainan podia ter quebrado o braço de Armin também, não deslocado uma parte importante do rosto dele. – Não demorarei. – Os dois saíram da enfermaria com uma cara de dor e agonia, eu tentei relaxar mais era impossível. Gui se aproximou de mim á altura do meu ouvido com aquela careta feia. Não sei se existem caretas bonitas, mas, a dele era inexplicavelmente perturbadora, assustadora, como se aquele olhar fosse me fazer sentir dor. – “Isso é culpa sua e fique ciente que vai levar esse peso o resto do ano, talvez ou resto da vida. Você traiu meu irmão, está errada e vamos conversar quando eu voltar.”

Minha culpa? Cruelmente mesmo. Minha culpa. Eu abaixei a cabeça e coloquei as mãos na boca, sem chorar. Sem me humilhar. Sem me culpar. Sem deixar a idéia de ter traído me consumir, sem deixar uma ameaça me incomodar, sem mudar o meu humor. Fiquei muda.

—Éponine, você tem problemas? – Perguntou Nih irritada.

—Problemas? Eu? Ninguém queria dizer um “a”; eu me preocupo com o Cainan. – Aquela voz irritando meus ouvidos, aquela voz sínica.

—Demais... – Simone disse sarcástica. Saímos da enfermaria e logo em seguida paramos nas escadas. Éponine ainda nos acompanhava. INFELIZMENTE.

—Mih; você devia ter dado um tapa em Armin, acabaria com isso tudo em segundos, talvez “Nan” nem tivesse quebrado o braço. – Ela estava falando sério? Sério mesmo? Toda preocupada com Cainan e ainda se atrevendo á chamá-lo de “Nan”? Esse é o apelido intimo nosso.  Onde estava Katherynne para dar um murro nessa garota para mim? Kathy sempre quis fazer isso, e naquele momento ela não era a única, havia Simone e Nih pra fazerem isso...

—Um; sem esse de Mih. Dois; o máximo que está preocupada é com o braço quebrado do Cainan? Cainan; não Nan; porque só eu, apenas eu, a namorada dele posso chamá-lo de Nan; E outra Armin pode fazer uma cirurgia, o maxilar é tão sensível quanto à coluna cervical. Três; deixa-me em paz!

—Mih...

Laisse-moi tranquille! – Gritei em francês para me deixarem em paz quando Nih colocou a mão no meu ombro. Não queria fazer um escândalo, não que eu não quisesse desabafar ali e agora, mas pelas circunstâncias não era nem possível, muito menos plausível.

Eu subi o lance de escadas, ou a escadaria do dormitório correndo, sem olhar para trás, nem me despedir das garotas, não costumo subir apressadamente, mas o fiz, não parando no meu andar, mas continuando para o quinto, o sexto, o sétimo e finalmente o terraço; o lugar partidor de corações. Por quê?  Porque pode se ver a Torre Eiffel lá ao longe, seu brilho e de toda a Paris á noite, você olha, admira e tudo o que você sente de triste vem á tona. Paris á noite é linda, tão bela; mas, ela não é um lugar milagrosamente poético, seguro e visivelmente encantador; Ah, á noite ela é sim; destruindo suas chances de ter um amor. Não que Paris não seja exatamente tudo isso, a questão é que você está em uma cidade cheia de turistas, de moradores cansados de turistas e de pessoas que esperam tirar algum proveito de quem é turista. E tem os que ao menos querem viver um: “Meia-noite em Paris” como eu. Porque aqui do terraço você olha, e pensa “poxa vida, eu poderia estar passeando com minha outra metade, mas estou aqui sozinha, nesse terraço, nesse lugar tão alto, tão frio, tão solitário, me sentindo tão confusa.”.  O terraço é proibido para os estudantes, qualquer tipo de estudante, até mesmo para mim, veterana, é proibido porque pense que seria uma queda e tanto do dormitório, uns 90 metros? 100? 200? Espera se dá pra ver a Torre Eiffel, mesmo que a pontinha; uns 300... Mas, eu não estava me sentindo bem, estava incomodada. Debrucei-me no muro do terraço e comecei á observar o céu á noite, ele estava quase nublado, iluminado pela parte de baixo da cidade luz.  Poucas estrelas podiam ser vistas, o suficiente para eu desejar algo á uma estrela, como aquela música da Disney; “Tudo que deseja a uma estrela” da animação do Pinóquio. “Deus é bom, não quer o mal á ninguém. Só nos quer ensinar o teu caminho. Na visão de um céu azul. Surge a fé a te animar. Tudo podes desejar e teu será.” O que eu poderia desejar?

Dizem que a vida não é uma história triste. Que talvez eu esteja passando por um capitulo ruim... Ruim? Péssimo.

Eu estava confusa, o que foi que eu falei á Éponine? Ela toda oferecida já tem Victor, ainda quer Cainan? Queremos as coisas uma da outra, se eu não tenho Victor ela não terá Cainan e se ela não tem Cainan eu não tenho Victor e depois dessa noite do que ocorreu na hora do jantar eu também não terei Cainan, já que Armin deu um salto no trampolim da nossa amizade. E eu estou confusa; se eu gosto tanto do Victor e não gosto tanto do Cainan em qual eu gastei meu tempo entre gostar, amar e cuidar sendo que não precisava, ele nem liga para mim, não há tanta atenção assim comigo, não há algo que mereça minha atenção. E Armin... Armin fez uma serenata, cantou para mim, Cainan já me mandou vídeos de músicas, mas nunca pegou um violão, e olha que ele sabe tocar, para cantar para mim. Mas isso era confuso. Eu estava muito confusa.

Eu não sei se devia defender Cainan com unhas e dentes querendo ficar com Victor. Mesmo não tendo contato com o ser, somos completamente invisíveis um para o outro, eu estou na França, eu estou em Paris, estou namorando o garoto mais popular de todo dormitório do Depardieu, membro da família mais cobiçada, sou cantada pelo rapaz mais lindo e talentoso de todo o programa estudantil de Artes Cênicas; mas meus olhos são para um menino, que chegou á poucos dias, me encantou apenas com o olhar, que faz os versos mais belos que já ouvi, tem o toque de mãos mais viciantes do que uma droga, como Morfina. Pense nisso; a Morfina matou Michael Jackson, e ele nem é um Paracetamol que se acha Morfina, ele é a pura droga que se ejetou no meu sistema sanguíneo. Estou debruçada no muro que bate no meu tórax, então posso cruzar os braços sobre o muro, admirar a noite iluminada da  cidade luz, suspirando, talvez eu não estivesse apenas admirando, como dá para ver a avenida e o hospital que os alunos do Depardieu freqüenta não é muito longe, posso dizer que estou esperando Gui voltar com os garotos. E eu estava ansiosa para ver os três; ansiosa para ver o que deu com o maxilar do Armin, ansiosa para saber o que Cainan iria fazer com o nosso relacionamento e ansiosíssisma para ouvir o que Gui falaria. E se ele trouxesse Matheus? Matheus tem uns argumentos que me dão medo, me deixam lá embaixo, tão lá embaixo quanto Cainan me deixa. Eu espero que ele não brigue com Kathy, eu tenho certeza que ela choraria por semanas. O fato é que; eu querendo ficar com Victor estava defendo a ousadia de Éponine não sei por quê... Porque Cainan é meu namorado, ao menos antes de voltar do hospital. Daí eu saberei se ele é meu namorado ainda, se Armin não o fez surtar lá; se ao menos Armin estava falando. Tudo o que eu preciso saber. Só não podia deixar ela se gabar em cima dele, dizer o que eu posso fazer o que eu não posso fazer, dizer que o que eu faço é errado, ela já tem Victor. Ela quer Cainan por quê? Lógico que ela quer Cainan. Sempre quis e eu não posso deixar isso acontecer, se eu não tenho o calouro, ao menos tenho que contentar com o veterano, mesmo ele não me merecendo, mesmo eu não gostando tanto dele. Eu só não gostaria de ficar sozinha em Paris; eu gosto de ter um rapaz para me fazer companhia, eu gosto de ter um namorado, eu gosto de ter alguém para beijar, abraçar, olhar nos olhos e me sentir segura, me sentir protegida.

Ouvi alguns passos perto de mim e me virei com tudo. Não se tem muitos alunos no terraço, é proibido e o simples som, a simples sensação de ter alguém me vigiando me assustou. Eu mordi os lábios olhando para o escuro, graças á Deus as luzes de Paris davam uma luz ali, então se tivesse mesmo alguém ali, eu veria. Mas, se quem quer que for tiver se escondido, eu não verei mesmo. Segurei no  meu peito e olhei para o nada, respirei fundo e me atrevi.

—Salut? – Esperei um pouco. – Quelqu'un est-il ici? – Olhei em volta. – Salut? (Oi? Tem alguém aqui? Oi?)

 Fui em direção á porta que há no terraço, ela dá acesso ás escadas, quando pisei no primeiro degrau havia folhas de papel nele, me abaixei para pegar o papel e torcer para ver uma letra familiar.

“Aonde? Aonde eu irei encontrar um alguém, que me queira? Me adore? Alguém que me faça feliz? Aonde eu irei encontrar esse alguém? Que um dia, me encontre e que meu amor seja um só.”

Não estava assinado, mas eu estava torcendo do fundo do meu coração que fosse do Victor. Mas, porque seria dele? Aliás, porque ele estaria aqui em cima? Nesse perigo? Mas pode não ser ele, pode ser... Como Dégel estaria aqui? Dégel era um aluno do curso que entrou comigo junto com o Regulus ou Régulo, o nosso, meu pequeno Rei. Dégel tinha uns problemas psicológicos e várias vezes como eu, cortava os pulsos, isso porque a dor física é melhor do que a da alma... Seria um julgamento. Quando nos cortávamos colocávamos os pingos em uma folha de papel e deixávamos em um lugar onde o outro pudesse ver. Nós dois subíamos até o terraço depois e conversávamos sobre cada gota em cada folha de papel. Não era muito profissional, muito ético, mais era bem aceitável para quem estava em uma triste realidade. Parecia que tudo era para a lua que acabara de surgir sobre as nuvens. Observei todo o terraço, eu iria fechar a porta, bem que quando eu subi a porta estava aberta e eu nem percebi isso. Fui até o muro novamente ver se via o carro de Gui ou algum sinal dos meninos, caminhei em volta do terraço, mais uma vez e fechei a porta. Enquanto chegava ao sexto andar olhando aquela folha de papel, com as palavras e a frase que entrava na minha mente formando uma canção. Olhei para o degrau á frente vendo uma carteirinha de identificação jogada no chão. Dei um sorriso a pegando. Pelo visto; Sr. Azevedo não iria entrar no seu quarto. Eu nem me apressei no meio da escadaria entre o sexto e o quinto andar me desconcentrei pulei um degrau indo para o da frente e quase cai com a folha na mão, segurei no corrimão e fui amparada. Eu ia rir, mas não. Sou a monitora fugindo das regras.

—Victor! – Exclamei surpresa.

—Desculpa. – Ele me soltou; aos poucos, detalhe, ele esperou eu me firmar antes de soltar meus braços. Fiquei sem reação, sem respiração, sem fala. – Eu...

—Ici. – Mal o deixei terminar de falar e já entreguei a sua carteirinha, respirando ofegante, eu odeio ser surpreendida. – Estava no terraço? – Ele ficou vermelho, estou começando a gostar de ver aquele rubor naquela pele clara.

—Não eu... – Ele olhou para o canto da escadaria e engoliu secamente. – Estava sim. – Ele começou á esfregar uma mão na outra com força nervoso. Eu toquei em suas mãos o fazendo parar.

—Está tudo bem; eu também estava. Mas, não devíamos. – Que engraçado. “Não devíamos” como se estivéssemos lá em cima juntos. – É proibido. – Olhei para os lados, estava tudo tão quieto. – Você quem escreveu? – Ele olhou rapidamente e desviou o olhar.

—Sim.

—Vous?

—Oui. – Que fofura. Quero apertar. Quero abraçar. Argh me dá colo! Para Cainan deslocou o maxilar do Armin, não quero ver essa linda cabeçinha fora desse corpo. Se comporte.

—Eu gostei. Escreve bem. – Ele ficou um tempo mudo.

—Merci Beaucoup. – Ele inchou as bochechas. Me pega! ♥ HUAHUAHA

—Gosta mesmo de escrever poemas?

—Não considero poemas. São aleatórios, frases aleatórias, vindas do nada... – Respirei fundo e dei a folha de volta para ele.

—Você gostou? – Acenei positivamente. – Fica com você. Para você. Tô dando. Sério.

—Obrigada. –Aliás, não pude te agradecer pelo bilhete naquela noite.

—Eu quem estava agradecendo.

—Sem precisar. – Ele pareceu sem graça. Oh Mika... – O dormitório está tão silencioso.

—Sim. – Ele voltou os olhares para qualquer canto. – Tão quieto.

—O andar está calmo? – Ele acenou positivo. – Que surpresa. – Mordi os lábios sem exatamente ter o que falar, nem o que dizer, ou expressar.  O que dizer? Como dizer? Ele me olhava de relance, parecia tão nervoso, talvez... Chateado? Uma expressão indecifrável. – Não é exatamente aqui que nós devíamos ter parado. – Começamos a descer as escadas, eu segurando no corrimão para não escorregar. De novo. Descemos sem trocar uma palavra e não; eu não queria ter esse tipo de relacionamento, parece com o meu e Cainan. – Como conseguiu subir no terraço? A porta fica trancada.

—Estava aberta. Tem uma porta de emergência. Eu não sabia para onde ir. – Ele franziu o cenho, torceu o nariz e colocou a boca fechada pro lado. – Espero que não ligue pros meus pais por ignorar as regras.

—Não. Está tudo bem. Eu estava lá, estávamos lá... – Hesitei. – Estava lá á muito tempo? – Ele ficou em silêncio. – Vou entender se não quiser falar e... – De repente ouvi um ronco. Ele estava com... Fome? Ele apertou a blusa na parte da barriga e ficou vermelho. - Você jantou?

—Mais ou menos eu... Eu durmo e passa e...

—Victor; Azevedo; você vai ter que me acompanhar. – Ele me olhou assustado. – Se não o fizer, vou ter que ligar para os seus pais. – Ele me seguiu, até o meu quarto, ele me seguiu.

—Não posso... – Ele viu a briga.

—Mas, você precisa comer.

—Não; eu estou bem.  Dormir vai me ajudar á esquecer a fome. – Ele estava com medo?

—Azevedo... – Ele me olhou. – É alérgico á camarão?

—Não. – Respirei fundo quase soltando um sorriso.

—Você aceita comer um pouco de Tartare de Salmão, com um pouco de camarão á parte e um pedaço de torta de maçã? – Ele nem precisou responder, o estomago respondeu por ele. Esperei uma resposta.

—De onde saiu isso?

—Eu quem fiz. – E dei um sorriso.

—Fez?

—Você aceita?

—Como recusar camarão? — Eu dei um sorriso

Eu sempre guardo tudo no meu minirefrigerador, quando eu tenho certeza que o jantar não irá me saciar eu mesma faço algo para eu comer, caso não me sacie completamente, ou eu não tenha pegado no refeitório. Não estava tão frio, esquentei no fogão portátil que guardo no baú; falam para não guardar ali, mas... Ocorre né.

Enquanto ele comia o Tartare de Salmão meio fazendo careta por com, certeza nunca ter comido salmão eu me sentava na escrivaninha para tentar escrever algo para ele. Um agradecimento na verdade, ele me deu um belo verso. Ele... Deixou-me tão feliz. Mas o que escrever para ele? Escrever que eu gostaria que nós pudéssemos dormir abraçados, beijar como se não houvesse amanhã, ser um médico quando o outro estiver doente, ficar de mãos dadas, tomar um bom café, tirar fotos idiotas, assistir filmes, sair em longas caminhadas, cantar musicas juntos, acordar para ver o nascer do sol, ouvir musicas agradáveis, assistir o por do sol? Não, muito invasivo. Mesmo assim comecei á escrever, aleatoriamente como ele diz... Ele virou-se para mim. Eu estava de lado então ele estava me vendo de frente.

—Está fazendo lição?

—NÃO, estou tentando... Aleatoriamente.

—Também escreve?

—É; um pouco, não tanto quanto você já demonstrou. Já que você é brilhante e inteligente.

—Não sou tudo isso... – Ele começou á comer o camarão; que é como uma sopa, um molho, estilo strogonoff, estilo curry, uma delicia, ao menos para mim e espero para ele também. – Sou como outro garoto qualquer, que apenas escreve frases aleatórias românticas que fazem refletir e gosta muito de ler livros. – O garoto perfeito, meu Romeu. Tenho certeza que já ia dar meia-noite; mais eu não queria tirar-lo do meu quarto, eu precisava de assunto, de muito assunto, incrementa Mikaele.

—Oh. Isso não é um garoto qualquer; nenhum garoto que conheço gosta de ler livros e escrever.

—E seu namorado? – Gelei, ele literalmente estava assustado. – Ele não é um garoto brilhante e inteligente? Bonito e...

—Está gostoso? – Ignora.

—... – Ele piscou. – Sim, está. Melhor que o jantar de hoje.

—Pode ouvir o que escrevi?

—Aan... Pode; claro. Estamos no seu quarto, você quem manda. – Eu sorri e respirei fundo, ultimamente tenho gaguejado bastante.

— “Mesmo com toda essa distancia, dificuldade, hostilidade, rivalidade, maldade, idade. Momentos, eu não vou desistir de você. Nem se eu quiser eu posso fazer isso. Eu quero...”- Parei. A continuação era a seguinte Eu quero beijar você, tirar fotos fofas com você e rir de coisas idiotas contigo. Mas sinceramente eu também queria matar você por me fazer chorar, me fazer sofrer e ignorar como se eu fosse nada nem ninguém.— “Que fiquemos quietos, pois estaremos mortos se eles descobrirem-nos.” – Eu acabei rasgando o papel e jogando no chão.

—O que foi?

—Está péssimo. Não sou genial como você.  Nunca vou ser igual você é, nem fazer como você faz.

—Nem deve. – Ele falou enquanto eu entregava o pedaço de torta para ele. – Você é única, faz coisas á sua maneira, escolher ser como outra pessoa nem presta. Seja você. – Eu o encarei que ficou vermelho. – Eu devo ir...

—Não. Fica mais um pouco... Desculpa-me... – Minha face começou á arder, á queimar. – Azevedo; lembra que me pediu para ir á igreja comigo?

—Sim.

—Você saiu do dormitório?

—Fui em uma padaria com Éponine

Eca!

—Era para fazermos a tour semana que vem...

—Ok.

—Porém, está em Paris á um bom tempo. Viu a cidade luz do terraço, deu um uma passeada pela rua, deu uma volta... Mas mal conheceu a cidade. Está longe de casa e desobedeceu a regra mais importante.

—Vai me punir?

—Não posso...

—Por quê?

—Estava junto com você. E sua mente é é absolutamente fantástica. Eu nunca faria isso...

—Não vai me punir por eu, segundo você, ter uma mente absolutamente fantástica?

—Isso. Estou lhe dando um desconto. Essa vez passa. – Eu dei um sorriso e ele retribuiu. Quando ele saiu para fora depois da refeição ele tocou na minha mão saindo do quarto enquanto eu sorria. Ele parou na frente da porta e me olhou de cima á baixo, eu paralisei nos seus lábios.

—Obrigado pela comida.

—De nada. Sempre eu que tiver, irei dividir com você.

—Não precisa.

—Eu insisto.

...

—Me desculpe o que eu irei dizer agora; mais, você fica sexy quando escreve. – E ele entrou no seu quarto o mais rápido que pode acenando e escondendo o rosto. Fiquei muda, sem reação, apenas observando ele entrar no quarto aparentemente com vergonha; ele... Acabou de me elogiar. O que eu poderia dizer? Ele me elogiou, ele ficou aqui comigo ele... Tocou na minha mão.

Impossível não suspirar.

Eu sorri e fechei a porta arfando e deslizei até o chão sem jeito. Eu queria pular, gritar, rir o mais alto o possível... Eu... Ele... Nós... Fiquei nesse universo enlouquecido não sei por quanto tempo rindo e querendo bater os pés freneticamente, minhas pernas estavam tão bambas que eu não conseguia levantar, estava ofegante.
Estou pronta para pular na cama colocar o travesseiro na cara e gritar de felicidade quando ouço uma batida na porta.

—Mikaele; eu sei que você está aí; sua luz está acessa. – Meu coração para. – Precisamos conversar.

Guilherme chegou.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem esse capítulo, tenho que dizer que demorei dias, horas para fazê-lo, não por ele ter ficado grande, foi porque eu refiz ele doze vezes, o computador nunca salvava, eu cheguei até a querer colocar em Hiatus; mas, resistir, Paris falou mais alto e aqui está. E agradeço ao seu tempo :3
Obrigada pela leitura. Mereço Comentários?? Brinks

~♥~Um Beijo da Autora. ~♥~



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