E Eu sou o Amor da Sua Vida? escrita por Lady Lupin Valdez


Capítulo 15
A dor do amor


Notas iniciais do capítulo

Haaah!! Desculpe pelo susto maninha HAHAHA... Sinto muito. Mentira kkkk Okay.

>>Desculpem a demora; houve um problema no computador, na vida, enfim...
As músicas que são soadas nesse capítulo são:

Camelia Jordana - Non Non Non (Écouter Barbara)
Carla Bruni - L'amoureuse
Edith Piaf - Non, je ne regrette rien
& Carla Bruni - Quelque'e um ma dit
Particularmente minhas canções preferidas e as primeiras que eu estudei no curso de francês; eu sugiro que as ouçam porque elas são viciantes!!

Dedico esse capítulo para as minhas espiãs queridas K. e N. (Vocês sabem que são vocês porque só você vão ver um cara que nem mora no mesmo estado que vocês)
O capítulo em si é muito decisivo para o próximo, então... Por favor, prestem atenção, caso verem algum erro, estou livre e disposta para receber mensagens.

KitKath, obrigada pela recomendação♥ Amei♥ Sem palavras, deixa eu ver uma frase "Estou encantada" *~* Merci Beaucoup

~Enjoy



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Victor

Eu quero morrer. De verdade e da maneira menos dolorosa o possível pois na dor em que me encontro nenhuma dor será pior, mas só pra ter certeza não quero morrer com dor.
Mas, eu quero morrer.

—Coração não dói Victor! – Exclama Leonardo para mim em um tom de deboche e uma risada sarcástica com Marjorie agarrada em seu braço.

—É uma expressão não é?

—Oui. – Falou Marjorie recebendo um olhar de desaprovação de Leonardo por ter respondido e confirmado comigo.

—Obrigado Marjorie. – Pigarreei. – Merci.

—De rien, Victor. – Eu dei um sorriso.

Alguns minutos atrás foram os piores da minha vida. Éponine entrou no meu quarto e disse que estava chateada, usou em seguida a palavra “excitada” comigo e o motivo eu nem sei e muito menos quero saber; não! Eu quero saber, pois foram os piores momentos da minha vida.

—Mas porque a expressão que seu coração está doendo? – Porque Mikaele me viu cem um momento desagradável, me encarou, abriu a boca, e saiu sem dizer o que queria. Eu estava mau, não era assim.

—Saudades... – Murmurei olhando para o chão enquanto caminhávamos em direção ao refeitório para o jantar. Leonardo riu e Marjorie deu um tapinha nele.

—Leo... Não seja mau com seu irmão. – Eles começaram á rir e eu fiquei sem graça no meio deles; na verdade eu estava de vela. – Não se sinta assim Victor; eu também me senti mal nos primeiros meses... – Ela fala um português tão puxado, é bem gostoso, aliás, de ouvi-la.

—Nos primeiros meses? – Ela acenou. – Nos “primeiros quantos meses”?

—Nos primeiros onze. – Eu evitei abrir a boca para não me mostrar surpreso, mas olha bem, pensa bem; ela literalmente estava com saudades, eu só estava mau por não estar com a pessoa que eu queria no momento; a pessoa que eu tanto queria a que eu estava dizendo que amava e estava com outra; não era exatamente estava. Eu não sei explicar nem o que aconteceu, nem quem ela é. – Mas as coisas vão melhorando aos poucos, você conhece pessoas, se acostuma com a rotina e então tudo fica bem.

—Onze meses? – Leo perguntou. – Porque tanto tempo?

—Não me via aqui sozinha; a minha monitora era cruel.

 -Hãn, á menos você tinha uma monitora, a nossa é meio invisível, sempre ocupada. Né Victor? – Era meio que por minha culpa isso da monitora ficar ocupada, eu queria ela só pra mim. Correção, eu quero ela só pra mim. – Né Victor?

No momento em que acenei positivamente um garoto de cabelo prateado passou por nós carregando nas costas um violão e cantarolando; ele passou por nós e tocou nos cabelos de Marjorie fazendo um chamego a fazendo parar de repente, pois, ele conseguiu fazer um cacho em uma mecha do cabelo dela com o dedo e deu um sorriso para ela.

—Armin? – O que ela falou? Ela abriu um sorriso e soltou Leonardo. – Senhor Rowell por onde andou?

—Par Paris; Par Le France... – Ele se voltou e respondeu sorrindo. Quando ele se voltou para ela pude ver como o rapaz era exótico; parecia feito de mel e açúcar, algo bem improvável do jeito que ele era. Seus olhos eram azuis escuros e profundos, era como se pudesse ver a alma dele, pudesse ver o que ele estava pensando, e pelo seu olhar profundo, ele estava feliz. E piercings no septo e no lábio, ele era algo que dava para se notar de longe; e eu nunca o vi ali.

Marjorie sorriu e se corou eu olhei para Leo e vi-o ficar visivelmente irritado, mordi os lábios para não rir alto já que ele estava com ciúmes dele. Ah Leonardo não se preocupe, eu sinto isso todo o dia... Ela se afastou dele quando o cabelo colorido fez reverência e desceu as escadas, Marjorie pareceu animada e se voltou para Leo.

—Leo; deixa-me explicar que visão magnífica é ver meu amigo depois de um longo tempo, chega á ser uma alegria e uma surpresa, uma surpresa  eu vou falar com ele, encontro você e seu irmão no refeitório, pela pose de Armin, do jeito que ele está animado, eu encontro com vocês na mesa mais distante do refeitório.

—Por quê?

—Surpresa! – Ela sorriu, deu um beijo na bochecha dele e saiu correndo em seguida puxando o violão dele e recebendo um enorme sorriso abraço á julgar pela forma que se cumprimentaram eles se conheciam á muito tempo. –Não vai s arrepender de ter vindo estudar artes cênicas Victor.

—Você viu isso? – Leo resmungou e eu comecei á rir. – Do que está rindo? Ela saiu correndo atrás do cara e ainda disse onde nós sentarmos.

—Você é engraçado com raiva...

—Não estou com raiva! – Eu o olhei erguendo minha sobrancelha, lógico que não. Eu nem o conhecia desde que tínhamos cinco anos; que isso... Raiva; nossa, nem estava.

—Desculpe. – Me corrigi. – Não está só com raiva, está com ciúmes também! – Ele iria articular uma palavra mais eu continuei. – Sentir ciúmes é normal, estamos no estado do amor, no país da paixão; se apaixonar e desenvolver ciúmes é normal... – Eu suspirei. – Não é justo mesmo ver a sua companhia ir atrás de outro ou ir com ele, entendo o seu ponto de vista, sei como se sente; sinto-me assim também ultimamente... E...

—O que? Como é que é? –Fiquei em silêncio. – Com Éponine? Quando isso aconteceu?

—Aan? Não tem nada á ver com Éponine. Não quero falar dela.

—Por quê?

—Porque não quero. Porque eu vou ficar chateado e vou começar á ficar chato, vou ser grosseiro e mal educado.

—Hãn; porque? – Ele repetiu a pergunta, neguei várias vezes e sempre que eu dizia “porque não quero”, ele perguntava o motivo. – Victor; porque não quer falar dela? O que houve? Aconteceu alguma coisa? Ele te falou alguma coisa?

Parei de negar.

—Aconteceu alguma coisa. – Murmurei. – Se sinta culpado se eu ficar chato e te der respostas atravessadas.

—Hun. – Ele estava interessado.

Respirei fundo e senti meu rosto queimar e um mal estar tomar conta de mim. Leo ficou esperando eu falar enquanto seguíamos para o refeitório.

—Éponine bateu na minha porta agora de tarde, disse que queria conversar, e invadiu o quarto sem ser convidada, e então disse que estava chateada, usou em seguida a palavra “excitada” – fiz aspas com os dedos e abaixei a cabeça, não quero que ele veja o meu rosto – Ela se aproximou e começou á arfar perto de mim. – Leo abriu a boca. – Ela enfiou a mão na minha calça e...

—OH MON DIEU! – Leonardo não escondeu o espanto. – E aí? O que aconteceu? – E nem a curiosidade.

—Ela me beijou, passou a mão no meu cabelo e colocou a minha mão na cintura e na cabeça dela e foi forçando o beijo, aquilo tudo...

—Cara; você foi estrupado. – Estreitei os olhos. – E depois?

—A monitora bateu na porta, depois ela me viu... – Eu fiquei em choque para continuar á falar, porque eu comecei á tremer e nisso eu ia começar á chorar. Fiquei em silêncio.

—No caso, então foi bom. – Ele deu aquela risada maliciosa e eu neguei. – Como ser tocado não é bom?

—Porque eu não queria beijar ela; eu não queria que ela fizesse isso; não queria que ela entrasse no meu quarto...

—O que você queria?

—Eu queria que fosse a monitora! – Exclamei sem querer e de repente eu me toquei no que eu falei; olhei para Leonardo que estava boquiaberto e repentinamente surpreso, eu engoli secamente. – Aan... Eu sei; eu sou um idiota! Ignore-me!

—A monitora? Nossa monitora? A meio invisível? – Ele perguntou animado e curioso, incrivelmente feliz. – Do 4º andar? – Acenei positivamente com um rubor na face, com o rosto queimando. – Você não está com Éponine? Mas querer a monitora não é tão ruim assim, pensa...

—Não! – Quando chegamos ao refeitório Marjorie estava sentada sozinha na mesa mais próxima ao fundo do salão, ela acenava para nós e fomos a sua direção. – Olha; como dizer? Não estou com Éponine, não quero a monitora; eu... Só fiquei com a imagem dela na cabeça entrando no meu quarto.

—Não gostou?

—Não gosto tanto assim de Éponine...

—E como isso ocorreu?

—Eu não sei o que dizer. – Fiquei quieto e nos juntamos á Marjorie na mesa que parecia animada.

—É sopa hoje... – Ela disse empurrando nossos pratos de sopa para mim e para Leonardo. – Eu tomei a liberdade de pegar para vocês porque o salão hoje vai encher.

—Por quê?

—Armin é um cara muito talentoso. Todo mundo admira a arte dele e já que ele voltou de férias; é simplesmente um show em cima do outro. E tem gente que não sai do refeitório depois que termina de comer; lota de verdade.

—Mas o que ele faz de mais? – Perguntou Leo ciumento.

—O que se faz em um curso de Artes Cênicas? Ele dá o seu show. Não fica com ciúmes. – Ela abraçou o pescoço de Leo. – Eu prefiro você tanto quanto o numero de pessoas que visitaram a Torre Eiffel desde que ela foi construída.

—Uou! Pega Leo; é sua! – Falei dando risada e tremendo; eu me arruinei na frente dele e não posso demonstrar nenhum interesse na monitora; eu não estava me sentindo bem; ela viu. Ela viu.

—Totalmente... – O sotaque de uma gaucha faz me virar para trás quando duas mãos apertaram os meus ombros, foi susto, foi medo. Quando me virei para trás um longo sorriso de uma gaucha loira me recepcionou. – Olá Victor. – Ela se sentou do meu lado. – Marjorie; esqueci seu nome...

—Você não sabe não se lembra ou não quer saber ou se lembrar? – Disse Marjorie observando que Katherynne estava sendo conosco na mesa.

—Esse é o melhor lugar para ver o Rowell; e já que o clima está agradável seria idiota se eu não sentar aqui. – Marjorie respirou fundo. – Ele e Cainan brigaram agora de tarde. – Tem a minha atenção Kathy. – Pelo que entendi, pelo o que eu soube; na verdade quem sabe é a Niedja! – Niedja? – Ela quem viu; ouviu... E Guilherme, Cainan, Mika e Armin em um lugar só...

—Guilherme? G.S? – Perguntou Leo. – Ele não é nosso professor de francês?

 -É. – Confirmei.

—Que te zoou de Victor Marie Hugo?

—Victor Marie Hugo? – Kathy ergueu uma sobrancelha e começou á rir.

—Obrigado Leonardo. – Resmunguei.

—Desculpa, é engraçado. Parei. Concordo que é bullying; se ele continuar, o ameace! – Falou Kathy batendo a colher no prato dando um sorriso. – Aposto que ele está assim porque não está dando aula com o irmão. – Marjorie terminou de comer sua sopa, e começou á comer as frutas sem esperar por Leo.

—E então Kathy, o que sabe? – Kathy estralou o pescoço e deu um sorriso.

—Sei que Niedja disse que Mikaele e Armin são o casal mais fofo, lógico, depois de mim e do Mateus. Woan. – Ela deu um suspiro de apaixonada e eu fiquei chocado, parado, larguei a colher no prato e fiquei ouvindo, de repente eu não queria mais dar tanta atenção á Katherynne. Respirei fundo e mordi os lábios fingi que não me afetou... Só fingi que entre mim e ela não aconteceu nada, porque o meu coração ficou apertado, dolorido, coração não dói Victor... Quem inventou essa frase não passou pelo o que estou passando. – Disse que ele tem aquela queda irresistível... – Marjorie se engasgou.

—Eu não acredito que ela falou da queda dele...

—Na frente do Cainan e do Gui. – Marjorie ficou pasma e limpou a boca com um lencinho. – O que era um assunto extremamente proibido ela conseguiu trazer á público. – Marjorie parou.

—Por isso ele estava tão animado agora á pouco. – Ela sorriu e apertou o braço de Leo que deu um gemido. – Está rolando clima, finalmente ela vai investir em quem ama ela e não apenas gosta.

Ei; eu também amo ela.

—Comué? – Falou Leo também acabando a sua sopa e partindo para as frutas. – E o monitor bonitão? – Eu encarei Leo como se fosse o estrangular já que ele estava dando mais chances pra ele do que pra mim. – Como eles fazem?

—Esperem... – Pediu Kathy e ela olhou para mim. – Cadê Époputa?

—Oh Kurz que maldade... – Falou Marjorie rindo. – Essa foi espetacular.

—Não se sinta ofendido Victor. – Balancei a cabeça negativamente dando de ombros. – ótimo; ela está na mesa da Elite.

—Se ela está na mesa de Elite, onde está Mikaele? – Leonardo varreu com o olhar o salão do refeitório sem levantar suspeitas; uma pena que eu sei quando ele faz isso.

 -Está ali.

Ela estava em uma mesa do outro lado do salão, um pouco mais perto da cozinha, com uma garota de cabelos cacheados, o exótico de cabelos prateados e seu violão, uma garota loira, garotos de cabelos pretos, ela não estava com o grandão; ela estava com o exótico e parecia muito feliz; parecia alegre, sorrindo um para o outro...

...

Colocando comida na boca do outro. Segurei o desespero.
Meu coração disparou naquele instante e era capaz de eu começar á chorar ao ver aquela cena, desviei o olhar para o meu jantar, mesmo que eu não estivesse mais com fome, era melhor do que ver outra pessoa feliz. Se eu saí do Brasil para ter um amor de verdade mesmo que não parecesse, nós mal nos conhecíamos. Mas, eu sentia; era como se já nos víssemos antes, já tivéssemos conversado, tivéssemos tido algo muito forte e especial, não acredito em vidas passadas, mas ela já foi minha. Ela ainda é.

—Cainan gosta daquilo? – Perguntou Leo observando a cena.

—Alguém desgosta? – Abaixei a cabeça.

 É melhor que eu não olhe, para não doer mais, pra não machucar mais, para eu não ficar pensar que eles iriam ficar juntos, para parar de criar expectativas, aliás, ela estava namorando com o grandão. Qual é Victor; você está sozinho. Sozinho! Pensando em uma futura e ilusória paixão que sequer falar comigo a não ser para advertir as coisas e elogiar poesias que ela mal sabe que é para ela.
Sou inútil, feio, chato, idiota, depressivo, folgado, teimoso, trouxa, bobo, vivendo de uma ilusão e de certeza de que nada vai dar certo entre nós; aliás, ela é mais velha, mais bonita, conhece outros caras que valem mais a pena que eu. Só de ver aquela cena meu coração se quebrou e foi espalhado por aí, pelo refeitório, por toda a França; está em vários lugares significando que nunca vão se juntar novamente, eu vejo o quão errado é isso, e ela? Ela é uma garota incrível que nunca vai se apaixonar por mim. Alguém vai se apaixonar por mim?

—Eu vou jogar! – O cara exótico avisou e eu tive que olhar o que ele ia jogar. Era uma bolinha, um pouco maior do que uma de tênis colorida e parecia mais macia, ele estava segurando o violão e com a outra mão jogou a bolinha falando em seguida á tê-la jogado. – Fala um cantor!

Todo mundo levantou os braços para pegar a bendita bolinha, mas apenas Kathy deu um pulo da cadeira e apertou a bolinha com força dando um sorriso.

—Camelia Jordana! –Ela sentou na cadeira em seguida e esperou segurando a bolinha nas mãos, eu fiquei observando enquanto Marjorie ergueu uma sobrancelha estranhando.

—O que ele está fazendo? Ele não pode... – Antes de ela completar a frase, o som do violão ecoou pelo refeitório; era tudo que eu precisava para piorar a minha depressão e minha falta de sorte, música, show de música ao som de um violão, após o jantar, no inverno; de Paris. Então Kathy começou á cantar, eu devia estar olhando para ela, mas, outra pessoa me chamava a atenção. A música que Kathy estava cantando seguiu a melodia do violão, nada de mais, nada de menos, era até divertido do jeito que ela estava interpretando a canção. Por isso eu tive que me afastar um pouco para não me machucar.

(Música: Non Non Non (Écouter Barbara))

 -Combien de fois faut-il

Vous le dire avec style

Je ne veux pas sortir au Baron?  (Quantas vezes é preciso Lhes dizer com estilo

Eu não quero sair para a Balada?)

Marjorie traduziu para mim e para Leonardo; ela já sabia qual era a letra, mesmo sendo difícil ela traduzir algumas partes para o português.  Na verdade, Kathy não escolheu a música, ela só escolheu a cantora, então houve uma salva de palmas assim que ela terminou; ela alegremente e se levantou se preparou e delicadamente jogou a bola, que acabou caindo no colo da loira do lado da Mikaele que rapidamente pegou pra jogar para o outro lado, porém, o exótico pegou na mão dela e acenou negativamente, pedindo o que tenho certeza era pra ela falar um cantor, mas não pediu em francês, pediu em outro idioma, parecendo com inglês, ela negou, mas ele acenou positivamente dando um sorriso para ela, que respirou profundamente sendo confirmado.

—Escolhe Myléne Farmer... – Murmurou Kathy que colocou uma garfada de macarrão na boca. Eles estavam servindo macarrão também? Cara eu vou morrer de fome hoje.

—Carla... – Ela parou. – Bruni. – Ele bateu as mãos uma na outra enquanto Kathy murmurou.

—Que seja Carla Bruni então... Uma boa escolha para o nosso repertório nessa noite de show. – Ele começou á tocar uma música suave, apaixonante. Todos estavam admirados com ele, com aquilo, com o jeito que ele tocava, que cantavam e eu pensando atenção em outro tipo de show. Mais humano, mais feminino, de tirar o fôlego e fazer tremer. O que me surpreendeu e que eu entendi é que ele está fazendo com que improvisem e está dando certo.

Fiquei pensando se quando eu estiver uma aulas mais á frente eu terei que fazer isso, que música eu cantaria? Mika gosta de "Les Miserables", qual música deve ser a favorita dela? Estou no momento de "será"; será que ela gostaria da minha voz? Será que eu poderia sentar ao lado dela? Será que ela gostou de passar aquela noite que eu nunca vou esquecer comigo? Será que ela gosta do jeito que eu sou? Será que ela aceitaria ser a minha namorada um dia? Será que ela aceitaria ter ao menos três filhos? 

—Ele está feliz. – Voltei á mim quando Kathy comentou observando o que ali não era apenas um refeitório, era um  teatro e a mesa deles era o palco. – Eu acho que eu nunca o vi triste.

—Você está tremendo. – Respondeu Marjorie. – Será que ele está feliz pelo o que aconteceu hoje entre Mika, ele e Cainan?

— Você viu o que ele fez? Tremendo? E de nervoso minha cara; isso se chama nervoso; por quê? Não lembra qual foi a última vez que cantou em público? – Marjorie a olha secamente. – Observe o que ele está fazendo...

—Está deixando os outros cantarem em vez dele. – Ela respirou fundo, não me importa o que ele estava fazendo, ao menos eu estava vendo Mikaele, vendo e pensando, será que ela sente algo por mim? Tirando dó e pena e obrigação... Tirando tudo isso, porque eu já me sinto desesperado de vê-la perto de qualquer homem, principalmente do grandão, mas, ela não está na mesa dele; mais está perto do cara exótico.   Não pode ser grande coisa, ela já não está mais perto dele. Mas, o atual a acha irresistível; e quem sou eu nessa escala de admiração? Quais são as minhas chances?

—Ele está tocando L’amoureuse... –Comentou Kathy com um sorriso, um tanto... Sarcástico? – Logo para Simone? Justo a Simone? É hoje que ninguém nesse dormitório dorme.

—Que maldade Kathy. Ela é um amor.

—Maldade? Você por acaso ouve? – Marjorie ficou quieta e se virou para onde estava Mika olhando para a tal Simone e ignorou a gaucha. – Eu traduzo pra vocês...
Parece que alguém convocou a esperança,
As ruas são jardins, eu danço nas calçadas,
Parece que meus braços se transformaram em asas.
Que a cada instante que voa eu possa tocar o céu.
 Que a cada instante que passa eu possa comer o céu

A loira cantava bem; embora não fosse uma pronuncia tão fácil de entender pelo seu idioma de origem atrapalhar; mas não ligo pra isso, eu queria estar me divertindo tanto quanto qualquer um naquele refeitório; mas algo me machucava por dentro, algo ruim, algo que eu não sei explicar. Era dor física, é intensa, assim eu devo dizer. Depois do que aconteceu comigo e com Éponine e ela viu, me deixou mal. Como eu quero dizer que me sinto mal pelo o que ocorreu, mas ela nem vai ligar. Não estamos tão ligados assim, nem estamos. Dói no fundo da alma, receber olhares que parecem de nojo. Esconder o rosto entre as mãos não adianta, então eu fico aqui... Em silêncio. Ouvindo a canção “romântica” da loira. Sobre a tradução que Marjorie faz muito bem; bem melhor que Kathy que coloca umas gírias gauchas no meio, fica divertido, mas eu me perguntava, sobre a tradução; “porque eu estou apaixonada, sim eu estou apaixonada”. Eu estou apaixonado. Beira ao amor? Beira ao desespero por não poder tê-la. Eu nem consigo pensar direito, é um sentimento que dói fisicamente, coração bate acelerado só de vê-la e não poder abraçá-la, sentir ela colocando a cabeça na curva do meu pescoço, sentir o cheiro do perfume dela...

—Ah para! – Exclamou Kathy quando acabou. – Eu quem devia ter pedido Carla Bruni.

—E porque não pediu? – Perguntou Leo vendo Kathy dar uma tossida para responder educadamente; porque pelo olhar dela, ela queria dar uma bela resposta nele.

—Jordana me pareceu a minha cara. – Disse ela dando ombros e se debruçando na mesa.

—Aliás, como foi á o dia de vocês? – Perguntou Marjorie se aproximando de Leo, ele deu um sorriso e ficou vermelho, seus óculos de grau quase caíram de seu rosto e precisaram ser empurrados de volta. – Como estão se sentindo aqui em Paris?

—Normal... – Falou Leo. – Á não ser pela neve, está normal. – Ele riu.

—Nem tanto. – Eu falei. – Estamos em Paris, na França e sem nada de nada. Tinha que ter dado uma volta... – Enquanto eu falava ouvi aquela voz ecoando pelo refeitório.

—Não quero Armin... Desiste. – Era a voz dela.

—Non. – Ele falou. – Uma cantora. – Vir-me-ei para ela que parou um instante, ela se sentou formalmente como aquelas secretarias de clipes, ou advogadas de milionários. Com classe e postura e o encarou, fazendo meu coração pulsar, aquilo doeu. Ela falou o nome de uma cantora, mas eu não entendi.

—O que?

—Edith Piaf. – Falou Marjorie observando a monitora e o exótico. – Uma musa.

—Não poderia esperar nada melhor. – Falou Kathy e o violão começou á ser tocado.

 (Música: Non, je ne regrette rien)

Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

(Não, nada de nada...

Não, não me arrependo de nada...

Nem o bem que me fizeram

Nem o mal – tudo isso tanto me faz!)

Kathy estava fixada em Mika, traduzindo palavra por palavra, eu estava em um misto de hipnose, ouvindo a tradução e prestando atenção em Mikaele pela bela forma que ela cantava, porque, lógico, ela é linda de morrer, matar e sobreviver, é impossível não olhar para ela; como disseram que aquele exótico falou; “ela é irresistível”.

— Não, não me arrependo de nada... Pois minha vida, pois minhas alegrias hoje, tudo isso começa contigo. – Ela deu um longo agudo, com as palavras “avec toi.” (coisa assim) e bem nessa hora ela me fitou; do outro lado do refeitório, com um sorriso que me arrepiou por completo. Fitou-me? Eu? Certeza que eu vi isso? Respire fundo, respire fundo, não sorria, não chore, não acene...

Meu rosto queimou e eu sorri. Droga!

—Uih; que profundo. – Falou Leo. – Ela não se importa com nada porque as alegrias dela começam com uma pessoa? Edith Piaf é uma musa mesmo?

—Lógico. – Falou Marjorie. – Será a primeira cantora e música que estudarão.

Mika passou a bola para Armin que ficou sem graça e sem jeito, ele riu e tentou jogar mas todo mundo começou á dizer “Non!”, eu nem tinha percebido, mas o grandão estava lá numa mesa mais próxima, não era a da Elite, estava mais próxima do palco/mesa, e Éponine estava lá do lado dele.

—É sério isso? Eu?

Oui

—D’accord! – Ele se arrumou no banco com um sorriso. – Vou fazer uma homenagem, á algo além das minhas idas e vindas para Paris; para eu sempre voltar.

Ele respirou fundo e Kathy se preparou para traduzir.

(Música: Quelqu’e um ma dit)

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa

Elas passam em instantes como murcham as rosas

Disseram-me que o tempo que passa é um desgraçado

Que das nossas tristezas ele faz seus casacos

No entanto, alguém me disse

Que você ainda me amava

Foi alguém que me disse que você ainda me amava

Seria possível, então?

Disseram-me que o destino debocha de nós

Que não nos dá nada e nos promete tudo

Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos

Então a gente estende a mão e se descobre louco

No entanto, alguém me disse

Que você ainda me amava

Foi alguém que me disse que você ainda me amava

Seria possível, então?

Mas quem me disse que você ainda me amava?

Eu não recordo mais, já era tarde da noite

Eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços

"Ele ama você, isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você"

Sabe, alguém me disse

Que você ainda me amava, disseram-me isso de verdade

Que você ainda me amava, seria isto possível, então?

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa

Elas passam em instantes como murcham as rosas

Disseram-me que o tempo que passa é um desgraçado

Que das nossas tristezas ele faz seus casacos

No entanto, alguém me disse

Que você ainda me amava

Foi alguém que me disse que você ainda me amava

Seria possível, então?

Houve uma salva de palmas e aquele exótico deu um sorriso maroto e agradeceu, ele olhou para Mikaele e fez aquele gesto de “viu?” e ela concordou, porém ele ficou a observando por um longo tempo, talvez segundos, mas para mim, foi muito longo, ele se aproximou dela e repetiu a frase, em francês que significa “Seria possível então?” bem perto do rosto dela. Mordi os lábios e fechei a mão em cima da mesa vendo todo o clima ficar tenso, eu sabia o que ia acontecer e estava me segurando para não chorar, eu acabei me levantando com tudo e derramando sopa na minha roupa no mesmo momento em que ele selou os lábios nos do dela que recuou assustada; mas não pode recuar tanto, pois ele segurou nos cabelos dela e aprofundou o beijo e meu coração se despedaçou, porque eu a amo desde que a conheci, meu coração estava partido e as lágrimas ameaçavam correrem pelo meu rosto.

—Victor? Você está bem? – Perguntou Leo quando me viu afastando da mesa assustado.

—Estou... Eu vou... Eu... – Hesitei. – Eu vou ao banheiro. –Engoli seco e parei de pensar. – Trocar de roupa...

—Vai o que? – Perguntou Marjorie

—Armin! – Todos voltaram seus olhares para os dois, principalmente o grandão me fazendo afirmar; eu não tenho chance nenhuma, duplamente sem chance. E agora eu tenho o receio de eu dizer que a amo e ouvir um “não me ame, pois não te amo; tenho dois excelentes garotos para decidir.”.

Eu não tenho mais um bom motivo para ficar aqui.
O que eu estava pensando?
Talvez vir para França foi uma péssima idéia.
Talvez me apaixonar foi errado, talvez amar é errado.

Ela pode se encantar com meus versos, mas não está apaixonada e muito menos encantada por mim; muito menos apaixonada.

...

 Será que ela conhece a dor do amor não correspondido? Será que eu poderia ser mais burro? 

Será que ela adoraria ver esse céu junto comigo?


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenha gostado desse capítulo que tenham entendido mais um pouco, qualquer dúvida podem perguntar; eu não ignoro nem sou nervosa ou agressiva. Sou domável e amo o comentário de cada amora e amore ♥

Até o próximo capítulo .
~♥~Beijos da Autora.~♥~



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