E Eu sou o Amor da Sua Vida? escrita por Lady Lupin Valdez


Capítulo 10
De nada ao tudo, de tudo o nada


Notas iniciais do capítulo

Hey du; eu ainda tenho amoras e amores para comentarem minha história e meus capítulos?? Ou a história ficou chata? Ah gente, qual é? kkk


~Enjoy!!

PS: Leiam as notas finais. ♥



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Mika

 

Se eu falar que acordei de olhos inchados foi pouco; meu nariz escorrendo, uma vontade incontrolável de espirrar, mais não conseguir e o corpo doendo, era segunda-feira. Só lembro-me de dormir com a carta do calouro no meu peito, com Cainan esmurrando minha porta e em algum momento Kathy querendo dormir, eu dormir com a música da banda da rua vizinha, sim, há muitos artistas aqui em Paris que fazem seus shows para receberem uns trocadinhos e mostrarem seus talentos, há tanta arte aqui; o que é Hollywood perto de Paris? Todos tão talentosos por isso estão aqui. Nunca tive tanto medo de dormir. Claro, teve uma vez, que não se compara com essa, que foi a vez de Antonie; e quando sonhei que Cainan batia em Victor. Mas ser ameaçada metade da madrugada venceu com certeza.

Quando eu levantei sobre muita preguiça da minha cama quentinha, hoje estava frio, porém um pouquinho mais quente que ontem, é inverno europeu, mas tem dias que faz uns 3° graus e eu tô de boa. Tem dias que faz 5° e eu quase congelo. Então se me perguntam ‘tá frio?’ e eu digo que está é porque para mim está, oras!

Quando levantei com muita preguiça ás 5horas e 30 minutos da manhã respirei fundo; eu não queria ver Cainan hoje; eu queria voltar á dormir. Fiquei um bom tempo olhando para o teto só focando e lembrando-se do “Sou eu o garoto do chocolate quente” e “Você está bem?”. Como aquele bilhete foi escrito amavelmente, com uma letra bonita, ele escrevia bem, eu morreria com aquele bilhete em meus braços, lendo, relendo, aquilo me protegeu e me tranqüilizou... Eu estou sorrindo igual á uma idiota digamos uma idiota apaixonada. Ele foi tão gentil, tão meigo, tão... Preocupado, ele quis saber se eu estava machucada, não sei se foi por curiosidade ou preocupado. Está tudo bem, tudo bem... Meu celular tocou duas vezes, não era o despertador, era mensagem, eu fui obrigada á prender o cabelo de qualquer jeito, eu odeio o jeito que ele está ultimamente, e em passos mansos que pareciam ter mais alguém ali comigo fui até a porta para abrir-la. Eu estava amando, amando alguém mais novo que eu, que fazia meu coração bater de um jeitinho tão harmonioso e escola de samba que nenhum remédio para ansiedade ou pressão poderia controlar. Meu coração mantinha aqueles movimentos irregulares diferentes no coração; certo alivio no corpo, certo há algo para lutar. Victor parecia ser meio impossível, mais eu tento fazer o meu possível.

No fim de semana eu não tenho muitos motivos para levantar, não tenho motivos para acordar tão cedo, porém quando chega segunda tudo muda, eu me sinto desgastada, tão cansada, tão... Déia não vai me chamar para rodar Paris, Simone não vai pedir maquiagem emprestada para cobrir as olheiras da choradeira da noite passada; hoje é o segundo dia em que Cainan não veio me acordar, é o segundo dia em que eu conheci o Victor, e só de pensar que eu me vejo casada, tendo filhos com ele e envelhecendo com ele, os dias parecem passar mais rápido, mas o fato de ele estar com Éponine estraga tudo, destrói tudo, arrasa com a minha vida, minha auto estima, minhas esperanças, meus objetivos, aquele menino acabou com tudo que eu tinha.

Abri a porta meio abobada, lembrando do bilhete que recebi naquela madrugada, dei de cara com um rapaz que estava do outro lado da porta com um celular na mão e um sorriso de carinho, admiração e carregava três flores em mãos; ele possuía olhos azuis escuros, ele tinha cabelos platinados em um corte moicano com as laterais raspadas com a parte central da cabeça com fios mais longos que estavam puxados para o meio e ficava espetado em um estilo mais despojado e jovial, contando com um piercing no septo e um no lado direito do lábio (ele iria tirar em breve, o dormitório não permitia tal, mas mão deixava menos bonito) um sorriso louco; eu respirei fundo, naquela hora estava completamente desarrumada, de um jeito estranho e sem graça porque não era o Cainan, não era o Victor, não era Kathy; era Armin.
Será que um dia Victor me acordaria com flores e um sorriso encantador? Mandar-me-ia mensagens antes de nos vermos?

—Bonjour mon cher. (*Bom dia minha querida) – Eu sorri para ele, como eu estava emocionalmente cansada, ele podia falar vários idiomas, mas ele sabia que ás vezes eu perdia o sotaque e ele amava me lembrar. – Êtes-vous d’accord? Avez-vous bien dormi? (*Você está bem? Você dormiu bem?)

—Bonjour mon’ ami. Oui. Ça va bien et toi?

—Bien aussi. – Ele sorriu e que sorriso mais;

 O pai de Armin é canadense, sua mãe é francesa, ele nasceu na Itália, foi criado em Portugal, estudou na Suíça, fez curso de literatura em Londres, fez aulas de dança na Argentina e veio fazer Artes Cênicas em Paris; ele é um verdadeiro internacional, entre ele e Déia a diferença é que Armin é da Universté; ele tem quase vinte anos, digamos que ele é lindo, sim, o rapaz mais lindo daqui do dormitório, da escola, digamos que ele é o cara que é mais atraente que já vimos, e Cainan? A diferença entre ele e Cainan é que Cainan é Monitor, Armin não. Cainan aparece mais, Armin não, na verdade Armin é uma festa em pessoa e dizer que ele não faz nada seria bem ruim e egoísta, ele trabalha junto comigo. Na biblioteca Nacional de Paris. Somos os melhores bibliotecários de Paris, e só de ver ele naquela manhã  com flores depois de um recesso me aliviou; estava com tantas saudades dele.
Certa vez algumas meninas aqui na França comentaram que os franceses não são bonitos, que são sem graça, sem sal; porém, mesmo que Armin seja uma mistura de italiano, francês e canadense; ele tem nacionalidade francesa, então o inclui como francês.  E esse negócio de acharem franceses feios, isso é uma questão de gosto e gosto não se discute; é porque nunca viram Armin, ele dispensa apresentações, ele arranca suspiros, charmoso, dá vontade de levar na mala, ele é tão meigo, os garotos aqui o odeiam, já as meninas; incluindo Éponine não deixam de dar uma cantadinha nele, e sim, ele dá ótimos foras nela. Ele é perfeito, sabe e gosta de cozinha, sempre liga quando algo de errado acontece, ele se preocupada, conversa olho no olho, é um ótimo ouvinte, companheiro, amigo, brincalhão, um cara á quem eu confiaria a minha vida; eu confiar-lhe-ia um segredo?

—Quatro horas hoje. – Ele me lembrou. – Posso entrar? – Passei a mão nos olhos completamente sem noção. Oh Azevedo, o que você fez comigo?Ás vezes eu olhava para Armin e pensava porque eu não fiquei com ele... Ele era bom demais para mim, na verdade qualquer menino, garoto, rapaz ou homem seria demais para mim. Não que eu me ache ruim, má, péssima, eu sou um amor, carinhosa, apaixonada, atenciosa, encantadora; eu só estou com medo de entrar no mesmo circulo doloroso, machista, controlador e perigoso de Cainan.

—Claro. – Ele me deu as flores e me cumprimentou com dois beijos no rosto, foi Kathy que ensinou isso para ele, antes ele cumprimentava de um jeito bem diferente. – Me desculpa, mas estou tão distante.

—Distante? – Ele respirou fundo se aproximando da minha cama e começando á dobrar os lençóis e edredons, eu me aproximei dele com rapidez, não, não.

—Para Armin; o que está fazendo para. – Ele continuava organizando minha cama bagunçada sem nem se importar com o que eu falava, ele é 22 cm mais alto que eu. – Rowell! – Chamei, ele começou á rir e me enrolou em um lençol gargalhando, como é ruim ser baixinha. – Argh! – E foi aí que ele fez uma coisa que ele não fazia á muito tempo; ele me jogou na cama e pulou em cima de mim me impedindo sair daquela armadilha, não, ele não era o Victor, ele não era o calouro, ele era meu amigo, meu ajudante, meu companheiro de trabalho. – Rowell. – Ele parou de me imprensar e começou á rir. – Para, por favor, o que você está fazendo?

Ele pegou uma parte do lençol me fazendo rodopiar e cair no colchão batendo suavemente na quina da cama, mais não de um jeito para machucar, ao menos não minha boca de machucar as têmporas, ele me olhou tranquilamente e sorriu; eu mordi meus lábios, doeu.

—Desculpa Mih; não foi por que eu quis, nem fala para o Cainan que fui eu, foi sem querer.

—Pra que fez isso? Você é louco? – Ele passou a mão no rosto me olhando.

—Olha, nem foi minha opinião; pardon. Mas, eu vi o que você fez com o rosto de C. S., você ficou horrível, no mínimo eu achei que ele tinha lhe batido, e caso for vocês terminaram e estaria péssima; poxa, você estaria péssima e lembro-me da primeira vez eu você ficou péssima e da segunda vez você quase morreu, na terceira, na quarta... Nessa sétima seria ruim, então pensei nas coisas boas que você gosta, tentar te deixar feliz e evitar ver você chorando. Eu vou arrumar essa cama independente do que aconteceu. Não vai ficar marca.

—Oh Armin; muito obrigada! – Respondi me levantando da cama e deixando-o arrumar minha cama. – Espero mesmo que não fique marcas eu não quero que achem que Cainan acabou comigo.

—Achar? Ele disse que não te bateu.

—Quando você chegou?

—Ontem; eu não vi você e Alex disse que você estava de repouso; cheguei antes do Silva chegar e quando eu sentei no refeitório, vi a maior discussão do refeitório. Eu estava no jantar, eu ouvi tudo. Então vi Éponine se oferecendo para ele; eu achei que algo grave aconteceu, então; eu estou aqui.

—Você é tão prestativo. – Ele sorriu dobrando outro lençol como se fosse o dele. – Eu vou trocar de roupa, caso não se importe já ia dar 6horas.

—Jamais vou me importar com isso.

Entrei no banheiro e passei uma água no rosto, pensei rapidamente; eu tomo um banho agora? Eu não tomo banho de manhã, mas logo agora que está tudo vazio. Quem essa hora da madrugada toma banho no meu andar? Ninguém!

—Armin, vou tomar um banho; rápido, eu ainda tenho que entregar os horários, ir na igreja e...

—Você vai à igreja hoje? – Ele parecia preocupado.

—Ontem eu não consegui. Depois eu vou direto para a biblioteca.

—Você vai trocar o horário? – Revirei os olhos.

—Eu posso tomar meu banho? – ele deu uma risada boba.

—Lógico, traz água pra mim.

—Claro. –Aquilo foi basicamente um “beijo”, mais isso era forte demais para nós dois.  

Abri a porta e me certifiquei que ninguém viu que Armin estava no meu quarto e fui direto para o banheiro, especificando é um longo corredor, há duas escadas, uma em cada final de corredor, pra quem desce e pra quem sobe,  meu quarto é afastado uns cinco metros da escadaria que o primeiro, segundo e terceiro andar sobe;  no final do corredor, perto do quarto do calouro tudo tem uma outra escada do quinto, sexto e sétimo andares descem, sobem, e antes da escada há o banheiro. Passei correndo até o banheiro com medo de Cainan e não queria acordar ninguém, nem Kathy para evitar perguntas. Há um enorme espelho, uma pia, o chuveiro e o Box; o gancho para segurar roupas e toalhas, ok; tirar roupa, ligar chuveiro, aquecer, entrar, se banhar e sair. Mas e faço algo diferente, ligo chuveiro, espero a água esquentar, fazer o vapor embaçar o espelho, daí eu tiro a roupa e entro; não fica tão frio e dá um animo em tomar banho. 

Armin é fantástico, mais nada vai me impedir de cobiçar o calouro, o único garoto; menino, para quem eu fiz Chocolat Chaud. (chocolate quente) e fui agradecida por isso; o quarto dele só está meio vazio, precisa de mais enfeites, mais cor, mais vida; embora todos os quartos fossem iguais, alguns pôsteres dão vida e cor. O que estou pensando? Que entusiasmo assustador é esse? Só de pensar nele sinto meu rosto ficar quente, minhas bochechas tão quentes e meu coração começa á bater forte. Ele tem dentes adoráveis retos, brancos, brilhantes, um belo sorriso um rosto magnífico, não usa aparelho, tem olhos lindos, aqueles castanhos claros, mesmo com uma leve bolsa nos olhos o deixa mais sexy ainda. Meu coração pulsa tanto no meu peito, não tem como não se apaixonar por ele, meu estomago começa a fazer com que eu tenha um ataque de ansiedade; mais por quê? Mesmo que os últimos dois tenham mexido com a minha amorosa me fazendo acabar batendo em Cainan, mentindo para ele, sem nem negar para o que acontece com o sentimental do cara que eu confirmo ser meu namorado.
Como do dia para a noite Cainan se tornou tão odiado?

Não posso viver apenas de qualidades, se devem ter defeitos também porque quebras cabeças não se completam com peças iguais, quantas vezes eu falei aquilo para o Cainan? Para ele entender que eu nunca iria o abandoná-lo? Para ele entender que mesmo com nossas diferenças seria sim possível nós dois sermos feliz para sempre, no Brasil, aqui na França, em qualquer lugar do mundo, porque assim nós seriamos um só. Mas, mesmo assim, aconteceu alguma coisa, nem parece o cara que eu conheci, não parecia o doce cara que além de devolver o meu urso e pelúcia, me segurou par que eu não caísse em cima das minhas próprias malas no dia que eu cheguei aqui. Trocar alguém que lhe fez uma gentileza por que você fez uma gentileza, é fora dos conceitos.
Pensando naquilo eu senti uma dor insuportável, que não seja dor de coração partido, porque simplesmente ele é cinco anos mais novos? Porque ele é calouro? Porque eu me encantei por ele só de olhar em seus olhos? Porque abri meu coração á um menino que ficou com Éponine? Eu queria que Éponine nem tivesse visto ele, eu não os queria juntos, ela é tão mais bonita que eu; eu sou apenas... Uma monitora muito mais velha com a minha cara de “cão chupando limão”, de ser a nervosinha, de ser a carente, de ser a organizada, que quando dá faz uma bagunça mais logo se arrepende, que nem gosta de festa, nem de sair. Éponine é completamente ao contrário de mim e além de mais nova, ela soube cativar ele, eu nem falar o quanto eu amei a companhia dele consegui. Eu passei o sabonete como se jogasse gelo em um corpo em chamas, porque de uma hora para outra só de pensar nele eu comecei á queimar e me deixar com dor de cabeça; enxagüei-me e abracei meu próprio corpo, eu precisava do abraço do Victor, precisava sentir o cheiro dele novamente, precisava de mais uma noite dormindo ao lado dele, nem precisava ser na mesma cama, só de ouvir a respiração dele estava de bom tamanho para mim.  Após um tempo, eu saí do chuveiro, me enrolei em uma toalha e em um roupão, passei a mão sobre o espelho nublado, e sim, ficou uma marca na minha temporã, eu vou matar Armin, comecei a vestir a roupa da parte de baixo para a parte de cima, por sentir mais frio nas pernas do que nos braços.

Coloquei casacos, botas, luvas, hoje eu não ia passar mal de novo, nem pensar; porque mesmo eu iria fazer isso de novo? Já ocorreu uma vez, eu não queria que acontecesse outra uma vez. Fiz um rabo de cavalo, ia pedir para fazerem um coque flor no meu cabelo, eu não conseguia fazê-lo sozinha, são muitos grampos, muitas mechas de cabelo. Olhei para o relógio e tive um troço, era 6horas e 30; entrei no quarto com tudo, assustada e olhei para Armin que estava sentado na cama... Lendo a carta de Victor.

—HEY! – Corri para pegar a carta, mas como todo mundo aqui é maior que eu ele não precisou de muito esforço para se levantar e erguer a mão e continuar lendo sem que eu pegasse a carta. – Não; devolve isso aqui! – Vai perder o aroma dele, a essência, vai perder o jeitinho que ele me mandou; não chora, não chora! – Rowell!

Ele parou rindo para mim, aquela risada de quem cantaria aquela música “é o amor” aqui no Brasil, ele me olhou com um olhar malicioso, me olhou inesperadamente. Meu coração gelou, eu estava atrasada, eu estava ferrada, ele simplesmente estava olhando como se fingisse ler, até que murmurou algo como Victor, e foi aí que ele aparentou ler de verdade, ele parou de ler e me olhou não foi nenhum olhar bom, nem um olhar ruim, ele só me olhou, olhou no fundo dos meus olhos, meio boquiaberto, ele não sabe fazer aquela “cara de surpresa”, mas eu sei quando ele está surpreso, eu trabalho com ele á um ano e sete meses, ele quer ser roteirista, então não sabe muito bem fazer algumas expressões ou todas no caso. Ele só ficou me olhando, então eu não ousei falar nada, eu fiquei quieta, eu senti aquela sensação ruim de quando descobrem alguma coisa e o seu estomago fica com uma sensação ruim, suas mãos suam, você começa á tremer, você não sabe o que fazer nem o que falar; então quando não se sabe o que fazer é melhor ficar quieto.

A biblioteca abre ás 7h45, mas devemos estar lá uma hora antes, e temos meia hora para isso, estávamos atrasados andando até a biblioteca são 12 minutos, eu ando devagar, não temos bicicletas, não usamos os tíquetes do metro, nem de trem, vamos andando porque gostamos de conversar, mais hoje, acho que não teria conversa. Relaxei os ombros, respirei fundo, mordi os lábios e ergui a mão esquerda, ele fez o sinal para que eu não falasse nada e abriu a porta ainda surpreso.

—Te encontro lá embaixo; se eu não estiver lá embaixo, eu fui na frente. – E bateu a porta.

Ok; ok. Um instante, um minuto, uma hora... O que aconteceu aqui? O que eu fiz de errado? Ele havia dobrado o bilhete do mesmo jeito que o calouro passou por baixo da porta, ainda tem o cheiro dele até aqui está tudo bem, li e reli o bilhete, não há nada de mais. Não tem nada de mais; não colocou que dormimos no mesmo quarto, nem que nosso toquei nos lábios dele, aqueles lábios macios e tão desejados, nem que eu fugi de Cainan, nada, absolutamente nada, foi um agradecimento, nada de mais. O que foi que aconteceu aqui?
Com o tempo passando eu não tinha muito tempo, eu precisava pegar os horários dos alunos, precisava acordar-los para o café, precisava fazer tanta coisa. Meu coração pulsava tão força que eu tinha medo dele parar de tão forte que ele batia, do jeito que ele fazia, ele não batia desse jeito antes, ele ás vezes batia com uma ou duas, surpresas, nunca do nada, nunca de repente... Nunca só de pensar em uma pessoa. Ok Mikaele, vamos, você não pode ficar assim para sempre, você precisa se concentrar foi só uma noite, um fim de semana; só uma vez. Sou tão tola por não ter força para esquecer aqueles segundos, coisa que ele já esqueceu. Desci na recepção e pedi a programação dos alunos novos do andar que vieram do 3º andar para o 4º e a programação e os horários e guia dos calouros, só os calouros recebem a programação, os horários e guias; pelo simples fato deles serem novos, até se acostumarem; seis meses ou menos é o suficiente. E subi de volta para o meu andar, pensando severamente no que fazer, no que de errado Armin viu.

Bati de porta em porta, acordando os alunos, e entregando os papéis, um por um, havia trinta e sete alunos no andar naquela manhã, no andar todo são 49, e Victor era um deles, ainda hoje há de chegar mais, e se caso os alunos de 14 anos forem mais de 49? Os que estão á mais tempo no curso dividem os quartos.

Infelizmente o irlandês, Rupert havia ido embora, e uma japonesa também, Mikoshi, bati na porta de Victor já tremendo, naquele corredor só ele me importava, só ele estava em meus pensamentos, não estava me irritando, não estava me incomodando, estava tudo bem, ele é incrível. Ele só beijou Éponine, ele só está com ele, ele só me quebrou por dentro, mais mesmo quebrando, estou tão feliz e me sentindo tão protegida, como se ele me matasse e me revivesse em cada segundo, ele me deixa tão entusiasmada. Como sempre, bato na porta três vezes e espero uma resposta. E se ele foi dormir no quarto de Éponine? Gelei imediatamente e de repente ele abriu a porta, me aliviando.

—Bonjour. – Falei sem jeito, tentando de repente manter meu coração dentro do meu peito, ele é tão lindo, aquele ar que nos enrolava e envolvia fez-me sentir tão protegida, tão aquecida nesse frio, nem precisa pegar na mão dele, nem abraçá-lo, só de olhar nos olhos dele já é o suficiente. – Êtes-vous d’accord? Avez-vous bien dormi? – Ele piscou.

—O que? – Eu dei uma risada tímida, como é difícil não rir escandalosamente.

—Bom dia. Você está bem? Você dormiu bem? – Ele me olhou de cima á baixo e ficou olhando para o meu rosto, eu fiquei vermelha, sem jeito, sem palavras, sem saber o que fazer com certeza meu rosto estava ficando mais avermelhado, pois ele começou á arder se contenha... Meu coração e minha respiração foram ao limite, eu ia começar á tremer, eu estava nervosa.

—Você disse que não estava machucada. – Ai meu coração. – Disse que ele não te machucou. Disse que estava bem.

—Não; não foi ele, ele não tocaria em mim e...

—Você mentiu pra mim?

—Não foi ele, escut...

—Eu achei que eu podia confiar em você...

—Azevedo. – O chamei com firmeza. – Não foi ele quem fez isso; eu me desiquilibrei e bati na cama, foi hoje de manhã; há diferença de machucados depois de um tempo, mais esse é recente, toca. – Ele hesitou. – Toca, é recente, foi hoje de manhã. – Ele respirou fundo, ia colocar a mão com tudo mais hesitou, peguei em seu pulso e levei até o machucado que graças á Armin estava inchado. – Viu? Sentiu? É recente!

O que eu estava fazendo? Eu travei, eu estava segurando no seu pulso para ele tocar no machucado com a sua mão, fiz ele tocar  seus dedos em mim, que sensação de arrepiar cada fio de cabelo, de fazer cada fibra do meu corpo se rebelar, endurecer, incomodar, mostrar o quanto ele era especial, o quanto ele era diferente, o quanto de descarga elétrica de alta voltagem nossos corpos compartilhavam só de estarem perto um com o outro, estarem em conexão um com o outro, o quanto um fogo me inundava, me invadia, me deixava acordada e ao mesmo tempo não  me incomodava, só de olhar para ele, só de nos tocarmos, só de aquilo significar que nós pertencíamos um ao outro significava tudo para mim. Porém... Ele estava com Éponine.

Soltei o pulso dele e me afastei dele com rapidez dando um sorriso sem graça e fechando a cara em seguida, eu não era uma monitora para ser amável, era monitora para ser temida.

—Viu? Recente. – Disse sem graça pegando o guia do calouro, a programação de como seria o dia dele, e os horários, ele ficou me olhando e eu dei um sorriso. – Espero que tenha dormido bem, tenha um bom dia e... – Eu me enrolei, gaguejei, engoli em seco. – não perca os horários. Salut. – Eu dei as costas para ir para a próxima porta, mais ele continuou ali, na porta, meu coração se cortou, eu não podia deixar ele ali em pé, de maneira nenhuma, eu coloquei a mão dele no meu machucado, passei a mão no rosto. Vir-me-ei para ele. – Pois não?

Ele ficou um bom tempo olhando para o chão, depois olhou para os papéis e em seguida sacudindo a cabeça negativamente e entrando para dentro do quarto. (...) ÓTIMO MIKAELE, NOTA VINTE PARA VOCÊ. Você assustou o menino com essa sua atitude louca, o que você queria? Que ele lhe abraçasse e dissesse “ainda bem que está bem. Ainda bem que ele não te machucou.” Sim, eu queria mais não assim, não daquele jeito, sua idiota, o pior é que idiota é pouco, estúpida, retardada, afoita. Não se pode ser afoita e você foi afoita. Passei a mão no rosto e fui aos próximos três quartos até chegar ao quarto de Kathy, na porta dela eu nem bati três vezes como sempre faço, nem toquei na porta direito, dei um peteleco e ela abriu a porta com tudo, com o cabelo bagunçado, pijama amassado, cara marcada pelos fios do fone que capazmente ela dormiu em cima, mas como sempre, com um sorriso escandaloso.

—E aí guria? – Ela estendeu a mão e eu dei a programação dela, para cada aluno é uma programação diferente, e para Kathy que era uma aluna antiga, ela quem pegava seus horários de aula e não tinha guia, ela já sabia de tudo ali. – O que vous tem?

—Nada; preciso ir pra biblioteca, ainda tenho que ir para igreja, eu ainda eu tenho que voltar para marcar o tour por Paris, porém antes de eu terminar de falar, Kathy me interrompeu.

—Tour? – Infelizmente Kathy não fez o tour, ela saiu sozinha e se virou pelas ruas de Paris; ela é inteligente.

—Sim, para os novatos; tenho que marcar um dia para tirar eles e levá-los. – Ela ergueu as sobrancelhas.

—Se eu fosse você ia logo, tipo agora. Mas, não me parece preocupada com isso. Exatamente com isso. – Conto ou não conto?

—Eu e Armin brigamos hoje de manhã. – Não conto.

—Você e o Armin? Logo vocês dois? Por quê? Ele queria tanto ver você, aí agora vocês brigam? Por quê?

—Eu não sei. Ele não queria que eu fosse para igreja, coisa assim, bateu a porta, talvez nem vá me esperar. – Ela piscou. – E estou atrasada. – Eram sete horas, a missa era ás 8h30, á pé, da escola até a Catedral pela Via Quai d’ Austreliz são 50 minutos e eu passo em frente á biblioteca.

Então eu sempre fui fã de metrô, não uma fã qualquer, uma mega fã porque aqui existem 14 linhas; que te leva por toda Paris, então é bem fácil ir da escola para a biblioteca e de lá ir para Catedral de Notre Dame; mais eu estou juntando dinheiro para comprar um presente de aniversário para Simone e é um pouco caro, bolsas são caras e bibliotecários estudantes não ganham lá mil reais. Eu sei que com os metros se sabe a hora que vai chegar, ele flui muito bem, tem um a cada 4 minutos no máximo, Mas, penso na rua; que é outro mundo, que não tem buracos, elas são largas, não se faz grandes esforços para andar na rua: sem fiteiros, sem buracos, sem árvores, sem carros encostando-se a você. Eu prefiro andar porque, Cainan disse que eu preciso emagrecer, é um bom exercício. Meio chato, mais eu sempre vou com Armin, então vamos conversando.

—Eu sei que tem algo errado com você. – Ela me olhou com uma cara de insatisfeita. – E sei que além de errado, você está escondendo e se você não quer me contar...

Revirei os olhos.

—Não tenho nada.

—Foi por causa de Éponine?

Sim.

—Não tem nada á ver com Éponine, deixa aquela esganiçada para lá, eu não me importo com ela, problema dela. Eu posso ir Kathy? – Ela suspirou.

—Eu vou descobri, pode apostar que eu vou. – Ela bateu a porta na minha cara, pela terceira vez no dia, alguém bate a porta na minha cara, por isso que eu odeio a segunda-feira.

Ia pegar minha bolsa, meu crachá e meu celular quando passei em frente á porta do calouro, como eu sou idiota, suspirei fundo e quando eu passei pela porta, ela se abriu.

—Monitora... – Não queria dizer que eu virei igual á uma desesperada quando ouvi a voz, quando pareci uma fã quando vê o seu ídolo; eu simplesmente queria ter virado como uma pessoa normal, mais não deu certo. Eu o olhei sem falar nada, só o observei, ele tinha tirado o pijama e colocou uma roupa de frio, estava com uma blusa de frio preta aparentemente quentinha, uma calça jeans escura, um cachecol preto, tão aquecido, tão bonitinho, parecia um bebê de tão fofo que estava. – Me desculpe. Eu achei que...

Só isso?

—Tudo bem Azevedo... – Engoli seco. – Victor; está tudo bem, eu também acharia a mesma coisa, mais eu estou atrasada para conversar agora, Eu gosto de conversar com você, você tem uma inteligência fora do comum, não há como lhe apreciar, um ser perfeito para conversar, até seus defeitos devem ser premiados. –Ele ficou em silêncio. Parabéns de novo para você Mikaele que em poucas palavras disse que gosta que está apaixonada e que ama ele.
Porque gostar é quando você se apega á uma pessoa e começa a apreciá-la; paixão é quando se acha que a pessoa é perfeita e amor é quando você  sabe que a pessoa não é perfeita, mas aprende a amar até os defeitos dela. Talvez com ele eu esteja no estado de “estar gostando dele”; porém, eu tenho certeza que nós somos feitos um para o outro. E eu em uma frase falo que o amo... Droga! – Aan; estou atrasada para ir á igreja, se você puder entend...

—Igreja católica? – Travei.

— Aan... Sim.

—Posso ir com você?

—Ir comigo? – Ele acenou positivamente e então eu hesitei. Isso nunca aconteceu. – Olha; eu te levaria sem problemas, mas... – Como eu ia falar não? Ele tem um olhar tão fofo, não há como dizer “não” para ele, mais eu precisava ir e voltar para trabalhar e depois ir para a escola, não podia levá-lo, ele tinha uma programação...Não queria falar de novo que eu estava atrasada, não queria falar um sonoro não, eu só não sabia o que dizer para ele. – Eu prometo que te levo na próxima, são 50 minutos andando e...

—Eu não me importo de andar. – Ownt que fofo.

—Eu tenho que ir trabalhar em seguida.

—Eu saberei voltar. – Respirei fundo, eu não posso mentir, adoraria ter alguém para ir comigo á igreja, tem gente que vai comigo só por ir, e voltamos juntos, mais agora...

Sou monitora, você é aluno, sou veterana, você é calouro, é errado.”

Não!

—Você é minha responsabilidade! E o seu dia será cheio hoje. Confia que depois eu levarei você? – Isso aliviou.

—Confio.

 -Essa semana eu irei levar todos vocês para um tour por Paris, então não se preocupe. Você vai decorar e poderia ir sozinho. – Ele franziu os lábios, depois deu um sorriso de que estava tudo bem.

—Obrigada. Até depois. – Acenei com um cumprimento e fui pegar minhas coisas, eu não sabia dizer se iria dar tempo passar na biblioteca ou não. Não sabia o que Armin viu de mais naquele bilhete, eu não sabia o que Cainan ia falar para mim quando me visse, se me visse isso. Eu não fazia idéia porque não levava Victor comigo para a igreja. Entrei no quarto, peguei minha bolsa, que uso no trabalho, lá tem várias listas, um crachá, um blazer para o trabalho, coisas que sei lá pra que eu uso, tem o meu crachá da escola e do dormitório, minha identidade, meu telefone, guarda chuva, luvas, meu kit de sobrevivência francesa completo, minha chave, claro e sai do quarto trancando com a senha; desci correndo para além de não me atrasar, também para evitar ver Cainan, para que pudesse marcar minha tour. Mas, não tinha ninguém na recepção, mordi os lábios, respirei fundo, coloquei minhas luvas, coloquei minha touca e fui logo para a Catedral, iria passar na biblioteca e numa farmácia para tampar esse ferimento feio. Toquei nele lembrando, que Victor tocou aqui, cheirando minha mão sabendo que eu peguei no pulso dele e que ele tem um cheiro adorável, um perfume tão bom quanto de um francês.

O que incomodou Armin naquele bilhete tão simples? Porque não chamei Victor para vir comigo? Seria o melhor passeio da minha vida.
Eu acabei indo direto para a     “Bibliothéque Nacionale de Paris”, que é onde eu trabalho, faço estágio, coisa assim, fico meio período, respirei fundo, de um jeitinho preocupado, eu teria que ir á pé para a igreja, então fiquei procurando alguém de cabeça platino, não seria tão difícil, a maioria das pessoas tem os cabelos pretos. Quando encontrei com Armin segurei a alça da bolsa com força e me aproximei dele.

—Armin. – Ele me olhou surpreso. – O que foi qu houve de manhã?

—Devia colocar um curativo nesse machucado. – Esqueci de passar na farmácia.

—Aan... Claro, o que aconteceu de manhã? Porque saiu com tudo do meu quarto?

—Está atrasada.

—Armin Rowell! – Exclamei. – Não fuja do assunto.

—Você já pensou no que Cainan vai dizer quando ver aquele bilhete?

—Ele não vai ver.

—Você vai esconder? – A idéia pareceu que desagradou ele, qual era o problema daquele internacional?

 -Sim. – Respondi sutilmente – Armin; diga-me sem rodeios, o que houve? Qual é o problema? Qual é o problema do bilhete? – Ele ficou em silêncio.

—Nenhum, isso não deixa de ser problema seu com o seu namorado; aliás,  faça isso mais vezes. Ajude os outros mais vezes, acalme e cante mais vezes... Agora vai pra missa logo, você vai chegar atrasada, deixa a bolsa. – Ele tirou a bolsa do meu ombro e se virou. Será?

Armin estava com ciúmes de mim? Com ciúmes de um bilhete? 


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Notas finais do capítulo

Atenção; como a “Macmilliam Depardieu Le Rouge” é uma escola fictícia para essa história; eu usei o endereço de uma universidade real em Paris para ser o local do dormitório da Depardieu, ela é a “Universté Paris Diderot”; lembrando esse é o endereço do dormitório, já a escola ficticia fica no mesmo endereço da "École Primo Lévi aliás, há muitas escolas, universidades na França, como eu não havia colocado o endereço e precisava de algo perto da Catedral de Notre Dame e de uma Biblioteca; essas foram as ideais; ok? Desculpem d’ accord? D’accord. :3
Depois dessa breve explicação, não vão se importar de deixar um belo comentário dizendo o que acharam, o que pode melhorar, o que vocês não gostaram e até o que eu poderia acrescentar...

Próximo capítulo, eu vou tentar não demorar para postar.

Bom até o próximo capítulo...
~♥~ Beijos da Autora.~♥~



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