Nossa Primeira Série escrita por Matthew McCarty


Capítulo 27
Confissões


Notas iniciais do capítulo

Eu ainda terminarei essa fanfic, está tão próxima do fim, não posso abandoná-la!



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—... E com isso, eu declaro o início das férias de verão! 

A exclamação da professora fez os pequenos pularem de suas cadeiras, em felicidade pelas suas primeiras férias na vida. Eles nem sequer sabiam muito bem que aquela era uma pausa nos seus deveres para descansar, só sabiam que não tinham aula. E, no grupo de seis meninos, férias significava viagem para a praia.

— Seitarou, você vai conseguir ir? - perguntou Kouta, preocupado. Haviam passado vários dias desde que resgataram o garoto, mas escola é escola e o Midorima não tinha feito nenhuma das provas. 

— Sim, a professora foi muito legal e disse que minhas notas de antes cobriam minhas faltas - o sorriso do pequeno era amplo, os olhos recuperando o brilho habitual e seu corpinho se recuperando da perda de peso aos poucos. Masaki olhou para a professora, para então sorrir. Seu pai tinha conversado com ela, pedindo para ela considerar a situação antes de aplicar algum tipo de trabalho extra para o pequeno menino. E, é claro, Momoi-sensei lhe respondeu que era desnecessário dizer aquilo: ela já tinha falado com a diretora e tudo estava em ordem com relação à Seitarou. 

— Sa-chin é a melhor - comentou Noa, colocando sua mochila nas costas e abrindo um pirulito.

— Vai ser demais! É a primeira vez que irei na praia com alguém além do Yoshiki! - exclamou Hikaru, balançando o estojo no ar e envolvendo os ombros de seu melhor amigo com o braço livre. 

— Sim. Vai ser divertido - foi a resposta do loirinho, sorrindo um pouco. - Você vai também, Kouta? 

— É claro que vou! Eu amo o mar! É super hiper enorme e muito muito azul! E as ondas são enormes! E o sol é sempre brilhante e... E... - a animação do Kise fez os demais rirem. 

— Vou tomar um monte de sorvete! E comer chocolate! E comer sorvete de novo! - todos riram de novo diante da empolgação de Noa com os doces, era como se apenas isso e suas amizades importassem para o pequeno. 

— Já arrumaram suas coisas? - foi a pergunta de Masaki, colocando a mochila nas costas e começando a caminhar. E, é claro, não recebeu resposta. Eles saíram da sala, em silêncio, e o ruivo suspirou. - Vocês são descuidados demais. Lembrem-se de fazer isso hoje. Viajaremos amanhã. 

— Sim! - os demais responderam antes de irem cada qual com seu responsável. Seitarou correu para os braços de sua mãe, que o esperava com Midorima ao lado. Yoshiki e Kouta olharam como os três pareciam felizes agora e, logo depois, olharam um para o outro. Ultimamente, apenas um olhar era suficiente para que eles se entendessem. 

Iam sempre a pé para casa, já que moravam perto dali. Confessavam que era divertido morarem juntos, mas era difícil para os dois ficarem sempre longe de um de seus pais. Há quanto tempo estavam assim? Mais de um mês? Não entendiam o que estava acontecendo com seus pais, mas tentavam se manter tranquilos e seguir os conselhos de seus colegas, especialmente de Masaki: manter a calma e deixar os adultos resolverem seus assuntos por si mesmos. Não adiantava nada chorar por isso, só podiam esperar que tudo se resolvesse. 

Era dia de ficar com suas mães, então os dois se deram as mãos, sorridentes, prontos para irem até seus responsáveis, mas...

— Querem vir pra minha casa? - a voz de Hikaru fez com que ambos se virassem. Tanto o Tio Kuroko quanto o Tio Kagami estavam atrás do menino. - Soube que os tios estarão ocupados por enquanto, então vocês podem ficar lá em casa até vierem buscar vocês. 

— Aconteceu alguma coisa? - tantas coisas tinham acontecido e agora os pequenos não saberiam dizer que situação seria pior. Seus pais realmente se separariam? 

— Sim, mas será algo bom, fiquem tranquilos - disse Tetsuya, enquanto era abraçado pelo marido do mesmo jeitinho que Hikaru abraçava Yoshiki. Kouta fez um enorme bico, cruzando os braços, irritado por ser deixado de lado, até que Yoshiki segurou sua mão de novo e puderam se dirigir ao carro da família Kagami. 

O caminho para a casa de Hikaru passava na frente da casa de Kouta e, ao olhar para ela, os três pequenos reconheceram duas figuras entrando ali, o que os deixou confusos e preocupados. O que seus pais estavam fazendo ali? 

 

==♥==

 

— Entrem - foi a ordem de Yukio, que estava com os braços cruzados e a expressão fechada. Kise sentiu o peito apertar diante dessa recepção, mas se manteve quieto, entrando na casa e sendo seguido por um calado Aomine. Após caminhar até a sala, os dois se sentaram no sofá, ficando de frente com as duas poltronas dali: em uma, Sakurai estava sentado, pernas cruzadas e o olhar inquisidor. Kasamatsu se sentou na outra, não sem antes apertar levemente o ombro de Sakurai, deixando claro quem estava no comando daquela reunião.

— Yuk... 

— Dispenso conversas triviais, Kise - o loiro abaixou o olhar diante do tom de voz de seu ainda esposo. - Aceitamos ter esta conversa porque Kagami e Kuroko nos disseram que vocês queriam abrir o jogo conosco. Então, não se demorem em floreios.

— Por favor - interrompeu Sakurai, a voz bem menos firme que a de seu amigo. - Sejam honestos. Se não for pra ser assim, podem sair e esperar nosso advogado.

A ameaça pairou no ar por alguns segundos, mas não assustou Aomine, que se endireitou e pegou o próprio celular do bolso. Kise fez igual e ambos colocaram seus celulares sobre a mesinha de centro.

— Sim, nós nos encontrávamos em segredo - admitiu o moreno, relaxando no sofá. - Desde que nos reencontramos, no primeiro dia de aula de nossos pequenos, eu não conseguia parar de pensar no futuro que temos e o futuro que poderia ter acontecido, lá atrás, se eu não tivesse sido um idiota com Kise.

O loiro sorriu um pouco, olhando para Aomine e logo após para os dois diante dele. 

— Depois de nosso bem desastroso namoro na Teiko, eu afastei Aominecchi de todos os aspectos da minha vida que não fosse o esporte. Afinal, Aominecchi ainda era o melhor e eu não tinha ganhado dele nenhuma vez. Quando terminamos o ensino médio e eu decidi ser piloto e não um jogador profissional, cortei contato com Aominecchi e qualquer pessoa que pudesse estar ligado à ele, como o Kurokocchi, por exemplo...

— Por quê? - Ambos ergueram o olhar para Sakurai, que se mantinha na mesma posição anterior. - Você disse que seu namoro na Teiko foi desastroso e que você se afastou de Daiki depois disso. Por quê?

— Uma aposta - disse Aomine e, pela reação incomodada de Kise, era a verdade. - Eu já era amigo de Ryouta, mas só comecei à namorar com ele por uma aposta. Com Haizaki.

Kasamatsu e Sakurai se olharam, a compreensão brilhando em seus olhos. 

— Por isso vocês odeiam tanto Haizaki - deduziu Yukio. - Especialmente você, Kise. 

— Claro, aquele maldito sempre esteve com um olho em cima de mim, pronto para acabar com minha vida inteira. E, naquela época, eu não tinha nem 15 anos, minha carreira de modelo estava em ascensão e eu acabava de descobrir um talento para o basquete. Tudo estava indo bem pra mim, enquanto Haizaki se metia em brigas e tinha problemas com o resto do time inteiro. Eu sempre fui sincero demais sobre o que eu sentia e é claro que ele percebeu que eu estava gostando do Aominecchi. 

— Ele apostou comigo e eu era idiota demais na época pra perceber quão cafajeste eu seria começando um namoro por uma aposta. Aceitei e, depois de alguns meses, Kise descobriu...

— Você se apaixonou pelo Kise-san - foi a constatação de Ryo, o que fez Aomine se reacomodar, incômodo. - Durante o seu relacionamento, você se apaixonou por Kise-san e quando foi descoberto, era tarde demais.

— Eu fui tão maldito quanto Haizaki. Terminamos pouco antes de sair da Teiko. Eu queria tentar me redimir, mas era só olhar pro Kise pra saber que não tinha mais volta. Pensei ser apenas rancor por ter sido enganado no início, só soube pelo Tetsuya que o que eu fiz tinha machucado Kise muito além do que eu imaginava - Aomine cruzou os braços sobre o peito, notavelmente irritado consigo mesmo. 

Um pouco de silêncio permeou o ambiente, e o policial sabia que estavam esperando ele continuar. Porque havia sim uma continuação.

— Eu me senti culpado por todos estes anos - confessou ele. - Quando reencontrei Kise e soube que ele havia se casado, tido um lindo filho e seguido a carreira que queria, fiquei muito feliz por ele. Mas eu ainda estava me sentindo culpado e não conseguia tirar o assunto da cabeça. Eu precisava me redimir, me desculpar seriamente e talvez recuperasse a confiança e a amizade que perdi. Comecei pelo único caminho que eu conheço, o basquete. Chamei-o pra jogar algumas vezes, especialmente após o trabalho ou algum evento estressante...

— Como no dia do incêndio na escola - os três olharam surpresos para Yukio. - Sim, eu descobri naquele dia.

— Isso. Eu chamava Kise para conversar e para jogar basquete juntos. Consegui me explicar e pedir desculpas, sei que é inútil diante de tudo que eu tinha feito, mas Kise aceitou e voltamos a ser amigos. Da quadra de basquete, comecei à chamá-lo para beber alguma coisa também. Somos adultos afinal, uma hora num bar conversando de vez em quando faz bem.

— Mas o erro foi não ter contado pra vocês - completou Kise. - Trazer todo esse passado à tona é doloroso e vergonhoso demais para nós dois, por isso quisemos manter tudo isso o mais distante possível da nossa vida atual: recuperar a amizade e, depois, continuar nossas vidas com isso. E aqui estamos nós dois, cometendo os mesmos erros novamente, escondendo coisas que não deveríamos, mas que por medo e vergonha nós escondemos.

O silêncio novamente se instalou naquela sala, enquanto Yukio e Ryo olhavam fixamente para seus maridos. Os outros dois olhavam para o chão, envergonhados. Com um suspiro, Ryo se levantou e pegou o celular de Aomine. 

— Se eu ligar para Kuroko-san e perguntar sobre tudo isso que nos contaram, ele vai confirmar que é a verdade

— Sim - disseram os dois ao mesmo tempo.

— E se eu ligar para Akashi-san? 

— Sim - novamente os dois responderam juntos. Sakurai lançou um olhar para Kasamatsu, e depois para Kise. 

— Boa sorte, Kise-san. Vamos para casa, Daiki-san. 

O rosto do moreno se iluminou com um sorriso e ele se levantou pronto para seguir Ryo até em casa, mas antes ele parou e se curvou diante de Kasamatsu, num pedido mudo de desculpas. Quando a porta da frente se fechou, Yukio encarava seu marido, mas o olhar dourado dele estava fixo no chão. 

— Tem algo mais que queira me dizer, Kise? 

O loiro assentiu, mas demorou para começar a falar. 

— Eu amava o Aominecchi. Que ele tivesse se aproveitado do que eu sentia acabou comigo, mas eu ainda o amava. Foi difícil, pra mim, superar tudo aquilo, demorou anos. Por isso eu era tão inseguro quando comecei à me interessar por você, senpai. Eu passava noites em claro, pensando se você estava me escondendo algo, se estava apenas brincando comigo, se realmente gostava de mim ou tudo não passava de ilusão. Cheguei a me perguntar se eu mesmo não estava tentando superar o passado usando você! Mas era real... - Ryouta ergueu os olhos dourados, lágrimas deslizando por suas bochechas. - Sempre foi real, desde o início. Casar com você, crescer com você, formar uma família com você... Tudo isso é real. E eu fui um idiota ao colocar tudo o que construímos em perigo por causa de algo que aconteceu há tanto tempo atrás.

Kise parou de falar e Kasamatsu também não disse nada. Ambos ficaram apenas se encarando por longos minutos. Sem resposta diante de suas confissões, o loiro se levantou, secando o rosto.

— Acho melhor eu ir. Vocês vão viajar amanhã, passar o fim de semana na praia, não é? Koutacchi precisa descansar bem, então é melhor buscá-lo cedo...

— Eu ainda não te perdoei, Kise - aquelas palavras fizeram os olhos do piloto encherem de lágrimas outra vez. - Então dormirá no quarto de Kouta. E nunca mais, está me ouvindo, Kise Ryouta? Nunca mais me esconda que está se encontrando com alguém. Não importa o motivo, a vergonha ou o medo, não importa. Você vai ser sincero comigo, ou isto entre nós não dará certo. 


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Notas finais do capítulo

Com as coisas se acertando entre os demais, Himuro e Murasakibara vão seguir a mesma trilha e se arrumarem?

E que tipo de surpresas aguardam na viagem à praia. Serão agradaveis? Ou talvez nem tanto?

Até a próxima!



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