A Sociedade Rubi escrita por Mari e Léo


Capítulo 13
Conversa com os mortos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Sim, o nome do capítulo é um spoiler kk. É um dos meus preferidos ^_^. Pessoal, não poderei postar esse final de semana, então posso adiantar e postar mais um capítulo hoje. Espero que gostem!!!!



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Olhei para trás. Ela continuava a mesma. Olhos cansados por trás das lentes dos óculos, o colar pesado com um crucifixo e os cabelos presos num coque. Abbey não parecia nem mais velha e nem mais nova. Fazia apenas alguns dias que eu não a via, mas ela já devia muito bem ter se esquecido de mim.

– Está me confundindo. – falei.

Ela olhou confusa para mim e balançou a cabeça.

– É. – falou. – Estou. Desculpe.

Segui os invocadores e entramos de volta para a Kombi. E no portão ela continuou nos observando. E mais uma vez disse meu nome. Olhei para Yves e ela parecia tão em choque quanto eu.

– Acho que tem algo errado. – disse Yves. – Ela não pode lembrar quem você é.

– Eu sei. – falei. – Devemos conversar com Rhodes.

Jasper acelerou com o veículo e em poucos minutos chegamos ao casarão. Corremos para dentro da casa e Rhodes já parecia nos esperar. Olhou assustado para nós.

– O que aconteceu? – ele perguntou. – Colocaram fogo na escola?

– É uma ótima ideia. – disse Doc assim que entrou. – Lá continua sendo um poço de ignorância.

– A história é outra. – disse Yves. – A bibliotecária era próxima da família de Hooper e ela ainda lembra o nome dele.

Rhodes caminhou até nós e fitou-me. Olhei para os lados. Todos me observavam e não pareciam confortáveis com aquele incidente.

– O que acha que aconteceu? – perguntei.

– Acho que está começando. – disse Rhodes. – Essa mulher deve ter uma ligação ainda com você. Uma ligação material. Tem algo seu com ela?

– Acho que a questão não é essa Rhodes. – disse Yves. – Hooper tinha o bilhete meu e mesmo assim não se lembrou de mim.

– Yves, entenda que as coisas estão ficando fracas. – disse Rhodes. – As coisas estão mudando e a parte de trás da lua está criando força. Tudo vai mudar e acho que já está começando. Não sei o que vem depois, mas acho melhor vocês não voltarem para lá. Por segurança. Não quero que ninguém se transforme num lacaio cinza.

– Nenhum de nós? – Doc perguntou. – Nem os novos?

– Nenhum de vocês. – ele respondeu.

– Isso! – disse Doc animado.

– Se eu fosse você não ficaria feliz. – Rhodes estava sério. – Isso é um sinal. Todos nós devemos ficar em alerta. Não sabemos o que pode acontecer.

Fomos para a sala de estar. Em silêncio e tentando absorver, compreender o pequeno sinal. Estávamos sentados num círculo, olhando para o centro e pensando.

– O que tem atrás da lua? – Delaware perguntou.

– Atrás da lua de sangue. – Jasper corrigiu. – É um evento da lua, mas para nós é algo sobrenatural que ocorre poucas vezes. O normal é só as coisas se desregularem, mas pelo visto dessa vez vai ser diferente.

– Como assim diferente? – Gillis perguntou. – Vai ter sereias voando no céu e lobisomens uivando na água?

– Não tem graça. – disse Murphy. – Acho que coisas ruins irão acontecer.

– Já passamos por coisas ruins – disse Rivera. – Perdi toda a minha família num único naufrágio. Já passei pela pior coisa que devia passar. Eu não estou reclamando, só acho que não dá pra piorar.

– Suas criaturas são diferentes, mas ainda são belas. – disse Hiden. – Nós da Sociedade Esmeralda lidamos com monstros que cospem fogo e causam terremotos. Tenho uma queimadura nas costas e vi minha família morrendo num furacão. Mas tenho certeza que as coisas ruins só estão começando.

Tudo ficou em silêncio e pesado. Olhos fitando cada um, de um lado para o outro. Ninguém sorria. Todos nós tínhamos perdas e marcas. Segurei a mão de Yves, ela parecia calma, mas a mão tremia. Olhou para mim e não tinha um sorriso. Logo ela se soltou.

– As criaturas que vamos lidar são muito piores que seus dragões. – disse Jasper. – Sabem por que vocês chamam nossa sociedade de Mansão das Trevas? Porque para lidar com vampiros, a pior raça no sentido crueldade e maleficência, é preciso pelo menos algumas pessoas conhecerem a magia negra. Não falo daquela magia boba que usam pra ler um círculo. Eu estou falando de magia negra que movem as coisas do obscuro. O tipo de magia que é usada para ultrapassar barreiras do mundo comum e até do nosso.

– Como conversar com mortos? – Murphy perguntou e Jasper apenas assentiu.

– Invocadores de criaturas. – disse Jasper. - Sinto em dizer, mas já é hora de fazermos algo. Questionar as coisas que irão acontecer e que não podem ser impedidas. Você está certo Murphy, chegou a hora de falar com os mortos.

Saímos da sala de estar e subimos para o sótão. Jasper era quem tinha o controle de tudo. Aquele homem estranho mostrava cada vez mais atitude. Não parecia mais ser tão ruim.

Entramos no sótão e lá não tinha teias de aranha nem criaturas pequenas correndo. Era limpo e cheio de armários, com uma mesa circular no centro.

Sentamos nas cadeiras quando Jasper pediu. Ele abriu uma das portas e pegou o que era preciso. Era uma espécie de mapa. As diferenças eram que as letras eram estranhas, provavelmente Draccur, eram escritas com tinta branca e era difícil ver, desenhos de círculos ligavam pontos que indicavam estrelas. No centro do tabuleiro, Jasper colocou uma pirâmide de cinco lados e transparente, no fundo dela estava presa uma pérola negra. Em seguida entregou para cada invocador das outras sociedades um pequeno rubi. Jasper sentou numa cadeira e pediu para cada um de nós não ficarmos nervosos.

– Invocadores, coloquem sua mão direita sobre a mesa. – Jasper pediu. – Repitam qualquer palavra que eu disser e que sentirem impulso de repetir. Deixe a energia guiar vocês.

O sótão começou a ficar quente e fechei os olhos, mas quando abri notei que tudo a nossa volta queimava e era um fogo azulado. Era um círculo de fogo que atingia o teto, mas não se espalhava.

– O fogo de Masolem atravessa os raios do espaço-tempo.

– Atravessa. – disse Gillis por impulso.

– E aonde a luz não chega, o fogo azul queima. – continuou Jasper.

– A luz não chega. – disse Doc de olhos arregalados, como se estivesse assustado com as próprias palavras.

– O fogo azul queima. – as palavras saíram de minha boca.

– Onde os mortos caminham, criamos um caminho. – disse Jasper.

– Criamos um caminho. – todos nós dissemos juntos.

O fogo espalhou por toda sala, até mesmo pelo teto. A luz piscou três vezes e por fim se apagou. Olhei para os lados. Apenas o fogo iluminava.

No centro no tabuleiro, a pirâmide de cinco lados agora continha uma fumaça de cinco cores e aquelas cores não me surpreendiam em nada. Vermelho, branco, azul, roxo e verde. A fumaça dançava na pirâmide e as cores não se misturavam.

– Chamo os antepassados da grande época. – disse Jasper.

A pirâmide começou a levitar. Assustado eu tentei dizer algo, mas não conseguia, estava muito surpreso. Os cinco lados se abriram na ponta superior e a fumaça, mesmo livre, pareceu dançar sobre o tabuleiro, até que se estabeleceu movendo em círculos sobre um círculo de marcação.

– Quem nos chama? – perguntou uma voz feminina e forte.

– Os invocadores de criaturas. – disse Jasper. – Sou Jasper Rubi, invocador de vampiros.

– Invocadores de monstros. – disse outra voz grossa, mas dessa vez masculina.

– Faz muito tempo que não falamos com invocadores. – disse outra voz e dessa vez rouca, que em seguida soltou uma risada.

As três vozes foram materializadas pela fumaça. A voz rouca foi materializada pela fumaça verde, a aura esverdeada era de um senhor de olhos puxados. A voz feminina passou a ser uma aura azul, era uma mulher de meia idade, com traços finos e bonita. A outra voz passou a ser uma aura vermelha, o senhor tinha costeletas e o cabelo arrepiado.

– Oh meu Deus, isso é real? – perguntou Rivera assustada. – Estamos mesmo na presença do espírito de Mikhail Safira?

– Claro que está garota. – disse a aura da mulher. – E você, quem é?

– Sou Rivera Safira. – ela respondeu com a voz tremula. – Invocadora de sereias. É uma honra estar na presença da senhora.

– Uma discípula! – a mulher parecia feliz.

– Não fique feliz por seu legado velha Mikhail. – disse o homem da aura vermelha. – Sabemos que as coisas não são como antes. Tanto que não reconhecem o fundador.

– Claro que reconhecemos! – disse Doc. – Dou seu nome, Vlad Rubi, acolhido por Drácula, primeiro invocador de vampiros, o homem renascido das chamas.

– Melhor assim, seu velho rabugento? – perguntou a aura esverdeada.

– E o senhor é Aoshi Esmeralda, o primeiro homem a ver um dragão e a derrota-lo sem dar a morte. – disse Doc. – O primeiro invocador de dragões.

As auras ficaram lado a lado. Verde. Vermelho. Azul. Os grandes invocadores de criaturas. Os primeiros a enfrentarem e a serem acolhidos. Depois deles outras duas sociedades foram criadas, mas aquelas três eram as mais importantes e poderosas.

– Nos chamaram, estamos aqui. – disse Mikhail. – O que querem geração do futuro?

– O detalhe de um relato antigo. – disse Jasper.

– E que relato seria esse? – perguntou Vlad. – Sobre quando ganhei asas de vampiro e voei pelo céu?

– Não. – Jasper respondeu. – Sobre quando a lua ficou vermelha pela primeira vez.

A aura de Mikhail flutuou até Jasper. Ela parecia nervosa, como se há muito tempo não ouvisse tal frase.

– A realidade não é um terror suficiente, invocador de vampiros? – a velha questionou. – Nunca brinque com a lua de sangue. Coisas muito ruins acontecem quando ela está no céu.

– Por quê? – perguntei.

A aura vermelha de Vlad deslizou até mim. Senti como se minhas mãos fossem queimar. Olhei para aquela fumaça vermelha que se aproximava. Vlad era um homem orgulhoso e tinha razão por isso. Ele havia sido o primeiro a descobrir um mundo fantástico e perigoso.

– Qual seu nome garoto? – perguntou.

– Hooper Rubi. – respondi. – Sou parte do seu legado. Um invocador de vampiros.

– Garoto, nunca, eu disse nunca, não tenha medo da lua de sangue. – disse Vlad. – Eu fui o primeiro a ver a luz envolta por nuvens negras que tamparam as estrelas, vi a luz ficar vermelha e vi o mal num sorriso que voava pelo céu.

– No que se refere? – perguntou Yves.

– As damas da noite. – Aoshi respondeu. – As senhoras da escuridão. As bruxas da meia-noite que caíram para controlar o mundo. É a pior forma de vida. São os seres que vivem para causar o mal. e nós não podemos evitar. Elas se alimentam raras vezes e mesmo assim não fazem grandes estragos. Pelo menos não fizeram na época.

– Mas dessa vez é diferente. – disse Mikhail. – Irá fazer cem anos que elas não se alimentam. Quando se acorda com fome, qualquer um roeria até os ossos. E com fúria. Invocadores, há uma profecia. – ela ficou em silêncio e juntos os três começaram a declamar.

– Quando a meia noite bater e a lua de sangue no alto estar. Com doze badaladas elas irão despertar. Com o sopro gelado que parará a normalidade. Sua noite perfeita criará. Quando com cem anos despertar. As damas da noite famintas correrão. Dezenas e dezenas, marchando com seus galhos de carvalho pelo ar. E se tiveres sorte, com elas não encontraram. Mas se tiveres azar, a noite nunca mais passará. E seu corpo morto no chão cairá.

As auras sumiram rapidamente, voltando a ser fumaça. A pirâmide se fechou e o fogo se apagou. A luz se acendeu e eu assustado me levantei. Olhei para Yves. Ela assim como eu, sabia o que aquilo significava. E naquele momento nove invocadores se abraçaram com medo, era o medo que devíamos mesmo ter.

– O que a profecia quer dizer? – Gillis perguntou. – Por favor, não expliquem, apenas respondam. Pois estou com medo. Perdi toda minha família. Não posso perder o que nasci para ser e ter.

– Sinto muito Gillis. – disse Delaware. – Nós também não acreditamos.

– Não há como evitar a lua ficar vermelha. – disse Jasper. – Nem para impedir as trevas de tomarem os céus.

– Tem uma saída. – disse Yves.

– Qual? – Hiden perguntou.

– Lutando e cuidando da vida. – ela respondeu. – Sem se esconder. Mas mostrando do que somos capazes.

– Não tem como. – disse Jasper.

– Não existe apenas essa profecia para esse ano. – disse Yves. – Drácula virá e eu tive uma nova visão.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo!! Gostaram do capítulo?? E então? Como acham que são as damas da noite? Eu preciso da ajuda de vocês porque ainda não sei direito como elas irão ser. E o que acham que irá acontecer? Kkk as coisas estão esquentando na história . COMENTEM FANTASMAS!