Um rapaz que tinha seus sonhos, de vinte e poucos anos, sem precisar valores, sem contar dias. Tinha uma juventude normal e vasta pela frente. Amava cantar e sorrir pra vida, elogiava os pássaros, as flores e as pessoas. Cordial era a palavra mais cotada quando se falava dele, ou em uma singela apresentação. Vindo de um estado desconhecido era admirado por seu sotaque diferente e seus bons modos.

Uma vila com pouco mais de trinta casinhas separadas por um quintal de cinco metros cada. Medida aproximada, aliás, territorialmente falando aquela vilinha tinha seus encantos, eram tantas árvores e cercas baixas que a luz do sol refletia em todos os cantos. Até as graminhas das pastagens tinham seu brilho aumentado devido ao sol do verão cada dia mais quente e presente.

Albert, esse era o nome, do garoto que gostava de montar em sua bicicleta que ganhara aos quinze anos e reformara aos dezenove. Se dirigir sem rumo às fronteiras da vila. Por entre as arvores ele se erguia em meio a uma ou duas pedaladas e soltava um grito de liberdade incomum. Era como se fosse possível experimentar o gosto do frescor da natureza. Como se ao fechar os olhos conseguisse ver através dos raios do sol uma felicidade envolta nos galhos das arvores. Os arbustos se mexendo em sintonia. Os pássaros voando em conjunto. As flores se soltando com o vento e chegando a se despetalar após chegar a certa altura. Uma mágica sensação de liberdade, quando os medos já não mais existem e a solidão de uma vila sem amigos já não mais significa nada. Claro que seu melhor amigo latia a sua volta. Albert não se desgrudava de seu cão, o companheiro.