Unknown escrita por Caroline Bueno


Capítulo 2
Desolation




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“Você precisa se lembrar de quem é” esse pensamento invadia minha mente a todo momento enquanto eu e David vagávamos pela floresta. Eu machucava meus pés ao pisar nos galhos que caíram no chão e o vento frio me fazia arrepiar. Na noite anterior eu e David pescamos com um com grande galho grosso que achamos, conseguindo três peixes de tamanho mediano. Agora estávamos em busca de alguém que pudesse nos ajudar na floresta.
– Como eu te chamo? Bom, você não sabe seu nome, mas até que se lembre do seu precisa de um. Qual vai ser? - perguntou David com um sorriso fraco.
– Eu não sei. Acho que gostaria que me chamasse de Rachel. - falei.
– Okay, Rachel. Vamos procurar algum lugar para descansar.
Concordei e continuamos andando pela floresta. O clima frio fez com que a chuva chegasse logo, mas por sorte encontramos um lugar debaixo de pedras. David me abraçou, achei super estanho.
– É para a gente se esquentar - ele disse rindo- relaxe.
– Quantos anos você tem David? - falei um pouco apreensiva por estarmos abraçados.
– Eu não sei. “David” é tudo que me lembro. Quantos anos me daria? - ele disse ao observar a chuva forte bater violentamente no solo.
– Eu te daria uns 18 anos. E eu, quantos anos você me daria? - falei enquanto pensava quantos anos eu poderia ter.
– Você com certeza é mais nova. Acho que tem uns 16.
– Deve ser. O que acha que aconteceu? Quer dizer… Onde estão nossos pais, devemos ter pais, afinal não há outra forma de existirmos, há?
– Eu acho que não estão mais conosco. Alguma coisa aconteceu onde nós morávamos, na nossa cidade, ou no mundo. Eu tenho alguns fleches do passado, me lembro de gritar um nome, mas não sei ao certo que nome. - Então você se lembra de algo, eu não. Estou tão perdida, nem sei ao certo onde estamos. Quando essa chuva passar temos que achar alguém. Alguma resposta.
– Com certeza. Vamos apenas deixar o clima melhorar.
Continuamos abraçados por uns 25 minutos e foi extremamente desconfortável. Ele vez em quando olhava para mim sorrindo e observava meus lábios. Me soltei do abraço e me afastei um pouco.
–O que eu fiz? - ele me perguntou apreensivo.
– Nada, eu já estou quente o suficiente. A chuva também já está fraca, podemos procurar por ajuda - falei envergonhada.
Ele concordou e saímos debaixo das pedras em que nos refugiamos da chuva. Tudo estava encharcado, fazendo com que David desse as botas que ele calçava para mim.
–É sério, não precisa. - eu disse enquanto ele tirava as botas.
– Você está com os pés machucados, precisa calçar algo. - ele disse ao terminar de tirar as botas.
– Obrigada.
Calcei as botas e me sentia bem melhor. Elas eram escuras, com um tom de marrom-escuro e com algumas linhas bege.
Fui surpreendida pelo David quando ele me puxou para trás de uma árvore de tronco grosso. Ele colocou a mão na minha boca.
–Onde estão aqueles dois que trouxemos para cá? Já comemos a maioria dos nossos prisioneiros. Espero que já estejam no peso ideal para o abate. - disse uma voz grossa vindo de trás da árvore em que nos escondíamos.
– Está muito crítica a situação na Karklix. Temos que alimentar nossos membros ou nos matarão. - disse outra voz masculina, mas dessa vez mas fina, em resposta.
Eles continuaram a caminhar calmamente e depois prosseguiram mais rapidamente.
–”Karklix”? “Comemos a maioria dos nossos prisioneiros” ? O que foi isso David? Eles querem nos comer? - falei com o coração acelerado, nervosa e confusa com tudo o que ouvi.
– Ao que tudo indica, eles são canibais e isso, essa floresta, é o local onde eles nos deixam até estarmos prontos para sermos comidos - disse David encarando a lama em seus pés.
–Então somos a próxima refeição deles.
– Sim.
Minha vida realmente estava chegando ao apogeu da desgraça. Eu não tinha onde viver, o que comer, não sabia quem sou. Eu não era ninguém.
–Temos que nos esconder Rachel, se nos acharem, esse será nosso fim. Não sabemos ainda o porquê disso. - David continuou andando na direção oposta dos donos das vozes que ouvimos.
E o segui, desanimada. Talvez meu futuro fosse mesmo ser a refeição de alguém.


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