Unknown escrita por Caroline Bueno


Capítulo 1
Forest




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/655573/chapter/1

Às vezes eu me sentia como se eu estivesse morta. Eu estava num local molhado, engatinhando de baixo de algumas pedras que estavam presas por algumas tábuas de madeira. De repente cai em um local cheio de água suja. Nadei com pressa e desesperada, quando do nada as pedras se soltaram e começaram a cair próximas a minha cabeça. Ainda mais desesperada, tentei nadar mais rápido, porém os cortes em meus braços tornava tudo mais complicado. Consegui sair do local com as pedras. Eu estava numa floresta, onde chovia muito e já deveria estar anoitecendo, pois o céu já estava escuro. A cada passo eu enterrava meus pés descalços na lama, continuei andando lentamente e percebi que também tinha um corte em minha barriga.
Eu estava usando uma calça jeans e uma blusa branca (que agora estava marrom) de alça. Não vi ninguém, então resolvi sentar debaixo de uma grande árvore. Chorei. Sei que chorar era algo que não ajudaria muito, mas eu estava perdida, ferida e com fome. O que quer que tenha acontecido, tinha levado minhas memórias consigo, pois eu não lembrava nem meu nome, não sabia quem eu era. Olhei para o horizonte e atrás de algumas árvores vi algumas casas, eu não sabia se poderia ser ajuda ou perigo. A chuva continuou forte, me fazendo tossir muito.
Vi um homem além do riacho raso que ficava à 1 metro à minha esquerda. Ele tinha uma grande barba e carregava algo na mão e andava em minha direção, só esperava que não tenha me visto. O homem olhou diretamente para meus olhos, atravessou o riacho correndo. Notei que o que ele levava na mão era uma faca e que vinha até mim.
Corri do homem desesperada, esbarrando em alguns galhos e escorregando de leve de vez em quando.
O homem se aproximava consideravelmente de mim e gritava alto quando chegava mais perto.
Me escondi atrás de uma árvore de tronco grosso e o homem estava a alguns centímetros de mim. Estávamos num local alto, com um precipício logo a alguns passos. Corri em direção ao homem e ele se assustou, então o empurrei em direção ao precipício bruscamente. Ele caiu gritando e dizendo algo que não consegui entender bem. O vi desaparecer no vazio. Um sentimento de culpa preencheu minha alma, estava me sentindo um monstro. A chuva começou a ficar fraca e eu também. Andei cambaleando em direção a lugar nenhum, com a esperança de que alguém me ajudasse.
Vi uma pessoa amarrada com uma corda pelos pés numa árvore. Ela estava amordaçada e olhava para mim com desespero, parecia querer me alertar sobre algo. Peguei uma pedra no chão e subi na árvore. Fui até o lugar onde a corda estava amarrada com dificuldade e esfreguei a pedra na corda até que ela soltasse. A pessoa caiu e gemeu um pouco. Desci da árvore e corri até ela, tirando a mordaça de sua boca. Era um garoto branco com cabelos negros bagunçados.
- Me ajude soltar as cordas da minha mãe - ele disse baixo.
Passei a pedra na corda que prendiam suas mãos e elas se soltaram.
- Obrigado por me ajudar, mas precisamos sair daqui. Me chamo David e você? - ele disse aliviado.
- Eu não sei o meu nome, para falar a verdade. O que está acontecendo? - perguntei.
- Eu também não me lembro disso, só sei meu nome. Eu apenas me lembro deles me pendurarem na árvore.
- Eles quem? Por que estamos aqui?
- Eu não sei. Estou tão confuso quanto você. Temos que nos preocupar em achar algo para comermos.
- Você tem um pano ou algo assim? - perguntei o encarando.
Ele rasgou um pedaço de sua camiseta xadrez e me deu. Eu enfaixei minha barriga e continuamos andando com dificuldade. Aquele era o primeiro dia da minha vida que eu me lembraria e provavelmente a primeira vez que eu matei um homem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unknown" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.