Yan tinha más lembranças deste lugar. Ele lembrava de como foi atacado várias vezes pelos espinhos e insetos esquisitos, além de ter seu braço marcado com um símbolo no pulso esquerdo.
Enquanto ele andava pela floresta, seu pulso parecia esquentar, sempre que se aproximavam da rocha cravada no chão. Ele agora, já não suava tanto, se sentia mais seguro, mas estava preocupado, sabia que poderia estar sendo levado para sua destruição, e ele, com certeza, não queria ser destruído. A cada passo que dava, sentia um calafrio correr pelas suas costas, que se estendia até a nuca, ele não gostava disso, já estava parecendo um pouco sinistro demais.
Todos caminhavam em silêncio, os passos ecoavam pela mata, e o único barulho, fora o eco, era o balançar das folhas, e isso deixava Yan menos preocupado. Pelo menos ele achava que sim.
Eles chegaram em solo lamacento e ouviu muitas reclamações, principalmente, vindas de Josh:
"Eu não posso sujar esse tênis novo" e mais umas mil bobeiras.
Yan se sentia um idiota. Claro que ele estava levando seus "amigos" até uma possível solução, mas e se não fosse Kath? Sem ela, ele não teria descoberto isso, e ele não poderia levar crédito. Yan desde pequeno imitou os outros, ou os seguiu. Ele queria poder se orgulhar de algo que realmente conquistou.
Ele levava bem a sério esse "somos uma dupla, uma equipe", mas no fundo, ele sabia que um dia, Katherine precisaria dele, e onde ele estaria? O que ele faria pra ajudar? Ele seria capaz?
Todas essas perguntas assombravam a mente dele, esse turbilhão de consequências, todas essas decisões... Tudo lhe deixava confuso, e ele perdia a cabeça, fazendo todas essas besteiras, pelas quais é popular.
Ele observava bastante Ísis, ela parecia determinada, porém não acreditar que algo dentre a floresta poderia resolver o problema deles dois. Reparou que as mechas azul escuro estavam mais destacadas, coisa que ele não tinha percebido quando cruzou com ela no corredor. De segundos em segundos, ela colocava sua franja atrás da orelha, o que revelava o seu lindo rosto corado. Ela usava uma camisa de alça, com um casaco fino por cima, de mangas longas, que ía até metade da mão, Yan achava isso muito fofo.
Até que, ao colocar a franja atrás da orelha, ela viu Yan a espionando, e começou a encará-lo, mas ele virou o rosto. Mesmo assim, ela continou olhando ele, e Yan se segurou para não devolver o olhar, ele estava louco pra se afogar na imensidão azul dos olhos de Ísis, mas sentiu que não deveria olhar, deixasse ela apenas, provavelmente, se ele olhasse, ela iria virar o rosto, assim como ele. Yan não sentiu a menor vontade de estragar esses minutos preciosos.
Então, enquanto Ísis reparava ele, ele a viu tropeçar e rapidamente, segurou com força o braço da menina, ela olhou admirada.
–Ah-ah, obrigada.
Ele finalmente pôde encarar os olhos dela, sem desviar o olhar, sem ter com o que se preocupar.
–Ah... De nada.
Ela deu um pequeno sorriso, passou a mão na blusa, e voltou a caminhar. Yan demorou alguns segundos pra processar tudo isso, e percebendo a caminhada dos amigos, voltou a andar junto à eles.
Ele ia atrás, Katherine logo a frente.
Então, o solo já não era mais lama, estava seco e duro. A mata parecia se abrir, um cheiro de fumaça vinha logo à frente.
–Chegamos - alertou Kath - estão preparados?
Ísis olhou diretamente pra Yan, como se ela desse um grito perturbador, e implorasse pra sair dalí.
–Não - Josh disse, num tom apavorado.
–Eu... AAAAH!
Ísis gritou e se ajoelhou, caiu com força contra o chão, seu braço derramou então, uma torrente de sangue.
Yan não pensou duas vezes, ele correu até ela e tirou seu casaco fino, a colocou nos braços e correu em direção ao pedregulho. Uma ferida enorme se formou no seu braço, e ao chegar na cratera, Yan deu um passo pra trás, ele avistou ao lado do seu símbolo desenhado na terra, um símbolo novo: dois círculos entrelaçados, como alianças de casamento, porém, com mas um circulo em baixo, que se entrelaçava junto aos dois. E logo a sua frente havia um cachorro. Não um cachorro comum, seu pêlo era preto, e bastante grosso, suas presas eram maiores que o normal, parecia haver fogo em vez de olhos em suas órbitas, saliva caía, em deleite de uma possível presa.
As pernas de Yan tremularam, o cão olhava fixamente em seus olhos, e a cada passo, deixava seu rosnado mais feroz, e ele estava ali, com Ísis nos braços, sem ter para onde correr, até que os outros o alcançaram.
Katherine deu um grito que fez o cão recuar, mas apenas por dois segundo.
–Yan... O q-que é isso?!! - gaguejou e gritou Kath.
–Não sei, mas se não nos apressarmos Ísis irá perder muito sangue, tenho que me aproximar, Josh também.
–Eu?! - ele se apavorou.
–Sim. No três.
–Um - sussurrou Katherine.
–Dois - Yan disse com a voz trêmula.
–Três! - gritou uma voz que saiu da mata, e então, os empurrou para a cratera.
O cão se enfureceu e então avançou.
Yan fechou os olhos e rangeu os dentes, mas outra coisa aconteceu.
Os símbolos começaram a serem desenhados, e então Josh gritou de dor. No pulso esquerdo dele foi desenhado um X com um traço vertical no meio, onde havia um pequeno em cada ponta que apontava para cima, o mesmo foi feito na terra ao redor do pedregulho.
No pulso de Ísis, surgiu um losango, havia também um pequeno círculo acima de cada ponta.
Então os desenhos no chão brilharam em vermelho, e em um segundo, o cão se tornou areia, um pó amarelo jogado no chão, e o braço de Ísis parou de sangrar.
Ela acordou soluçando, e quando viu seu pulso diferente, se assustou. Todos se encaravam estranhamente, então, a árvore atrás deles balançou, e de lá, saiu Noah.
–Vocês devem estar surpresos - ele falou levantando o braço esquerdo - eu também sou um de vocês, e tenho teorias de quem somos.