Depois do cair das cortinas escrita por Wicked Girl


Capítulo 5
No palácio da sultana.


Notas iniciais do capítulo

Eu passei bastante tempo fora, me desculpem, prova finais me encheram muito, mas vou postar com mais frequência, prometo.



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Christine estava no convés, fitando a grande cidade portuária da Pérsia, a mesma cidade onde estava o enorme palácio de Mazenderã, a garota já estava vestida como uma verdadeira moça persa, vestido de tecido leve, burca, sandálias de tiras, no melhor estilo gladiador, ela não estava feliz nem triste, apenas aflita, era uma ansiedade por ver Erik novamente, que parecia que o peito dela iria explodir. Ela se sentia culpada, por estar casada com Raoul e pensando em outro homem, mas o sentimento não a deixava, fazendo com ela tivesse de se adaptar a ele; a soprano tocou a arma, uma pistola de pequeno porte, que o Persa lhe dara junto com algumas lições de tiro, ela se lembrava dele entregando a arma, a alguns dias atrás:

– Isso para sua segurança.

Christine arregalou os olhos:

– Você acha que Erik seria capaz disso?

– Duvido muito, mas o principal perigo é Mazenderã, se ela descobrir que estamos tentando retirar ele de lá, ela será capaz de tudo.

– Ela é apaixonada por ele? Porque do jeito que você fala que ela protege ele, parece muito.

– Duvido muito que seja, ela tem nele a figura de um pai, protetor, não seria capaz de nutrir tal sentimento.

– Ora, mas ele também foi meu professor, pai e protetor, mas isso não me impediu de... – A garota percebeu o quanto ela errara ao dizer aquilo, mas o Persa estava incrédulo, com a boca aberta em um meio sorriso:

– Então quer dizer que você...

– Shhhhh! Esqueça isso, está bem? Apenas finja que nunca aconteceu.

Ele ficou parado no convés, com cara de bobo, agora a soprano conseguia sorrir ao lembrar de tal acontecimento, mas durante alguns dias ela teve vergonha até de passar na frente do daroga, se perguntando o que ele achava dela, agora que sabia que ela nutriu sentimentos pelo homem que matou várias pessoas.

Agora ela estava sorrindo no convés, ansiosa, era possível avistar a cidade ao longe, com suas formas altas, produzidas por palácios e grandes fortalezas, a vista era bela, o sol da manhã era forte e repousava suavemente sobre os ombros da moça, haviam previsto a chegada ao porto em cerca de 40 minutos, estes se arrastavam preguiçosamente, de forma tortuosa, as unhas da garota estavam totalmente roídas, mas finalmente se passaram os 40 minutos, alguém gritou:

– Estamos chegando no porto de Isfahan!

Ela sorriu e se pôs ao lado do Persa, que estava vestindo de novo a camisa, ele andara treinando com um homem defesa pessoal, e estava suando muito, a garota torceu o nariz:

– Está fedendo, sabia?

– Sim, mas não sou eu que tenho que ficar bonito para meu grande amor. – E riu.

Ela revirou os olhos, sorrindo um pouco. O homem não perdia a oportunidade de fazer piadas com aquilo, a soprano não se incomodava mais, sabia que a intenção dele era apenas brincar com ela. O daroga a pegou no colo, rindo e falou:

– Vamos lá, pegue suas malas e eu tomarei um banho rápido.

Algumas pessoas achavam estranha a relação dos dois, e algumas garotas olhavam com inveja para Christine, achando que ela tinha algo com o homem, mas eles estavam mais para irmãos, sempre brincando e rindo. Na cabine, a moça começou a dar uma última checada na mala, dobrando com zelo os trajes persas, emprestados de uma prima do policial, que havia morrido, a garota se sentia estranha por usar roupas de um cadáver, mas a situação pedia exceções. Ela apertou um pouco as sandálias gladiadoras e sorriu, não eram roupas feias, tinham lá seu charme, o barulho do porto era incrível, dava para ouvir das cabines, ela estava muito ansiosa para subir e ir para o palácio, mas tinha o Persa, que parecia nunca sair do banho, quando ele finalmente o fez, estava muito arrumado, perfumado, e com trajes limpos, ela sorriu:

– Está bastante arrumado, tem alguma pretendente em mente?

– Na verdade não, fica difícil arranjar uma mulher num lugar onde se vê apenas os olhos dela.

A garota riu e se levantou, subindo as escadas na frente do homem, o navio já estava ancorado no porto, e ela ajustou a burca, devia usar a burca para que Erik não descobrisse sua identidade, até o momento certo. Ela se despediu de todos e entrelaçou o braço no do daroga, desceu do barco, e se manteve quieta, até o momento em que entrou na carruagem, onde ela encostou a cabeça no vidro da janela, olhando a paisagem, o passeio até o palácio de Mazenderã não durava mais que 20 minutos, mas tinha belas paisagens, com vendedores ambulantes, homens que conversavam em rodas, mulheres em bancos, crianças rindo, era tudo belo e harmonioso, sem sinais de intrigas ou perturbações, ela sorriu, e aproveitou o momento, até que o homem a chamou:

– Venha Christine, chegamos.

Ela saiu da carruagem, e então viu a enorme construção, com dois pilares enormes terminados em um arco, muros de 3 metros de altura, abóbadas, e homens armados espalhados por todo o lado, eles se aproximaram do palácio, e dois homens se puseram diante dos portões, falando em uníssono:

– Por que estão aqui, e quem procuram?

– Eu sou o Persa, e está é minha prima, Anisah Burnier, venho aqui para oferece-la a Mazenderã, para que este lhe de uma de suas aulas, poderia falar com algum representante dela?

– Sim, me sigam. - Disse um deles, este foi na frente, enquanto outro ia atrás, eles percorreram, uma trilha que passava por um lindo jardim, com várias fontes e arbustos e subiram escadas e chegaram em uma sala, com uma estante de livros, um sofá e uma bancada de madeira polida, eles permaneceram em pé até que um homem, magro, com cara de rato, chegou, dizendo:

– Sentem-se, me falaram que vocês querem inscrever esta jovem para ter aulas com Mazenderã, certo? Mas antes tem de provar para ela que vale a pena, espere um pouco, ela chega daqui a pouco.

A menina esperou ansiosamente, e quando a sultana chegou, lhe faltou coragem, ao contrário das ruas, esta não usava a burca, e seus cabelos iam quase na altura da cintura, negros e brilhantes, ela parecia confiante com o belo vestido de seda brilhante, fazendo com que os trajes da soprano parecessem trapos, ela sorriu ao ver o Persa, e os cumprimentou formalmente:

– Que surpresa vê-lo, a que devo tamanha visita?

– Bem, você já deve ter estranhado por não receber cartas de Erik a um bom tempo, bem, sinto em lhe informar, mas ele...

– Ah, mas como você é inocente, Erik está aqui, e muito bem, devo lhe informar.

– Mas então por que ele fingiu a morte? – Christine viu o jogo que o homem jogava, atuando de forma impecável na frente da sultana.

– Ele já sabia que você iria colocar obstáculos para ele vir para cá.

– Eu sou contra, mas pelo jeito minhas ideias não valem nada.

– Claro que valem, mas deixe que eu tomo conta dele, e se me permite perguntar, quem é a moça?

– Minha prima, Anisah Burnier, ela tem mãe daqui, minha tia já falecida, mas esteve na França a vida inteira, foi criada com vários costumes turcos, então não estranhe, ela não tira a burca na presença masculina. O pai dela precisa administrar negócios, então, eu queria saber se a aceitaria no seu programa para moças.

– É claro, mas preciso que ela tire a burca, para analisar suas feições – Mazenderã olhou para seu secretário. – Arash, se retire por favor. Você não liga de tirar a burca na frente de um parente, não é, querida?

– Não, senhora.

– Então, vá em frente. – O daroga fechou as portas do aposento e a soprano retirou a burca, a sultana deu um sorriso:

– Muito bonita, um rosto francês, deveras, branca, olhos azuis, cabelos dourados, mas os homens daqui adoram algo diferente, não tem muito corpo, é esguia e baixa, mas mesmo assim muito bonita, deve servir. Esta aceita. – Christine deu um sorriso um pouco desajeitado e colocou a burca. – Me acompanhe, dê tchau para seu primo e deixe suas malas aí, mandarei um criado buscar mais tarde.

A garota abraçou o persa e murmurou um tchau em idioma árabe, seguindo a sultana logo em seguida, as duas andaram por um tempo, mas de repente a mulher parou e se virou para a garota:

– Você fala árabe?

– Somente um pouco, senhora.

– Bem, eu ensino minhas alunas o francês aqui, então se comunicará sem muitos empecilhos, mas tenho de lhe dar um aviso, tenho um amigo, Erik, de que seu primo estava falando, ele tem uma deformação, é de nascença, mas, não faça piadas disso, não cite esta, não faça cara de nojo ou demonstre medo, meu amigo não deve se sentir magoado em nenhuma hipótese, ou você sofrerá consequências, entendeu? – A menina balançou a cabeça. – Ótimo. Seja bem-vinda, não vague por aí, principalmente pelo terceiro andar, lá se situa os aposentos de gente importante, então não suba, aqui temos o quarto das garotas, você fica aqui. – Ela apontou a porta. - Seus pertences já estão aí, em cima de sua cama.

Christine entrou timidamente no aposento, que era vasto e com cerca de 10 beliches, no canto havia algumas almofadas no chão com livros em uma estante, e várias meninas conversavam, quando a cantora entrou, a conversa cessou por um instante e uma garota avançou na direção da novata:

– Olá. – Ela disse em árabe. – Você fala minha língua? – Disse a garota quando viu a cara confusa da soprano.

– Prefiro francês.

– Ah, então, bem sua cama fica ali, seja bem-vinda, tente se enturmar e tire a sua burca, só tem garotas aqui.

Christine tirou a burca e se sentou na cama, que ficava do lado de baixo do beliche, ela só teria aula com Erik no outro dia, e seria uma prova de alto controle.


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Notas finais do capítulo

Bem, adivinhem o quê vai ter no próximo capítulo? Erik! Afinal, como a peça-chave de toda uma história ficaria de fora? Eu vou tentar postar o capítulo amanhã, beijos e até mais.



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