Os dias passavam rapidamente. Nós estávamos estudando muito na sala de aula improvisada.
Alvo não me procurara e nem eu o procurei, evitava sentar perto dele durante as refeições e quando o via mudava de direção. Ele também não pressionou devia estar tentando fazer do modo mais fácil. Ele devia estar tentando me conquistar aos poucos, ou só tivesse desistido, o que eu queria que acontecesse ou será que não?
O que sentia por ele estava confuso, então não queria me aproximar muito dele, mas ao mesmo tempo sentia vontade de estar perto dele.
Numa sexta-feira depois dos estudos madame Roux nos deu uma informação que não me deixara muito feliz.
- Os alunos de Hogwarts vão amanhã a Hogsmeade e vocês tem a permissão de ir junto.
Todos os alunos gritaram e ficaram histéricos, exceto eu que fiquei fazendo careta pensando no dia seguinte.
- Sarah isso será uma boa distração para você aliviar as tenções da primeira prova na terça. – Madame Roux disse se dirigindo a mim.
- É claro.
Eu sai e fiquei em frente a carruagem sentada em uma pedra pensando. Eu não iria aliviar as tenções no dia seguinte eu iria ficar mais tensa. Mas é claro que tinha chances de Alvo ter desistido, afinal ele estava me evitando.
- Sarah você não esta feliz? – perguntou Susan atrás de mim me fazendo pular de susto.
- O quê? – perguntei me virando para olhá-la ela estava com Amy me fitando com uma expressão confusa.
- Eu perguntei se você não está feliz com a visita a Hogsmeade amanhã. O que tem de errado com você? – ela e Amy se sentaram cada uma em uma pedra ao meu lado.
- Eu to bem. E sim eu estou feliz com a visita a Hogsmeade. – disse sem nenhuma emoção.
- Não parece. – Amy falou. – Quer nos contar alguma coisa?
- Não há nada para se contar.
Elas assentiram e começaram a falar sobre o que iríamos fazer no dia seguinte.
Eu estava em outro mundo ignorando os planos delas, então não percebi nada ao meu redor.
- Oi. – Alvo disse me fazendo pular.
Eu o encarei enquanto ele mexia no cabelo. Havia me esquecido o quanto ele era lindo.
Ele sorriu para mim. Eu sorri em resposta. Eu me assustei com minha reação, geralmente eu não sorria para as pessoas, pelo menos não assim, não era um sorriso sarcástico nem de desdém, era apenas um sorriso cheio de emoção.
- Oi. – respondi.
- Fiquei sabendo que vocês já foram informadas da visita a Hogsmeade. – ele me fitou com aqueles olhos verdes me deixando sem ar. Isso era jogo sujo.
- É... foi sim... acabamos de saber. – respondi com muito custo.
Ele arqueou uma sobrancelha e deu um sorriso torto.
- E você ainda vai comigo?
- Você ainda quer ir comigo? – perguntei seriamente.
- Sua frieza comigo não foi o bastante para mim desistir.
Eu ri.
- Tudo bem então.
- Então amanhã eu passo aqui para irmos juntos.
Susan e Amy ficaram de boca aberta, sem entender nossa conversa.
- Aposta é aposta, então fazer o quê não é mesmo? – disse secamente. Queria que ele não reparasse o que sua presença fazia comigo, então pensei que se fosse seca com ele, ele iria desistir em breve.
O sorriso do seu rosto desapareceu com o tom de minha voz. Me deu vontade de levantar e consolá-lo, mas continuei como estava.
- Então ate amanhã. – pude ver tristeza em seu rosto enquanto se virava.
Fiquei olhando ele ir.
Quando olhei para as meninas vi que as duas me fitavam.
- Pode nos explicar o que aconteceu? – Susan pediu.
- Nada de mais. – disse indiferente. – Vou à hogsmeade com Alvo.
- Você age como se isso não fosse nada de mais.
- E não é.
- Você é fria.
- Eu sei.
Ela se levantou furiosa e saiu.
- Ela tem razão. – Amy disse.
Eu não disse nada, apenas esperei ela continuar.
- Você não deve ser assim. – ela disse depois de perceber que eu não ia falar nada. – Ele parece gostar de você, eu pude ver como ele a olhava, você na deve ser fria. Dê uma chance a ele, isso não vai machucar.
Ela não sabia que na verdade ia, um de nós dois iria sair muito machucado. Ela não entendia a real situação. Eu estava gostando do filho do assassino de meus pais, e isso na era bom. Ele devia ser o inimigo, era por ele que eu iria fazer o pai dele sofrer, mas eu não conseguia me ver o matando.
Eu assenti para Amy que estava esperando minha reposta. Ela se levantou me deu um beijo na cabeça e antes de ir ela disse algo que perfurou meu coração.
- Por baixo dessa pessoa fria existe uma pessoa boa. Você vai fazer o que é certo.
Ela se virou e voltou para a carruagem. Eu sempre gostei mais de Amy, ela não queria apenas saber de uma fofoca com Susan, ela queria saber do meu bem estar, ela era uma pessoa boa, uma pessoa altruísta. Ela sempre falava coisas para nos acalmar e sempre dava bons conselhos. Mas será que agora ela estava certa?
Fiquei sentada na pedra chorando. Eu não costumava chorar, sempre fui muito forte, mas pensar no certo e errado estava me machucando.
O que era o certo? Vingar-me, ou me entregar ao coração?
Precisava descobrir o que era logo. Alvo parecia ser tão orgulhoso e cheio de si, mas ele também parecia ser dócil e carinhoso. E o mais importante era que ele parecia gostar de mim, ou será que apenas queria se mostrar, ter uma garota bonita e novata?
Mas a Amy disse que pelo olhar dele dava para saber que ele gostava de mim.
E eu queria acreditar nisso.
Olhei para o horizonte. O sol estava se pondo. Eu devia ir para a carruagem me encontrar com as garotas para irmos para o salão comunal para jantarmos.
Levantei-me e fui para a carruagem. Elas olharam meu rosto manchado pelas lagrimas.
- Você devia lavar o rosto. – Susan disse.
Eu não o fiz. Apenas segui com elas para o salão comunal. Não me importava muito com minha aparência.
Entramos no salão e me sentei ao lado delas.
- Você estava chorando? – Alvo se sentou ao meu lado e perguntou preocupado.
Eu o olhei. Seus olhos verdes estavam me fitando. Aquele olhar me fez deicidir que nada importava agora.
- Não é nada. – disse sorrindo para ele.
Ele me olhou por um momento e seus lábios se abriram em um sorriso.
- Que bom então.
Nós comemos em silencio.
Depois de comer me despedi dele e fui para a carruagem junto com as meninas.
Amy esperou ficar sozinha comigo para falar.
- Sabia que você iria fazer o certo. – ela sorriu.
Eu sorri para ela.
Mas será que isso era o certo?
Eu fiquei me perguntando ate dormir.