A carruagem por fora parecia uma casa, e por dentro ela realmente era como se fosse uma.

Dividia o quarto com Amy e Susan. Elas estavam se preparando para dormir enquanto eu escrevia meu nome no pergaminho.

- Por que você esta fazendo isso agora? – Susan perguntou.

- Porque eu quero acabar logo com isso.

Escrevi no pergaminho meu primeiro e ultimo nome seguido do nome da escola. Depois de tê-lo enrolado sai do quarto indo para o jardim em direção ao castelo.

Entrei no salão comunal, o cálice estava no centro, ao seu redor tinha um traçado azul, essa devia ser a linha etária que a diretora disse.

Passei pela linha e coloquei meu nome no cálice. Fiquei ali admirando o fogo branco-azulado.

- Você não devia estar dormindo? – uma voz atrás de mim perguntou.

Virei-me lentamente para encarar o dono da voz quando vi os olhos verdes que me encaravam intensamente.

- Você também devia. – disse secamente, apesar de ter perdido a linha de raciocínio por um tempo ao encarar aqueles olhos tão verdes e profundos.

- É devia. Mas eu decidi colocar meu nome agora. – ele disse rindo de alguma piada interna.

Ele caminhou ate onde eu estava e colocou o pergaminho no cálice assim como eu fiz.

- Acho melhor eu ir dormir e você devia fazer o mesmo. – disse me virando.

- Posso fazer uma pergunta antes? – ele disse me parando.

- Já fez. – disse secamente, eu iria embora, mas quando olhei o seu rosto decidi mudar de idéia, se eu ia matá-lo pelo menos eu devia ser educada antes. – mas pode me fazer outra.

Ele abriu um sorriso antes de dizer.

- Por que você não tem aquele sotaque que nem as outras?

- Minha avó é inglesa. Em casa eu falava inglês e na escola francês. Esta explicado?

- Está. – ele ficou constrangido com o meu tom de voz. – por que você não gosta de mim? – ele perguntou num sussurro.

Eu ia dar uma má resposta, mas fiquei desarmada ao ver sua expressão.

- Eu não tenho nada contra você. – era verdade eu tinha algo contra o pai dele, eu só iria matá-lo para fazer seu pai sofrer, mas ele não significava nada para mim. Ou será que significava?

- Você sempre me trata tão indiferente.

- Eu sempre fui assim. Você também seria se você visse seus pais serem mortos aos quatro anos de idade, e tivesse que crescer com sua avó.

Ele ficou sem fala por um tempo me encarando, talvez pensando no que dizer.

- Eu sinto muito. – ele parecia sincero.

- Não sinta, já faz 13 anos.

Ele deu um pequeno sorriso de canto.

- Nós podíamos nos conhecer melhor. – ele disse aumentado o sorriso de lado.

Fiquei um tempo o encarando.

- Acho... que .... bem... melhor não. – eu estava gaguejando? Isso nunca acontecia, ele me deixava sem palavras e agora gaguejando. Com certeza era melhor eu ir antes de aceitar qualquer coisa dele.

- Por quê? – ele parecia confuso.

- Olha nós temos que nos centrar no campeonato, amanhã vão dizer quem serão os campeões.

- E o que isso tem de mais? – parecia que ele não encontrava sentido nas minhas palavras.

- Se um de nós for escolhido temos que nos concentrar.

- Você tem o seu ponto. – ele disse meio emburrado.

- Eu sei. – eu comecei a me virar.

- Espera.

- O que? – disse o encarando novamente.

- Mas e se nenhum de nós for escolhido?

- Aí agente vê? – ele abriu um sorriso.

- Mas e se os dois forem? – ele estava jogando comigo.

- Isso é bem difícil de acontecer.

Ele abriu um sorriso maior ainda.

- Vamos fazer um trato?

- O que?

- Se os dois forem escolhidos, você saí comigo no próximo fim de semana que formos a Hogsmeade.

Eu o fitei por um tempo. Era muito difícil de isso acontecer então eu podia ceder a essa brincadeira.

- Tudo bem. Mas se nenhum de nós for escolhido, ou se apenas um for, você me deixa em paz. – eu queria que ele me deixasse em paz em tão torci para ele aceitar. Ou será que eu não queria que ele desistisse de mim?        

Ele analisou a proposta por um tempo.

- Tudo bem. Temos um trato. – ele levantou a mão para mim apertar.

- Temos um trato. – apertei a mão dele.

Ele me fitou com seus olhos verdes por um tempo, até que me dei conta que devia estar na carruagem.

- É melhor eu ir. Eles vão ficar preocupados.

- Tudo bem.

Eu ia me virando quando algo passou pela minha cabeça.

- É muita coincidência nós dois decidirmos vir aqui no mesmo momento não acha?

Ele riu.

- Eu não acredito em coincidências. Eu acho que nós mesmos fazemos nossas oportunidades. – eu o vi dando aquele sorriso como se tivesse rindo de alguma interna novamente. Rolei os olhos e saí.

Corri pelos jardins do castelo e entrei na carruagem. Fui direto para o quarto e ia me trocando para dormir.

- Você demorou. – Amy disse.

Ela devia estar dormindo. Agora eu teria que explicar ou ela contaria a Madame Roux que eu saí a noite sem permissão.

- É que quando eu estava vindo embora, encontrei o Alvo Potter, ele também estava colocando o nome no cálice. – disse com cara de inocente. Sim eu era uma psicopata.

- Meu Deus não brinca. – ela disse com uma voz carregada de curiosidade e de inveja.

- Foi sim.

- E vocês conversaram?

- Eu não teria demorado se não tivéssemos.

- Ai Meu Deus. To passada.

Eu ri.

- Vai dormir. Já ta tarde.

Ela fez um som de insatisfação.

Eu me virei e dormi sonhando com aqueles olhos verdes. Mas eu não devia estar sonhando com ele. Será que algo estava mudando? Será que foi um erro fazer aquele trato? Eu não sabia responder minhas perguntas por enquanto, mas eu teria que saber logo.