Rebel escrita por Blake


Capítulo 18
Blackout




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– Gente! Olhem isso – Skye chamou a atenção de todos – Eu meio que acessei os satélites russos – sorriu naquele ar infantil antes de prosseguir – E o Bae disse que era um avião grande certo? Então eu deduzi que Ward necessitaria de muito espaço, longe da civilização para não levantar suspeitas – divagava, enquanto todos aguardavam pacientemente onde ela queria chegar – Levei três horas, mas descobri – clicou numa tecla qualquer e pôs no painel a movimentação que os capangas da HYDRA faziam na nova base do grupo. - Bem vindos ao novo covil do mal – anunciou ainda sorrindo.

– Não parecem muitos – Alisha avaliou.

– Você foi capaz de confirmar se agente Price ainda está aí? – Coulson perguntou, assistindo as filmagens como se procurasse por algo, ou melhor, por alguém.

Skye abaixou os olhos – Não – admitiu – Eles não têm infravermelho... –

– Eles estão saindo - Hunter a interrompeu e apontou para uma van que acabava de abandonar a fábrica – Deve ser pra fazer a troca, certo? –

Todos concordaram e Skye já estava seguindo o veículo através dos satélites, enquanto May direcionava o quinjet naquela direção.

**

– Qual é o nome do “comprador” se me permite perguntar? – Rosalind estava realmente determinada em saber o que estava prestes a enfrentar.

Ward primeiro riu, divertindo-se com a apreensão da mulher e só então respondeu – Ele se chama Killgrave, um nome bem idiota, não acha? –

Ela franziu o cenho em confusão e pareceu repensar em todos os casos que teve na vida – Eu não conheço nenhum Kilgrave – comentou.

– Não se preocupe, em breve irá – Ward respondeu num ar distraído.

– Senhor, tem certeza que não quer que eu faça o carro desaparecer? – Kyle questionou, parecia estar começando a gostar daquela vida fora da lei e bem... Ward era um chefe bastante generoso. Poderiam odiá-lo por muitos motivos, mas pagamento não era um deles.

Grant expôs aqueles dentes imaculadamente brancos, num largo sorriso e deu dois tapinhas nas costas do homem sentado ao seu lado – Não se preocupe com isso, eu já deixei nosso cliente ciente que talvez tenhamos convidados indesejados, e ele me assegurou que cuidaria disso – falou num ar bem natural.

A refém lançou os olhos novamente na direção de Taylor, quase como se perguntasse por quanto mais tempo ela deixaria aquilo se estender. A garota não estava nem um pouco interessada em parar, não quando cinquenta milhões eram o preço final. Se a SHIELD não estivesse tão obcecada na HYDRA, talvez nada daquilo estivesse acontecendo, eles são responsáveis pelo próprio destino e não é como se ela estivesse apertando o gatilho... Pelo menos é assim que ela vê a situação. Ela não apertaria o gatilho, mas se alguém apertasse... Não era sua responsabilidade.

– Eu tenho algo a dizer – Rosalind anunciou e Taylor esbugalhou os olhos. Tornando-se inquieta no banco.

– Suas palavras finais? – Riley brincou, e ninguém pareceu reparar no nervosismo da jovem.

– Cinquenta milhões, sério, Grant? Onde irá gastar todo esse dinheiro? – Taylor interrompeu qualquer coisa que a mulher pretendia dizer e a lançou uma indireta.

– Já se interessou em ficar agora? – perguntou presunçoso.

A menina balançou a cabeça negativamente – Não, por isso usei irá e não iremos, estava me referindo apenas a você – respondeu sem muita paciência.

Grant ergueu as mãos no ar, numa espécie de rendição e deu um sorriso amarelo, ele sempre admirou a coragem de Taylor, desde o dia que ela pôs os pés no seu escritório e matou Tobias. – 25% irá para o Strucker e o resto será para novos brinquedos para nossa base, Oriente Médio está fervendo em trabalho, terrorismo está em alta meus caros – sorriu num ar confiante. Aquele deveria ser o trabalho dos sonhos de Ward, ele era perturbado o suficiente para realmente gostar de matar pessoas e causar o caos.

– Parece um ótimo plano, esperar até o momento certo – pausou deixando bem claro para quem aquilo era destinado - Afinal, estamos quase dentro do Oriente Médio, vai ser muito fácil destruir qualquer coisa por lá – concluiu voltando ao assunto.

– Mas o que você iria dizer, suas palavras finais.... – Riley voltou-se para Rosalind.

– Apenas lembrei quem é Kilgrave – lançou um sorriso para todos os presentes e se calou. Taylor rolou os olhos e se convenceu que se Rosalind a fizesse outra gracinha daquelas, ela iria desejar ter sido torturada pelo tal do Kilgrave.

A van estacionou quando todos os presentes já consideravam estarem andando em círculos e o local era tão inóspito que poderia ser muito bem a Sibéria, talvez fosse. Todos se abraçaram mais ao próprio corpo, menos Taylor, que parecia imune ao frio.

– Acho que a tortura já começou – Riley brincou com a agente, enfiando as mãos enluvadas dentro do casaco.

– Você é um amor – a morena respondeu cinicamente.

– Calem a boca, vocês acham que isso é uma brincadeira?! – Grant virou-se num ar irritado e quase incendiou Riley com a fúria daquele olhar.

Bishop, Kyle, Marcus e Taylor iam mais a frente, avaliando as fortificações. Parecia um antigo presídio e por antigo considera-se Domingo Sangrento, Princesa Anastasia e outras coisas bem antigas que aconteceram na Rússia, a Unesco já deveria ter tombado aquilo como patrimônio histórico àquela altura de tão velho que aparentava. O vento chocava-se com voracidade contra o rosto dos presentes e nublava a visão, tornando difícil identificar muito mais que os contornos do enorme prédio que se estendia até a vista perdê-lo de foco.

– Tem certeza que é aqui, chefe? – Bishop já estava com a arma em punho.

Ward não parecia tão convencido também, na realidade, sentia-se um pouco receoso sobre aquilo. Foi o Strucker que o pôs em contato com esse cara, Kilgrave, nunca ouvira falar dele antes e quando pensou que iria transportar armas, drogas, ou qualquer idiotice do gênero, o homem o pede para trazer uma das agentes mais condecoradas da America. Quando falou com Rosalind Price mais cedo, tentou descobrir o que ela sabia de tão importante ao ponto de valer cem milhões de euros, mas Taylor tinha que aparecer e arruinar seus planos.

– Era o que tinha no GPS – o motorista, Truck, um ex-combatente, respondeu quase ofendido pela dúvida.

– Pensei que esse comprador “estivesse esperando nossos amigos indesejados” – Riley bufou – Agora estamos no meio do nada, com a SHIELD na nossa bunda e um prédio velho sem ninguém dentro –

Começaram a debater entre si enquanto Taylor era a única a tentar realmente se aproximar do enorme portão, ladeado por um muro secular. Forçou a visão, na tentativa de ver além das árvores de troncos pútridos e a neve que parecia ter reivindicado toda aquela área.

– Ei – chamou quando teve a impressão de ter avistado algo, ou alguém. Ninguém a escutou. – Ei! – chamou mais uma vez, um pouco mais alto. Agora a figura já era clara. Era um homem, não muito alto, usando um terno tweed roxo, o que o fazia ficar bem nítido sobre a alva neve, os cabelos eram pretos e estavam muito bem alinhados num corte aristocrático. Realmente não era o tipo de figura que esperava encontrar ali. Toda elegância britânica congelando naquele frio horrendo.

– Olá, sou Kilgrave e vocês devem ser HYDRA – ele falou com um nítido sotaque e um sorriso meio assustador sobre o semblante. Sua voz era eloquente, digna de um orador de renome.

Todos viraram-se, parando de discutir e retomando a compostura de “gangue internacional muito perigosa”.

Ward limpou a garganta antes de dar passadas largas, a fim de diminuir a distância que tinha com o cliente.

– Olá, Sr. – respondeu com um quê de nervosismo, aquilo era novo. Já vira Ward com raiva, com muita raiva, com malícia, sendo meloso, sendo romântico, sendo um babaca, mas nervoso? Nervoso nunca. – A trouxemos – falou o óbvio e deve ter se sentido um idiota após o fato.

Kilgrave ainda tinha aquele sorriso bestial sobre o rosto – Você seria realmente idiota se tivesse vindo até aqui só para me dizer que não havia a trazido – comentou e alargou um pouco mais aquele sorriso diabólico antes de estender os braços, convidando todos a entrarem. – Venham, podemos esperar os demais convidados lá dentro – parecia ansiar pelo iminente ataque, como se estivesse prestes a ganhar um ótimo presente de natal.

Na falta de melhores opções, todos acataram. Melhor esperar a morte um pouco mais aquecido.

– Esse cara é completamente louco – Riley cochichou ao ouvido da jovem, que teve todos seus pelos eriçados pelo calor da mulher. Foi inevitável sorrir, pela primeira vez teria que concordar com ela.

– Ele pagou cem milhões por uma mulher, não precisei conhecê-lo para atestar sua falta de sanidade – respondeu naturalmente e olhou compenetrada para o chão quando teve a estranha sensação de estar sendo vigiada. Tinha um ótimo sexto sentido e rapidamente aprendeu a nunca duvidar dele. Manteve os olhos sobre o solo, até que os viu... Haviam pessoas ali, usavam trajes que se assemelhavam à neve e elas estavam espalhadas por todos os lados, camufladas... Era incrível, só um olhar MUITO, MUITO atento, seria capaz de detectá-las.

Kilgrave parou antes que atingissem o prédio, o castelo, ou o presídio, definitivamente era um dos três. Girou nos calcanhares e caminhou até parar diante de Taylor, estreitou os olhos ao fitá-la.

– Você os notou – afirmou e a lançou um sorriso sem dentes.

– Seus fantasmas, camuflados na neve? Sim, eu os notei – o sorriu no mesmo ar prepotente, tendo todos os demais a olharem ao redor, em busca das tais pessoas.

– Interessante – divagou e tornou a caminhar, sem se estender em explicações sobre seu comportamento excêntrico.

O interior do prédio era esplendoroso, o tipo de luxo que ninguém espera encontrar na Sibéria; tapetes egípcios, esfinges de ouro, uma fonte de água morna, cortinas felpudas em tons extravagantes, quadros de pintores famosos, animais já extintos empalhados, uma lareira de tijolos vermelhos, lustres belíssimos que pendiam do teto como uma cascata brilhante... Era realmente assustador.

– Sintam-se em casa – aconselhou e chamou Ward, que mantinha a mão fortemente em torno do braço de Rosalind.

Bishop e Taylor foram os únicos que também se precipitaram, a fim de acompanhar o homem. Bishop para protegê-lo, Taylor para traí-lo. Só havia um pequeno problema, aquele complexo era muito grande para seu poder fazer efeito em todos, da mesma forma que ocorreu no covil, aqueles que estavam do lado de fora, descarregando as coisas do avião, não sofreram nenhum efeito. Seria alvejada pelos hominhos da neve assim que pusesse os pés para fora daquele prédio. Tinha que pensar em algo.

– Você mudou nesses dezesseis anos, Kevin, fez plástica? – a voz da agente pegou todos de surpresa, principalmente Taylor, que perdeu a pouca cor que lhe sobrava no rosto. – E esse sotaque? Nunca vi ninguém de Oregon falar desse jeito – ela estava mesmo tentando irritá-lo? Pelo visto sim, aquilo que era uma mulher de fibra.

O anfitrião virou-se, exibindo um largo e assustador sorriso, embora seus olhos fossem frios como duas lápides, iguais aos de Taylor quando ela tinha um dos seus “momentos”, embora a cor fosse completamente distinta.

– Demorou um pouco para lembrar-se agente, mas pelo menos me poupará o trabalho de passar-lhe os detalhes novamente – crispou os lábios, direcionando todo seu ódio para a morena que o encarava num ar altivo. Rosalind Price, definitivamente, não tinha a cara de alguém que estava prestes a morrer.

Taylor, Bishop e Ward estavam estáticos, como meros expectadores daquela situação, temerosos em mexerem sequer um músculo e desencadearem a ira do tal Kilgrave, pois aquilo era uma coisa que nenhum dos três tinha a menor intenção de fazer.

– Eu lhe prometo anos de intermináveis torturas – tocou o rosto de Rosalind - Você vai desejar morrer, mas eu não irei matá-la, e essa vai ser sua vida – completou num ar psicótico e tornou a caminhar, enquanto todos os demais se puseram a segui-lo pelo enorme corredor, igualmente adornado com itens valiosos.

A agente virou-se brevemente para Taylor e a sorriu pelas costas do homem em púrpura, mas ao invés do olhar de satisfação que imaginou encontrar no rosto da jovem, havia um traço de curiosidade. A menina estava curiosa com a figura a sua frente, como se precisasse dissecá-lo, conhecê-lo, destrinchar cada mínimo detalhe da própria vida, afinal, era para aquilo que ela havia sacrificado todo o resto, correto? Encontrar a verdade, descobrir o que a fazia tão diferente do resto... Kilgrave era o homem que possuía essas respostas.

Chegaram a um amplo escritório, com janelas ovais repletas de mosaicos e sofás de couro espalhados pelo espaço. Um tapete púrpura tomava o centro e se estendia até a mesa de uma madeira escura, onde uma maleta repousava placidamente. Caminharam sobre o tapete e aproximaram-se da maleta.

– Aqui está, cavalheiro, como prometido, numa conta indetectável – Kilgrave anunciou com tédio, como se dinheiro fosse algo obsoleto.

Ward mandou Bishop se aproximar, óbvio que ele checaria aquilo antes de ir entregando a difícil encomenda. O negro puxou o celular do bolso e sem delongas acessou os dados bancários, enquanto Taylor observava tudo ao longe, arquitetando formas de escapar dali com o dinheiro, suas respostas, de preferência ilesa, e sem causar a morte de ninguém, mas a ordem de prioridades era exatamente essa e não iria alterá-la.

Esperar a SHIELD. Pegar o dinheiro durante a confusão. Pausar o tempo. Sequestrar Kilgrave e Riley. Fugir com a van. A sequência era boa, menos a parte onde deveria pausar o tempo, ainda não tinha controle e aquela era uma parte crucial do plano. Realmente crucial.


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