“Querido Grissom... 15 de maio de 1970... A primeira vez que lhe vi você estava sentado, esperando por sua mãe lhe buscar na saída da escola... Eu estava lá, eu sei que você não me viu, mas naquele momento eu havia decidido que eu ia lhe conhecer... Você estava lá tão quietinho, me lembro de você na minha turma, estávamos no 2º ano e eu me recordo que você não conversava com ninguém, ficava no seu canto somente olhando para o que o professor falava...

28 de maio de 1970... Essa foi a primeira vez que eu falei com você, estávamos todos no intervalo, me lembro de estar correndo quando tropecei em uma pedra... Foi algo meio clichê, mas eu estava me preparando para dar de cara no chão e ser ridicularizada pelo resto do ano, fechei meus olhos e simplesmente esperei pela dor que viria a seguir, porém nada veio... Abri meus olhos e lá estava você me segurando pela cintura... Seus olhos eram de um azul tão lindo que eu simplesmente me perdi, eu poderia ficar olhando para eles pelo resto da minha vida, me perder naquela imensidão, mas o destino não foi tão dócil comigo...

-Você esta bem?

Essa foi à primeira coisa que você falou pra mim e me recordo de pensar que sua voz era linda, como um anjo gracioso e foi daquele momento adiante que nos tornamos amigos inseparáveis, onde um estava o outro também estava...

13 de julho de 1975... Nesse ano aconteceu nosso primeiro beijo, me lembro de estarmos no 7º ano, foi meu primeiro beijo e o seu também... Chovia muito naquele dia, nós corríamos feitos loucos pela rua tentando chegar em casa o mais rápido possível, com as mochilas tentávamos o máximo nos proteger daquela chuva que cada vez ficava mais forte, mas isso era em vão pois os mesmos já nos encontrávamos encharcados... Em algum momento ao longo da corrida eu escorreguei e caí, infelizmente dessa vez você não foi tão rápido e eu acabei de bunda no chão, você se virou para mim que estava amaldiçoando a vida, você se abaixou até ficar da minha altura e me ofereceu ajuda para levantar... Eu recusei na hora, eu era tão orgulhosa naquele tempo, acho que ainda sou... Você me encarou e simplesmente me puxou ao seu encontro, você empós tanta força que nós dois acabamos caindo dessa vez, você por baixo de mim... Me lembro de ter sentido borboletas no meu estomago, algo me puxava para você e eu acabei lhe beijando...

Foi algo puro e tão bonito, uma sensação tão boa se apoderou de mim, me lembro como foi difícil me separar de você... Esse foi o nosso primeiro beijo, mas não o ultimo.

30 de outubro de 1979... Era nossa formatura, depois daquele beijo nos prometemos que tudo seria normal entre nós, que esqueceríamos que aquilo aconteceu, eu fiquei horas me arrumando, a beca estava em cima da minha cama e eu estava vestindo o vestido naquele momento... Faltavam duas horas ainda para irmos a formatura... Foi quando eu ouvi barulhos vindos da minha janela, era você jogando pequenas pedrinhas, eu sorri para você e somente abri a janela, você a escalou com facilidade afinal aquilo já havia se tornado algo normal entre nós.

Lembro-me de estarmos os dois nervosos, você agarrou minha mão e brincou sobre como eu iria me esquecer de você após aquilo... Ah se você soubesse que eu não me esqueceria de você nunca... Foi nesse momento que eu lhe beijei novamente, dessa vez o beijo foi apaixonado e cheio de luxuria, foi algo desesperado, você correspondeu ao beijo na hora, me senti tão feliz... Nossos corpos se aproximaram um do outro, minhas mãos vagavam pela sua nuca, as suas seguravam fortemente em meus quadris, fiquei tão excitada que lhe arranquei a camisa naquele momento, você simplesmente riu e retirou a meu vestido com toda aquela delicadeza que lhe caracterizava, acariciou meus seios e beijou meu corpo por inteiro, você me pegou no colo e me carregou para minha cama, ali nós fizemos amor por um tempo que parecia eterno... Aquela não foi a primeira vez que eu transei, mas foi a primeira voz que fiz amor... Depois daquilo eu soube que não queria me separar de você nunca mais na vida... Infelizmente nem tudo que queremos pode se cumprir, naquela noite mesmo você foi embora e com você se foi meu coração...”

Ele havia finalmente criado coragem de ler aquela carta... Ah como ele queria voltar no tempo e ter ficado ali com ela pelo resto de sua vida...

Como ele queria poder mudar tudo que aconteceu, ele queria ter tido coragem de enfrentar seus pais e ter sido feliz com ela ao seu lado... Mas tudo que ele pode fazer foi pegar a próxima carta.

“28 de novembro de 1985... Minhas esperanças de você voltar retornar para mim, hoje eu me caso com Nick, foi ele que me apoiou quando você se foi, eu admito que não sou apaixonada com ele, mas o admiro e respeito, espero que com o tempo venha o amor... Não sei se você está lendo está carta, para lhe ser sincera não sei nem se você ao menos se lembra de mim, espero que ao menos um de nós esteja feliz meu amor...

11 de novembro de 1989... Essa foi a segunda vez que eu lhe vi e novamente você não foi capaz de me ver, nem ao menos sei se algum dia você me visse na rua seria capaz de me reconhecer...

Estávamos em um seminário sobre medicina, eu havia depois de anos estudando e aguentando as criticas das pessoas me formado... Em um mundo tão estranho esse era um feito grandioso... Me lembro de ser uma das poucas mulheres naquela sala lotadas por homens que nos olhavam com desprezo e eu poderia até mesmo dizer algo de repugnância...

Por incrível que pareça você era o palestrante, fiquei tão surpreendida, tão apavorada, eu não queria que nosso reencontro fosse daquela maneira, eu saí daquela sala o mais discretamente que podia... Voltei ao meu hotel e no outro dia eu voltei para casa... Eu não podia fraquejar justo naquele momento, não agora que eu estava grávida e teria finalmente o filho que tanto desejei... Nick havia me proporcionado uma vida feliz ao seu lado, eu não poderia fazer isso com ele, não agora.

01 de abril de 1990... Foi quando minha filha nasceu, era uma linda menina, o parto foi tão doloroso, mas quando vi seus lindos olhinhos brilhando ali pra mim tudo valeu à pena... Toda a dor foi embora como em um passe de mágicas.

Thalia é uma menina graciosa de extrema beleza, acho que ela puxou isso de mim apesar de ter o caráter forte do pai... No momento que ela nasceu eu fiz uma promessa a mim mesma, eu iria te esquecer e é isso que eu vou fazer a partir de agora...”

“19 de março de 2015... Eu disse que iria lhe esquecer, mas jamais consegui, você sempre esteve em minha memória...

Mas o motivo de lhe escrever é outro desta vez... Estou morrendo.

Não estou reclamando, tive uma vida boa, uma família feliz, acabei tendo somente uma filha, mas acabei amando Nick, não fui jamais apaixonada por ele, mas lhe amei...

Thalia me convenceu a escrever está carta a você, acho que às vezes ela me entende melhor que eu mesma, eu nunca deixei de estar apaixonada por você, mas estaria mentindo que por algum tempo não fui capaz de lhe esquecer, espero que você também tenha sido feliz e que a vida tenha lhe agraciado... Adeus meu querido Grissom...

Com amor sua Catherine...”