Ally: Jogo de Amor escrita por Ella


Capítulo 66
Halloween


Notas iniciais do capítulo

1/3
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Quase acabando..



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Sábado, 31 de Outubro.(Continuação)

Dia de Halloween.

22h30 da noite.

Ally respira lentamente inalando o ar gelado, mesmo querendo falar algo ela recua dando pequenos passos para trás; seus olhos ardem sem piscar. Nick ri e bebe ao lado de garotas, quando olha a rua rapidamente e a vê saindo devagar, quase tropeçando nos próprios pés.

— Ally? - Indaga confuso. A neve atrapalha sua visão. - Caralho! Ally! - Se levanta e corre atrás dela.

Ele não pega o casaco, apenas age com o impulso correndo até ela.

— Ally! Ally! - Segura seu braço.

— Não me segure, Nick! - Vira para ele com expressão fechada e puxa o braço.

— Ally, eu posso explicar. - Diz nervoso.

— Então explique. - Dá a chance irritada. - Vai! Explique!

— Hã... Eu.. - Gagueja. - Ally...

— Estou esperando...

— Ally... Eu... - Não sabe o que dizer.

— Não tem como explicar, não é?! - Afirma. O encara. - Você não mudou nada. - Enfatiza magoada.

— Ally, se eu conseguisse te explicar de um modo que entendesse.. Então eu explicaria. Porém... Tenho certeza que qualquer coisa que eu fale não fará diferença. Não irá tirar o peso de cima de mim.

— Não venha com esse papo de que eu não vou entender. Eu sei que está chateado comigo, eu até entendo o seu lado da história que passou, só que isso... Isso é seco demais para eu conseguir engolir.

— Seco demais para você conseguir engolir? Como se eu já não tivesse engolido coisas piores de você. - Comenta acentuando.

— Não venha me dizer que eu errei, Nick, como eu disse anteriormente, eu entendendo o seu lado da história que passou. - Ressalta. - A história agora é com você... Que estava agarrado com aquela garota.

— Ela não é ninguém, Ally. - Conta calmo.

— Então eu também não sou ninguém? Porque o modo como estava olhando para ela é do mesmo modo como me olha. - Sublinha. - O seu olhar não significa nada... Durante todo esse tempo? - Seus olhos começam a encher de lágrimas. - Por que estava com ela, Nick?! - Abranda a voz temerosa.

— Ally, eu... Eu não sei. Olha... Estou tentando resolver isso, mas você é tão teimosa, e dramática. Eu ainda estou chateado com você, mas eu ainda estou tentando.. Estou tentando, Allyson.

— Nossa... Estou vendo como está tentando... Aquela garota deve ter te ajudado muito, hein? - Diz irônica.

— Caralho! Como é teimosa! - Exclama irritado. - Eu sou homem, Allyson, o que queria que eu fizesse?

Ela paralisa indignada:

— Uau.. - Murmura. - Você não mudou nada, é um canalha. Eu esperei muito de você depois de achar que te conhecia. - Aumenta a voz. - Eu me iludi demais achando que poderia esperar lealdade de Nicolas Blacker! - Ressalta. - Imbecil! - O encara.

— Vai me xingar agora? - Indaga. - Vai descontar sua mágoa com xingamentos? Tá, tá, fique à vontade. Só que para sua informação, Ally, eu não tive nada com aquela garota.

— Eu... Eu não vou acreditar nas suas mentiras. Você me mostrou quem realmente é, e que nunca mudará. Sempre vai ser um conquistador viciado em mulheres, no plural.

— Porra, já chega, Allyson! Não fale bobagem para depois não se arrepender. Eu mudei por sua causa, será que não viu o quanto eu já fiz por gostar de você? O quanto eu me preocupo contigo?...

— E olha só aonde estava, não é mesmo? - Realça. Uma lágrima escorre.

Ele fica sem saber o que falar.

— Estou cansada... - Não se refere ao físico. - Cansada. - Se vira para continuar o caminho de ir embora.

— Ally.. - Toca seu ombro.

— Não, Nick... Agora não. - O fita e volta a caminhar.

Nick a vê indo, a neve cai em seu corpo, ele sente o frio e corre para dentro.

22h50 da noite.

Caminhando por uma rua desconhecida, Ally sente frio por seu casaco não ser tão grosso. Ela pega o celular nervosa, liga para Baby:

— Baby, eu não sei o que fazer... Estava tudo indo bem e agora não para de desmoronar, estou ficando perdida.

— Ly, como assim? - Pergunta confusa.

— Eu acho que não tem mais jeito. - Frisa.

A rua fica mais estranha, Ally sente arrepios, olha para os lados assustada:

— Baby, estou com medo... - Resmunga.

— Ly, do que está falando?!

— Baby, me ajuda! - Pede olhando ao redor.

— Ally, eu não estou entendendo nada. - Conta preocupada. - Me explique.

Ally observa cada canto, treme cada vez mais, de repente se assusta por achar ter visto uma sombra passando na parede:

— Baby, ele está aqui! - Resmunga com a voz trêmula. - Socorro!

— Ally! Ele quem? Ally?! - Indaga nervosa.

Sem saber o que fazer, Ally desliga o celular sem perceber e começa a correr. Dificilmente consegue respirar por causa do frio; olha para os lados assustada.

Mesmo com esforço ela não consegue correr para muito longe. Um empurrão nas costas a faz tropeçar e cair, é levantada pelo cabelo; seguram forte.

— Não, não. - Pede. - Não, Thomás. Não!

— Calada, filha da puta.- Avisa frio.

— Não... Por favor, me solte, Thomás. Não, não faça isso. - Tenta se soltar. - Não! - Se desespera o vendo a levar para um lugar escondido na rua. - Não, não.- O bate. - THOMÁS! Por favor, não!

— Cale a boca! - A dá um tapa no rosto.

— Solte a garota, Cretino.

— Quem é você? - Thomás o pergunta sério segurando Ally pelo cabelo.

— Edward... - Resmunga.

— Apenas solte ela e ninguém vai se machucar. - Conta se aproximando.

— Edward... não é uma boa ideia.. - Ela resmunga baixo.

Thomás ri alto:

— Se machucar? - Ri. - Você não faz ideia...

— Solte ela antes que eu te dê uma surra. - Levanta as mangas do casaco.

— Você por acaso é mais um que a Allly está sugando? - Debocha. - De toda forma, vai embora. - Dá as costas para ele continuando a levar ela.

— Thomás, me deixe. - Ela insiste.

Inesperadamente ele é atingido com um soco na cabeça; paralisa, joga Ally em cima de pedras e se vira. Sua expressão é de secar a alma.

— Eu mandei você ir embora, mas já que insiste, vou acabar logo com isso.

— Thomás, o que vai fazer?! - Ela pergunta o vendo ir em direção à Edward.

— Devia ter ido embora quando eu mandei.

Edward fica paralisado o vendo se aproximar, não sabe o que está enfrentando. Ele tenta o acertar com soco, duas vezes seguidas, Thomás desvia e o segura. O joga no chão ágil e aperta seu pescoço.

— Corra, Ally! - Edward diz a encarando sem forças.

Ajoelhado no chão com Thomás segurando seu pescoço, ele não consegue lutar.

— Diga "adeus" para a Ally. - O diz sarcástico. Sorri.

— Não, não Thomás. - Corre para ele. - Não faça isso! - Ela pede.

Sem pena ou sem pensar direito, ele quebra o pescoço de Edward, que antes de cair morto, tenta se soltar, mas sem sucesso. Seu corpo sem vida tomba sobre o chão com neve.

— NÃO! - Ela corre.

Thomás a segura pela cintura, ela debate os pés.

— Você o matou! O matou! - Grita. - Matou... Matou...

Ela começa a pensar, olha o corpo de Edward caído sem pena, morto sem escrúpulos. Percebe o quão insensível Thomás é, o quão perigoso e sem consciência é esse homem que a persegue.

— O matou... Matou... - Percebe como matar para ele é brincadeira. - Não... VOCÊ MATOU O EDWARD, MATOU O EDWARD! NÃO! NÃO! VOCÊ O MATOU! - Grita apavorada. - Não, não, não... - Ele a leva para uma parede. A joga com força, ela bate a cabeça.

— Cale a boca, Ally. Ou eu vou cortar sua língua. - Grita.

— Você matou ele... Matou ele... - Resmunga.

— Matei, Ally, matei. - Afirma sem sentir remorso.

— Como pode fazer isso?! Como pode acabar com uma vida assim? - Questiona transtornada.

— Do mesmo modo que vou acabar com a sua. - Tenta colocar a mão no seu pescoço.

— Não. - Grita tentando fugir.

Ele a alcança e a joga na parede mais forte.

— Não adianta tentar fugir, não vou deixar você escapar. Eu disse que um dia iria te pegar sozinha, e agora que chegou esse momento, não vou perder a chance de acabar com você.

—  Por que? Por que fazer isso? - Pergunta tremendo. - O que eu fiz para você, Thomás?

— Shiu! - Aperta seu pescoço mais forte.

Lágrimas escorrem pelo rosto dela; pingam na neve.

— Está com medo de morrer, Ally? Não se preocupe, eu não quero nada mais que só te matar.

— Você... - Coloca as mãos nas dele tentando afrouxar para respirar. - Você era uma pessoa normal, Thomás, você tinha amigos, saía para comer, beber, rir, festas... O que aconteceu com você? Não era assim. - Sua voz mal sai de tão fraca.

— Mas hoje eu sou , Ally, e tudo por sua causa. - Conta.

— Por minha causa?... - Fica confusa.

— Sim. -  A sufoca mais. - Quando eu te conheci fiquei obcecado por você, seria tão legal tirar a garota do Nick dele, seria como tirar o troféu do campeão. Eu seria o melhor se fizesse isso. Com o tempo a obsessão cresceu e eu não quis parar, estava tão bom. Louco e cheio de tesão. Me tornei um psicopata maníaco e foi você quem criou o seu assassino, Ally. Hoje vai morrer pelas mãos que mais teme. - A segura a cabeça.

— Não! - Grita. - Não me mate, Thomás. Por favor! - Chora.

— Isso, Ally. Implore por sua vida. - Ri.- Implore, implore o quanto quiser, posso até te dar alguns minutos a mais por isso, mas no final eu ainda vou te matar, Ally. Eu matei o Edward, e farei o mesmo com você. Não pouparei sua vida. Te matar vai ser tão bom... - Levanta o rosto dela. Está molhado de lágrimas. - Vai ser como ter um orgasmo, o melhor orgasmo da minha vida.

— Thomás... - Murmura totalmente perdida.

— O que? O que? - Indaga. - Vamos! Peça! Implore por sua vida. IMPLORE! -  A joga no chão. - IMPLORE, ALLY! QUERO OUVIR VOCÊ PEDINDO PARA EU NÃO TE MATAR! PEÇA! AGORA!

De cabeça baixa, coberta de lágrimas de pavor e tristeza, ela mal consegue falar:

— Não me mate, Thomás, não me mate. - Levanta o rosto. - Por favor, por favor. Não faça isso!

— Tá, tá. Cansei dessa ladainha. Estou com vontade de ter um orgasmo. - A levanta pronto para matá-la.

NÃO! NÃO, POR FAVOR! NÃO, NÃO, NÃO. — Ela grita no meio de voz rouca de tanto gritar e lágrimas dolorosas.

Ele pressiona seu pescoço mais forte gradativamente, com seriedade e mordidas nos lábios.

— Vamos acabar o que começamos naquele mercado. - Aperta mais.

Ally tenta o soltar, bate em seu rosto, chuta suas pernas, arranha seus olhos.

— Fique quieta! - Ele soca seu rosto duas vezes, a deixa tonta. Ela perde a força de lutar; a cabeça dói.

Thomás volta a sufocá-la, aperta seu pescoço com toda a força; ela suspira forte. Quase no último suspiro, dão um soco muito forte na cabeça dele; a solta tonto e Ally cai sem firmeza nas pernas.

— Seu filho da puta. Eu vou acabar com você, seu cretino! - Nick o diz com ódio.

23h30 da noite.

Nick está com seu casaco que voltou para buscar, olha para Ally caída no chão gelado e com neve, ela parece mal respirar, está pálida. Thomás a puxa pelo cabelo e levanta com força, ela não consegue reagir, se torna um boneco de marionetes.

— Idiota, vai continuar arriscando a sua vida por ela? - Debocha.

— Deixe ela, Thomás. Resolva seus problemas comigo. - Sugere preocupado com Ally. Muito preocupado.

— Vou matar os dois de qualquer jeito. Vou te apagar logo. - Ele a joga no chão novamente.

Ela cai com o rosto em cima de pedras, corta a bochecha e a testa, respira fraco; uma lágrima escorre. Nick a olha, seu coração aperta:

— Venha, vamos...

Nick não deixa Thomás falar, sem perder tempo o dá vários socos no rosto seguidos, até a cabeça dele conseguir desviar e o acertar uma bem no nariz. Mesmo sangrando Nick não se importa. Eles ficam de frente um para o outro, esperando quem atacará novamente.

Ally assiste a briga, ela tenta se levantar algumas vezes, mas sua cabeça dói e suas pernas estão fracas; não consegue os parar. Enquanto isso Nick volta a bater em Thomás, que não fica muito tempo levando socos, logo revida com golpes do estômago fazendo Nick cair.

— Agora que te mato. - Thomás impulsiona subir em cima dele.

Agindo rápido Nick chuta seu tórax , o fazendo cair para trás; ele se levanta e tenta ir até Ally, mas sem êxito, pois logo é puxado por Thomás que o ataca pelas costas. Ally finalmente consegue se levantar, pensa em como pode resolver aquilo, vê o corpo de Edward estirado no chão; engole seco:

— Isso precisa acabar. - Resmunga.

Bem na sua frente, Nick e Thomás lutam tentando um acabar com o outro com as próprias mãos.

— Por que ainda luta, Nick? - Questiona. - Você vai morrer de todo jeito, uma hora ou outra vou te matar. Como fiz com esse cara, o Edward e como vou fazer com a Ally... E até com mais pessoas se aparecer.

— Você não vai me matar, e nem a Ally. Não vamos morrer pelas mãos de um psicopata imbecil. - Aperta seu pescoço. - Eu não vou deixar.

— Você vai me impedir? - O dá um soco e se solta. - Você não consegue nem proteger a si mesmo direito, nem a Ally, nem ninguém. Todas às vezes que eu a ataquei, ou foi porque a deixou só, ou estava distraído, porém do lado dela. É um merda, Nick! - O xinga.

Ally o ataca, pula em suas costas e o soca a cabeça com raiva.

— Eu odeio você, você acabou com minha vida! EU ODEIO VOCÊ! - Diz descontrolada socando a cabeça de Thomás.

— Sai de cima de mim. - A joga no chão. Ela bate as costas.

Com dor, ela se mexe com cuidado se sentando.

— Inútil! - Thomás se aproxima dela. Impulsiona a chutar.

— Ei, filho da puta! - Nick o chama.

Ao ele olhar, Nick pula e chuta a cara dele com um belo golpe, o corpo de Thomás vai ao chão sem ele ter tido tempo de reagir. Nick sobe em cima dele e o começa a socar ligeiramente, socos fortes e ágeis; ele começa a perder a razão. Toda a raiva de todas as coisas que Thomás já fez a Ally sobem a mente, toda a vontade de já querer matá-lo, socá-lo, o deixar mergulhado no próprio sangue o deixa descontrolado, ele sem pena vai o deixando com olhos roxos, feridas, nariz sufocado com sangue, respiração fraca, cabeça doendo, quase apagando.

Vendo a cena sem controle, Ally olha ao redor perdida. O corpo de Edward está ficando cada vez mais pálido, sem vida e sem ter tido chances de lutar; ela observa o cadáver dele por uns instantes, e olha para Nick que quase mata Thomás à socos. Ela percebe que mais uma morte está perto de acontecer, mas dessa vez pelas mãos do homem que ama.

— Não! - Corre até ele. - Não, Nick! Vai matá-lo! Vai matá-lo! - Tenta o tirar de cima de Thomás.

— É a intenção, Ally. - Continua a batê-lo furioso.

— Não! Por favor pare! - O puxa. - Você não é um assassino, Nick! Não acabe com sua vida assim. - Pede tremendo.

Ele para a ouvindo, e mesmo não querendo seus pensamentos refletem.

— Você é mais que matar um homem com suas mãos. - O diz o vendo pensar.

Sabendo que ela está certa, Nick sai de cima dele; Thomás está desacordado.

— Ele está morto? - Pergunta receosa.

— Não. Só desmaiou. - Responde.

— O que vamos fazer agora? - Pergunta vendo o corpo morto de Edward e o corpo desmaiado de Thomás.

— Vou dar um jeito. - Afirma se acalmando.

Após amarrar Thomás ainda apagado num poste de luz, Nick decide que é a hora de sair dali.

— Venha, Ally, Vou te levar embora. É melhor ficar na casa Blacker hoje. - Sugere preocupado.

— Não. - Nega calma. - Eu quero ir para minha casa. - Conta.

— Mas, Ally... - Fica confuso.

— Por favor. - Insiste o olhando nos olhos. Fala com tom doce.

— Ok. - Respira fundo.

00h10 da madrugada.

Chegando na casa Fllower, Nick faz questão de deixá-la dentro de casa. Eles batem na porta:

— Seus pais estão em casa? - Pergunta vendo luz acesa.

— Sim. - Não fala muito.

Elly abre a porta, ao ver Ally machucada de assusta:

— Meu Deus! O que houve?! - Indaga.

— Eu explico já já, mamãe. - Ela entra. - Venha. - Chama Nick. - Agora eu vou conversar com o Nick no meu quarto.

Ele a olha, não entende bem, mas não fala nada.

— Mas você está bem? - Insiste preocupada com a filha.

— Sim, mamãe. - Balança a cabeça. - Vou subir. - Avisa. - Vamos. - Olha para Nick.

Ele acena para Elly e segue Ally; sobem a escada.

No quarto Ally se senta na cama, ele a vê sem se expressar muito, ela fala branda:

— O que vai acontecer agora? O Thomás e o Edward ficaram lá... - Lembra.

— Não se preocupe com isso, eu vou falar com a polícia, vou resolver isso. Tente não pensar nessas coisas. - Ele a pede. A vê de cabeça baixa. - É... Como está? - Se aproxima. - Como se sente, Ally? - Se preocupa.

Ela não responde, está de cabeça baixa em pleno silêncio.

— Ally? - Nota o silêncio indesejável.

— Precisamos acabar com isso, Nick. - O olha. - Está na hora de acabarmos.

— O quê? - Franze a testa confuso.

— Nick, nós temos que acabar com o que temos. - Frisa.

— O que está dizendo, Ally?! Acabar com o que temos? Está acabando nosso romance? - Interroga perdido. 

Ela respira fundo:

— Não acabar só com o romance, mas com a amizade, a convivência, os encontros sem querer, temos que sair um da vida do outro. - Conta. - É o melhor a se fazer.

— Ally, como assim?! - Indaga. - Não estou entendendo nada, por que isso agora?

— Nick... - Suspira tremendo. - Eu sei que está surpreso e confuso, mas eu já pensei muito sobre isso. Percebi que é a melhor opção.

— Opção? Melhor opção para o que, Ally?! - Questiona nervoso.

— Para a nossa vida. - Assegura. O olha.

—  Mas... - Não sabe o que falar.

— Nick, nós somos tão diferentes... - Comenta. - Você é explosivo, ama as mulheres, é perdido, conquistador e... difícil de descrever. Você não quer fazer parte deste mundo, enquanto eu... - Suspira. - Eu sonho em fazer parte desse mundo, eu tenho sonhos, pouca grana, poucos amigos, mas muita esperança. Eu sou aquela que as pessoas insultam, chamam de lerda, sonsa, idiota e interesseira, mas você é o cara que pode tudo, compra tudo, sai com todo mundo para as festas. Mundos diferentes, não só pessoas diferentes.

— As pessoas são diferentes, Ally. Isso que salva o mundo. - Cita tentando convencê-la.

— Eu sei. - Afirma amena.

— Então...

— Então... Quer dizer que quer continuar assim? - Indaga. - Nick, não conseguimos ficar muito tempo juntos sem brigar, discutir, entrar em discordância, ficamos bem e depois desmorona tudo. Somos o casal mais imperfeito que eu já conheci. - Realça.

— Eu nunca quis perfeição. - Conta sincero.

— Deve ter sido por isso que se apaixonou por mim. - Ressalta. - Mas... Não acha que seria bom se conseguíssemos ter mais bons momentos do que mágoas?

— Claro que sim, porém nós somos assim, Ally. O que podemos fazer? Tentar mudar... Mas acho que não vai dar em muita coisa.

— Exatamente. - Concorda. - Nunca vamos mudar, vamos sempre ser um casal cheio de brigas e mágoas. Um casal que discute, se mágoa, fica bem, mas nunca esquece. Até quando vamos aguentar tantas feridas? Além de não confiarmos um no outro.

— Ally, quer mesmo acabar? Quer mesmo isso? - Questiona ainda confuso.

— Não... Não quero, mas é o melhor, Nick, não estou pensando só em mim, penso nos dois. É o melhor para a vida dos dois.

— Allyson, eu quero saber exatamente por que quer esse fim. Não é só o fim de um romance, por que quer afastamento total? Sair da vida um do outro. Isso é... Demais! - Suspira.

— Nossas vidas não se encaixam, nós não nos encaixamos. - Diz segura. - Tente, apenas tente pensar no futuro, pense nós dois juntos daqui uns 5 anos, sei lá... Se conseguir nos imaginar ainda juntos, nos vê felizes e sem problemas ou passando por brigas, reconciliações e mágoas? Bem mais mágoas do que hoje.

— Eu... - Respira fundo lamentando. - Com mágoas... Bem mais do que hoje.

— Eu também. - Conta. - Me entende agora? Se não acabarmos com isso agora vamos levar isso até não aguentarmos mais... Até criarmos ódio um do outro? É difícil.. Eu sei. - Tenta não chorar. - Mas eu não quero um dia te odiar, Nick. - Uma lágrima escorre.

— Eu não sei... - Coloca a mão na cabeça.

Ally se levanta, caminha pelo quarto:

— E não é só isso. Temos vidas diferentes, histórias diferentes, futuros diferentes, seria quase impossível conseguirmos criar uma vida só, um futuro só, uma história só. Você não sabe o que quer para sua vida, e não pode viver o meu sonho, não é o seu, mas também não vai conseguir descobrir seu caminho estando ao meu lado, preso no meu mundo e no meu caminho, precisa da sua liberdade, precisa se descobrir e só vai conseguir isso estando sozinho, seguindo sua vida, preso a nada. - Mais lágrimas caem devagar. - É difícil de entender. Assim como é difícil confiarmos um no outro, eu ainda acho que mente, e você acha a mesma coisa de mim com razão. Eu já menti muito para você no começo. Ainda acho que teve algo com aquela garota, e você, que eu fui encontrar o Edward de propósito. Nunca vamos ter um relacionamento de verdade sem confiança, e não vou mentir, Nick... É difícil confiar em você.

— Mas... Eu nem sei o que falar... Sim, é difícil entender, é difícil absorver isso.. Argh! - Bagunça o cabelo com dor de cabeça. - Eu, quero saber uma coisa, por que sair da vida um do outro assim? - Indaga tentando entender o raciocínio Ally.

— Conseguiria seguir seu caminho estando do meu lado, me vendo sempre, conseguiria ficar sem me beijar, me abraçar? - Pergunta já sabendo da resposta.

— Não. - Responde sem hesitar. - Seria um tormento.

— Eu também não. - Afirma.

— Então...Está certa. - Respira fundo. - Precisamos acabar com tudo para seguirmos nossa vida...

— Não só seguirmos nosso caminho, mas seguirmos nossa vida sem tantas mágoas. Para nosso bem, eu preciso seguir meu sonho, e você precisa se conhecer, e nada disso vai acontecer se ficarmos juntos. Romance cheio de brigas, desconfiança e ferimentos. - Lamenta.

— Depois de tanto tempo... Parece que não somos nada compatíveis mesmo. Ainda muito imaturos para ter um caminho juntos. - Entende lamentando fortemente.

— Humrum. - Ally respira fundo para não chorar novamente.

Nick a vê parada no meio do quarto, de cabeça baixa e tremendo:

— Ally... Eu... Eu posso não ser a melhor pessoa para você, posso ter meus problemas e você também, podemos ser bem diferentes e cheios de altos e baixos, mas... Eu quero que saiba que eu... Eu me apaixonei pela garota certa, e que me dói muito ainda não poder ficar com ela. - Levanta seu rosto.

— Nick... - Ela deixa umas lágrimas caírem por não conseguir as controlar.

— Ally, me desculpe por ser assim, é da minha natureza, não posso negar... Na verdade eu não sei o que dizer, não achei que fôssemos acabar assim, acho que é porque eu nunca pensei no nosso futuro, e se fosse só por mim, acabaríamos na merda.

— Não precisa dizer nada, Nick. - Continua chorando devagar.

— Mas eu quero. - Enxuga suas lágrimas da bochecha. - Ally, você sempre será a pessoa mais importante da minha vida. Você me fez mudar, talvez não veja a mudança, só que eu a sinto todos os dias, me fez sentir mais e me preocupar muito mais com os outros. Me fez mais humano. Você não é perfeita, Ally, e eu também não sou. O que você não sabe, é que só você conseguiria me mudar, é perfeita para isso. E por mais que muitas coisas ruins já aconteceram e mesmo com todas as mágoas que tenho. Eu... Eu vou sentir muito a sua falta.

Ally o observa falar pensando em tudo que já passaram juntos:

— Eu também vou sentir a sua. - Se segura muito para não cair aos prantos.

Ele segura o rosto dela pelo queixo:

— Eu te amo, Ally! - A diz apaixonado e muito triste.

Ela o encara por uns instantes:

— Eu o amo, Nick, o amo. - Lágrimas descem de uma vez.

Ela o abraça forte. Muitas vezes pessoas apaixonadas lutam para ficarem juntas, mas há quem sacrifica seu amor e o deixa ir, porque só assim vão de verdade serem felizes. Porque amar não é só viver juntos e serem inseparáveis, é saber que amar exige coragem, pois algumas vezes é  preciso dizer adeus.

Nick a aperta em seus braços pela última vez. A sente tremer dentro dentro de seu abraço.

— Infelizmente o amor não resolve tudo. - Ela diz com a cabeça no ombro dele.

— Eu sei. - Toca sua bochecha. - Mas ele não deixa de ser mágico! - Exclama.

Ele aproxima o rosto do dela, e a beija. Sente seus lábios pela última vez, doces e ao mesmo tempo salgados por causa das lágrimas dela; se beijam como num filme de cinema, pois naquele momento é o fim, e as cortinas vão se fechar. Se soltam devagar. Ally mal consegue olhá-lo, segura as lágrimas com toda a força que tem.

— Seja feliz, Ally. Eu não vou te esquecer. - Beija sua testa.

— Eu... - Tenta falar. - Eu sempre vou te amar. - Murmura no meio de lágrimas caídas sem querer.

Ele balança a cabeça:

— Adeus, Ally. - Se despede pela última vez.

— Adeus... Nick. - O olha.

Nick caminha até a porta, a abre. Paralisa por uns instantes, respira fundo e dá um passo, saindo do quarto. Ally fecha a porta.

Ela encosta a cabeça na porta, e para de segurar o choro. Começa a chorar muito forte, molhando todo o rosto, as lágrimas escorrem pelo seu pescoço; ela soluça com a mão no coração, nunca chorou por tantas coisas como naquele dia, chorou pela sua vida, pela vida de outro alguém, por medo, e agora por dizer adeus. A dor de dizer adeus muitas vezes é aliava com o tempo, mas na hora que acontece, é inegável a dor de seu coração sangrando. O amor não é sempre maravilhoso, e ter mais que coragem para senti-lo, é ter coragem para o deixar partir, pois quando se ama você se desfaz, e quando ele se vai, é preciso ser forte para se refazer; o amor é forjado com a força.

Nick caminha pelo corredor em direção a escada, fica sem acreditar no que acabou de acontecer, deixar Ally parece absurdo, seu coração dói.

— Não, eu não posso fazer isso. - Para no meio do caminho. - Não... - Ele dá a volta para a direção do quarto de Ally.

00h38 da madrugada.

Ela não consegue parar de chorar. Sabe que uma hora vai parar, mas ainda não acredita que teve coragem de deixar o seu amor para sempre, isso machuca mais do que imaginava, mesmo sendo o melhor para eles. É agoniante. Batem na porta do quarto, ela se levanta do chão e enxuga o rosto com as mãos, o que não adianta muito, pois mais lágrimas logo molham seu rosto novamente. Abre a porta:

— Você... - Se surpreende. - Voltou...


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Notas finais do capítulo

Se deixarem sua opinião sobre uma Parte II de Ally vai ser uma grande ajuda.
Obrigada ^^



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