Stelar se sentou ao lado de Marck. Suas mãos soavam, seu coração havia dado uma pequena acelerada dentro do peito. Ela colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha e o olhou.
– Você esta bem? Perguntou ela tentando soar gentil e controlar a voz.
– Só preocupado com meu irmão. - respondeu Marck sem olhar para ela.
– Eu sei que ele ta bem. O Paul um garoto forte.
– Eu sei, mas tem muita coisa acontecendo.
– Eu sei. Mas ele esta bem. Eu sei disso.
– Obrigado.
...

Sobre montar em um lobisomem e correr pela floresta? Não recomendo, sério, eu quase cair duas vezes, tive meus braços arranhados e quase fui acertado na cabeça por um galho, de novo? o que Beatrice fez? Ficou apenas rindo.
Respirei aliviado quando Andrew parou em frente a minha casa.
– Então, o que achou? Perguntou Beatrice saltando de cima do irmão.
~ Pera, posso falar irmão né? Afinal, mesmo sendo lobo ele ainda é o Andrew? Afs, deixa pra la u.u~
– Isso. Foi. Traumático. - falei cada palavra separadamente só para dar uma ênfase.
– Diz isso pra mim. - disse Andrew voltando a forma humana. - Um de vocês precisa emagrecer.
– Eu que não sou. - disse Beatrice rindo.
– Eu também não. - levei a mão até a maçaneta da porta a abri.
Mau tive tempo de respirar, e um par de braços me envolveram.
– Paul - disse Vini ainda me abraçando. - Eu fiquei preocupado, por favor não faz mais isso. - Vini me abraçava tão forte, que eu mal tava conseguindo respirar.
Olhei sobre o ombro dele e encontrei os olhos de Ismael, eles pareciam tristes, mas felizes ao mesmo tempo, o que me confundiu e muito.
– Paul - disse Marck aparecendo da sala.
Não tive tempo de falar em um segundo Vini havia me soltado e no outro Marck esmagava meus ossos em um abraço.
– Ei, calma. - sorri enquanto ele me soltava. - Eu to bem, só me perdi no bosque.
– E foi perseguido por lobos da nova. - completou Andrew.
Marck tirou os olhos de mim e encarou Andrew e Beatrice.
– Quem são esses? Perguntou ele cruzando os braços.
– Vamos entrar, lá dentro eu explico.
Dei passagem para Andrew e Beatrice entrarem e entrei logo atrás.
– Fiquem a vontade. - sorri para eles enquanto me sentava.
– Ta, pode começar a contar.
Respirei fundo, e comecei a contar tudo o que tinha acontecido comigo.
– Paul, você é um imã de perigo. - disse Vini rindo.
– Obrigado. - só percebi que estava praticamente deitado sobre o peito de Vini, quando ele começou a rir.
~ Uou, como eu vim parar aqui?~
– Então vocês estão aqui para ajudar ele? Perguntou Marck olhando direto para Beatrice.
– Sim, e vamos fazer o que for preciso. - respondeu ela dando um pequeno sorriso.
Soltei um longo bocejo.
– Eu acho que vou dormir. - olhei para Mael, que corou um pouco. - Aconteceu muita coisa por hoje.
Me soltei dos braços de Vini e me levantei.
– Vejo vocês amanhã. Ah, e Marck, mostra pra Bea e pro Andrew aonde ficam os quartos de hóspedes.
– Okay.
Subi a escada e caminhei para o meu quarto. Abri a porta e me joguei na cama.
O sono veio tão rápido, que nem percebi que eu estava dormindo.

O sonho começou de um modo estranho.
Eu estava correndo de algo, eu me encostei em uma arvore para respirar e Bum, ele apareceu. Ele se aproximou lentamente. Seu rosto era horrível, uma mistura de humano com demônio, não sei como descrever.
Seus olhos me encaravam de um modo psicótico.
Ele deu um pequeno sorriso, revelando dentes podres e espalhados a esmo.
Segurei um grito nada masculino enquanto ele se virava e desaparecia em meio as sombras. Um cheiro podre se instalou no ar, se a morte tivesse um cheiro, seria exatamente aquele.
~ Que nojo, o cara me assusta e ainda peida. Isso sim é estranho.~
Fiquei um tempo olhando para onde o mostro havia estado a alguns segundos antes.
Algo se moveu a minha esquerda. Virei e encarei a jovem parada a uns dois metros de mim. Ela possuia olhos escuros, sério, mesmo em meio a penumbra da floresta, eles não haviam cor, era de um preto quase pinche, seu cabelo ruivo caia em cachos pesados sobre os ombros, sua pele era pálida. Ela levou o indicador até os lábios, como se pedisse silêncio, depois balançou a mão, com o gesto para eu segui-la.
Demorei quase um minuto, até criar coragem o suficiente para seguir ela.
– Quem é você? Perguntei enquanto caminhava ao lado dela.
– Isso não te interessa. - respondeu ela rispidamente.
– Ta, mas o sonho é meu, obrigado? De nada. - revirei os olhos. - Então você pode pelo me dizer o que era aquilo?
– Aquele é Daungher, começando a mexer com a sua mente.
– Pera, aquilo era ele? Perguntei chocado. - De verdade?
– Não, aquilo era o que ele queria que você visse, e só vai piorar.
– Nossa , obrigado por me anima. Para onde estamos indo?
– Você já vai descobrir.
– Okay..
Caminhos em silêncio por um tempo.
A floresta se abriu em uma pequena campina. Uma fogueira estava acesa no meio dela. As árvores eram altas, com troncos largos.
– Eu conheço esse lugar. - comentei.
– Claro que conhece. É aqui que você morre.
– Uou! Exclamei. - É, agora eu me lembro desse lugar.
Paramos perto da fogueira.
– Quando o dia dos mortos chegar, ele vai despertar, mesmo com seus esforços para impedir isso.
– Então você ta dizendo que eu vou lutar pra morrer em vao?
– Depende do seu ponto se vista. O destino foi feito para ser mudado.
– Bom saber disso.
– Você precisa acordar Paul. Antes que Daungher te assuste mais.
– Ei, ele não me assustou.
– Sei. - disse ela me encarando.
– Afinal, quem é você?
– Vocês irão descobrir em breve.
O sonho começou a tremulizar e a se desfazer.
Abri os olhos e encarei o quarto iluminado pela luz do amanhecer.
– Você vai morrer. - algo se atirou sobre mim.
Senti o terror ao ver quem era...