Leonid começou a entrar em desespero, conforme a magia de Vladimir se infiltrava em seu corpo ele sentiu seu sangue gelar, sua boca ficou com gosto de veneno e sua pele áspera como escamas.

“ Preciso escapar” Pensou ele, seu corpo não respondia e ele sabia que a magia divina era a única coisa que desacelerava o processo de transformação “Magia divina, é isto” Leonid lembrou que uma vez Sadie disse para ele que a magia divina era basicamente encontrar uma conexão entre você e seu deus patrono, seja ela emocional ou de uma situação parecida, Leonid pensou na forma como Shu não podia ser aprisionado por ser o deus do ar, e a palavra divina surgiu em sua cabeça, ele gritou o comando de desfazer enquanto Vladimir e a figura sombria observavam e o Tseju-Heru se aproximava com as bocas espumando, e seu corpo imediatamente se dissolveu em um milhão de moléculas, ele era puro vento, e teve que fazer um esforço descomunal para não ser dispersado no ar como pó de russo. Vladimir e a figura sombria não pareceram se incomodar e foram em frente, Leonid não os viu por não ter olhos, mas sentiu quando eles passaram, ele seguiu em direção á um puxão e se viu dentro da tubulação, e lá dentro voltou ao normal, suas entranhas queimavam como ácido e seu corpo parecia exaurido de energia, o máximo que ele conseguiu foi fazer silencio para Vladimir não notar que ele estava lá.

O Inalador transformou o monstro em um cajado novamente e foi em direção á uma vitrine quase escondida pelas outras, ele levantou o cajado com cabeça de serpente e o veneno ferveu na ponta dele, a vitrine derreteu revelando um Obelisco negro, com cerca de um metro e meio, Leonid conseguia sentir o frio que o obelisco emanava até mesmo da tubulação, e ficou sem entender, pois obeliscos representavam raios de sol imobilizados em pedra.

Leonid estava tão concentrado no obelisco que engasgou surpreso quando a figura sombria recitou um encanto e o obelisco começou a flutuar, o encantador de Shu esperou que a qualquer momento alarmes disparassem mas nada aconteceu, pela forma como Vladimir murmurava, ele percebeu que o ex-lider do nomo russo tinha neutralizado as defesas, Vladimir seguiu a figura sombria até a porta da sala, e Leonid conseguia ouvir os guardas pela tubulação, ele tentou gritar para avisar eles mas sua voz não saía, porém quando Vladimir abriu as portas ele murmurou um comando que abriu em outro cômodo, Leonid percebeu que Vladimir tinha chegado até lá usando passagens secretas, os dois magos sumiram, e Leonid desmaiou de exaustão.

Vigésimo Primeiro Nomo

Carter saiu do quarto dos tesouros e olhou para o grande salão, lá em baixo Jaz e Hanna conversavam animadamente, Cleo ajudava Sean e Felix no dever de casa, Zia e Walt conversavam em voz baixa soturnamente em um canto, Joseph e Alyssa davam selinhos discretos no sofá enquanto Julian e Paul comentavam animadamente a batalha que tinha acontecido algumas horas atrás, Johnny tentava fazer Mai se concentrar na conversa deles enquanto ela olhava com ciúmes para sua namorada Hanna, Tucker e Samanta riam e debochavam de alguém da sala, Henry tirava um cochilo apesar do barulho, Miranda ouviu alguma musica punk dark nos fones tentando ignorar o mundo ao redor e Sadie e Angelus não estavam a vista, na varanda Shelby e os mirins davam cupcakes para Filipe, Khufu, Leonny, Sting, Frosty e Mekhit. Carter não conseguiu deixar de sorrir, ele se sentia em casa e com uma grande família na mansão do brooklyn, ele nem sentia tantafalta de seu pai, sua mãe, Amós, Bastet e Bes com os escribas lá. Zia o notou e fez um sinal para que fossem para a biblioteca, ela se despediu de Walt e eles foram até lá. Graças a Cleo o lugar estava impecável, e os shabtis se moviam de um lado para o outro arrumando e limpando.

– Então, o que estamos procurando? – Perguntou Carter, desacostumado a não ter as respostas.

– Qualquer coisa sobre essa guerra civil na Casa da Vida, nos tempos antigos lutas de templo contra templo não eram incomuns, mas nada tão grande quanto uma guerra civil, quero descobrir mais sobre isto por que nunca ouvi falarem sobre ela, e pode ser que descobrindo mais sobre as ações de nossos inimigos nos saibamos mais os próximos movimentos deles agora – Disse Zia, Carter assentiu e sentou ao lado dela folheando livros e abrindo pergaminhos, era bom estar apenas ali aproveitando a companhia um do outro, Carter gostava de como ela o fazia se sentir quente por dentro, e Zia estava se acostumando a se sentir próxima de alguém daquele jeito, mas gostava, porém eles não conseguiam achar nada sobre a guerra, os shabtis da biblioteca não sabiam indicar nenhum livro ou pergaminho sobre o assunto, e os shabtis de busca voltaram de mãos vazias.

– Não é possível, como não achamos nada sobre isto? Um evento dessa magnitude deveria ter registros – Disse Zia.

– Ou talvez tenham apagado para que nenhum mago tente seguir os passos do pai de Angelus, acho que deveríamos perguntar mais a ele sobre isto, por que não estamos indo a lugar algum aqui – Respondeu Carter.

Naquele momento Kareen, Mel e Raziel entraram na biblioteca com expressões variadas, Kareen parecia alarmada, Raziel preocupado e Mel extressado.

– Faraó Kane, soubemos que o Vigésimo Primeiro Nomo foi atacado, viemos o mais rápido possível e por sorte encontramos ele em bom estado, mas gostaria de saber o que aconteceu – Disse Mel, Carter se irritou de ele ter dito que foi sorte, como se ele não tivesse capacidade de proteger seu nomo, e mais ainda por Mel continuar chamando ele pelo titulo de faraó quando ele já tinha pedido a ele que parasse, mas Mel é muito afeito a formalidades, Carter apenas suspirou fundo e contou a historia, deixando de fora Angelus, ele não sabia se o garoto queria que os supervisores soubessem de sua presença, quando terminou os supervisores pareciam impressionados.

– Puxa vida Carter, vocês se saíram incrivelmente bem, estou orgulhosa de vocês, agora se me da licença vou checar se todos os iniciados estão tão bem quanto aparentam, com licença – Disse Karren saindo da sala.

– Irei enviar um relatório formal ao Sacerdote-leitor Chefe sobre a invasão e depois irei checar como estão às defesas da casa e se consigo descobrir quem as sabotou, com sua licença Faraó, Zia, Raziel – Mel saiu da sala com as costas curvadas e resmungando.

Raziel fez menção de começar a falar, ele ia pergunta o que Carter e Zia estavam pesquisando em um momento como aquele quando Cleo entrou na sala.

– Carter, Raziel eu estava procurando vocês, hoje é o dia que eu devo ir ao estádio de Tot lembra? Já pedi autorização á Kareen e Mel e falta apenas a de vocês – Disse ela nervosa.

– Não sei Cleo, com tudo isto que aconteceu não sei se é seguro – Disse Carter, e a decepção de Cleo foi evidente.

– Bem, deixe-me checar como estão as instalações de Tot, se estiverem seguras ela poder ir certo Carter? – Disse Raziel retirando um cristal do bolso, Carter acenou com a cabeça e o israelense jogou o cristal no ar e recitou um comando de invocação, o cristal se expandiu até ficar semelhante á uma tela plana, e com um movimento de mão de Raziel, a tela flutuante mostrou o estádio, tudo parecia no lugar, o placar eletrônico, as fileiras de camarote, os centro de controle, as bancadas de laboratório, e a biblioteca de Tot, pequenas figuras, íbis e babuínos se movimentavam pelo local.

– Parece seguro, então, posso ir? – Perguntou Cleo ansiosa, Zia e Raziel se entreolharam e depois olharam para Carter, que assentiu.

– Pode, mas leve dois escribas com você, acho que Julian e Paul serão uma boa idéia – Disse Carter.

– Eles são barulhentos e bagunceiros demais – Respondeu Cleo.

– Samanta e Jaz? – Perguntou ele.

– Você só pode estar brincando, Samanta vai ficar provocando nos duas até Jaz explodir o local inteiro – Rebateu Cleo.

– Certo , Tucker e Hanna e não se fala mais nisso – Disse Carter.

Cleo pensou um pouco e acabou por concordar, ela saiu da biblioteca para chamar Hanna e Tucker, mas Carter a seguiu alegando que tinha esquecido de dar um aviso para ela.

– Escute, preciso que você pesquise sobre a guerra civil da Casa da Vida enquanto estiver lá, não tem nada sobre isto em nossa biblioteca e isto precisa permanecer em segredo está bem Cleo? – Falou Carter, Cleo assentiu com os olhos brilhando, ela ficou super motivada a pesquisar sobre um tema que nem Carter sabia e que não estava registrado na biblioteca, ela se sentiu tentada a perguntar por que Carter não tentava a biblioteca do Primeiro Nomo mas o tom dele cortou perguntas.

Uma hora mais tarde, Cleo, Hanna e Tucker estavam equipados e passando em direção á um portal de escuridão que Tot conjurou, enquanto Carter não conseguia deixar de questionar sua decisão.