~ UM ANO DEPOIS. ~  



Era um entardecer de primavera. O sol se punha no horizonte, o clima estava ligeiramente abafado, mas a brisa da praia trazia um frescor agradável, mesclado com o som das gaivotas e as suaves ondas do mar, era o ambiente perfeito para uma cerimônia de casamento nada convencional, para um  casal menos convencional ainda.

— Só volto pro Japão pra assistir casamentos. — Sasuke comentou, com um expressão divertida.

Ele segurava um copo de cerveja, e olhava Ino com um toque sutil de orgulho, por vê-la feliz.
Ele estava dando suas felicitações a ela, ao seu jeito, mas estava.

— Obrigada por vir, você sabe como é importante. — Ino respondeu, com um sorriso amigável.

Agora olhando para Sasuke, ela via como havia sido fútil em dizer que era apaixonada por ele. 

Ele assentiu, e foi caminhando para o outro lado, onde Itachi conversava com Gaara, na companhia de outros convidados masculinos.

Estavam naquele típico momento, onde os amigos davam felicitações aos recém casados.  

A cerimônia já havia sido feita, e agora a pequena celebração estava acontecendo. Não era nada grandioso, não teria uma recepção em um salão luxuoso como Ino imaginava que seria seu casamento, não tinha aquele monte de gente que ela pensava que iria querer convidar; Ela não precisava de tanta pompa, de tantos subterfúgios... Ela já tinha tudo oque precisava com Gaara, e seus amigos mais íntimos, ali, naquela cerimônia simples e singela, onde todos colocaram seus pés descalços na areia da praia em um final de tarde de primavera.

Os bancos de madeira leve, foram dispostos pela areia, com uma simples decoração de tecido branco com arranjos florais, e o arco de casamento, era nada mais que um portal decorado com flores. Lindo e simples, assim como o vestido branco esvoaçante de Ino; Havia sido um presente de Sai, ele desenhou , projetou, e costurou o vestido de presente para ela, ( como presente e desculpas por não poder comparecer, pois estava em uma convenção de moda fora do País ) um corpete delicado e suave de tomara que caia, a saia era fluida como véu, porem sem a transparência. Uma tiara de prata, que mais parecia uma pequena coroa enfeitava, seus cabelos soltos, esta havia sido presente de Sakura.

— E pensar que há um ano atrás, você tava se sentindo a encalhada do grupo! — a Haruno falou, aproximando-se da loira pensativa.

Sakura usava um vestido leve e de alças, azul claro, estava com o cabelo preso e igualmente descalça. 

Ino deu uma risada meio desacreditada, e olhou sua aliança de ouro no anelar esquerdo.

— E pensar, que você acabou se casando antes de mim. — a rosada comentou, em um tom ameno.
— Quem diria né?! — a loira comentou, lançando um olhar encantado para seu novo marido.

Ele estava há esquerda, no meio dos homens, conversando descontraído. Sua calça havia sido dobrada nos tornozelos, e seu blazer cinza fora guardado, e ele só usava a camiseta social branca. Parecia mais lindo do que nunca, seus intensos olhos verdes iluminados pela luz do sol poente, que contrastava com as sardas de seu nariz.

— Eu diria. — Sakura afirmou, apertando o braço da amiga.

Ino se virou para ela constatando que a Haruno estava quase chorando.

— Testuda?! — Ino exclamou, emocionada.

De repente eram duas mulheres chorando, abraçadas na praia, com o sol se pondo. Obvio a cena chamou atenção, e logo Gaara e Itachi estavam amparando suas respectivas mulheres.
O ruivo levou a loira pela mão para perto da água do mar, e pararam olhando os últimos raios de sol, tingindo o céu azul de rosa claro.

— Seus pais e seu irmão... Sinto muito. — ele murmurou, olhando-a de lado.

Ino negou com a cabeça, sequer estava pensando no caso de sua família... O fato era que, Deidara não havia superado a desconfiança com Gaara, e seus pais menos ainda. Eles não se opuseram de verdade ao casamento, mas também não foram a favor, isso deixou Ino magoada, mas ela tinha fé que com o tempo, ela provaria que eles estavam errados e tudo entraria nos eixos eventualmente.

— Não estávamos dividindo tristeza. — Ino garantiu, tocando o rosto de seu amado com a ponta dos dedos — Sakura e eu tivemos um momento de estrógeno. Daqueles cheios de emoção feminina. — explicou, dando um sorriso pequeno.

Gaara a observou por alguns segundos, o narizinho dela estava avermelhado pelo choro e os olhos ainda  brilhavam pelas lágrimas recém derramadas, mas não havia sinal de sofrimento ali. Na verdade, ela parecia radiante. Ino parecia ser o centro de toda luz do universo.

— Não sou muito familiarizado com isso. — ele comentou, virando Ino para ver Temari gargalhar e beber cerveja entre os caras.

Ino riu-se, e abraçou seu marido de lado.

— Não se preocupa, você vai ter todo tempo do mundo pra se familiarizar comigo. — ela segredou no ouvido dele — E além do mais, Temari tem seu charme... Olha a cara de apaixonado do Shikamaru pra ela. — completou, sorrindo satisfeita de sua observação.

Gaara franziu os lábios, como se estivesse confuso, e não entendesse muito bem oque se passava com Shikamaru e Temari, ou como se questionasse a sanidade do Nara, de qualquer forma ele nada disse sobre.

Ficaram calados por mais alguns segundos, observando seus amigos; Haviam juntado os bancos, e as mesas em um circulo informal de conversa. Naruto tinha algum tipo de debate amigável, porem fervoroso com Temari; A conversa dos dois, tomou a atenção de quase todos, alguns apoiavam o loiro, e outros apoiavam a Sabaku, até mesmo a tímida Hinata estava no meio da conversa, socializando. Os únicos casais fora da conversa, eram Gaara e Ino, e Itachi e Sakura.

O Uchiha e a Haruno estavam de mãos dadas, próximos aos rochedos da praia, há cerca de cem metros deles. Quando eles ficavam juntos assim, pareciam esquecer do mundo, pareciam criar sua própria dimensão. Eram perfeitos um para o outro, combinavam e se contrastavam ao mesmo tempo, e Ino se perguntava se as pessoas pensavam o mesmo sobre ela e Gaara.

— No que está pensando? — a voz baixa e grave do ruivo, a tirou de seus pensamentos.
— Você e o Itachi... — ela desconversou seus pensamentos — Tem se dado bem, ne?! Quem diria... — completou, sorrindo rapidamente.
— Não somos tão diferentes assim. — ele respondeu, casualmente.
— Claro que são! — Ino quase gargalhou ao afirmar isso — Itachi é tão bonzinho, que dá nervoso. — completou, rindo-se.

Gaara ficou calado por alguns segundos, e olhou para sua esposa, com curiosidade.

— Você já viu os olhos dele? — o ruivo perguntou, em um tom muito íntimo, que só usava com Ino.

A loira chegou a se aproximar mais dele.

— Já claro. — respondeu, de imediato.
— Viu de verdade? — perguntou novamente, deixando seus olhos vagarem para o horizonte.

Ino negou com a cabeça, percebendo que não reparara bem em nenhum homem nos últimos anos. Nunca havia reparado de verdade em Itachi, no âmago dele. Nunca teve interesse, sempre estivera impregnada de Gaara, mesmo que inconcientemente.

— Ele tem os olhos, de quem já viu a morte... — Gaara começou, parecendo estar distante — Os olhos de quem tirou a vida de alguém. —  completou, olhando intensamente para Ino.
— Ele é policial, deve ter acontecido algo em serviço... — ela comentou, meio receosa, meio confusa.

Mas o ruivo negou seriamente, voltando com os olhos para o mar.

— É algo relacionado a ela... A Sakura. — afirmou, pensativo — Ele faria qualquer coisa pela mulher dele. — Gaara explicou — Seria qualquer um, mataria qualquer um, por ela. — gesticulou sutilmente.

Ino sentiu um arrepio percorrer sua coluna, quando percebeu o olhar fanático que Gaara lhe lançou. Naquele momento, ele não estava falando apenas de Itachi, estava falando de si também. Estava citando oque eles tinham em comum.

— Ah, então vocês tem o vínculo da amizade, devido a psicose protetora que tem por suas respectivas garotas? — ela perguntou cheia de humor, tentando remediar o clima tenso que havia se formado.

O olhar dele se suavizou, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios convidativos.

— Agora, que eu já tirei a mascara de perfeição do Uchiha, você vai me contar no que estava pensando, agora pouco? — ele insistiu, lançando um olhar perspicaz para ela.

Ino ficou um pouco desconsertada, pensara que havia despistado Gaara, mas não chegara nem perto... Ele a conhecia de verdade afinal.

— Nada demais. — ela disse, dando de ombros — Só fico imaginando se, a gente tem esse efeito nas pessoas... — confessou apontando rapidamente para Itachi e Sakura, ligeiramente constrangida.

Gaara passou o braço pela cintura dela, e a colocou a sua frente, de costas. Desta forma, ele descansou o queixo no topo da cabeça dela, e uniram as mãos em frente ao corpo dela.

— Acho que temos o efeito necessário, entre nós dois. — ele segredou a ela, beijando seu pescoço.

Ela sorriu consigo mesma, e concordou.

— Perfeitos, na imperfeição. — ela alegou, virando o rosto para olhar para ele.

Gaara a virou completamente, em um movimento rápido e inesperado; Em consequência ela deu um gritinho e se segurou no pescoço dele, e ele aproveitou para encaixa-la com as pernas em volta de seus quadris.

Ela estava de vestido e a cena ficou um pouco obscena para o local; Naruto até gritou um “ Uhul ”, seguido de um “ Vão logo para lua de mel.”, de Kankuro.

— Oque você ta fazendo? — ela perguntou, com o um olhar surpreso e um sorriso enorme no rosto.
— Mostrando pra minha esposa, que temos o efeito suficiente pra nós dois. — ele respondeu, encostando a testa na dela.
— Esposa... Gostei disso. — ela sussurrou, roçando os lábios nos dele levemente.

Se beijaram apaixonadamente, na beira do mar, recebendo assovios e palmas dos amigos.

Quando cessaram o beijo, Gaara olhou para o céu, abraçando-a firme em seu colo, fazendo Ino olhar também. O céu estava escuro, e com poucas nuvens, e naquela imensidão noturna, havia a primeira estrela da noite, a maior e mais brilhante.

— A primeira estrela... — ele constatou, observando o céu noturno — Qual seu pedido?* — perguntou, em um sussurro delicado.
— Que fiquemos juntos, pra sempre. — ela sussurrou de volta, tirando os olhos do céu, para olhar os olhos dele.

Ele a olhou de volta, e assentiu, com toda fé que pode-se aderir a uma simples estrela.

Naquele momento, não existia mais ninguém ali, os amigos, a rua , a cidade, o mundo... Nada existia para eles, nada era relevante; Eram apenas os dois amantes, e aquela brilhante estrela no céu, que confidenciara o pedido de dois corações partidos, que juntos completavam-se, e como um só, pulsavam unidos na mesma vibração de amor.