Behind Blue Eyes escrita por Two Lovely Girls


Capítulo 29
Glowing in the dark




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Theodore levantara mais cedo novamente. Mais um dia com a mesma rotina não programada. O sono lhe abandonava de novo, e a culpa, o remorso e a dor o acompanhavam com afinco e determinação. Se sentia perdido em meio a sua própria vida. O único resquício do que havia de bom nela eram seus filhos e disso ele não tinha dúvidas. Apesar de toda a dificuldade que adquiriu de se envolver com eles, e apesar da relação complicada entre ele e Greg, Theodore sabia que movia um mundo pelos três. Seu amor por seus filhos era incondicional, por mais que tivesse dificuldade em demonstrar. Passou pelo quarto de cada um deles para se despedir antes de sair para o trabalho. Entrou no quarto de Annabeth por último, sua pequena princesa. Sempre gostou de admirá-la, afinal, ela era a cópia fiel de Summer. Sempre que olhava pra ela lembrava das noites que passou ao lado da esposa vendo-a dormir tranquilamente. As duas tinham a mesma serenidade em semblante, e mesmo em meio a dor que a lembrança dela causava não podia evitar se encantar com aquilo. Deixou seus lábios tocarem o topo da cabeça da filha dando-lhe um beijo amoroso. Em seguida, pegou sua pasta e caminhou para fora de seu quarto.

***

Lisa amanheceu nos braços de Logan. Para sua surpresa ele ainda estava ali agarrado a ela. Achou realmente que acordaria sozinha esta manhã já que ele sempre acordava extremamente cedo para trabalhar, mas também não podia negar que era maravilhoso acordar daquela maneira, se sentindo segura e confortável, ainda mais porque tendo aquele dia de folga poderia se permitir dormir até mais tarde também. Fora a primeira noite de sono de verdade que tinha tido em semanas, apagou como uma pedra e não acordou vez alguma, isso era uma verdadeira vitória. De repente. Logan se remexeu um pouco ao seu lado, puxando-a rapidamente pra mais perto de si.

—Bom dia, meu amor... – Soou em seu ouvido fazendo-a sorrir.

—Bom dia. – Ela respondeu. – Cabulando trabalho? – Perguntou.

—É justificável. – Logan a encarou. – Eu não queria ter que soltar você tão cedo. – Acariciou seu rosto.

—Que bom então. – Ela riu. – Mas você me deu uma missão e se eu quiser passar despercebida tenho que ir logo. – Disse se levantando, mas Logan logo a puxou fazendo-a gargalhar.

—Ah, não, vem aqui mocinha. – Riu junto a ela. – Me prometa que vamos fazer isso mais vezes. – Disse.

—Eu prometo. – Lisa depositou um beijo em sua bochecha da maneira mais carinhosa que podia e logo correu em direção ao banheiro. – O que vai fazer de importante hoje? – Perguntou enquanto entrava no chuveiro.

—Tenho uma reunião.... Nada importante – Disse.

—Sei que vai se sair bem. – Lisa sorriu agora já saindo do banheiro com as devidas roupas cobrindo seu corpo.

—Lisa... – Logan a segurou pela mão fazendo-a sorrir carinhosamente pra ele. – Me promete que não haverá segredos entre nós? – Questionou.

—Eu prometo. – Ela acariciou seu rosto. – Me deixa nos Stormfield? Pra eu tirar a câmera... – Falou espertamente.

—Claro, minha linda. – Ele disse descendo da cama e caminhando em direção ao banheiro rapidamente.

***

Elisabeth adentrou a casa dos Stormfield para logo avistar Annabeth sentada no sofá já vestida com a roupa da escola, assim como Joshua, porém este cochilava. Ela estranhou os dois já estarem acordados, afinal, ainda era cedo para a aula de ambos.

—Bom dia... – Lisa acariciou o rosto de Annabeth que parecia mais abatida do que nunca. – Por que já acordaram? – Questionou. – Annabeth, acho que está com febre. – Constatou, mas logo Victoria apareceu ali.

—Elisabeth. – Disse num tom autoritário. – Posso saber o que faz aqui? – Questionou.

—Por que eles já estão acordados? – Perguntou.

—Eu tenho uma audiência, então eu os deixarei na escola mais cedo. – Avisou. – E você não vai responder minha pergunta? – Disse ironicamente.

—Eu só vim ver se precisavam de algo, e acho que precisam, ela parece estar com febre. – Ia dizendo, mas logo fora interrompida.

—Ela está ótima. – Victoria adiantou. – Só está com sono, não é mesmo, meu amor? – Encarou Annabeth que logo assentiu com a cabeça fazendo Lisa engolir a seco por novamente sentir aquele mal pressentimento dentro de si. – Agora pode ir embora, e por favor, quando tivermos o prazer de ter sua folga não apareça, assim temos um pouco de privacidade pra nossa família. – Sorriu em deboche.

—Eu preciso passar no meu quarto antes para pegar uma coisa que esqueci. – Lisa disse entre os dentes.

—Tudo bem. – Victoria respondeu. – Vamos crianças. – Disse puxando os dois pelas mãos. Joshua, por sua vez estava tão sonolento que nem percebeu Lisa ali. Ela suspirou. Assim que viu a porta fechando correu o mais rápido que podia até o quarto de Annabeth. Segurou firme a maçaneta, mas algo dentro de si a implorava para não retirar aquela câmera. Logan queria protege-la e ela sabia que ele tinha razão, mas momentos extremos pedem por medidas extremas, e ela não ia suportar continuar vendo Annabeth se abater dia após dia, sofrendo, cheia de marcas, sempre falando que havia caído. Sabia que estava acontecendo algo ali e tinha certeza da autoria de Victoria. Contou até dez, tentando colocar seus pensamentos no lugar e decidir. Girou a maçaneta, mas logo a soltou de novo. Tinha que fazer isso. Sabia que Logan ficaria decepcionado, mas era a coisa certa a ser feita. Ela protegeria aquelas crianças até seu último suspiro. Deu dois passos para trás e caminhou em direção a escadaria. Deixaria a câmera e a pegaria somente depois de ter certeza de que conseguiria alguma prova do que estava acontecendo com sua menina.

—Me perdoa, Logan... – Sussurrou pra si mesma antes de fechar a porta do apartamento atrás de si.

***

A música soava tranquila, preenchendo o ambiente silencioso de Lisa e Logan. A todo o momento ele a olha e sorri, sendo retribuído. Finalmente ela havia tido um tempo para se encontrar com ele de novo. A semana havia passado demoradamente, e os problemas dentro da casa dos Stormfield só pioravam e isso tomava todo o tempo que ela tinha. O que acabou causando alguns desentendimentos.

— Então... – Ela voltou a realidade com a voz de seu namorando. – Como foi o dia? - Lisa ponderou antes de responder. Sabia que ele odiaria sua resposta. Dessa forma, só via duas saídas: mentir pra Logan ou ser sincera e aguentar o que viria em seguida. Nenhuma das duas coisas pareciam boas agora.

— Tudo bem... – Disse entre os dentes.

— Você não imagina o alívio que eu senti quando me mandou aquela mensagem falando que havia tirado a câmera. – Logan sorriu. – Então, quer um vinho? – Questionou. Lisa mordeu os lábios e por mais que tentasse, mentir assim lhe sufocava, e ela não conseguia sequer falar algo. – Lisa? – Ele franziu o cenho.

— Eu menti. – Ela disse pontualmente. – Eu não tirei a câmera. – Suspirou. Ele a fitou um tanto que incrédulo, sem entender exatamente os motivos daquilo. Logan observou sua namorada cobrir o rosto e suspirar mais uma vez. Uma leve raiva bateu dentro de si.

—Elisabeth... – Tentou falar, mas ela logo o interrompeu.

— Sei que prometemos não mentir e sei que eu prometi que ia tirar, mas Logan, você tem que acreditar em mim, algo está acontecendo com a Annabeth! – Ela ia dizendo. Logan apenas a observava falar. - . Ela anda calada e eu tenho certeza de que estava com febre hoje de manhã, já o Joshua anda manhoso, mais do que nunca esteve. Eu não posso simplesmente fingir que não percebi e tirar a câmera, sabendo que ela pode ser a única chance que eu tenho de descobrir o que está acontecendo. – Completou.

—E quando você vai descobrir o que está acontecendo aqui? – Logan indagou fazendo-a fita-lo com certa confusão. – Elisabeth, esse não é o seu papel! – Continuou.

—Eu sei que não, mas... – Ela tentou falar, mas agora ele quem a cortou.

— Me deixe terminar, por favor – pediu com paciência vendo a mesma assentir. – por mais que você não goste desse assunto é impossível para mim não deixar de falar sobre ele. Eu sempre serei sincero com você e sobre meus sentimentos. E o que eu estou sentindo é que este emprego está lhe tirando momentos bons que você está deixando de viver. De aproveitar. – Riu ironicamente. – Quer dizer, até quando nosso relacionamento vai ser afetado por causa disso? – Questionou.

—Nosso relacionamento não precisa ser afetado por nada! – Lisa retrucou incomodada.

—É, mas está a partir do momento em que você mente pra mim por estar simplesmente mais interessada em ser fiel a família do Theodore do que a nós dois e nosso namoro! – Logan engrossou a voz fazendo-a suspirar devido a raiva que sentia agora.

— Logan, eles são só crianças e precisam de mim. – Rebateu ela, com derrota.

— Agora com a Victória praticamente morando lá, acho que você não deve se preocupar tanto com as crianças. Querendo ou não os meninos precisam de uma mãe e Victória está no cargo, meu amor. Você está se desgastando e não está percebendo. – Declarou ele.

— Eu não estou me desgastando, Logan. – Bufou ela, com impaciência. – Você tem que parar com esses ciúmes. As crianças precisam de mim.

— Eu também preciso, Elisabeth! – Disse ele.

—E eu preciso do seu apoio! – Relutou.

—Apoio? Para colocar uma câmera por que agora você cismou que a Victoria está lá pra fazer mal as crianças? – Riu irônico. – Sei o quanto manipuladora e insuportável pode ser, mas ela não faria mal a eles, não debaixo do nariz do Theodore, então não me peça pra apoiar esse absurdo. – Concluiu.

— Prefere confiar nela do que em mim? – Elisabeth disse incrédula.

— Está vendo isso? – Ele indagou. – É isso que esse seu envolvimento exagerado com o trabalho está causando com nós dois. – Bradou. – Eu odeio tocar nisso de novo, mas você precisa se desapegar um pouco dos Stormfield, precisa no mínimo parar de dormir lá. – Continuou.

—Eu já disse que eu não vou abandonar as crianças! – Lisa disse raivosa. – Será que é tão difícil pra você compreender que eles precisam de mim? – Alterou seu tom de voz sem perceber.

—E será que é tão difícil pra você perceber que eles precisam de uma mãe e que essa será a Victoria e não você? – Ele disse alterando seu tom também, mas logo percebeu seu erro. Viu Elisabeth engolir a seco, buscando não chorar mediante aquelas palavras. – Lisa, eu... – Tentou corrigir, porém foi em vão.

— Esquece, Logan. – cortou ela, se levantando. – Eu quero ir embora.

— Elisabeth...

— Por favor, Logan. Eu não quero mais falar disso. – Pediu. Ele suspirou antes de coçar os olhos. Levantou então a mão para o garçom que logo correu até a mesa com a conta em semblante.

—Não vão terminar o jantar, senhor? – Disse o rapaz. – Algum problema com a comida? – Indagou.

—Com a comida não. – Logan respondeu seco. – Mas com nós dois aparentemente sim. – Completou fazendo Lisa suspirar também, sem encará-lo. Os dois caminharam em silêncio até o carro, mas no caminho encontraram um sorriso conhecido para Logan, provavelmente um de seus sócios, imaginou Lisa.

—Logan! – O homem vibrou.

—Natan, meu amigo! – Logan disse amigavelmente antes de cumprimenta-lo.

—Eu tenho que dizer, estou completamente fascinado com seu projeto de fusionar a Stormfield com a Donovan, eu olhei os números e nossa empresa vai aumentar em bilhões! – Comemorou o homem, mas Logan logo engoliu a seco ao ver Elisabeth franzir o cenho. Ela riu ironicamente em seguida.

—Pelo visto eu não sou a única que anda mentindo. – Ela disse caminhando em direção ao carro dele.

—Me desculpe, Natan, mas eu preciso mesmo ir agora, nos falamos depois! – Disse ele correndo até ela e a segurando pelo braço com cuidado. – Espera, eu posso explicar. – Falou.

—Explicar que omitiu o fato de sua grande fusão ser com a Stormfield? – Ela disse confusa. – Por que me escondeu isso? – Questionou.

—Qual poderia ser seu interesse nisso? – Logan cruzou os braços.

—Talvez o fato de você me pedir pra sair de perto dos Stormfield todos os dias e agora estar prestes a virar sócio de todo o patrimônio deles, mesmo odiando-os! – Lisa arqueou a sobrancelha, incrédula.

—Nem tudo deve ser misturado, eu os odeio, mas minha empresa vai ganhar muito com isso. – Explicou. – E me desculpe, mas isso nem se compara ao que você anda fazendo. – Ele retrucou.

— Eu fiz o que fiz pela Annabeth e eu não me arrependo disso! – Lisa disse tristonha.

—Eu amo você. – Logan falou firmemente. – Eu daria todo o mundo por você, mas não pode me pedir pra ficar bem com isso, Lisa. – Suspirou. – Você dorme lá, você vive lá, você mal tem folgas, e quando as tem continua focada nos problemas que existem lá dentro. Eu to cansado de brigar por isso, eu to cansado de agir como um namorado controlador que tenta decidir sua vida e seus passos, que fica reclamando e cobrando sua atenção, mas eu cheguei no meu limite também. – Bufou.

—O que quer dizer com isso? – Lisa perguntou confusa.

—Que eu exijo que você pare de dormir no Theodore. – Falou. – Pode me odiar por isso e ficar com raiva de mim por dias, mas se você realmente quer que nosso namoro vá pra frente, se realmente se importa com como eu me sinto então vai tomar a decisão certa. – Encarou o vazio. – Eu não posso te obrigar a nada, mas dessa vez eu vou ter que ser pontual: Ou eu ou os Stormfields. – Completou. Lisa ia rebater, mas ele a interrompeu. – E lembre-se antes de decidir que sou eu quem tenho estado ao seu lado, sou eu quem tenho te acalmado antes de dormir, sou eu quem todos os dias faço tudo pra te ver sorrir e te fazer feliz, e sou eu quem te amo. E queira você ou não, Victoria já faz parte daquela família e não você. – Concluiu. Lisa sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.

—Eu vou pegar um táxi. – Avisou.

—Eu deixo você em casa. – Logan rebateu.

—Eu realmente preciso ficar sozinha agora. – Lisa falou irritada antes de sair caminhando em direção ao carro parado mais à frente do dele e adentrando o mesmo. Logan a observou ir e deixou escapar um suspiro incontrolável, carregado de raiva. Theodore mesmo sem querer acabava sugando toda a energia dela, com seus problemas familiares, com suas tentativas de aproximação que Logan tanto repudiava, deixando apenas uma Elisabeth cansada. Fazia tempo que não conseguia ter total atenção dela, muito menos leva-la pra sair e isso o estressava, e já era algo que não conseguia mais controlar.

***

Elisabeth adentrou seu apartamento para ver uma Jennifer enrolada em lençóis grossos assistindo um filme. Sem dizer palavra alguma ela correu e se jogou sobre a amiga, como uma criança pequena a procura de um colo. Jennifer logo a abraçou percebendo que ela não estava nada bem.

—O que houve? – Perguntou carinhosamente.

—Eu e Logan tivemos uma briga feia. – Lisa respondeu.

—Por que? – Jennifer se arrumou no sofá para encará-la melhor.

—Ele está com raiva por eu insistir em me envolver mais que o normal com meu trabalho. – Elisabeth torceu os lábios.

—E você sabe que ele tem razão. – Jennifer pontuou.

—Ele não tem tanta razão assim. – Retrucou ela.

—Claro que tem, Lisa! – Ralhou a amiga. – Ele ama você, quer mais tempo com você, e você só vive enfornada lá, sempre resolvendo problemas das crianças, sempre rodeada pelo Theodore. – Comentou.

—Theodore não tem nada a ver com isso... – Lisa suspirou. – Logan nem ao menos sabe do que eu já senti por ele. – Disse.

—O que sentiu não, o que você sente. – Jennifer falou firmemente. – E justamente por só você saber desse sentimento que guarda aí dentro que deveria ter mais consideração pelo Logan e dar um tempo no trabalho. – Completou.

—Você também acha que eu devo diminuir minha carga horária de trabalho? – Elisabeth riu irônica. – Eu não vou abandonar os meninos. – Continuou.

—Você não vai estar abandonando ninguém, Lisa! – Rebateu Jennifer. – Mas no momento você está abandonando uma chance de ser feliz, de estar com alguém que te ama, de investir em você. – Explicou.

—Parece até o Logan falando. – Ela rolou os olhos nitidamente emburrada.

—Eu não falo isso por ele e nem pra defender ele. – Disse. – Falo porque me preocupo com você. – Suspirou. – Lisa, coloca de lado esse orgulho de supermãe e enxerga o que você tá fazendo. – Pediu. – Sei que ama aquelas crianças, e eles sabem disso, mas estão começando uma nova família. Eles estão ganhando uma mãe e goste você ou não dela, essa é a nova realidade deles. Agora, me diga, você vai ficar até quando se doendo e sofrendo por ver o Theodore ao lado da Victoria, ver as crianças se aproximando dela como mãe, recebendo ordens dela, pra cair em si e perceber que não precisa passar por isso, e que também pode ser feliz? – Indagou. Lisa respirou fundo e logo coçou os olhos. – Não desperdiça essa chance, amiga. Vai atrás do que vale a pena, do que é real. – Insistiu Jennifer.

—Você acha que eu devo parar de dormir lá então? – Perguntou Lisa tristonha.

—Tenho certeza. – Jennifer sorriu. – Não se sinta mal por isso. Ainda estará lá na maior parte do tempo e as crianças vão entender. – Completou. Lisa sorriu de volta.

—Acho que tem razão. – Sussurrou. – No fundo eu sei que só insisti tanto nisso porque sabia que a necessidade era toda minha, muito mais do que deles. – Riu frouxo. – Eu amo tanto aquelas crianças e eu sei que ficar longe deles é algo que me machuca, mas tem razão, eles estão começando uma família e eu não sou parte dela por mais que isso me doa. – Falou.

—Vai ter sua própria família um dia. – Jennifer a motivou. – Só precisa começar a investir agora no que realmente te leva pra frente e esse não é o Theodore. – Disse espertamente.

—Tem razão. – Lisa disse firme enquanto pegava o celular.

—O que está fazendo? – Questionou Jennifer.

—Ligando pro Logan e avisando que ele tinha razão. – Sorriu. – Vou pedir desculpas e amanhã mesmo eu aviso ao Theodore que não vou mais ficar lá durante a noite. – Explicou.

***

No dia seguinte, ainda pela manhã, Logan entrou sorridente na sala de Theodore, mas seu sorriso era audacioso, cheio de si, prestes a uma sessão grátis de gabação. Theodore se levantou encarando-o. Sabia que hoje provavelmente fechariam a fusão entre as empresas e estava particularmente irritado. Logan apenas colocou as mãos no bolso enquanto via Theo numa postura inflada.

—Essa cara de felicidade é pela fusão das empresas? – Theodore zombou. – Não imaginei que considerava isso tão importante assim. – Completou.

—Na verdade minha felicidade vem de outra coisa. – Logan riu frouxo.

—E eu devo me importar com isso? – Sorriu ironicamente.

—Já falou com Elisabeth hoje? – Questionou Logan.

—A namorada é sua, Logan, até onde me lembro você me mandou ficar bem longe. – Disse espertamente.

—Exatamente, e eu disse isso a ela também. – Comentou.

—Imagino que deve ter sido insuportável quando ela lhe deu um passa fora ao pedir isso. – Theodore suspirou.

—Na verdade, eu e ela ela conversamos muito ontem, e ela me disse que resolveu que hoje mesmo vai parar de ficar integralmente na sua casa. – Se gabou. Theodore riu ironicamente.

—Me poupe. – Disse. – Lisa é louca pelas crianças, nunca abriria mão de ficar com eles. – Disse.

—Sua preocupação é com o tempo que ela passa com seus filhos ou com você? – Logan se aproximou raivoso agora.

—Eu não ligo a mínima pro que você pensa, Donovan, eu não acredito nisso. Lisa nunca faria isso. – Rosnou.

—Acha que a conhece? - Logan riu. – Ela é minha namorada! Acredite ou não ainda hoje vai receber esse comunicado dela. – Bradou.

—O que você quer afinal, seu merda? – Theodore se inflou rapidamente.

—Quero você o mais longe possível dela! – Logan se aproximou também.

—Tem tanto medo assim? – Theodore se gabou. – Não tente nem por um minuto influenciar na relação dela com os meus filhos! – Falou.

—Eu já cansei dessa sua conversinha de que sua preocupação com ela é por causa dos seus filhos! – Logan agora se permitiu dar um empurrão raivoso em Theodore que bufou e logo se esquivou dele.

—Qual o seu problema, seu babaca? – Theodore revidou. – Tem tanto medo de perde-la pra mim? Sabe que você não é bom pra ela! – Empurrou com mais força. Os dois logo começaram a trocar empurrões e logo Logan deixou sua mão se virar dando um soco em Theodore que virou o rosto devido à força. Não demorou muito para que o mesmo reagisse dando um tão forte quanto e logo os dois estavam trocando socos, rapidamente Nicholas e Matthew adentraram a sala e seguraram os dois, precisando da ajuda de alguns seguranças que rapidamente entraram ali também.

—EU JURO QUE SE VOCÊ SE APROXIMAR DELA DE NOVO EU VOU ACABAR COM A SUA RAÇA! – Logan bradou num tom grosseiro.

—A fusão está desfeita! – Falou Theodore por sua vez.

—Theo... – Matt tentou falar, mas o irmão logo se soltou ignorando-o.

—Eu não quero que minha empresa se fusione com a sua, acabou toda e qualquer parceria, pode avisar aos seus acionistas que o contrato está desfeito. – Bradou. – Tirem ele daqui agora. – Ordenou aos seguranças.

—Me soltem! – Logan se esquivou. – Pode ficar irritado o quanto quiser, mas a Elisabeth não vai mais ficar o tempo todo na sua casa, aceite isso, as coisas mudaram e vão continuar mudando e você nunca vai ser homem pra ficar com ela. – Riu maldoso. – Mas pode ficar assistindo enquanto eu a faço feliz. – Terminou. Theodore mais uma vez tentou avançar sobre ele.

—Theo... – Nick e Matt soaram juntos tentando fazê-lo se acalmar. Logan por sua vez riu daquilo e logo ajeitou o paletó e se retirou da sala. Theodore se soltou rapidamente soltando toda a inspiração presa até então e socando tudo o que via em sua volta.

—Theo, o que houve? – Matt perguntou preocupado.

—Esse babaca veio inventar um monte de coisas a respeito da Lisa pra me tirar do sério! – Bradou ele.

—Vovó Stormfield não vai gostar nada de ter cancelado a fusão. – Nicholas comentou.

—A empresa é minha. – Theodore falou pontualmente.

—Theodore, o que acabou de acontecer aqui foi muito sério... – Matthew falou firmemente. – Vocês caíram aos socos por causa da Lisa, se isso se tornar público... – ia dizendo, mas logo foi interrompido.

—ENTÃO INTERVENHA PRA QUE NÃO SE TORNE PÚBLICO! – Mandou. Matt encarou Nicholas que apenas suspirou.

—Como quiser, senhor Stormfield. – Debochou Nicholas dando as costas. Matt encarou o irmão mais uma vez.

—Vai, Matt... Por favor... – Pediu. Matthew apenas assentiu e deu as costas também, deixando-o ali sozinho. Theodore coçou os olhos, só ele sabia a raiva que sentia agora dentro de si por cada palavra mentirosa que Logan proferiu. Lisa não sairia assim do trabalho de hora pra outra. Tantas vezes ela mesma fez questão de ficar para ter mais tempo com as crianças. Era óbvio que Logan queria apenas tortura-lo, implicar com ele, a fim de provocar o pior de si para contar a Elisabeth e isso, infelizmente, ele havia conseguido. Mas não importava. Sabia que Lisa não o decepcionaria assim, sabia que ela não se afastaria das crianças. Respirou fundo e rapidamente pegou suas coisas e caminhou para fora de sua sala.

***

Lisa tinha Joshua sentado em uma de suas pernas, enquanto Annabeth, ainda cabisbaixa ocupava a outra. Greg, por sua vez estava ao lado deles sem entender muito bem o motivo daquele momento ali.

—O que foi, Lisa? – Joshua perguntou espertamente.

—É a pergunta que não quer calar. – Brincou Greg.

—Eu preciso conversar sobre algo com vocês. – Ela sorriu.

—O que? – Joshua riu.

—Bom, vocês lembram que eu sempre tive o meu quarto aqui e quase sempre durmo aqui, não é? – Disse carinhosamente. Os três assentiram. – Acontece que... – Engoliu a seco. – Andei pensando e acho que isso não é mais a coisa certa a fazer. – Disse.

—O que? – Greg a encarou.

—Seu pai vai casar em três dias. – Mordeu os lábios. – Ele e a Victoria precisam de mais privacidade. – Explicou.

—Isso tem a ver com a Victoria ou com você? – Ele a fitou fazendo com que ela torcesse seus lábios.

—Eu também estou num relacionamento agora, preciso de mais tempo pra me dedicar a ele, entendem? – Falou.

—Mas, Lisa, eu não quero que você vá. – Joshua choramingou. Annabeth, por sua vez, não falava nada, apenas chorava nos braços dela.

—Eu não vou deixar de vir pra cá. Irei embora quando dormirem e voltarei antes de acordarem, eu prometo! – Lisa o abraçou fortemente enquanto o mesmo chorava. – Nada vai mudar. – Completou.

—Exceto a parte de que a única coisa que trazia vida pra essa casa vai ficar menos ainda aqui. – Greg suspirou encarando-a. Ela sorriu ouvindo aquilo, afinal, era muito importante pra ela ver como ela e Greg estavam se dando bem. – Nada mais de conversas noturnas. – Brincou.

—Você pode me ligar sempre que quiser pra conversarmos a noite inteira, desabafarmos e falarmos da Laura. – Lisa o puxou para um abraço forte. Quando se viu ali, com os três, que considerava como seus filhos, em seus braços não pôde deixar de chorar. Fechou os olhos com força na face. Sabia que deixar de ficar ali a noite não era tão diferente, todos dormiam, mas ela não conseguia abandonar a sensação de que não estar ali vinte e quatro horas era como deixá-los abandonados. – Eu amo muito vocês, meus amores. – Continuou.

—Eu te amo Lisa! – Joshua disse carinhosamente enquanto suas mãos infantis acariciavam o rosto dela fazendo-a sorrir.

—É, o caçula tem razão. – Greg sorriu pra ela que acariciou seu rosto com afinco.

—Annabeth... – Lisa chamou a menina. – Não precisa ficar assim, meu amor, eu vou estar aqui com você todos os dias. – Sorriu.

—Mas quem vai cuidar de mim a noite? – A menina disse com os olhos tortuosos fazendo Lisa suspirar. No fundo ela sabia bem que aquilo significava que a menina precisava dela ali a noite, provavelmente impedindo que algo de ruim lhe acontecesse.

—Seu pai vai estar aqui... – Lisa disse tristonha.

—Não é a mesma coisa. – Ela choramingou mais. Lisa a envolveu com força em seus braços.

—Eu prometo que mesmo sem estar aqui eu estarei cuidado de você, pode confiar em mim? – Disse enquanto só confirmava em sua mente que deixar a câmera lá era indispensável. Annabeth assentiu. Fazer aquilo ali estava sendo mais difícil pra todos, do que qualquer um poderia imaginar, principalmente Lisa. Quando de repente a porta se abriu dando lugar a Theodore os três o encararam fixamente. Lisa com mais surpresa do que os outros, pois ainda era cedo demais para ele estar ali, normalmente trabalhava até tarde.

—O que está acontecendo aqui? – Theodore perguntou confuso.

—Crianças, será que podem me deixar conversar a sós com o pai de vocês? – Lisa pediu. Todos assentiram e logo caminharam para fora do local. Theodore permaneceu ali, com o cenho franzido, buscando compreender o que tudo aquilo seria, e a essa altura, depois da irritação que teve com Logan, tudo o que queria era que seus pensamentos estivessem certos e que Lisa não estava realmente tomando aquela decisão. -Senhor Stormfield... – Lisa pigarreou. – Eu preciso falar sobre meus horários. – Disse.

—Lisa, por favor, vá direto ao ponto. – Theodore pediu com os olhos tristes.

—Não posso mais ficar aqui no período da noite. – Disse. Theodore riu ironicamente.

—Não posso acreditar nisso. – Falou.

—Isso não vai influir no meu trabalho, eu estarei aqui antes deles se levantarem pra escola no dia seguinte, me comprometo com isso. – Explicou.

—Não, Elisabeth, eu não acredito que esteja abandonando eles! – Theodore respondeu raivoso.

—Eu não estou abandonando eles, eu nunca faria isso! – Falou.

—Esse foi só o primeiro passo, eu sei disso. – Theodore a encarou. – Quanto tempo vai precisar pra que o Logan te convença a se demitir totalmente? – Questionou.

—O Logan não tem nada a ver com essa decisão, eu decidi! – Ela retrucou irritada também.

—Realmente acha que eu acredito nisso? – Ele a fitou. – Eu sei que tem o dedo dele, mas o que realmente me surpreende é você ter concordado com isso, sempre achei que abandonar meus filhos seria a última coisa que faria! – Levantou o tom de voz.

—Seu problema é eu abandonar seus filhos ou abandonar essa sombra desconhecida lotada de interrogações que nos cerca e nos sufoca? – Lisa o encarou. – Você vai se casar em três dias, e eu estou com o Logan. Amo seus filhos, mas tenho que entender que tudo isso precisa ter limites, pra nós dois. – Discursou.

—Por que está fazendo isso? – Theodore se aproximou com os olhos tristes. – Lisa, por favor, não faz isso, eu imploro, eu aumento seu salário, eu faço qualquer coisa, mas por favor, não faz isso, não me decepcione assim... – Implorou agora se permitindo segurar as mãos dela que a essa altura estavam geladas.

—Não me pede isso. – Ela soltou suas mãos. – Minha decisão está tomada e sei que é a coisa certa a fazer. – Disse.

—Se fosse a coisa certa você se sentiria bem, mas eu olho nos seus olhos, eu vejo sua dor, vejo seus medos. – Falou.

—E eu olho nos seus e não vejo nada. – Ela rebateu antes de suspirar. – Não vejo seus sentimentos, não vejo o homem que achei que conhecia. – Discursou.

Não tente virar isso pra mim. – Theodore bufou. – Você nunca tomaria essa atitude se dependesse de você, como pôde deixar ele te influenciar assim? – Disse, mas logo ela o interrompeu.

—Chega de jogar a culpa disso pro Logan! – Ela levantou a voz, já irritada a essa altura. – Minha decisão está tomada, goste você ou não. Amo seus filhos, como se fossem meus, mas eu não posso mais colocar meu trabalho como minha vida, porque vocês estão começando uma nova vida, e eu tenho o mesmo direito. – Explicou. Theodore coçou os olhos, buscando manter controle.

—Faça como quiser. – Disse grosseiro.

—Theodore, por favor... – Ela tentou falar, mas ele a interrompeu.

—Quer saber, você está certa. – Disse. – Não precisa continuar aqui, não tem o que fazer aqui. – Praguejou.

—Isso não é justo! – Lisa retrucou.

—Vai embora. – Theodore falou. – Faça como quiser fazer, tenha os horários que quiser. Seu namorado certamente está orgulhoso de você agora. – Continou.

—Como consegue ser tão arrogante? – Ela o encarou.

—Arrogante? – Riu ironicamente. – Quando começou a ser tão influenciável? – Questionou.

—O que você sabe sobre mim? – Lisa falou. – Nada, porque nunca se importou em saber! – Disse irritada.

—Não sabe o que está dizendo! – Theodore falou grosseiramente.

—Você não faz a menor ideia do que eu penso, do que eu sou! – Ela disse fazendo-o se irritar ainda mais.

—Você é Elisabeth Sullivan, filha de Ava Sullivan, morou toda a sua vida em Ohio até passar pra medicina na faculdade de Boston e se mudar pra cá! Você é filha única, nunca conheceu seu pai, mas mesmo assim se tornou uma mulher de caráter, apesar de ter passado a infância com um boné pra trás roubando frutas das árvores de seus vizinhos e escorregando em brincadeiras de pique. Você chora sempre que se sente frustrada, é sensível e ainda assim forte. Você acorda pra tomar leite sempre que perde o sono. – Discursou fazendo-a suspirar. - Você largou a faculdade porque sentia que precisava encontrar seus verdadeiros caminhos antes de continuar. Você enrola os fios do seu cabelo em seu dedo sempre que está pensativa. Pisca sem parar quando está envergonhada ou tentando prender o choro. Você mora sozinha, mas odeia quando está sozinha. Você sonha em ser mãe, sonha em ter uma família. Sua cor favorita é azul. Sua comida preferida é torta de maçã, mas não come uma há meses, pois só gosta da que sua mãe prepara. – Sorriu carinhosamente. – Você ama dias chuva, prefere a primavera, escuta bandas antigas e ama filmes de romance. Você é linda, inteligente, carinhosa e prestativa. Você ama meus filhos. Nunca tomaria sozinha a decisão de ficar menos tempo com eles, independente dos nossos problemas. – Tagarelou enquanto ela continuava o encarando sem saber o que dizer. – Não me diga que não sei nada sobre você. – Theodore fungou. Ela não sabia o que dizer frente a isso, era como se estivesse petrificada, congelada ali. Não queria, ainda assim, se deixar levar por isso, então respirou fundo antes de continuar fingindo que aquilo não a afetou em nada.

—Eu tenho que fazer isso, Theodore... – Ela sussurrou. Ele a fitou, suspirou e logo assentiu.

—Quer saber, tem razão. – Disse. – Faça como quiser. – Deu as costas.

—Theodore... – Ela tentou falar de novo.

—VAI EMBORA! – Ele levantou a voz. Lisa engoliu a seco por vê-lo reagir daquela maneira, mas preferiu não dizer mais nada sobre aquilo.

—Tudo bem. – Respondeu.

—Eu realmente achei que você seria diferente. – Ele disse fazendo-a suspirar enquanto o via sair dali com passos brutos e irritados, mas ainda mais decepcionados. Ela se sentia muito mal por tudo aquilo, e completamente confusa depois daquele discurso de Theodore mostrando o quanto a conhecia. O que deveria pensar com aquilo? Achava que mais nada. Tudo estava encaminhado na vida deles. Ele se casaria com Victoria em breve e ela precisava honrar a chance que resolvera dar a Logan, que a fazia feliz, apesar de tudo. Ficar longe de Theodore e se dedicar ao seu relacionamento era algo que precisava ser feito. Esquecer Theodore era algo que seu coração necessitava. Estava cansada de sofrer por algo irreal. Fechou os olhos deixando uma lágrima escapar, se odiando por isso. Mas precisava ser forte. Caminhou às pressas então para fora da casa dos Stormfield.

***

Naquele mesmo dia mais tarde, a casa de Theodore estava sendo arrumada para o jantar de ensaio para o casamento. Victoria caminhava de um lado para outro usando um vestido longo de cor vermelha, dando ordens a todos os empregados que ornamentavam o local. Theodore por sua vez, estava de terno, com um semblante completamente tristonho. Toda vez que pensava no fato de Elisabeth ter decidido não dormir mais lá sentia seu coração despedaçar. Sabia que ela estar lá a noite ou não, na realidade não fazia diferença alguma, mas ainda assim ficava triste, e nem sabia explicar bem os motivos. Talvez porque isso o fazia perceber que ela e Logan realmente estava engatando algo mais forte, algo tão intenso que ele conseguia influenciar nas suas decisões. De repente, entretanto, seus pensamentos foram atrapalhados quando viu Greg passando por ele em direção a porta.

—Onde está indo? – Indagou rapidamente.

—Eu achei que tinha ficado claro que não vou participar desse jantar ridículo. – Greg respondeu tirando sua autoridade.

—Theodore! – Victoria protestou rapidamente.

—E eu achei que tinha deixado bem claro que você não tinha escolhas e teria que ficar aqui. – Retrucou.

—Você não manda em mim. – Greg desafiou.

—Aí é que você se engana. Eu sou seu pai, e eu já decidi, você fica. – Theodore falou firmemente.

—Você agora deu pra se importar com a minha presença? – Greg riu irônico.

—Como você é mal educado! – Victoria disse raivosa.

—E por que você tá se metendo? – Gregory se dirigiu a ela.

—Já chega, Gregory! – Theodore falou. – Você vai ficar não tem escolha! – Falou.

—Por que eu ficaria aqui? Pra ver você entrando nesse casamento ridículo, com essa vadia, tentando estragar mais vidas como sempre fez? – Indagou.

—JÁ CHEGA! – Theodore disse raivoso. – Quero que se desculpe agora. – Ordenou.

—Não! – Gregory rebateu.

—Se não fizer isso eu juro que vai ficar no seu quarto até segunda ordem. – Disse.

—E eu já disse que você não manda em mim, Theodore! – Greg falou. – VOCÊ REALMENTE ACHA QUE PODE MANDAR EM MIM DEPOIS DE TUDO O QUE FEZ? – Falou.

—CHEGA DE TENTAR ME MANIPULAR COM ISSO! – Theodore falou.

—Não aja como se tivesse livre de culpa! – Greg rebateu.

—Eu me culpo todos os dias, Gregory! – Theodore falou firme.

—Ele está tentando enrolar você, Theodore! – Victoria disse.

—Ela tá tentando manipular você, ela falou coisas horríveis da minha mãe! – Gregory falou rapidamente.

—Como pode mentir assim! – Victoria falou falsamente.

—Theodore, você tem que acreditar, ela é uma fingida! – Falou.

—Theodore, ele está tentando fazer você ter pena dele. Dê limites! – Implorou.

—JÁ CHEGA! – Theodore berrou ali chamando a atenção de todos. – Gregory, chega de inventar coisas pra se livrar de suas responsabilidades. Você vai fazer dezesseis anos em breve, está mais que na hora de agir como um homem! – Ralhou.

—O que? – Greg franziu o cenho. – Está dizendo que prefere acreditar nela do que em mim? – Questionou incrédulo.

—Você nunca me deu motivos pra confiar em você! –Theodore falou firme.

—E você me deu algum pra confiar em você? – Riu irônico. – Quer saber, sempre soube que você me odiava e odiava essa família, mas nunca achei que te odiaria tanto! – Bradou.

—Pare com esse discurso infantil! – Theodore ordenou. – Eu já cansei de você achar que pode fazer tudo. – Disse. – Enquanto estiver na minha casa eu decido o que você faz, e você vai subir agora, colocar seu terno e ficar ao lado dos seus irmãos! – Bradou. Greg o encarou fielmente.

—Isso não vai mais ser um problema. – Caminhou correndo escadaria acima.

—Como ele pôde chegar a esse ponto? – Victoria encarou Theodore firmemente.

—Chega, Victoria, pelo amor de Deus, a minha cabeça vai explodir. – Disse. De repente viu Gregory ainda com a mesma roupa, agora com uma mochila nas costas. – Aonde vai? – Questionou confuso.

—Sair debaixo do seu teto. – Sorriu desafiador. – Vou ficar com a Lisa. – Disse.

—Ah, meu Deus. – Victoria riu irônica. – Isso só pode ser mentira. – Praguejou.

—Sei que ela vai me receber, e sinceramente eu prefiro estar em qualquer lugar do que aqui com vocês dois. – Disse. Theodore permaneceu em silêncio.

—Theodore, faz alguma coisa! – Disse enquanto o mesmo encarava o filho fielmente. Sem dizer palavra alguma Greg saiu pela porta, estranhando o fato do pai se manter calado e não tentar impedi-lo. – THEODORE! – Reclamou.

—Deixa ele ir. – Theodore disse. – Vou lá em cima chamar Joshua e Annabeth. – Completou.

—Você vai simplesmente deixar ele ir pra casa daquela empregadinha assim? – Indagou incrédula.

—Sim. – Theodore a encarou. – Pedi pra ele agir como um homem e isso inclui aprender a tomar decisões sérias. Se ele acha que ficar lá é o melhor pra si, assim será. – Suspirou. – Vou pegar as crianças. – Avisou. Victoria permaneceu ali o encarando totalmente boquiaberta por isso.

***

Elisabeth estava sentada no sofá de sua casa. Ela e Jennifer viam um filme animadamente, enquanto mergulhavam a mão em um pacote gigantesco de pipoca e outro de chocolate. A comédia romântica arrancava risada das duas que se sentiam felizes por depois de tanto tempo estarem fazendo isso novamente, curtindo o momento entre amigas. De repente a campainha tocou.

—Esperando alguém? – Elisabeth perguntou a ela.

—Não, e você marcou algo com o Logan? Já é tarde, deve ser ele. – Disse.

—Não, ele está trabalhando num caso hoje. – Lisa respondeu se levantando rapidamente e caminhando até a porta. Quando ela a abriu viu Greg ali, com a mochila nas costas e franziu o cenho rapidamente. Greg? – Indagou.

—Lisa, será que eu posso ficar aqui? – Questionou.

—O que houve? – Perguntou.

—Não consigo mais ficar naquela casa, ainda mais sem você. – Explicou. Jennifer encarou Lisa rapidamente. – Meu pai pediu pra eu agir como homem, então resolvi sair de casa, e pensei que poderia ficar com você... – Suspirou. – Eu posso? – Perguntou. Lisa encarou Jennifer rapidamente que abriu um sorriso curto e assentiu.

—Claro que você pode, meu amor! – Ela o abraçou fortemente. Sem dizer nada ele a abraçou também. Ela pegou sua mochila, tirando de suas costas e colocando sobre a bancada.

—Quer chocolate quente, Greg? – Indagou Jennifer carinhosamente.

—Podemos ver um filme de ação depois. – Lisa falou. Ele riu por se sentir tão bem recebido ali.

—Eu gosto do Adam Sandler. – Informou ele se sentando sobre o sofá e vendo qual filme elas assistiam.

—Então o que estamos esperando, vamos terminar o filme! – Jennifer disse se sentando ao lado dele e entregando a xícara com chocolate. Lisa se sentou do outro lado e o abraçou fortemente. Logo os três começaram a rir, embalados pelo momento e pelo filme. Lisa não podia negar que se sentia bem por ao menos ter certeza de que o menino confiava nela e agora estava um pouco mais feliz.

***

Naquele mesmo dia, durante a madrugada, Theodore viu mais uma vez Annabeth sentada no sofá, cochilando. Ele suspirou. Em meio a tantas confusões ver a filha ficando cada dia mais introspectiva era preocupante. Ele se agachou ao lado da menina e acariciou seu rosto.

—Princesinha... – Chamou. Ela o encarou, mas não o respondeu. – Ei, você não pode ficar dormindo na sala, sei que a Lisa não estava aqui, mas pode chamar o papai quando perder o sono. – Disse carinhosamente puxando-a para um abraço, mas quando o fez a menina logo soltou um gemido argiloso que o fez arregalar os olhos. – Filha, o que houve? – Perguntou preocupado.

—Eu caí... – Disse ela rapidamente, despertando. Theodore não deu atenção, levantou a blusa da filha e viu em suas costas uma mancha avermelhada.

—Isso é um tapa! – Ele disse quase em pânico. – Annabeth, o que aconteceu? – Insistiu.

—Eu juro que eu caí, papai... – Ela tentou continuar mentindo, mas ele logo engrossou sua voz.

—Annabeth, pare de mentir pra mim agora! – Ordenou fazendo-a choramingar. – Filha, quem bateu em você? – Questionou. Ela começou a chorar, ainda mais, fazendo-o suspirar, entrando em pânico por ver aquilo. – Calma, princesa... – Pediu acariciando seu rosto e secando suas lágrimas. – Isso foi um tapa, não foi? – Perguntou. Annabeth encarou o pai sem responde-lo por alguns segundos. – Annabeth... – Ele insistiu. Ela assentiu então, finalmente revelando que a suspeita dele era correta. – Quem bateu em você? – Perguntou.

—Foi na escola... – Mentiu de novo.

—Na escola? Uma criança mais velha? – Perguntou.

—Sim, papai... – Ela disse enquanto o via passar a mão com cuidado em cima da marca.

—Vamos colocar um pouco de remédio. – Theodore disse se levantando rapidamente e correndo até a cozinha de onde logo voltou com uma maleta com medicamentos dentro. Tirou o remédio dali e começou a esfregar sobre o local avermelhado. – Está melhor? – Perguntou.

—Sim, papai. – Ela sorriu levemente.

—Então agora me diga quem foi que fez isso e eu vou na escola hoje mesmo para resolver. – Disse.

—Não... – Ela arregalou os olhos.

—Sim, Annabeth, eu não posso deixar que isso fique assim. – Theodore falou firmemente.

—Mas eu já resolvi. – Explicou.

—Como assim? – Ele franziu o cenho.

—Ah, eu falei com a professora e ela brigou com quem fez isso, ela me pediu desculpas e ficou tudo bem. – A menina forçou um sorriso. Theodore suspirou.

—Eu posso dar esse voto de confiança em você? – Ele questionou. Annabeth assentiu prontamente. – Tudo bem, mas se acontecer de novo eu quero que você me fale e eu e você vamos lá resolver isso juntos, tudo bem? – Sorriu.

—Sim! – Ela o abraçou fortemente. – Eu te amo, papai... – Disse choramingando de novo.

—Não precisa chorar, minha princesa, papai tá aqui e te ama muito também. – Fechou os olhos na face. De repente Victoria apareceu ali. Ela franziu o cenho.

—O que houve? – Questionou fazendo Annabeth arregalar os olhos.

—Eu vou pro meu quarto. – A menina disse correndo rapidamente escadaria acima. Theodore se levantou e suspirou profundamente.

—Parece que uma criança mais velha bateu nela nas costas. – Disse incomodado. – Eu a abracei e ela gemeu de dor, estava com uma mancha horrível nas costas. – Passou as mãos pelos cabelos. Victoria suspirou.

—Acha que ela mentiu? – Perguntou.

—Tenho quase certeza. – Theodore encarou o vazio com as mãos na cintura. – Mas por que? – Indagou.

—Theo... – Victoria se aproximou com um sorriso carinhoso. – Sei que odeia falar disso, mas se lembra quando eu disse que aos poucos você veria motivos para não confiar na Elisabeth? – Falou.

—Victoria, não começa. – Theodore pediu.

—Abra a cabeça. – Ela insistiu. – Ela não se importa tanto com eles assim, pediu pra trabalhar menos, e de tempos pra cá Annabeth está sempre amuada pelos cantos, chorando por tudo, e agora aparecendo com manchas. – Falou. – Vemos todos os dias crianças apanhando, eu tenho certeza de que foi ela. – Disse falsamente fazendo Theodore suspirar.

—Elisabeth nunca levantaria um dedo contra eles. – Falou.

—Você também achava que ela nunca pediria pra sair do trabalho no horário noturno. – Victoria o encarou.

—Eu confio nela. – Theodore falou. – Ela está aqui hoje porque meu irmão a indicou, todos têm boas referências sobre ela. Eu sei que ela nunca faria nada com a Annabeth, ela a ama. – Completou. – Mas eu vou descobrir o que está acontecendo. – Avisou. Victoria engoliu a seco ao ouvir aquilo. – Vou lá em cima tomar um banho pra ir deitar. – Disse caminhando escadaria acima. Victoria permaneceu ali e logo coçou os olhos.

—Sua peste eu vou acabar com você... – Praguejou num sussurro pra si mesma. 


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