Behind Blue Eyes escrita por Two Lovely Girls


Capítulo 23
Too late to say sorry


Notas iniciais do capítulo

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Gregory acelerava seus passos, correndo em meio à multidão de alunos que lotavam o pátio do colégio agora. Estava pronto pra respeitar o espaço de Laura, mas antes disso precisava olhar nos olhos dela mais uma vez e dizer em voz alta e pessoalmente o que sentia por ela.

—Laura! – Gritou fazendo-a gelar. Ela se virou para encará-lo vindo em sua direção. Ele finalmente conseguiu chegar ali ficando frente a frente com ela, sentindo a dor de não poder fazer nada além disso.

—Greg... – Ela tentou dizer, mas ele a cortou.

—Eu sei. – Suspirou. – Você não quer fazer parte de um mundo que não te aceita. – Completou. – E tem toda a razão, assim como tem razão também ao dizer que esse mundo sempre vai me assombrar porque é a minha família independente do que aconteça. – Sussurrou. – Mas meu mundo e meus fantasmas não precisam determinar minhas escolhas e nem quem eu vou ser, muito menos quem eu vou amar. – Riu frouxo. – E eu quero que saiba que vou te deixar em paz se é o que você quer, mas antes preciso dizer que você pode ser verde, roxa, alta ou baixa, pode ser até um avatar ou um hobbit, nada disso me importa, porque o que me fez me apaixonar por você vai muito além da cor da sua pele, da sua aparência, ou de qualquer outra coisa. Eu me apaixonei por quem você é. – Sorriu. Laura não pôde deixar de se emocionar com aquilo. – Um dia eu vou provar pra você que também não importa de onde eu venha e nem qual o meu sobrenome, isso não será maior do que quem eu realmente sou. – Concluiu. – Eu te amo. – Ele terminou soltando a mão dela e caminhando em direção a sala de aula. Laura se permitiu chorar, mas logo correu em direção ao banheiro.

***

Lisa adentrou o quarto de Annabeth para acordá-la e arrumá-la para a escola. Caminhou até a cortina e a abriu deixando a luz entrar para aos poucos a menina despertar. Sorriu se aproximando dela, mas não pôde deixar de estranhar sua demora a acordar, já que Annabeth costumava esbanjar energia todas as manhãs.

—É hora da escola, mocinha... – Lisa a acariciou os cabelos, mas a menina permaneceu enrolando.

—Eu não quero ir pra escola... – Resmungou fazendo Elisabeth franzir o cenho.

—Você não pode faltar a escola, meu amor... – Disse rindo. – Está se sentindo mal? – Perguntou. Annabeth negou com a cabeça apenas, mantendo os olhos fechados. – Então temos que jogar essa preguiça para o lado e despertar. – Lisa riu fazendo cosquinha em Annabeth o que causou risos na menina também, mas quando Lisa segurou em seu braço para puxá-la para o colo ela soltou um gemido incontrolável e doloroso que fez Lisa se assustar e arregalar os olhos. – Ai meu Deus, o que houve? – Questionou enquanto a via marejar os olhos. Rapidamente correu a mão até o local novamente retirando o pano do pijama que o cobria e vendo uma mancha roxa amarelada, um hematoma. – Annabeth, o que é isso? – Seu tom de voz era mais preocupado do que queria transparecer, mas o tamanho da mancha estava realmente assustador.

—Eu caí. – Annabeth disse cobrindo novamente o braço.

—Caiu? – Lisa perguntou incrédula. – Como conseguiu ficar com um hematoma desses caindo? O que houve? – Disse desacreditando.

—Ah, eu subi no escorrega da escola depois da professora dizer que não podia e acabei caindo e me machucando, não contei pra não levar bronca... – Sua voz infantil soou ali, mas era extremamente trêmula o que fez Lisa torcer os lábios.

—Não está mentindo pra mim, não é? – Falou confusa.

—Não... – Annabeth disse sem encará-la. – Desculpa... – Completou.

—Tudo bem... – Lisa falou ainda em desconfiança, mas buscando acreditar nas palavras da menina, e em seguida a abraçou com força. – Mas me prometa que não vai mais desobedecer sua professora e também que vai tomar mais cuidado pra não se machucar assim, muito menos esconder de mim ou do seu pai um machucado, porque pode ser grave, combinado? – Ralhou.

—Sim, Lisa. – Annabeth disse ainda abraçada a ela. – Eu vou tomar banho. – Riu em seguida correndo para o banheiro, a fim de fugir da inspeção de Elisabeth que assentiu, mas permaneceu ali refletindo sobre aquilo. Lisa sabia que Annabeth não tinha o hábito de mentir, mas algo lhe cheirava mal ali, algo dentro de si apertava, como um instinto. Ava costumava dizer que era coisa de mãe, e ela sabia que a essa altura esse era o carinho que sentia por aquelas crianças. A partir de agora estava decidida a prestar mais atenção nesses detalhes, pois se tivesse algo de ruim acontecendo com qualquer um deles, ela descobriria.

***

Victoria e Theodore discutiam novamente e como de costume dentro do escritório dele. Lisa rolou os olhos por pensar que ela e as crianças eram obrigadas àquilo que na verdade já havia se tornado algo comum. Sempre pelos mesmos motivos: suas discordâncias acerca do casamento. Era torturante e ela particularmente sentia raiva toda vez que era obrigada a conhecer as brigas íntimas do casal por ela repudiado.

—Eles estão brigando de novo... – Joshua disse espertamente.

—Estão apenas conversando em voz alta. – Lisa mentiu tentando não preocupar o menino, mas sabia que ele era esperto demais para não acreditar nela.

—Lisa, por que você não pode namorar o papai? – Joshua perguntou fazendo-a ficar sem jeito.

—Ah... – Ela ia responder, mas Victoria saiu como um furacão do escritório chamando a atenção deles. Ela os encarou.

—Meus amores! – Disse carinhosamente da maneira mais falsa que podia. Os dois por sua vez não demonstraram o mesmo afeto, apenas se colocaram atrás de Elisabeth que suspirou. – Então onde estão indo? – Perguntou.

—Vou leva-los a escola... – Elisabeth respondeu pensando que era algo óbvio demais para ser perguntado, mas relevou.

—Ah não, querida, eu vou leva-los a escola hoje. – Disse enquanto via Theodore sair da sala.

—Não, eu quero ir com a Lisa. – Joshua protestou.

—Querido, você pode ir com a Lisa amanhã. – Victoria sorriu.

—Eu quero ir com a Lisa hoje e todo dia. – Disse. Annabeth por sua vez permaneceu em silêncio.

—Theodore! – Victoria chamou como se esperasse que ele intervisse, mas pra sua surpresa ele não o fez.

—Lisa, pode ir. – Disse. Ela assentiu sem demonstrar emoção alguma e saiu pela porta com as crianças, deixando-os ali. Victoria encarava a cena confusa e em seguida deixou seus olhos fitarem Theodore com raiva.

—O que foi isso? – Questionou.

—Ela é a babá, eles querem ir com ela, então deixem eles irem. – Disse dando pouca importância ao assunto.

—Ela não vai ser sua esposa e sim eu. – Victoria caminhou até ele. – Não vê que ela me afasta dos seus filhos? – Perguntou.

—São crianças, Victoria, tem dificuldade de entender o que está acontecendo, eles se dão bem com a Lisa, não adianta querer se opor a isso de uma hora pra outra. – Rolou os olhos.

—Eu poderia se você me apoiasse. – Ela riu irônica. – Você não vê que está sempre a favor dela? – Cruzou os braços.

—Ah, não, por favor, isso de novo não. – Theodore coçou os olhos.

—Eu quero que a demita. – Victoria disse decidida.

—O que? – Theodore a encarou incrédulo. – Não, eu não vou demitir a Elisabeth. – Respondeu grosseiramente.

—Theodore, eu vou ser sua esposa e se eu não tiver voz dentro dessa casa acho melhor cancelarmos esse casamento. – Protestou.

—Victoria, por favor eu estou implorando pra pararmos com isso. – Theodore disse demonstrando exaustão em sua voz. – Meus filhos nunca tiveram uma babá tão boa, e ela é uma pessoa da minha confiança, então enquanto ela quiser vai continuar sendo a babá deles. – Explicou.

—E o que eu quero não importa? – Victoria disse irritada.

—O que importa é que eu vou me casar com você e não com ela, isso já deveria ser o suficiente pra você. – Retrucou ele.

—Não quero viver à sombra dela. – Victoria rebateu.

—E não vai, tá legal? – Theodore bufou. – Para de tentar enfiar goela abaixo que ela te ameaça, porque eu serei sempre o chefe dela e mais nada. Você mesma disse que ela estava com o Logan e estava feliz. – Falou um tanto tristonho.

—Quer saber tudo bem. – Victoria se deu por vencida. – Aos poucos você verá com seus próprios olhos que continuarmos debaixo do mesmo teto que ela só vai gerar problemas. – Bufou. – Além disso, eu aposto que ela não é tão perfeita quanto parece. – Rolou os olhos deixando-o ali sozinho. Theodore coçou os olhos mais uma vez, buscando alguma paciência diante de mais um ataque de Victoria. Sabia que no fundo ela tinha razão em ter ciúmes, em se sentir ameaçada, porque Lisa realmente mexia com ele e não conseguia negar. Sabia também que estar perto dela era algo que preocupava até ele mesmo, tinha medo de perder o controle e ir atrás dela, principalmente sabendo que a cada dia que se passava mais envolvida ela estava a Logan. Mas não podia passar por cima da felicidade de seus filhos, então manteria sua decisão até que ela quisesse o contrário, mesmo que isso significasse viver debaixo de sua maior tentação.

***

Naquele mesmo dia mais tarde, Theodore caminhava de um lado a outro em sua sala. Estava pensativo, tristonho. Só conseguia pensar em Lisa e nas palavras de Victoria. Não que concordasse com a noiva e pensasse em demiti-la, de maneira nenhuma, mas pensava no poder que Elisabeth tinha sobre ele. Toda vez a via sentia seus pelos se arrepiarem em desejo, e sentia que era só encará-la com mis afinco que poderia pegá-la em seus braços e chama-la de sua. Como deixou isso acontecer? Como chegou a esse momento? Todos esses anos, desde que Summer faleceu, ele se blindou, ele garantiu que não seguiria mais pelos caminhos de suas emoções. Por todo esse tempo conseguiu ficar alheio a todo sentimento, vivendo bem dentro de sua bolha, nutrindo pequenos e casuais relacionamentos carregados de racionalidade, livre de qualquer perigo. Mas foi só ver aquela garota com aquele sorriso e aqueles olhos entrando em sua sala naquele dia frio que caiu. Todas as suas barreiras se desfizeram quando Elisabeth entrou em sua vida. Era fácil se apaixonar por ela, e por mais que ele negasse isso sempre já não havia mais dúvidas dentro de si agora. Ainda assim nunca colocaria aquilo pra fora. Se pelo menos as pessoas pudessem entender que tudo o que ele fazia em sua vida agora era pensando no bem dela talvez não o achassem um crápula. Só ele sabia de seus medos e do quanto queria manter Elisabeth fora de sua zona de risco que era algo que diariamente o assombrava. De repente, Nicholas abriu a porta despertando-o de seu transe.

—E aí, Theo. – Falou calmamente. – Nossa que cara é essa, acabou de ver o Lex Luthor? – Brincou.

—Nem ele poderia me abalar tanto. – Theodore respondeu rolando os olhos.

—É, o ponto fraco sempre foi e sempre será Lois Lane. – Riu frouxo. – Por que está noivo se não tira a Lisa da sua cabeça? – Questionou.

—Você mais do que ninguém deveria saber o motivo. – Theodore suspirou.

—A vida não é uma carta marcada, Theodore! – Nicholas bradou. – As coisas não estão fadadas a seguir pelos mesmos caminhos. – Completou.

—Homens cometem os mesmos erros. – Retrucou. – E sinceramente o que está feito está feito. – Disse. – Estou noivo, tenho um compromisso a honrar e ela está com o Donovan. – Falou numa careta.

—Você a jogou nos braços do cara. – Nicholas riu. – Quer saber, você devia pelo menos pedir desculpas a ela, ser sincero, dizer que fez o que fez porque não quer magoá-la no futuro, que não se acha homem pra ela, assim ela teria ao menos a chance de fazer parte dessa decisão. – Nicholas falou espertamente. Theodore pensou sobre aquilo com afinco.

—Nem parece você falando. – Theodore riu ao comentar.

—É, eu sei, eu tenho falado como a Hunan, é a convivência, percebi hoje de manhã quando uma garota veio dar em cima de mim no estacionamento e eu pensei primeiro em "você certamente abriu essa blusa pra tentar chamar minha atenção" do que me deixei reparar nos peitões dela. – Comentou.

—Voltou a falar como você. – Theodore disse desaprovando seus termos.

—É, eu sei, mas relaxe, se eu continuar andando atrás da Hunan vou ser a cada dia menos o Nicholas Phillips que vocês conhecem. – Disse se levantando e indo para fora da sala.

***

Mais tarde, Elisabeth estava em seu quarto na casa dos Stormfield agora. Já era parcialmente tarde, e as crianças já dormiam, o que lhe dava um pouco de tempo pessoal, algo que ultimamente era raro, já que por escolha dela mesma, se dedicava quase que totalmente ao trabalho. Não podia reclamar, afinal, ela amava passar o tempo com Joshua e Annabeth e não abria mão disso, na realidade, cada folga era um aperto no seu coração. Se questionava se estavam bem, se estavam se divertindo, ou se precisavam de algo, e sem contar que ainda podia contar com os comentários inteligentes e sarcásticos de Gregory no decorrer do dia, o que sempre a animava, principalmente porque a relação deles dois ia de vento em pompa. Mas o mundo real a chamava, e ela sabia que estava faltando bastante com algumas pessoas, então pegou o celular e discou aquele número pra ela conhecido pra ela.

—Lisa! – A voz de Ava, sua mãe, soou lhe trazendo uma paz gigantesca pra dentro de seu coração.

—Mãe... – Lisa disse carinhosamente. – Que saudade de ouvir sua voz. – Completou.

—Minha filha e eu a sua! – Ava riu. – Quanto tempo não escuto sua voz tão calma, todas as últimas vezes em que nos falamos você estava ocupada e correndo. – Falou. – Como você está? – Perguntou.

—Estou bem. – Lisa respondeu rapidamente. Longe dela explicar a mãe sobre seus últimos pensamentos e sentimentos por seu patrão. – Mas e você? – Indagou. – Eu finalmente tenho tempo pra perguntar a respeito do Paul... – Cantarolou antes de rir frouxo.

—Ah, Lisa, já disse pra esquecer isso. – Protestou Ava. – Eu não o tenho visto. – Comentou como se aquilo não a afetasse nada.

—Mãe! – Retrucou Elisabeth. – Por que isso? – Questionou.

—Depois daquele dia que conversamos e você me convenceu a tentar, eu tentei! – Disse.

—Tentou mesmo? – Lisa franziu o cenho.

—Eu saí algumas vezes com ele, mas nada aconteceu, e aí há algumas semanas eu pensei em dar o primeiro passo e entrei no restaurante de surpresa quando estava fechado, e o vi com uma mulher. – Suspirou.

—Uma mulher? – Lisa repetiu um tanto decepcionada. – Mas eles estavam juntos? – Perguntou.

—Bom, na verdade ela estava sentada no balcão e ele do outro lado preparando algo para ela comer, como fez quando me conheceu. – Ava rolou os olhos.

—E o que ele disse quando você o encurralou? – Elisabeth indagou curiosa.

—Eu fui embora antes dele me ver e parei de me encontrar com ele e de responder seus recados. – Ava falou friamente.

—Mãe! – Lisa retrucou. – Como sabe que aquilo era mesmo um encontro se nem deu a chance dele se explicar? – Perguntou.

—Elisabeth, eu já estou velha demais para ter que pedir explicações para um homem! – Ava falou. – E tudo bem, eu não me importo. – Completou.

—Não se importa. – Disse Lisa ironicamente enquanto ria. – Mãe, você está completamente caída por esse cara, e sinceramente vai acabar perdendo ele por ser tão cabeça dura. – Disse.

—Falando no diabo... – Disse Ava. – Ele acabou de deixar uma mensagem na secretária. – Suspirou.

—Coloca pra eu ouvir! – Pediu Lisa ouvindo um longo bufo. Logo em seguida ela pôde escutar o barulho do bipe da secretária eletrônica e então a voz máscula de Paul começou a soar ali.

"Ava... Bom, já deve ser a milésima mensagem que eu deixo pra você, e talvez você me ache um maluco que está te perseguindo, mas é porque não me conformo com seu repentino sumiço. Eu fiz algo que a incomodou? Porque sinceramente se eu passei dos limites ou se fui grosseiro em algum momento eu realmente não percebi e estou disposto a pedir perdão por isso e melhorar. Só te peço pra que ao menos me responda pra que eu possa ter a chance de me explicar seja lá o que é que eu tenha feito, mas não me faça viver me questionando onde errei pra perder uma mulher tão maravilhosa como você. Espero que me retorne. "

Mãe... – Lisa disse carinhosamente. – Dá uma chance dele se explicar, ele realmente parece gostar muito de você. – Falou.

—Eu não sei, Lisa... – Ava rolou os olhos. - Essa coisa de chance é muito arriscado, eu não quero me magoar e me decepcionar de novo. – Explicou.

—Eu sei o quanto dar uma chance pode ser assustador, e aproveitando esse gancho eu quero te contar uma coisa e ao mesmo tempo te ensinar algo através de mim. – Lisa sorriu. Nesse momento Theodore parou na frente da porta entreaberta do quarto de Lisa. Não sabia exatamente o que estava fazendo ali, mas queria conversar com ela, então ergueu o punho fechado na frente da madeira, disposto a bater para avisar sua presença, mas então ouviu a voz dela. – Eu estou namorando o Logan. – Disse. Theodore sentiu seu corpo gelar naquele momento. Tinha visto o beijo dos dois, tinha sentido a dor horrível daquilo, mas não achava que iria pra frente. Elisabeth, uma mulher maravilhosa com um imbecil como Logan Donovan era torturante pra ele. Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer, e na realidade nem poderia fazer coisa alguma. Sentiu a respiração lhe faltar à medida que a decepção daquelas palavras lhe enforcava. Não queria vê-la nos braços de outro homem, mas a culpa era unicamente sua, e agora ela também lhe apertava o peito. Engoliu a seco, abaixou o punho ainda levantado e suspirou longamente. Nada mais podia fazer se não aceitar e deixa-la ser feliz. Recuou, e cabisbaixo caminhou até seu quarto onde se trancou.

—Logan? Aquele das mensagens de texto? – Ava riu frouxo.

—Sim... – Elisabeth suspirou longamente. – Ele me convidou pra jantar e acabamos nos beijando e depois ele pediu, eu achei que depois de tanto tempo sem me relacionar dessa forma com ninguém eu devia nos dar uma chance, porque ele é um cara incrível. – Explicou fazendo Ava sorrir.

—Você sempre foi muito corajosa... – Ava tentou desconversar.

—Não tanto quanto você, mãe. – Lisa riu. – Dá uma chance, mas de verdade dessa vez, por favor. – Pediu. Ava torceu os lábios com aquilo, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa ouviu uma batida na porta.

—Lisa, me dê um minuto eu vou ver quem é. – Falou.

—Tudo bem. – Lisa disse. Ava caminhou calmamente até a porta vestida em seu roupão que logo fechou para esconder as roupas íntimas que cobriam seu corpo. Pra sua surpresa, ao abrir a porta um Paul tristonho estava ali fazendo-a suspirar. Nas mãos dele uma rosa e um sorriso tímido.

—Paul? – Questionou confusa. Lisa ao ouvir aquele nome se atentou logo para ouvir cada movimentação que ali ocorresse.

—Ava, eu sei que você por algum motivo misterioso não quer me ver, mas por favor, me diz o que eu fiz e eu ajeito. – Pediu.

—Não tem nada pra ser ajeitado... – Ava disse sem jeito.

—Claro que tem. – Paul riu frouxo. – Ava, eu estou disposto a tentar qualquer coisa pra melhorar se for pra ter você. Você me encantou desde o primeiro momento em que entrou no meu restaurante e achou que eu estava dando em cima de você. – Ele deixou uma risada escapar fazendo-a rir também por lembrar daquela cena. Lisa se permitiu sorrir também. – E agora eu to aqui, dando totalmente em cima de você. – Completou ele.

—Paul, eu vi você com aquela mulher no seu restaurante. – Ava falou firmemente. – Estava cozinhando pra ela, já era tarde, e vocês estavam rindo. – Suspirou. – Eu achei melhor não atrapalhar e ir embora, porque é nítido que você achou uma mulher mais jovem e interessante. – Ela falou sarcasticamente.

—A única coisa nítida pra mim, Ava, é que você me viu cozinhar pra minha irmã Ivy e morreu de ciúmes... – Paul disse espertamente fazendo-a franzir o cenho pra aquilo.

—Sua...irmã? – Ava perguntou. Lisa ria do outro lado da linha por imaginar o rosto da mãe mediante aquela situação.

—Sim, minha irmã. – Ele riu. – A Ivy estava passando com o grupo de teatro dela aqui na cidade naquele dia. Me ligou perguntando se podíamos sair pra jantar e eu falei que preferia cozinhar algo pra ela no restaurante assim ela poderia conhecer meu novo negócio. – Explicou.

—Eu não...sabia, que você tinha uma irmã. – Ava falou sem jeito.

—Agora você sabe. – Paul colocou as mãos nos bolsos. – E agora a Ivy também sabe que eu estou completamente apaixonado por uma mulher chamada Ava que mexe comigo como ninguém nunca mexeu, que me faz agir como um psicopata ligando pra ela dia e noite atrás de uma notícia, que me faz sair no meio da noite e escalar a escada de incêndio do prédio com uma rosa em mãos pra pedir perdão seja lá do que tenha feito, porque essa mesma mulher proibiu minha entrada no prédio. – Ele falou fazendo Ava soltar uma risada frouxa. – Ava, eu to completamente louco por você e todas as vezes que saímos isso só aumentou e se eu não a beijei esse tempo todo, ou se não disse isso é porque eu esperava pelo momento perfeito. – Sorriu. – Convenhamos que eu não imaginaria bem assim o momento, mas não importa. O que o torna especial é você. – Ele acariciou seu rosto com as mãos grossas. Elisabeth sorria ouvindo aquilo, feliz pela mãe finalmente encontrar alguém que poderia sim trazê-la de volta a vida, ao amor. – Só deixa... – Pediu ele. Ava estava corada, mas sabia que a filha tinha razão. Tinha que se permitir mais e iria.

—Eu deixo... – Ela riu fazendo Paul rir também. Ele rapidamente a puxou pela cintura e depositou um beijo caloroso em seus lábios. Percebendo o silêncio repentino Lisa já supôs o que aconteceu, mas quando o barulho de coisas caindo pelo chão se fez presente ela percebeu que era a hora de desligar e assim o fez. Ava caiu sobre o sofá com Paul por cima de si, os dois riram, mas logo se permitiram embalar novamente naquele beijo, e aproveitar tudo o que aquela noite lhes renderia.

***

Naquele mesmo dia mais tarde, Ava e Paul estavam deitados sobre a cama dela, tendo seus corpos cobertos apenas por um lençol. Eles se beijavam com amor, e ela sentia sua pele se arrepiar a cada toque dele em seu rosto, acariciando-a com propriedade. Eles conversavam, e riam de suas próprias falas, totalmente íntimos e envolvidos pelo momento.

—Ah, sabe... Você nunca me falou sobre o pai da sua filha. – Paul disse de repente fazendo-a fechar o sorriso quase que instantaneamente dando lugar a um semblante surpreso por não esperar aquela pergunta dele. – Me desculpe, eu não quis ultrapassar nenhum limite, eu só fiquei curioso, porque você sempre fala só dela... – Comentou.

—Tudo bem... – Ava respondeu depois de suspirar longamente. – Digamos que é mais complicado do que eu gostaria. – Torceu os lábios.

—Ela chegou a conhece-lo? – Paul perguntou.

—Não. – Ava sorriu torto. – Richard era da minha faculdade, o tipo de cara que todo mundo sabia que era problema. – Riu frouxo. – Ele ficava com todas as garotas que tinha oportunidade, e nunca se apegava a ninguém, mas sabe como são os jovens, nunca acham que vai acontecer com eles. – Suspirou. – Brinquei com o fogo ao me envolver com ele, mas não era boba, eu sabia exatamente com quem estava me metendo, e acabei engravidando. Quando contei a ele, ele deixou claro que não se envolveria, e antes que eu pudesse tentar fazer algo ele largou a faculdade e viajou, caiu no mundo como sempre sonhou, disposto a conhecer garotas e boa música. – Explicou. – Eu me vi então grávida, sem um emprego, totalmente sozinha, então larguei a faculdade e assumi o título de mãe jovem solteira. – Riu.

—Você é uma mulher incrível. – Paul segurou seu queixo. – Eu já sabia disso antes de saber dessa história, mas agora tenho ainda mais certeza. – Sorriu pra ela.

—Eu criei minha filha da melhor maneira que pude, e nunca precisei dele pra isso. – Ava encarou o vazio por um segundo. – Acabei me fechando pra tudo, só trabalhava e cuidava da Elisabeth, até que um dia me vi aqui sozinha, vendo-a seguir sua própria vida, e aí já tinha desaprendido a viver grandes amores... Até conhecer você. – Ava o encarou com carinho.

—Deus sabe o quanto eu fico grato por ter entrado no meu restaurante naquele dia. – Paul falou fazendo-a rir. – Aquele cara não merecia seu amor, não merecia você, e muito menos sua filha. Esteja onde estiver eu tenho certeza de que ele não tem alegria alguma dentro de si, porque ele não tem uma mulher maravilhosa como você ao lado dele... Sorte a minha. – Brincou fazendo-a gargalhar.

—Você é maravilhoso! – Ava disse depositando um novo beijo nos lábios dele.


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