O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 60
Capítulo 60 - Sã e salva


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Sejam bem vindos e boa leitura!



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Deitado sobre o sofá, Ozzy observava atentamente a televisão ligada. Parecia entender o que se passava através da tela. Já sua dona, não estava tão interessada assim. Ela tinha muitos pensamentos em sua mente, e por certo, estava em outro plano.

O celular que estava sobre o rack começou a tocar, fazendo com que ambos se assustassem. Luana levantou-se imediatamente e foi seguida pelo olhar de seu cão.

— Alô? Sim. – Passou alguns segundos em silêncio enquanto ouvia atentamente, com um certo brilho em seus olhos. – Hoje? Claro. Obrigada pelo aviso. – E desligou o aparelho. Uma ligação rápida, porém que já adiantava de muito.

A ruiva foi para o banheiro. Tomou um banho quente e vestiu uma de suas roupas preferidas. Uma saia rodada da cor vinho, juntamente com uma blusa branca. Ficou de frente para o espelho e torceu a boca. Prendeu os cabelos num alto rabo de cavalo, e por vaidade, deixou sua longa franja solta.

Andou curtos passos até seu guarda roupa e usufruiu do perfume que Daniel tanto gostava. Logo mais voltou para a sala, onde o cachorro ainda se encontrava.

— Ozzy, mamãe tem que sair agora. Se comporte, hein? Nada de morder o rack. Já conversamos sobre isso. Tchau, pequeno. – Disse-lhe enquanto depositava um beijo em sua face. E embora ele já não fosse mais tão pequeno, ela insistia em chama-lo assim.

Pegou sua bolsa, já a postos e saiu ao trancar a porta. Se Ellen chegasse antes dela, o que era provável, não teria grandes preocupações, pois seria fácil de imaginar onde Luana iria.

...

Novamente no jardim do hospital, Anderson caminhava lentamente entre as altas árvores que deixavam cair suas folhas secas com o sopro do vento. Elas davam mais harmonia ao lugar, e pareciam trazer uma sensação de paz. Logo viu Luana passar pela entrada e assobiou, chamando sua atenção. Ao ouvir, ela foi de encontro a ele, feliz por vê-lo.

— Oi, Andy.

— Demorou um pouco, não?

— Você sabe como é o transito de São Paulo.

— Tem razão. E em horário de almoço como agora fica muito pior.

— Por falar em almoço, já comeu?

— Sim. Tem um restaurante na outra esquina. Você já?

— Comi qualquer coisa pelo caminho.

— Nunca comi qualquer coisa. É bom? – Ele disse em seu tom cômico, o que a fez rir.

— Dá pro gasto. Então... e a família do Dani? Já foram?

— Há pouco tempo.

— Hum. – Ela baixou a cabeça.

— Não sei por que insiste em manter distância deles.

— Só não acho que seja uma boa hora pra conhecê-los. Só isso.

— Mas deveria. São ótimas pessoas. O Dani teve a quem puxar. – O barbixa disse com as mãos no bolso da calça e o olhar distante.

— Bem, vamos direto ao ponto?

— Ah, sim. Claro.

— Quando foi que ele recebeu alta?

— Hoje mais cedo.

— Obrigada por me avisar, mesmo.

— Não precisa agradecer. Vamos. – Disse ao fazer um gesto com a cabeça, apontando para o alto hospital. Só então ambos seguiram o caminho de pedras até o segundo portão.

...

Sentado sobre a cama, Daniel estava pronto e propriamente vestido para voltar para casa. O quarto tinha uma grande janela de vidro que tinha vista para a avenida e outros pontos altos da cidade, visto que ali era o terceiro andar. Ele observava atentamente lá fora, pensativo. Logo deparou-se com a entrada da enfermeira, com quem já tinha um certa intimidade, visto que ela cuidara dele por tanto tempo.

— Ah, desculpe. Lhe assustei? – A moça de cabelos curtos e negros perguntou-o simpaticamente.

— Não, tudo bem. – Ele respondeu no mesmo tom.

— Ansioso pra ir para casa, não é?

— Claro.

— Vim para trocar seu curativo. Pela última vez. – Disse com a cabeça baixa e com um sorriso maroto nos lábios.

Aproximou-se dele, ajudando-o a tirar sua camisa. Com cuidado e delicadeza, ela começou a trocar o curativo. Enquanto isso, puxou assunto.

— Você ainda não disse como foi que isso aconteceu.

— Foi num assalto. Eu estava com a minha namorada.

— Então você tem namorada?

— Tenho, mas ela... sequer veio aqui me ver. – Ele disse com uma certa indiferença.

— É ruiva?

— Sim. – O barbixa afirmou admirado. – Mas como sabe?

— Ela veio aqui.

— Como assim ela veio? Como eu não vi?

— Simples: ela vinha tarde da noite, quando sua mãe ou quem quer que estivesse com você saísse, e justamente nesse horário eu lhe dava os medicamentos pra que dormisse. Dessa forma você nunca a via. Mas ela sempre veio, Daniel.

Mais que surpreso, ele ficou em silêncio. Sempre teve a certeza de que Luana não havia o visitado durante todo esse tempo, e ao ouvir as palavras da enfermeira, mudou todos seus conceitos. Nesse instante a morena que já havia terminado seu serviço, o ajudou a vestir a camisa, por mais que não houvesse necessidade, visto que Daniel já podia muito bem fazer isso sozinho.

— Obrigado.

— De nada. – A moça disse com um sorriso fácil. E enquanto saía pela porta, ele a interrompeu.

— Espera.

— O que? – Ela virou-se.

— Obrigado por tudo. Obrigado mesmo.

— Só fiz o meu trabalho. – Sorriram. Enfim a mulher dos cabelos negros e sorriso adorável foi embora. O humorista agora estava só novamente.

Foram onze dias naquele bendito hospital. Onze dias e ainda haveriam mais alguns de repouso em casa. Maldito tiro. Mas nada acontece por acaso. Um bom motivo isso teria para acontecer.

Ele, ainda sentado sobre a cama, sentiu a leve sensação de estar sendo observado. Virou-se e viu Anderson e Luana parados na porta do quarto. Ela estava linda. Encantadora.

Sentiu uma felicidade imensa ao vê-los ali, e levantou-se de imediato enquanto a ruiva praticamente corria até ele. O abraçou com vontade, e até mesmo com uma certa brutalidade.

— Ai, Lua! – Exclamou sorridente.

— Desculpa... – Sem desgrudar dele, Luana remitiu-se.

— Bom, como não sou obrigado a presenciar cenas bonitinhas, vou deixar os pombinhos a sós. – Disse Anderson, com seu tom cômico habitual.

Sem desfazer o abraço, o casal dialogava baixo ao pé do ouvido um do outro.

— Eu estava com saudade. – Daniel disse-lhe apertando-a ainda mais. – E já sei que você vinha aqui enquanto ninguém estava vendo. Espertinha. – Luana riu.

— É tão bom ver você de pé, fazendo graça. É bom ver que está bem.

— Eu sei.

— Dan.

— Hum?

— Por que fez aquilo?

— O que?

— Brigou com ele mesmo sabendo que ele tinha uma arma. – Daniel respirou fundo.

— Não vamos falar disso agora.

— Por favor. – Ele pensou um pouco e puxou-a para que sentasse na cama ao seu lado. Fez um gesto afirmativo, e prosseguiu.

— Você não viu?

— O que?

— A forma como ele falou com você? – Luana nada respondeu. – Ele ia fazer alguma coisa contra você. Eu tenho certeza.

— Isso ainda não justifica.

— Como não? Eu ia ficar parado vendo ele te fazer mal? Eu tinha que fazer alguma coisa.

— Mas e se você... – Daniel sabia o que ela estava pensando, e na mesma hora, a respondeu.

— Seria por uma boa causa. – Ela o fitou em silêncio por longos segundos, sem ter certeza se ouvira certo.

— Não sei o que dizer.

— Um “obrigada” já estaria de bom tamanho. – Ele brincou.

— Obrigada. – E o outro assentiu com a cabeça, apenas uma vez, com um de seus melhores sorrisos.

Desses onze dias, um dos melhores havia sido hoje. Era maravilhoso ter seu devido reconhecimento e ver que seu gesto havia valido a pena. A prova era sua felicidade ao tê-la em sua frente, sã e salva.


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Notas finais do capítulo

Ah, recentemente me dei conta de que o labrador dos Bizzocchi também se chama Ozzy. As coincidências estão por aí. Haha.
Obrigada por lerem e até a próxima!



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