O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana
Notas iniciais do capítulo
Olá leitores, como vão?
Alguma vez já lhe disseram que quando se é escritor, algum dia as histórias que você escreveu serão vividas por você? Já me disseram isso. E não foi só uma vez.
Quando penso nisso, tenho um certo medo, sabem? Mas enfim.
Fiquem a vontade, acomodem-se e boa leitura.
4:30 da tarde de uma quinta-feira, e Luana logo ouve o interfone tocar. Ela deixa seu pacote de recheados de lado e levanta-se para atender.
— Oi?
— Dona Luana, o Daniel está aqui. Posso mandar subir?
— Que? O Daniel está aí?
— Sim. Mando subir?
— Claro, claro. Estou esperando.
Após desligar o aparelho, Luana olhou para os quatro cantos da sala e pensou: “Podia ao menos ter avisado, não é, caro Daniel?”. Por sorte seu apartamento sempre estava impecavelmente arrumado, sua aparência estava boa e tudo se encontrava nos conformes. Pouco tempo depois, a campainha toca. Logo que abre a porta, é recebida com um beijo saliente, que chega a deixá-la sem ar.
— Isso foi um “Boa tarde”? – Ela brincou, dizendo ofegante. Ele riu.
— Provavelmente.
— Veio sem avisar mais uma vez.
— Desculpe, não tive tempo de avisar. Mas enfim, topa sair hoje?
— Hoje? Mas hoje é quinta. Tem Improvável.
— Eu sei. – Respondeu simplesmente, enquanto ela o encarava como se esperasse alguma explicação. – Vem comigo então.
— Ao Improvável?
— Não. Ver a Muralha da China.
— Entendi, espertão. Mas ainda tem ingressos? – Ele então tirou dois ingressos do bolso e mostrou-os a ela.
— E, ainda vai ter direito a assistir ao treino.
— Sério?!
— Sério.
— Que demais! Há quanto tempo eu não ia! Obrigada mesmo. Mas e o outro ingresso?
— Pra Ellen. Ou acha que ela não vai querer ir?
— Claro que vai.
— Perfeito. Acha que ficam prontas em meia hora?
— Com certeza. Espera um minutinho aqui no sofá?
— Espero.
— Pode pegar alguma coisa na geladeira e fazer o que quiser. A casa é sua. Só não taca fogo na cortina como eu já fiz uma vez.
— Você já tacou fogo na cortina?
— Bem, uma vez. ASSIDENTALMENTE. – Ele voltou a rir. Quando ela se retirou, o barbixa se encontrou sozinho. Logo Ozzy apareceu na sala, feliz e satisfeito. Aproximou-se dele, cheirando-lhe os pés. Olhou para cima, pondo as patas leves e peludas sobre suas pernas, como quem pede carinho. E ele era de negar?
Chegando no quarto, onde estava Ellen, Luana entrou e disse com certa euforia:
— Larga esse celular porque nós vamos ao Improvável!
— Vamos o que?
— Ao Improvável! Rá! Toma essa!
— Hoje?
— Sim!
— E ainda tem ingressos?
— O excelentíssimo Daniel Nascimento está lá na sala agora, com dois ingressos pra gente. E detalhe: ainda vamos assistir ao treino deles!
— Meu Deus! – A morena largou o celular imediatamente, com uma expressão um tanto surpresa.
— Mas vamos logo tratar de nos arrumar, porque temos que ir daqui a pouco.
E assim fizeram. Em pouco menos de meia hora, como pedido, ambas estavam devidamente arrumadas em frente ao barbixa, que agora comia os biscoitos recheados que foram deixados para trás.
— Não me olhem assim. – Disse ele, em tom cômico. – Os coitados estavam largados aqui no sofá e precisavam de mim.
— Tudo bem. Eu disse que podia fazer o quiser.
— E não taquei fogo nas cortinas. Sou um bom rapaz.
— Então vamos, bom rapaz, porque temos um espetáculo pra assistir. – Disse Ellen, notavelmente animada.
Cerca de 6:45 da tarde, o trio chegou ao Tuca. O barbixa estacionou seu carro e somente então entraram no Teatro. Logo encontraram o resto da trupe.
— Ora ora, vejam só quem está aqui. – Elídio anunciou logo que viu o amigo chegando acompanhado pelas duas.
— Oi, meninas. – Anderson foi de imediato em direção a elas, cumprimentando-as.
— Eu também não ganho beijo no rosto? – Disse Daniel fingindo estar indignado. – Não, tudo bem. É assim mesmo as amizades. Não se atreva a olhar mais na minha cara. Seu italianozinho medíocre. – E deu rabisaca, indo até o outro compartimento do camarim. Todos riram, incluindo Anderson. Aliás, este foi quem mais riu.
— Então, Cris, acho que você ainda não conhece as meninas. – Elídio contestou.
— Não, ainda não. Como se chamam? – Cristiane Werson, convidada da noite, aproximou-se delas cumprimentando-as da mesma forma.
— Ellen e Luana. – A ruiva apontou para ambas, respectivamente.
— Só pra constar, a ruivinha é a namorada do Dani. – Disse o barbixa mais alto.
— Ah, acho que já ouvi falar de você. – Os amigos entreolharam-se de forma adorável, como se comunicassem-se em códigos com seus simples olhares. – E você é ruiva mesmo? – Perguntou Cris, com um certo brilho nos olhos.
— Sou.
— Caramba! Como é sortudo o Dani. Além de namorar uma beleza rara como você, ainda é carismática. – Elogiou-a simpaticamente.
— Obrigada. – Respondeu timidamente. Afinal, não é todo dia que se recebe um elogio vindo de alguém como Cristiane Wersom.
— Só toma cuidado comigo. Qualquer dia desses descubro onde você mora e corto seu cabelo pra mim enquanto estiver dormindo. – Brincou.
— Então, vamos treinar? – Daniel voltou, manifestando-se.
No ingresso, os acentos de ambas ficavam na fileira D, lugares 9 e 10, que por sinal, eram uns dos melhores para se ver o espetáculo. No entanto, durante o treino, tiveram a liberdade de sentar onde quisessem, visto que o teatro estava vazio. E onde sentaram-se? Isso mesmo. Na primeira fileira. O treino foi tão bom quanto o próprio espetáculo.
Na hora do “vamos ver”, os risos saiam a todo instante, como já era de se esperar. Inclusive, em uma das cenas, Daniel e Elídio formavam um casal, onde ambos interpretavam um homem e uma mulher, respectivamente. Em menos de cinco minutos de atuação, ambos foram praticamente obrigados a beijar-se, o que foi imposto pelo próprio Anderson, que foi muito insistente. E sim, eles beijaram-se, gesto que levou o publico a loucura. Logo em seguida, Daniel olhou para Luana, mesmo com as luzes do auditório tão fracas, e não teve como conter um sorriso. Ela praticamente chorava de rir, juntamente com toda a platéia, em meio a aplausos e muito êxito.
Ao fim do espetáculo, Ellen e Luana esperaram pela sessão de fotos. Foram as últimas da fila, como geralmente faziam, e consequentemente tiveram mais tempo no camarim.
— Pensei que nem viessem mais. – Anderson dirigiu-se a ambas logo que as viu chegando.
— Tinha muitas pessoas hoje, mas enfim. – Disse Ellen.
— Então, gostaram? – Perguntou Elídio.
— Foi tudo muito bom, como sempre é. – Elogiou a ruiva. – Então, Dani, com que frequência você costuma beijar outras bocas? – Indagou, fazendo todos rirem.
— Só quando necessário.
— Está querendo dizer que eu obriguei vocês? – Disse Anderson com comicidade.
— Se aquilo não foi obrigar, então eu não sei mais de nada. – Elídio respondeu por ele, no mesmo tom.
— Jeff, tira a foto pra gente? – Pediu Ellen.
Após terem a foto tirada, ambas despediram-se de todos e seguiram o caminho de volta. Daniel, assim como as levou ao teatro, as deixou em casa.
— Vou deixar os dois sozinhos. – Disse a morena, com expressão astuta, ao chegarem em frente ao prédio. – E obrigada por tudo, Dani. Foi um prazer. – O barbixa sinalizou positivamente com a cabeça. Enfim os dois ficaram a sós. Ele tomou a iniciativa de agarra-la, explorando seu corpo, dando beijos em seu pescoço arrepiado, em sua boca, apertando-a com vontade e devorando-a com os olhos.
— D-dani...
— Hum? – Ele murmurou, sem interromper o momento.
— Estamos num lugar público. – Só então ele parou de agarra-la e distanciou-se a poucos centímetros.
— Tem razão. Desculpe.
— Agora, tenho que ir.
— Mas já? Poxa, estava tão bom...
— Eu sei. Mas sabe como é, né?
— Não, não sei.
— Pois fique sem saber. – Disse ela, astuciosamente, sumindo porta a dentro do prédio e ainda pôde ouvir ele dizer algo.
— Você é má! Mas eu gosto de você mesmo assim! – Ela não teve como conter um sorriso.
Luana fechou a porta do apartamento, e já estava indo para seu quarto, mas parou no meio do caminho quando viu Ozzy deitado no tapete da sala, e decidiu juntar-se a ele. Se pôs a pensar na vida. Sim, na vida. Era como dizia Charlie Chaplin, famoso ator e diretor inglês:
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”
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Grande Chaplin.
Obrigada por lerem e até a próxima.