O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 54
Capítulo 54 - Sonho em preto e branco


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores e amoras! Como vão?
Bem vindos!
Já repararam na novidade? Capa nova, minha gente! E imaginem só minha reação ao ver a imagem de uma ruiva deitada ao lado de um certo cara que é a cara de Daniel Nascimento quando tá com barba? Eu surtei totalmente. E logo, pensei: "Isso bem que poderia ser a capa, não é?" Pois eis que agora é!
Espero que tenham aprovado e que não me achem chata por já ter trocado a capa 3 vezes. Hehe.
Enfim, aproveitem o capítulo e boa leitura.



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Era noite e a campainha tocara. Daniel levantou-se da própria cama e foi ver de quem se tratava. Mas afinal quem seria? Ele não estava esperando visitas e tão pouco alguém disse que viria.

Só então se deparou com uma bela ruiva parada frente a ele. Surpreso, o barbixa abriu um sorriso de canto a canto.

— Você por aqui? Como sabia que eu estava em casa?

— Eu não sabia. Tentei a sorte.

— E está esperando o que pra entrar?

— Sua permissão.

— Sabe bem que não precisa da minha permissão pra isso. – Ele cedeu-lhe espaço, e enquanto ela passava pela porta, Daniel puxou-a de súbito, dando-lhe um beijo caloroso. - Está linda hoje. – De fato. Ela usava um jeans escuro e uma frouxa blusa acinzentada. Seu perfume exalava e ia de encontro ao sopro do vento gelado. – Aliás, está linda todo dia.

— Não é sempre que encontramos pessoas que melhorem nosso auto estima assim. Acho que tenho sorte. Ou o destino conspirou a meu favor. – Sorriram em sincronia. – A propósito, você não me vê todos os dias. Então tecnicamente, você está errado. Te peguei.

— Pegou mesmo. – Ele olhou-a com malícia.

— Para com isso, homem! Vê putaria em tudo! Eu hein.

— Eu? Não, imagina. A mente de um improvisador deve estar sempre limpa.

— Quer saber? Vou tratar de sentar logo. É o melhor que eu faço. – Somente então ambos acomodaram-se no sofá. E apenas ao fazê-lo, ela notou a marca vermelha em seu rosto. – Dani?

— Oi?

— O que foi isso no seu rosto?

— Isso o que? – Por questão de minutos, Daniel esqueceu o ocorrido no dia anterior. Após a pergunta da outra, foi que voltou a lembrar. – Ah, sim. Isso foi... uma...

— Uma...?

— Uma pancada. Foi. Eu escorreguei no banheiro e bati com o rosto na pia. – Mentiu descaradamente. Não queria trazer a tona o assunto que o atormentava tanto.

— Bateu com o rosto na pia? Tem certeza de que foi isso? – A ruiva duvidou.

— Por que não teria?

— Isso não está com cara de que foi uma batida na pia do banheiro. Uma batida assim não deixaria essas marcas.

— Vamos mudar de assunto.

— Não, não vamos não. Alguém te bateu, não foi?

— Assim você me humilha.

— Estou dizendo algo que não seja verdade? – Daniel respirou fundo.

— Não.

— Viu? Eu sabia. Te conheço como a palma da minha mão.

— Sua mão não ganha tanta atenção quanto eu, tenho certeza.

— Vamos.

— Vamos o que?

— Diga. Diga quem fez isso com você.

— Ninguém... não foi nada.

— Vai logo. Pra fazer isso tem que ter tido um bom motivo.

— O Lucas.

— Foi quem?!

— O Lucas.

— Que Lucas?

— O seu ex-amiguinho. Quer que eu repita mais uma vez?

— Mas por que ele fez isso contigo?

— Porque eu xinguei ele.

— E por que você xingou ele, Daniel?!

— Eu estava quieto no meu canto, num restaurante, quando ele veio e começou a puxar assunto comigo.

— E ele fez algo demais por acaso?

— Ah, vai me dizer que você vai defender ele?!

— Não, eu não estou defendendo ninguém.

— Lua, ele estava de gozação comigo. Estava começando a me irritar. Tenho certeza que era isso que ele queria. Quem sabe assim tivesse um motivo pra socar a minha cara. E conseguiu. Xinguei e levei um soco. Fim da história.

— Você não devia ter perdido a cabeça. Justo você que é um cara tão calmo, tão paciente.

— Sinto muito, mas não deu pra bancar o calmo dessa vez. Agora, não vamos mais falar sobre isso.

— Tem razão. Vamos falar de coisas boas. Tem comida aí?

— Olha... tem, né. Tipo...

— Você tá que tá hoje, hein? Metade das coisas que fala são sobre sexo! Pare com isso, homem!

— Cuidado com as estatísticas falsas, mocinha. E se você quer JANTAR, tem comida sim. – Ele disse, agora se especificando, com aquele sorriso que sempre a tirava do sério.

— Pois bem.

— Tem omelete. Aceita?

— Você quer me ver gorda. Só pode. Toda vez que venho aqui, me atenta com essas delícias.

— Quero que seja como eu. Daí não teremos diferenças. – Ambos riram.

— Você não é gordo.

— Hum... é bom deixar claro que não te chantageei, e que não vou pagar um tustão pelo que disse. – Os risos vieram a tona novamente.

Depois de muito omelete, gargalhadas e conversas sobre abajures, panturrilhas e demais assuntos sem a menor importância, ambos permitiram-se aquietar-se um pouco. Mas depois de uma piada, um beijo. Deveras, só tinham olhos um para o outro. Passaram a acariciar-se angelicalmente, sussurrar coisas e beijar-se a cada instante.

Eles precisavam daquilo. Daquela sensação que se sente poucas vezes em vida, que nos faz parecer felizes pela eternidade que na verdade só dura poucos minutos.

A medida em que se passava o tempo, tudo se tornava mais intenso. Sutilmente, ele apertou-lhe o seio, fazendo-a assim sorrir da maneira mais discreta. Daniel retribuiu aquele sorriso ardilmente. Enquanto hora beijava sua boca e hora seu pescoço, a pegou no colo e levou-a até o lugar mais esperado por ambos: a cama.

— Sabe... acho que você está usando roupas demais. – O mesmo sussurrou com aquele ar seduzente, aquela voz suave que ela adorava tanto, sedento de desejo. A ruiva cravou a mão em seus fios castanhos no mesmo instante.

Entre muitos beijos, arranhões, mordidas, respirações ofegantes e mão bobas, mal deram-se conta e já estavam praticamente sem veste alguma. Ele a observa com olhos brilhantes, entreabertos, em êxtase. E embora lhe custasse respirar, não havia sensação melhor do que a de estar amando a mulher que estava presente em suas melhores fantasias e desejos.

...

Com o violão apoiado sobre a perna esquerda, com os olhos fixos nas cordas por onde soavam a doce melodia, Daniel se via sozinho. Era seu quarto, vazio.

Mas subitamente, tudo se deu em preto e branco. Ao olhar para os lados, deparou-se com as paredes sujas, os papéis jogados, o piso quebrado, os lençóis desarrumados e a poeira exalante.

Ele levantou-se da cama e andou a curtos passos até o espelho. Mas ao ficar frente a ele, não sabia ao certo o que pensar, que conclusões tirar. A princípio, tinha certeza que observava a si próprio, mas isso mudou agora. Ao olhar bem nos olhos, notava uma diferença. E sentia isso de alguma forma. Gelou. Era como se seu sangue formigasse por todo o corpo, causando-lhe uma sensação incrivelmente ruim.

Repentinamente, o reflexo mostrou-se ainda mais estranho. Cada movimento que Daniel exercia, parecia ser igualado, porém em velocidade reduzida. Aqueles segundos de diferença o atormentavam. Algo estava muito errado ali.

Foi quando o barbixa tomou coragem para olhar mais de perto. Um passo de cada vez. Ficaram ali, ele e o próprio reflexo, olho no olho. A imagem parecia mais tranquila do que ele mesmo, que sentia a pele pálida e o suor frio escorrer por sua face.

Sorriu. Mas não Daniel, e sim sua cópia. Aquele sorriso âmago, sem cor, sem vida. E como em 3D, o ser tirou parte do corpo para fora e saiu do espelho. Puxou-o a força, como se quisesse que o pobre homem entrasse em seu mundo estranho, que ficava detrás daquele bizarro e amaldiçoado espelho, trincado, cercado pela madeira velha e talhada que se decompunha.

Tremendo espanto era o que Daniel sentia. Sentia-se num conto de terror, como se seu próprio reflexo quisesse atordoá-lo. Tenebroso, horrendo e desumano. Gritava por socorro, em desespero, mas ninguém vinha. Havia apenas ele, e seu estranho outro “eu”.

...

Daniel levantou-se assustado, banhado em suor.

— Dan? – Luana, que antes dormia ao seu lado, acordou subitamente com a situação. – O que... meu Deus! Está pálido. O que aconteceu? – Ele nada respondeu. Continuou imóvel, observando o escuro que havia no quarto. – Ei, eu estou falando com você. – Só então ele virou-se e começou a dar-lhe sua devida atenção. – O que houve?

— Um pesadelo muito ruim. – Respondeu enquanto secava o suor do próprio rosto com as mãos.

— Pelo visto foi ruim mesmo. Olhe só pra você. Está branco como uma folha de papel.

— Desculpe ter te acordado.

— Não tem problema. Todos têm pesadelos. – Ela afagou-lhe os cabelos, procurando mantê-lo calmo, em meio ao silêncio e a vastidão daquele quarto negro. – Está tudo bem? – Ele assentiu com a cabeça. – Então será que já podemos voltar a dormir? Estou caindo de sono aqui.

— Dá pra ver pela sua cara. Mas sei lá... acho que nem consigo mais.

— Tenta, só um pouco. – Ainda receoso, o barbixa concordou. Deitou-se ao seu lado, e procurou pelo sono. Mal se passaram 3 minutos e ele logo voltou a se levantar.

— Ah, não dá.

— Por que não?

— Estou com medo.

— Você? Com medo?

— Não posso sentir medo?

— Claro que pode. Mas foi só um sonho ruim. Não há porque ter mais medo.

— Ah, tá. Fala isso pra aquela coisa que estava tentando me matar.

— Que?

— Ah, esquece.

— E agora? Vai ficar acordado?

— Vou, mas você pode voltar a dormir. Eu deixo.

— Gaiato.

Ele trouxe-a para mais perto, abraçando-a e cheirando seu cabelo. Com pouco tempo de afago, dormiu. Daniel ficou observando aquela admirável cena, que era tê-la adormecida em seus braços.

Começou a pensar em certos momentos da relação que tinha com ela. Uns, já de nada adiantavam lembrar. Mas outros, deveriam ser recordados. Foram tantos obstáculos a serem superados, tantos problemas. E por certo, novos ainda estariam por vir. Passou a perguntar a si mesmo se valia a pena tudo aquilo. Chegou a conclusão, que um casal perfeito não é aquele que nunca tem problemas, mas sim aquele que apesar de tudo, permanece junto.


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Notas finais do capítulo

Viram aí, galerinha? Cuidado ao olhar no espelho...
Brincadeira.
Obrigada por lerem e até a próxima!



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