O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 52
Capítulo 52 - Se não há importância, então o que há?


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Tenham um bom dia, boa tarde ou boa noite. Seja lá o horário em que vocês estejam lendo isso.
Tenham também uma boa leitura!



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O sol já começara a nascer, porém o breu que havia naquele fechar de olhos que já durara horas, não dava essa impressão. Eram os olhos verdes que dormiam. Eram os fios ruivos que balançavam com a fresca brisa que invadia o quarto pela janela.

Aos poucos, suas pálpebras se abriam. Sua vista doía, estava embaçada. Ela coçava os olhos, na tentativa de ver melhor. Olhava para cima, para frente e para ambos os lados, mas só via as paredes alvas, os aparelhos hospitalares, e no canto, alguém que dormia sentado em uma poltrona, enquanto o silêncio reinava, ora trazendo paz, ora perturbação aos seus ouvidos.

— Dan? – Ele acordou com seu chamado. Olhou para o lado e a viu, lúcida e séria.

— Lua... – Levantou-se devagar, foi até ela, e sentou-se na borda da cama. Sem dizer nada, Daniel passou a acariciar seus fios ruivos, sua face. Ela pôs sua mão sobre o braço dele, podendo assim sentir os pelos que arrepiam-se instantaneamente. O puxou para um abraço acolhedor, e ficaram ali, abraçados um com o outro, na paz do silêncio. Poucos gestos de carinho que já significam grandes coisas. – ...já te contaram?

— Antes mesmo de me contarem, eu já sabia.

— E nos acontece justo agora...

— ...que decidi aceitar tudo isso. – Ela completou suas palavras com uma sincronia solene. Luana notava que ele estava ainda mais sentido do que ela própria. Mas não queria vê-lo assim tão triste, e disse em um sussurro: – Vai ficar tudo bem.

— Fiquei preocupado contigo.

— Eu sei, mas não fique mais assim. Já está tudo bem. E... quanto tempo faz que eu estou aqui?

— Cerca de 15 horas, desde ontem a tarde pra hoje de manhã. Acho que te medicaram pra dormir tanto assim.

— Quando posso ir pra casa?

— O doutor veio e te deu alta hoje mais cedo.

— E desde quando você está aqui?

— Passei a noite toda aqui. Você precisaria de alguém caso acordasse.

— Mas ontem foi quinta. Você faltou o Improvável.

— Eu sei, e foi por um bom motivo. Também sei que você tem muitas dúvidas e muito com o que se preocupar, mas tem que descansar, não só o corpo como a mente. Está bem?

— Está bem. – Ficaram mais algum tempo abraçados e trocando carícias. Era como se um fosse a chave de cura para o outro. Ambos conheciam-se bem, ambos sabiam como agradar em qualquer circunstância.

— Lua.

— Hum?

— Não acha que seria melhor contar aos seus pais?

— M-meus pais?

— Sim.

— Melhor não.

— Mas por quê?

— Você não entenderia.

— Quase nunca falamos de nossas famílias, Lua. Precisamos mudar isso, até mesmo pra nosso próprio bem.

— Não, não precisamos mudar isso.

— Você tem algo contra eles?

— Não sou eu, Daniel. São eles. – Ele passou a encará-la, como se esperasse alguma explicação, algum esclarecimento. – Deixa isso pra lá, Dan. Não há importância.

— Se não há importância, então o que há? – Luana manteve-se quieta. – Não vai mesmo falar?

— Não agora. Um dia te conto.

...

O apartamento era iluminado pela luz do dia. As janelas abertas, o vento soprando e o delicioso cheiro de comida que vinha da cozinha. A ruiva punha os fones nos ouvidos, enquanto uma suave música tocava ao fundo. Levada pelo embalo, ela começara a cantar com a voz suave, de cabeça baixa.

How unfair, it's just our love
Found something real that's out of touch
But if you'd searched the whole wide world
Would you dare to let it go?

'Cause what about, what about angels?
They will come, they will go, make us special

Don't give me up
Don't give...
Me up

— Sua voz é tão meiga quando canta. – Disse Daniel ao entrar na varanda e aproximar-se dela. Formou-se um sorriso no canto de seus lábios. – Do que fala essa música?

— De lutar pra conquistar um grande amor, e que temos que ser fortes pra enfrentar as limitações. Mas nem sempre conseguimos, e acabamos cedendo, pedindo que os anjos nos levem embora.

— Como... morrer?

— Exatamente.

— Uau. Você consegue interpretar tudo isso de uma simples música?

— Sim, afinal as músicas sempre querem passar alguma mensagem. E às vezes dizem por nós o que estamos pensando, o que sentimos ou o que queremos.

— E é isso que você quer agora?

— O que?

— Morrer? – Ele arqueou uma das sobrancelhas, num gesto habitual.

— De onde tirou essa ideia?

— Você quem disse.

— Só que nesse caso, a música não me translata.

— Ah, bom. Até mesmo porque ninguém quer morrer, certo? – Ela riu discreta, porém logo desfez seu sorriso. Pareceu lembrar de algo que não queria. – Vem comer?

— Estou sem fome.

— Mas vai comer sim, mocinha.

— Não, realmente estou sem fome.

— São ordens médicas. Você vem e ponto.

— Me obrigue. – Luana deu de ombros. Porém foi surpreendida quando ele a levantou, pondo-a sobre seu ombro e carregando-a até a cozinha. – Eeeei! Definitivamente, DEFINITIVAMENTE eu não dei permissão pra você fazer isso, Daniel Nascimento! – Fingiu drama, enquanto ambos riam até quando aguentassem.

— Pronto. Está entregue. – Disse o barbixa, por fim tentando conter os risos depois de sentá-la em um dos bancos ao lado do balcão de mármore.

— Um minuto! – Gritou Ellen enquanto mexia nas panelas. – Um minuto de silêncio pelo relacionamento que eu nunca vou ter.

— Até parece santa né, Ellen? – Retrucou a ruiva.

— Olha o respeito. – A outra brincou.

— Lua, pode buscar meu celular? Eu esqueci no quarto. – Daniel pediu.

— Claro, lindo.

— Por que todo mundo diz isso? Eu hein.

— As pessoas gostam da verdade. Por isso. – Ela então se retirou, o deixando sozinho com Ellen na cozinha.

— Ham... ô Ellen.

— Oi? – Ela respondeu, sem dar muita atenção.

— Posso perguntar uma coisa?

— Pode, claro.

— Por acaso aconteceu algo entre a Lua e a família dela? – A morena parou o que estava fazendo e começou a fitá-lo, sem resposta. Olhou rapidamente para o corredor e observou se Luana ainda não vinha.

— Dani, isso não é comigo, é com ela.

— Mas você sabe, não sabe?

— Pergunte a ela. Ela vai te responder.

— Não, não vai. Já tentei fazer isso, mas ela evitou o assunto. Aliás, acho que sempre evitou, só que eu nunca tinha reparado, nem me interessado em saber.

— Você fez ela sair só pra me perguntar isso, não foi? – Ele a olhou com expressão óbvia. – Dani, eu já disse que...

— Achei o celular, Dani. – Luana voltou, com o aparelho em mãos.

— Ah, obrigado.

— Já disse o que, Ellen? – Luana perguntou, interessada no assunto que ambos falavam a segundos atrás.

— Que... ele tem que aprender a cozinhar. A única coisa que faz direito é café e se não tivesse empregada em casa, não sei o que seria dele. Não é, Dani?! – Ellen olhou-o como quem diz: “Concorda logo, homem!”

— Ah, sim. Claro. – Ele passou a encará-la com hipocrisia. Tinha certeza que ela sabia de algo, mas que não queria contar.

— Bom, vamos comer. Ou então eu tenho um ataque fomilético. – Ellen exclamou.

— Fomilético? De onde tirou isso? – Perguntou o barbixa.

— Fome mais epilético é igual a fomilético. É só mais uma palavra do querido e às vezes incompreensível dicionário pessoal dela. – Luana respondeu, já sabendo dessa e de outras palavras que só existiam no vocabulário de Ellen.

O trio se pôs a almoçar. Vários assuntos vieram a tona, porém, no momento, uma coisa não saía da cabeça de Daniel: “O que diabos elas tanto querem esconder?”


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Notas finais do capítulo

Música: Not about angels - Birdy
Ah, pequena curiosidade que nem todos sabem, e que talvez pra muitos não seja importante, mas vamos lá: Hoje, daqui a algumas horas, vou vê-los no teatro. Yes! Eu, Aquariana, vou ver os Barbixas ao vivo! It's liveee! Hahaha!
Nem é preciso dizer que estou surtando, certo?!
Enfim, muito obrigada por lerem e até a próxima!



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