Metaltopia escrita por Martins de Souza


Capítulo 3
A Forja




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Devido a atos de conduta nobre, e seu serviço bem prestado à Coroa, já era esperado pelo tal policial, que ele fosse receber uma condecoração ou duas, após desmantelar um dos maiores pontos de tráfico de Nova Londres. É claro que do ponto, ele já sabia, pois já havia recebido muita propina da mão daqueles traficantes. O que faltava é claro, era uma motivação para dar um fim naquilo tudo.

E a motivação veio com a ascensão da Casa Tudor ao poder, junto do novo nobre a ascender a posição de Ministro do Parlamento Britânico. O nome era Henry Phibbs Cassidy, e seu título era de conde, não que ainda existissem condados hoje em dia. Usava mais a nomeação por distinção de classe do que valor. Era agora chamado nos jornais de Lorde Cassidy.

Fora este mesmo conde um dos principais apoiadores da causa da atual rainha Caitlin, que lançou no parlamento um projeto de lei de seus associados inferiores para ser aprovado. A lei dizia: “Por vontade da Excelentíssima Senhora, a Rainha, fica aqui decretado que a posse e tráfico do narcótico chamado ópio, conhecido popularmente como Pó do Sonho, está proibida. O descumprimento desta lei é por consequência, o descumprimento da Vontade Real, e a pena é nada menos se não a morte por enforcamento.”

A lei é claro, foi aprovada, como já se era esperado, pois Lorde Cassidy já havia subornado metade do parlamento. Há muito aquele grupo de gordos e velhos aristocratas já havia perdido o poder que um dia conquistaram, e há muito tentava retomá-lo. Mas pelo jeito, ainda iria demorar.

Mas para aquele policial, seria melhor se demorasse, pois para ele, tudo corria muito bem. Nunca gostou dos traficantes, nunca gostou daqueles viciados, nunca gostou “daquela merda toda” como costumava falar. Abominava todo o tipo de droga, com exceção é claro do álcool e do tabaco. Eram dois vícios que ele não conseguia abrir mão, além é claro, de seu terceiro vício, sua esposa.

No alto dos vinte e oito anos, sua mulher continuava tão bela quanto no dia em que se conheceram, dez anos atrás. Ele tinha vinte e dois, ela apenas dezoito. Para falar a verdade, o tempo havia feito muito bem a ela, pois a aparência madura e o sorriso malicioso só instigava os outros homens. Ela era sua, e agora o acompanhava, com o braço entrelaçado no dele, vestida com roupas da mais fina qualidade que havia comprado para ocasiões especiais. Tecido do Oriente Médio, onde a mais pura seda era fabricada.

O oficial, com seu traje completo, ostentava algumas medalhas de honra. A barba bem feita delimitava um rosto sério e bem rígido, assim como o olhar analítico. Ouvia pacientemente um discurso do Lorde, para o público que estava ali para ver a premiação a ele. Eram umas duzentas pessoas. Uma parte era de curiosos, outra parte eram convidados, e outra parte eram repórteres buscando matérias para estampar as capas dos jornais do dia seguinte.

“E é com muito orgulho, que eu venho aqui agradecer nosso digníssimo oficial, pelo serviço prestado à nossa amada rainha, e presenteá-lo em nome dela, com uma das maiores honrarias que podem ser concedidas.”, falou o ministro ao microfone dourado. Ele ergueu uma pequena caixinha cintilante de prata, com uma rosa vermelha e branca estampada no centro, o brasão da Casa Tudor. De dentro dela retirou um broche com uma medalha. Apresentou-a para os repórteres, cujos flashes iluminaram e cegaram a todos, enquanto o senhor Cassidy prendia a joia na indumentária do oficial.

Ambos trocaram um aperto de mão e algumas palavras de cumprimento, e então o ministro foi presentear e cumprimentar os outros homens do regimento daquele policial, que o ajudaram.

Ele havia conquistado tudo que almejava em tão pouco tempo, que até lhe espantava. Tinha dinheiro, uma linda mulher, um alto cargo, a gratidão do parlamento, e um futuro brilhante pela frente.

Deu um sorriso para sua esposa, que respondeu com um sorriso de volta.

Só podia pensar uma coisa naquele momento.

Deus salve a rainha.


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