Carregado apenas de um punhado de coragem, e talvez alguma ambição, o jovem caminhava meio torto pelas ruas de Nova Londres, com pensamentos tolos de riqueza na mente.

Não tinha muito nos bolsos, apenas o normal para um rapaz de dezessete anos naqueles tempos, nada. Com o corpo mal nutrido, não se via sinal algum de saúde no rapaz. Talvez um dia quando mais jovem a tivesse, mas não aquele dia. A pele era pálida, o branco dos olhos não era mais branco, e sim amarelo, e olheiras enormes existiam abaixo dos olhos. Estava mais parecendo morto do que vivo.

Ele virou no final da esquina, passando diante de um novo modelo de veículo, o chamado “carro conversível”. No banco da frente um motorista conduzia, levando um provável membro da nobreza para algum encontro ou jantar em alguns dos muitos restaurantes na parte rica da cidade. O garoto um dia iria ter um carro daqueles, e também jantaria num daqueles restaurantes.

Era isso que ele pensava sempre que via um.

Parou na frente de um beco, e nele entrou. Lá mais para o fim dele, sob uma luz de lamparina, viu um estranho vestido de negro. Escondia o rosto com uma máscara mais estranha ainda, prateada, com um enorme bico. Uma Máscara da Praga.

O jovem falou umas palavras com ele e entregou algumas coroas, recebendo de volta um pacotinho com um pó negro dentro.

Um dia ele teria um carro daqueles, e iria num daqueles restaurantes chiques.

Mas agora, ele preferia que o ópio o deixasse viver aquele futuro longínquo.