Uma noite inteira em claro não havia me feito muito bem. Por outro lado, meus dentes não doíam mais. A dor de cabeça aumentava a cada segundo. A cada vez que a cena da noite passada recriava-se em minha mente.

Minha família soube da ida até a reserva e souberam também o que, para todos os efeitos, aconteceu depois. Dean mentiu, por mim. Ele me encontrou, com o corpo da garota loira aos pés, sem nenhuma gota de sangue.

Quando chegamos em casa e fui bombardeada de perguntas ele disse que me encontrou na floresta, e que fomos caçar animais. Não sabia o motivo de ter feito aquilo, eu não pedi. Mas, estava agradecida, apesar de não falar. Alias, eu não falava nada. Ninguém se atreveu a querer conversar comigo. Meu humor estava horrível.

A televisão estava ligada, para que eu não precisasse ouvir o resto da família conversando na parte de baixo da casa. As noticias não paravam.

Alison, Alison e mais Alison.

Corpo sem nenhuma gota de sangue.

Morte.

Dezesseis anos.

Monstro.

– Posso entrar? – Renesmee perguntou, batendo na porta.

– Não é uma boa ideia.

– E eu não me importo – ela sentou-se na cama, me observando na janela. – Viu isso? Que horror!

– Olha ...

– Não quero nem imaginar o que teria acontecido com você se estivesse sozinha.

– Nem eu – ri, sem humor.

O silencio tomou conta do quarto, e a única coisa que ouvíamos eram os familiares da garota se lamentando na televisão.

Renesmee suspirou.

– Filha, essa confusão mental vai passar. É uma questão de tempo. Você só precisa se acostumar.

Engoli seco.

– Existem duas Katherine´s dentro de uma só, mãe. Acha mesmo que vou ficar bem? – gritei. – Pois eu tenho certeza que não.

– Não fala assim ...

– Olha, eu não quero conversar. Não hoje. Pode respeitar isso?

– Eu só quero ...

– Que saco!

Então eu sai, pulando a janela, em busca de uma nova vitima.