Inverno Quente escrita por frankg


Capítulo 1
Capítulo 1 Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Tudo bem?

Primeiramente eu gostaria de dizer que sou fã da banda há 7 anos e costumava escrever fanction em 2008. Já faz algum tempo, né? Estive ausente por causa da vida e responsabilidades que vamos recebendo, e portanto, deixei isso um pouco de lado, para priorizar outras coisas.
Mas agora estou de volta, e como eu sou grande fã de escrita, literatura, e claro, Tokio Hotel, por que não juntar os três? Voltei por saudade e pretendo ficar um bom tempo. Claro, se tiver leitores. Não sei como anda esse mundo de fanfiction hoje em dia, mas na minha época as pessoas adoravam! haha

Essa história será curta, não mais que três capítulos, eu acredito, justamente para eu poder entrar no ritmo novamente.

Realmente espero que vocês gostem e que comentem. Críticas e sugestões são sempre bem vindas!

Beijo!!



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O céu estava lindo naquela noite. Sua cor era de um tom de azul muito intenso, porém as estrelas brilhavam tanto, que quase se tornava poético. Estava frio e nevava muito forte. Normalmente, não gostava de um tempo assim. O inverno sempre fora uma estação que me deixava melancólica, mas não aquela noite. Naquela noite estava me sentindo aliviada, segura e genuinamente feliz. Era como se eu pudesse sentir que algo mágico estava para acontecer. Talvez não acontecesse nada. Talvez algo mudasse a minha vida. Ou talvez fosse apenas um recomeço. Uma sensação de calor no meu coração dizendo-me para seguir em frente. Para sentir-se feliz novamente, como fora uma vez. Uma sensação dizendo-me que todos merecem a felicidade, não importa o quão inútil você se veja. Todos são capazes de mudar, de melhorar, de viver coisas boas e intensas. Minha mente não via dessa maneira, mas meu coração me dizia para mudar, arriscar, tentar ser feliz. E era isso que eu faria.

Vestida com roupas quentes e apoiada com os cotovelos sobre a varanda do meu quarto, permiti meu cérebro a lembrar do passado. De toda mágoa, sofrimento e arrependimento. Certa vez, uma amiga falara que para realmente superar o passado, você deveria enfrentá-lo e sentir toda a dor que era para ser sentida. Passado não deveria ser esquecido, afinal, foi algo que aconteceu e que sempre fará parte do ser humano, sempre o moldará para o futuro. Por mais dolorido que fosse, deveria ser lembrado e enfrentado. E era o que eu estava tentando fazer naquele momento, se não fosse por um barulho ensurdecedor em frente a minha casa.

No começo, pensei que fosse um raio. Um avião caindo, ou talvez até um terremoto. Surpreendi-me com tamanho barulho que fiquei desorientada. Sentei no chão gelado tentando me recuperar, em seguida, coloquei a mão no meu ouvido esquerdo que latejava de dor. Pensei que fosse ficar surda naquele momento. Alguns segundos se passaram e ouvi uma voz. Não muito longe dali, alguém pedia ajuda. Seus gritos eram assustadores. Levantei-me rapidamente e tentei enxergar perante toda aquela neve e escuridão. Conforme os gritos ficavam mais altos, parecia que mais difícil era de visualizar alguma coisa. Semicerrei os olhos naquela direção, mas nada eu conseguia ver. Apenas escuridão e alguns pontinhos brancos de neve caindo do céu.

- Tem alguém aí? – gritei em meio à escuridão, mas nada respondeu de volta. Apenas continuava a ouvir gemidos de dor. Eu não sabia o que fazer naquele momento, muitas coisas se passavam pela minha cabeça e nenhuma era exatamente boa. Só queria ficar sentada, ignorar tudo e fingir que não ouvira nada, mas minha razão fez com que eu movesse minhas pernas rapidamente. Desci as escadas correndo, coloquei mais um casaco por cima dos vários que já estava usando, luvas, tocas e tudo que tinha direito. Calcei minhas botas para neve e peguei uma lanterna que eu já mantinha atrás da porta quando o inverno chegava. Acendi a luz da varanda, respirei fundo e saí porta a fora.

O frio estava cortante. Imediatamente senti meus dedos congelarem e a ponta do meu nariz ficar vermelha. Caminhar pela neve também não facilitava. A cada passo que eu dava parecia que mais fundo meu pé afundava. Minhas pernas começaram a doer, meus músculos imploravam para que eu parasse, mas não desistiria. Após apenas alguns passos, consegui visualizar algo mais a frente. Apontei a lanterna naquela direção e imediatamente soltei um grito de pavor e surpresa.

Em frente a enorme arvore que tinha ali, havia um carro um tanto quanto destruído. Ao que parecia, teria perdido o controle e batido diretamente contra a arvore. A cena era assustadora, eu nunca tinha visto nada parecido. Fiquei paralisada na hora, em pânico. O que eu poderia fazer? Se não foi um acidente fatal, com certeza a vítima não deveria estar nada bem. No mínimo ossos quebrados, e o que eu faria em uma situação dessa? Certa vez, eu fiz um curso de primeiros socorros, mas nunca precisei colocar em prática. Não até aquele momento. Pensei em todas as possibilidades possíveis até que um som tirou-me de meus devaneios.

- Olá? – Uma voz masculina vindo do carro tentava falar com dificuldade.

- Estou aqui. Estou aqui – falei apressadamente enquanto tentava chegar mais perto do veículo. Agora que eu conseguia ver com mais clareza, o carro era branco, grande, e parecia ser caro. A frente do carro estava empurrada para dentro alguns centímetros. Ao olhar, dava de tirar conclusões que ninguém em um acidente daquela gravidade sobreviveria, mas a voz implorando por ajuda provava o contrario. Coloquei a lanterna contra o vidro do passageiro e vi que tinha apenas o motorista ali. Andei o mais rápido que pude até o lado do motorista e tentei abrir a porta. Após usar toda a força que era possível, a porta se abriu. O homem virou o rosto na minha direção com muita dificuldade a abriu os olhos, que se encontrou com os meus. Meu coração pareceu parar naquele momento. Parecia sair sangue de todos os orifícios de seu rosto. Nariz, boca, ouvidos... Fiquei mais nervosa do que eu já estava antes. Como eu poderia ajudá-lo? Meu corpo estava em pura adrenalina, mas minha mente não conseguia acompanhar. Eu realmente não sabia o que fazer. Minhas ideias se embaralhavam até quase uma tropeçar por cima da outra. Respirei fundo e tentei pensar com clareza.

- Certo. Certo. Você consegue me ouvir? Consegue falar? O que está doendo? O que aconteceu? – perguntei enquanto observava a situação mais atentamente.

- São... muitas perguntas. – Disse o homem. Não consegui abafar o riso.

- Ok. Desculpe. O que está doendo? Você consegue andar?

- Acho... Acho que sim. Sim. – Ele parecia não estar pensando com clareza, devia ter batido forte a cabeça. – Estou sentindo dores por todos os cantos, mas acho que não quebrou nada. Pelo menos, eu espero que não.

- Certo. Vamos tentar andar até a minha casa. Fica logo ali – apontei na direção – A neve será um problema, mas acredito que conseguimos. Chegando lá, ligamos para o hospital, tudo bem? Temos que tentar, não vou deixar você aqui nesse frio. Está de congelar.

- Provavelmente é uma boa ideia, já não estou mais sentindo minhas pontas dos dedos.

Olhei para suas mãos que estavam sem luvas e começando a ficarem roxas. Teria que levar ele o mais rápido possível, desafiando o frio, a neve, a escuridão, e provavelmente, todo o peso do homem. Um milagre cairia muito bem essa noite.

Passei o seu braço por cima do meu ombro, com a intenção de que se segurasse em mim durante o caminho. Pedi que tentasse colocar suas pernas para fora do carro, o que levou alguns segundos e muitas expressões doloridas.

- Você está indo bem. Agora tente levantar. Vou ajudar você. Vamos no três, certo? – Assentiu – Um, dois, três! – Consegui fazer com ele levantasse, o que era ótimo. Estava com medo de que suas pernas estivessem muito lesionadas, mas aparentemente, este não seria o maior problema. – Agora vamos tentar caminhar. Tente, ok? Precisamos deixar você a salvo lá dentro. – O homem assentiu mais uma vez. Parecia estar com dor demais para sequer dizer uma sílaba.

Caminhamos com muita dificuldade. A neve estava mais grossa e funda. Meus pés quase ficavam presos ali. Eu tinha que usar toda minha força e concentração para não desistir naquele momento. E o peso do homem também não ajudava. Ele era extremamente alto, o que dificultava um pouco, justamente por eu ser baixa. Seu corpo tinha que ficar bastante inclinado na minha direção para conseguir se apoiar, o que o deixava ainda mais pesado.

- Só faltam mais alguns centímetros. Olhe, ali já está a varanda – Falei, com um entusiasmo maior do que deveria. Eu só queria chegar ao conforto da minha casa logo. O homem olhou para frente e falou, em tom de alívio:

- Graças a Deus. Não sei se eu conseguiria andar muito mais.

Finalmente, adentramos a casa. Fechei a porta atrás de nos, e o levei rapidamente para o sofá. Ele se jogou lá, e eu me joguei no chão, ao lado de seus pés. A caminhada fora extremamente exaustiva para mim. Estava sem fôlego e com muita dor nas pernas e ombros. Por um momento, esqueci-me da minha companhia. Quase esqueci que tinha alguém muito pior e com muito mais dor do que eu estava. Ótimo, Laurien, muito altruísta da sua parte! Um homem quase morrendo do meu lado e eu só queria descansar. Levantei-me com dificuldade e sentei ao seu lado. Sua roupa estava completamente molhada e ele tremia o queixo de frio. Devia começar por aí.

- Acho que você devia tomar um banho quente. Está batendo o queixo de tanto frio.

- Mas... eu estou tão cansado. Só quero ficar aqui deitado.

Olhei para ele e sua aparência estava horrível. Precisava fazer algo imediatamente.

- Vamos lá. Eu o ajudo. Você não pode ficar aí dessa maneira. Se fosse assim, eu nem precisaria ter tirado você lá do carro. Se fosse para morrer de hipotermia, teria o deixado lá.

- Que positiva você é! – Sorriu para mim. – Tudo bem, vamos lá.

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Depois de, com muito constrangimento e silêncio, ajudá-lo a tomar banho e limpar todos os ferimentos (que não eram tantos assim, apenas alguns arranhões e hematomas), o coloquei sentado em uma das cadeiras da mesa de jantar. Sua aparência estava muito melhor agora. Não parecia mais estar à beira da morte. Nem chegava perto disso. Com as roupas limpas que eu emprestei para ele, o cabelo recém-lavado, percebia-se que era um homem obviamente atraente. Muito alto e magro. Não possuía tantos músculos, mas era definido. Proporcional, eu diria. Seus olhos eram de um tom castanho claro que pareciam olhar direto para sua alma. O olhar mais profundo que eu já vira. Era aquele tipo de pessoa que conseguia sorrir com o olhar. Eu não acreditava que isso era possível até aquele momento. Até aquele olhar sorrir para mim com certa gratidão estampada nele. Seus cabelos eram na altura do ombro e pretos como a noite mais escura.

Enquanto eu preparava o café, sentia seu olhar na minha nuca. Eu fiquei vermelha instantaneamente, e esperei isso passar para olhar para trás. Ele sorriu para mim e senti minha pele quente.

- Já agradeci você? Por me salvar?

- Ainda não, na verdade. – respondi sem olhar para ele.

- Bom então, muito obrigado. Você realmente salvou a minha vida.

- Você pode me agradecer dizendo o seu nome. Porque estou me sentindo estranha, dando banho e preparando café para um desconhecido.

Ele sorriu e disse:

- Tom. Meu nome é Tom.


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