Dutch Love escrita por AfilhadaDeApolo


Capítulo 2
The first time I saw you...




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Acordei na manhã seguinte ao som da voz aeromoça pelo intercomunicador do avião avisando-nos que em poucos minutos pousaríamos em Amsterdã. “Meu Deus, como assim eu dormi a noite inteira? ” – Pensei comigo mesma, já que em viagens aéreas longas costumava dormir muito pouco e acordar péssima no dia seguinte. Atenta ao aviso, eu apenas bocejei, esfreguei meus olhos e espreguicei-me na poltrona, arrumando a posição da mesma em seguida. Organizei meus pertences pessoais dentro da minha bolsa de mão e posicionei ao meu lado o travesseiro com o qual eu dormira. Falei um educado “bom dia” para as pessoas acomodadas perto de mim e aguardei pacientemente a descida da aeronave.

Finalmente após a descida e a retirada das bagagens, cá estava eu caminhando em direção ao portão de desembarque, pronta para começar uma vida nova em um novo país. Ao passar pelo mesmo, procurei pelo meu nome nas plaquinhas que muitas pessoas ali carregavam, vindo a finalmente encontra-lo após alguns minutos. O sujeito que a segurava era de baixa estatura e ficara escondido atrás da multidão ali presente. Ele me cumprimentou calorosamente, demonstrando um inglês com sotaque carregado. Retribui o cumprimento com igual simpatia e nós caminhamos até um táxi que nos esperava na porta do aeroporto, enquanto o rapaz contava-me algumas curiosidades sobre o país.

Não demorou muito para que chegássemos ao hotel no qual eu havia feito reserva durante alguns dias – até que o ano letivo na faculdade começasse – e eu logo me despedi do taxista, adentrando o estabelecimento com as minhas bagagens em seguida. Após passado pela burocracia do check-in, fui de elevador até o sexto andar, que era onde eu ficaria. Passei pela porta do quarto e me surpreendi com tamanha casualidade e beleza encontrados em um cômodo só. Joguei meus pertences de lado e observei o lugar por alguns minutos. Abri a janela do quarto e me deparei com uma vista maravilhosa, deixando os meus pulmões quase sem ar. Ainda anestesiada pela paisagem, abri a mala para pegar minhas coisas de higiene pessoal e, assim, tomar o meu primeiro “banho holandês”. Adentrei o banho e liguei o chuveiro, deixando com que o mesmo esquentasse durante alguns minutos. Despi-me e coloquei-me de baixo da água quente, sentindo a sensação das gotas de água percorrendo todo o meu corpo e me dando uma boa sensação.

Após uma hora, saí do banheiro enrolada em uma toalha e não demorou muito até que eu me trocasse – afinal, eu não era de frescuras. Havia colocado um vestido solto azul simples, acompanhado de um par de botas marrom, um colar e um brinco dourados, ficando pronta para o almoço que eu teria com alguns membros da universidade naquela tarde (alguns alunos, professores e um pessoal da diretoria). Fui até o banheiro novamente e passei uma maquiagem leve, fechando com um batom vermelho – o meu favorito.

No horário marcado, eu aguardava pelo táxi que me buscaria na frente de meu hotel. O mesmo chegou pontualmente, me surpreendendo ainda mais. “Uau, parece que aqui eles seguem a política inglesa de pontualidade. ” – Pensei, divertida. Em menos de quinze minutos o táxi estacionou na frente de um restaurante aparentemente chique, me deixando um pouco preocupada sobre o meu traje. “Quer saber? Dane-se. Nunca liguei para isso mesmo. ” – Pensei, ao deixar o veículo.

Adentrei o local que, atendendo as minhas expectativas, era bastante sofisticado, e pedi informações a recepcionista sobre os meus anfitriões. Ela logo me indicou a mesa onde todos começavam a se acomodar e eu caminhei a passos lentos até a mesma, tentando observá-los ao máximo. Havia um rapaz moreno, de olhos castanhos, bem-apessoado, que vestia um terno preto de corte italiano em conjunto com uma gravata rosa; um homem já mais de idade, também de terno, careca e de olhos azuis; uma garota morena, linda, de olhos castanho claros e um corte de cabelo bem diferente, que eu, particularmente, adorei, com um vestido preto colado no corpo juntamente com um colar prateado longo e um par de brincos simples. Além deles, havia mais três pessoas – um rapaz e duas garotas – que estavam virados de costas para mim, fazendo com que eu, consequentemente, não visse como eles eram. Me aproximei da mesa em silêncio e sentei no único lugar vago que tinha, ao lado de uma das garotas que eu não conseguira enxergar antes. Assim que me acomodei, discreta e rapidamente olhei para a menina e, meu Deus, quase perdi o ar. Ela era linda, ruiva, de olhos verdes e estava bastante maquiada. Infelizmente, ela percebeu o meu olhar, virando-se para me encarar.

– Você é...? – Foram suas primeiras palavras.

– Amy Raudenfeld, primeira da classe de Artes Visuais no Instituto de Artes de Chicago. – Apresentei-me, um tanto quanto orgulhosa.

– Hum... Interessante. Pelo visto teremos mais um gênio entre nós. – A garota comentou, com um meio sorriso.

– E você é? – Perguntei, sorrindo.

– Karma Ashcroft, primeira da classe de Música na Julliard’s, Nova York. – Ela arrebitou o nariz ao terminar de falar, fazendo-me rir.

– Uau. Tiro meu chapéu pra você. – Comentei, fingindo bater palmas e, consequentemente, fazendo-a sorrir.

Nossa pequena conversa foi interrompida com o homem mais velho chamando a atenção de todos os presentes.

– Boa tarde, futuros calouros da Universidade de Amsterdã. Eu sou o diretor Richard Henkins e organizei essa pequena reunião para apresentar a vocês dois dos nossos melhores professores e para conhecer de perto os ótimos alunos que eu terei orgulho de ter em nossa faculdade durante os próximos anos. – O homem anunciou, causando uma pequena salva de palmas.

– Olá, eu sou Tayler Folks, professor de História há quinze anos e, há seis, lecionando na Universidade de Amsterdã. – O rapaz anteriormente não observado por mim se apresentou com um sorriso simpático, gerando um oi conjunto de todos que ali estavam.

– E eu sou Melinda Harms, professora de Educação Artística. – A outra mulher desconhecida também se apresentou, timidamente.

Após os professores, Karma se apresentou, seguida de mim, do rapaz moreno, cujo nome era Shane, e da outra garota morena, que se chamava Reagan.

O resto do almoço correu tranquilo, sendo mantido por pequenos diálogos entre todos ali, sempre mantendo a pose formal por conta da presença do diretor.

– Mas e aí, você canta ou toca? – Perguntei timidamente a Karma, em um momento oportuno.

– Toco violão e um pouco de bateria. – Ela respondeu, sorrindo. – Ah, e eu também canto.

– Olha só, além de inteligente, possui talentos musicais. – Brinquei com ela, causando uma pequena gargalhada por parte da ruiva. – Tentei aprender violão uma vez, mas não deu certo. – Comentei, fingindo uma cara de dó.

– Não é tão difícil. Posso te ensinar, se quiser. – Ela disse, tocando de leve a minha mão.

– Seria ótimo. – Sorri. – E eu quero te ouvir cantar um dia. – Falei, fazendo com que a ruiva enrubescesse um pouco.

– E você, o que te fez querer vir pra cá? – Karma me perguntou ainda envergonhada com o meu comentário anterior, porém, interessada.

– Sempre tive vontade de conhecer a Holanda e, quando a oportunidade da bolsa de estudos apareceu, não pensei duas vezes. – Respondi, calmamente. – E você?

– Bom, eu tocava em pequenos bares nos finais de semana e, assim que entrei da Julliard’s, muitas oportunidades surgiram, mas resolvi aceitar a bolsa para estudar aqui para conhecer gente nova e ampliar meu conhecimento cultural.

Assenti com tal resposta e logo a comida que havíamos pedido chegou a mesa, encerrando por ali a única conversa que eu tivera com Karma durante a noite toda. Eu ainda troquei algumas pequenas palavras com Shane – estudante de Design na UCLA Design Media Arts, em Pittsburgh – e com Reagan – estudante de gastronomia no Instituto Culinário de Nova York.

Ao final do almoço, me despedi e agradeci a todos pela companhia, desejando encontrá-los em breve pelos corredores da Universidade. Karma me disse “tchau” com um beijo demorado no rosto, assim como Reagan, fazendo com que eu estranhasse bastante.

Saí do estabelecimento e peguei um táxi para o meu hotel, ficando a pensar em Karma durante todo o percurso. Ela parecia ser alguém realmente incrível, que eu gostaria muito de conhecer a fundo. Shane aparentava também ser um rapaz divertido e descontraído, e eu precisava de pessoas assim na minha vida. Já Reagan, era um pouco mais fechada, o que atiçava ainda mais a minha curiosidade em conhecê-la.

Cheguei ao hotel e paguei o taxista, adentrando-o e subindo para o meu quarto logo em seguida. Tomei um banho rápido e coloquei o meu pijama, vindo a me jogar na cama. Aqueles quatro dias que eu teria antes das aulas começarem demorariam uma eternidade pra passar. Não que eu estivesse reclamando, afinal, a cidade aparentava ser linda, mas não seria tão legal conhecê-la sem companhia. De repente, me veio um pensamento louco. Peguei o meu celular e digitei uma mensagem para Shane (que eu tinha pegado o número durante o almoço).

“Hey Shane, Amy aqui. Você por acaso gostaria de sair amanhã pra conhecer a cidade comigo? Não gostaria de ir sozinha. ” – Enviei-a, ficando um pouco receosa sobre a resposta que eu poderia receber.

“Hey Amy. Claro, seria ótimo. Me passe o endereço do seu hotel que eu te busco amanhã de manhã, pode ser? ”. – A resposta do moreno foi quase que imediata, me deixando animada sobre o dia seguinte. Passei a ele a informação requerida e logo falei boa noite, caindo no sono em seguida.


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