Depois de um tempo, Demetri e Felix tiveram que ir para a sala dos mestres, e eu tive que ficar, sozinha.

Eu estava na Jacuzzi do banheiro do meu quarto, meus braços estavam apoiados na borda da banheira, e meus cabelos estavam presos em um coque mal feito. As paredes do meu banheiro tinham um tom de verde desbotado, com azulejos floridos na parte do box, e tinha a minha espaçosa jacuzzi, um criado mudo com um pequeno vaso de flores - margaridas e alguns girassóis, arrancadas do jardim do Aro.

Eu olhava para o meu corpo nu e via a vergonha que eu era para mim mesma, eu me sentia estúpida e arrependida, eu havia magoado meu irmão, talvez ele tivesse razão... talvez eu fosse uma vadia mesmo... me assustei com o chiado da porta do banheiro sendo aberta, era Demetri.

– Sai daqui! - eu estava tão irritada que poderia descontar em qualquer um. - Sai! - em um momento de defesa, peguei o vaso de flores e atirei contra Demetri, que desviou.

– Calma Jane, eu vim em missão de paz. - disse com dois dedos levantados.

– Não quero que me veja nua, saia! - falei tentando cobrir meu seios e minha vagina com os braços, já que a água estava sem nenhum tipo de espuma.

– Mas eu já te vi nua tantas vezes... - sussurrou.

– Eu preferiria morrer do que brigar com o Alec! - eu choramingava sem parar, já havia perdido a conta de quantas vezes havia dito isso para o Felix, horas antes. Essa frase me fez lembrar de quando estávamos fugindo, unidos contra o medo e contra aqueles que queria nos ver em chamas - Eu me odeio! - empurrei o criado mudo que ficava do lado da banheira, fazendo-o fica deitado e fazer um baque devido sua queda.

Ele se aproximou de mim, ajoelhou-se em frente a jacuzzi, e com a sua expressão serena de sempre, ele começou a tentar me acalmar, como ele sempre fazia, eu acho que esse era mais um dos poderes de Demetri, conseguir me acalmar.

– Ei, olhe para mim - Demetri disse segurando meu queixo e levantando minha cabeça, para que ele pudesse me olhar nos olhos - Seu irmão não quis dizer aquelas coisas, Jane, ele te ama, e eu aposto que falou aquilo da boca para fora, talvez tenha doído demais ver a irmãzinha dele na cama com dois marmanjos. - ele alisou minhas bochechas suavemente - Foi só o choque de perceber que a irmã cresceu e não é mais inocente como ele pensava. Se eu visse minha irmã em um ménage, daria uma surra nela. - ele tentava me fazer rir e eu lancei um sorrisinho amarelo. - Viu só? você já riu, já é um bom começo.

– Eu sinto vergonha de mim mesma. Por isso tudo. - falei sentindo uma tristeza sem fim me atingir e acabar com tudo de bom que eu sentia.

– Não precisa ter vergonha. Não estávamos fazendo nada de mais, com certeza ele também já deve ter feito isso. Quem vê a poderosa Jane Volturi nem imagina que ela tem sentimentos e que tem um coraçãozinho frágil aqui. - sua mão foi em direção ao meu seio, onde ficaria meu coração. - Eu nunca pude imaginar que você se machucasse com palavras, Jane, não se preocupe com isso, tudo o que ele disse é para ser ignorado, ele não falou sério.

– Eu não consigo ignorar.Eu sinto como se eu fosse terrível, eu me senti humilhada quando ele começou a me chamar de todos aqueles sinônimos de periguete. Ele nunca tinha dito aquelas coisas para mim... - lamentei me lembrando das coisas que Alec havia dito. - Dói Demetri, dói muito.

– Talvez por isso esteja doendo tanto, é porque você nunca o viu daquele jeito contigo. Amanhã mesmo ele te perdoa, ele te ama, Jane. Não conseguiria ficar com raiva de você por muito tempo.

– Você não conhece o Alec tão bem como eu, eu sei que ele é incapaz de perdoar alguém, ele tem o coração duro, não vai me perdoar facilmente. - falei me lembrando do quanto o Alec era resistente a pedidos de desculpa, ele conseguia ignora-los facilmente, e era capaz de guardar um rancor eterno por alguém.

– Mas você é a irmã dele, já passaram por tantas coisas juntos, que se ele ficar muito tempo brigado contigo, ele vai se lembrar de tudo que vocês passaram juntos e depois vai se perguntar porque vocês estão brigados.

– Ele vai ficar com raiva para sempre, eu sei disso.

– Não vai não. Por que não tenta se animar com alguma coisa? qualquer coisa, podemos assistir filmes, eu te levo para passear se quiser, vamos andar sem rumo pela cidade, porque você não me arrasta para o shopping? aproveita, porque não é sempre que eu peço isso.

– Ok, compras então. - é, realmente Demetri me deu uma boa ideia.